Quem imagina que a Agrishow só serve mesmo para ver as grandes máquinas mais de perto, está enganado. Produtores de pequeno, médio e grande porte vão à feira para as compras mesmo. De lá já saem com opções de maquinário para turbinar qualquer investimento agrícola.
Ela fica geralmente no final de abril e início de maio. Este ano, por exemplo, foi realizada de 29 de abril a 3 de maio – com a promessa de números recordes. Foi justamente o que aconteceu. O público chegou a mais de 150 mil vindo de 67 países, e a movimentação financeira foi estimada em R$ 2,6 bilhões, valor 20% superior ao registrado na edição de 2012, a qual registrou R$ 2,15 bilhões.
O espírito da tradicional Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação, a Agrishow, em Ribeirão Preto (SP), continuou ainda mais forte e torna-se um ponto de encontro obrigatório para quem busca ou oferece o que há de mais avançado em tecnologias e serviços para o campo.
O chamariz do evento, que este ano completou 20 anos, eram justamente as máquinas agrícolas – tratores, colheitadeiras e colhedoras disputavam a atenção de quem passava pelos estandes. O tamanho do trator da Massey Ferguson, xxx, não intimidou o produtor de amendoim de Ibitinga (SP), César de Antônio. Na realidade era justamente o tipo de máquina que ele procurava – uma que pudesse trabalhar com um invertedor (ou, ‘chacoalhaeira dupla’, assim definida pelo produtor). O implemento tem uma função primordial na colheita do amendoim, e necessitava de um trator de grande porte para realizá-lo. “Fui buscar informação com alguns amigos que já têm tratores de outras marcas, especificamente de um hidráulico que se adequasse às necessidades da chacoalhadeira. Estou adquirindo um Massey, porque ele vem com um hidráulico eletrônico, já com embreagem e tomada de força independente. Então, na necessidade que eu preciso, os de outras marcas não têm essas especificações as quais me atenderiam hoje”. O produtor conta que há cerca de uns três meses tem procurado um trator que melhor lhe atendesse. A decisão pela compra ocorreu justamente no durante a Agrishow.
Na propriedade são cultivados 360 hectares (ha) na cultura do amendoim. O maquinário já está confirmado para trabalhar na safra de 2013/2014 no preparo de solo e depois no processo de arrancadura da leguminosa.
Em termos de produção na última safra, o produtor teve um pouco de perda, cerca de 20%, em função do alto índice de chuvas na região. No entanto, a produtividade média chega em torno de 480 a 500 sacas de 60 quilos por alqueire. Para garantia da manutenção dos índices produtivos, César não abre mão de contar com um maquinário atualizado. A idade da frota dele é de três anos, contanto com seis tratores e três colhedeiras. “Tudo é uma constante inovação. A gente não dá conta de acompanhar tudo, mas nós buscamos esse trator, que é uma inovação grande, em termos de categoria e potência. Nesse sentido, a gente segue melhorando”, declara.
Integração lavoura-pecuária
De Campo Grande (MS), o produtor, José Rodrigues Pereira, voltou à feira pra conferir as novidades. Foram oito anos longe sem participar do evento desde essa vez. Mas não saiu da mostra de mãos vazias, levou um conjunto – trator e plantadeira da John Deere (o modelo 8335R, com 335 cavalos valor (cv) e uma plantadeira de 24 linhas).
Produtor é pecuarista que adota o sistema de integração lavoura-pecuária, e resolveu adquirir o conjunto em função da expansão da área de soja e milho da propriedade, “Trabalhávamos com máquinas menores, então, hoje, pela necessidade e dificuldade de mão de obra, custo por hectare plantado e trabalhado, essas máquinas maiores acabam dando quase que um custo-benefício melhor”, afirma Pereira.
A área de grãos vai passar a 1.100 ha já na próxima safra e por isso a necessidade de maquinários com maior capacidade de trabalho por hora. A fazenda efetivamente fica no município de Bandeirantes, a cerca de 100 quilômetros da capital sul-mato-grossense. A área total aproveitável da fazenda é de 5.900 ha. O gado ocupa a maior parte e a lavoura corresponde a 20% da área. “A região é tradicional de pecuária, então entramos com a agricultura pra dar uma alavancada na pecuária. O sistema de integração já funciona há oito safras”, diz Pereira.
O produtor vê no incremento tecnológico a saída para os melhores resultados, por isso lança mão de todas as novidades que existem nesse campo. Na fazenda, a área produtiva é tomada completamente pela agricultura de precisão, através da correção de solo e adubação. “Com esse trator e essa plantadeira, a gente vai melhorar isso aí, através de um plantio feito com GPS. A colheita já era feita com mapa de produtividade da área. Agora vamos fechar o ciclo da agricultura de precisão. Acreditamos, não só na agricultura como na pecuária, pois o importante – o seguro que o produtor deve ter – é a produtividade. Nós temos de trabalhar com produtividade para garantir as adversidades de clima e de preço. O único jeito que a gente tem é isso aí, de garantir a produção, pera minimizar os riscos”, ressalta Pereira.
O comprador de colheitadeiras
Já seu Argino Bedin, produtor de grãos em Sorriso (MT), além de ser uma figura assídua em cada Agrishow, é também um grande admirador das colheitadeiras que fazem um show a parte durante a feira. Nessa edição, a proposta era fechar a compra de duas unidades, lançadas com motorização e potências novas pela Case IH. “Antes de vir pra cá, eu tinha informações que ia ter uma novidade em termos de colheitadeira de soja e de milho”, conta Bedin. “Confesso que estava na perspectiva e na ansiedade de saber realmente o que era. Quando cheguei aqui, fiquei surpreso com o lançamento da 8230, 9230 da Case IH – lançamento da colheitadeira classe nove da empresa, agora com um motor cursor 13, que possui uma capacidade bem maior em relação às outras colheitadeiras da companhia”.
Como um cliente fiel da montadora, Bedin também dava pitacos sobre as máquinas da empresa. Dessa colheitadeira em questão, ele reclamava da falta de potência do motor. Ao que parece a Case IH o ouviu e lançou um maquinário que agora vai atender suas expectativas. “Com certeza, o rendimento da colheita vai ser bem maior e, provavelmente, estamos aí em negociação para adquirir duas colheitadeiras dessa”.
O produtor possui uma sociedade com o irmão, na qual são cultivados 15.500 ha de soja e 13 mil ha de milho. Para dar conta dessa área, há atualmente 16 colheitadeiras, da Case IH, do tamanho dos modelos 8010 e 8120, e tem mais duas do modelo 2388 e duas 2399, sem contar os cerca de 15 tratores da mesma montadora. “A gente busca numa máquina agrícola, qualidade, assistência técnica, e garantia de rendimento, pois a nossa região requer uma capacidade de colheita quanto maior, melhor”, destaca Bedin. Por ser tão exigente, a propriedade dele se tornou um campo de testes para a empresa. Muitas dos equipamentos, antes serem dispostos no mercado, passaram pela prova de fogo das lavouras dele.
Além de estar preocupado com a tecnologia disposta a volta dele, o produtor também se cerca de informações para o melhor resultado no momento da colheita. Na safra de soja, por exemplo, apesar de grande volume de perdas na região, o agricultor obteve êxito. “Podia até ter colhido um pouco melhor, se o tempo não atrapalhasse tanto, mas conseguimos uma média de 65 sacas por ha. De milho as perspectivas são muito boas, de 130 a 140 sacas por há”.
Fã de carteirinha
Seu Argino, não é simplesmente um agricultor – creio que se houvesse uma competição de corrida de colheitadeiras, certamente, ele estaria lá! O produtor faz questão de descrever tim-tim por tim-tim os detalhes que deve ter uma máquina dessas. Faz questão até de dirigi-la antes de efetuar a compra. Pois, o que importa para ele é poder efetuar uma tarefa quanto mais rápido, melhor. “Se você tem um rendimento maior, o custo-benefício também é maior, e é isso que a gente tem de buscar”.
Bedin é natural do Paraná, mas há 34 anos em Mato Grosso, já adquiriu o direito do título de mato-grossense. A paixão por colheitadeiras também lhe deu a oportunidade de ser o comprador número um de uma série limitada de dez unidades da Case IH. Era a uma edição especial comemorativa aos 35 anos de lançamento da colheitadeira com rotor axial da montadora. “Dez unidades! Era muito pouco pela quantidade de cliente que a Case tem, né! Então eu falei, ó, se é possível, eu gostaria de ter uma dessa máquina na minha fazenda... Aí eles disseram que iam arrumar... É de um a dez, a minha foi a número 1... Me senti até privilegiado pela Case por conceder a máquina número 1 pra mim”.