Na iLPF, o solo pode ser explorado durante todo o ano, o que favorece o aumento da oferta de grãos, de carne e de leite a um custo mais baixo, devido a ligação que se cria entre lavoura e pastagem.
Ao longo dos últimos anos, o modelo deste sistema aparece como um grande parceiro daqueles produtores que têm suas propriedades cada vez mais sendo degradadas e que não sabem como agir diante de tal situação. O programa une estes três pilares da agricultura nacional em prol do produtor rural, de forma que quem o usa só tenha benefícios.
A iLPF tem como objetivo agir nas propriedades onde o solo está degradado, pastagens idem e onde há certa demora quanto a idade média para o abate de animais. A grande intenção deste sistema de integração é produzir com sustentabilidade, assunto que hoje em dia está bastante visível e ao alcance de todos. Exemplos de que o sistema atua com pensamento na sustentabilidade e que não agride o meio ambiente são: este tipo de tecnologia evita impactos ambientais; recupera a capacidade produtiva do solo; produz mais alimentos; produz energia renovável e gera emprego e renda para aqueles que se encontram desempregados.
O sistema iLPF já têm várias opções disponibilizadas aos produtores, independente do tamanho dos mesmos. A iLPF atinge tanto os grandes ou pequenos produtores, assim como pecuaristas e lavoureiros. O produtor que adota este sistema observa no começo uma evolução dos sistemas que contemplam a lavoura e a pecuária. Isso é possível, pois cada sistema tem um objetivo. A introdução do componente florestal no sistema não interfere na utilização de tais sistemas agrícolas.
Para Sérgio José Alves, pesquisador do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) a integração lavoura-pecuária é totalmente produtível em quase todos os sentidos, ou seja, desde a recuperação de pastagem até a alimentação dos animais. “São mais de 15 anos de pesquisa, e graças às tecnologias elevadas que temos hoje, é possível colocar este tempo todo de estudo em prática”, declarou Alves.
O produtor rural e proprietário da Fazenda Santa Felicidade, que fica no município de Maria Helena (PR), Antônio Cesar Pacheco Formighieri, diz que o iLPF ajudou muito sua propriedade e que ele sempre acreditou nas tecnologias desenvolvidas pelo sistema. “No começo eu via em palestras e seminários, explicações para provar que este sistema funcionava e que nós produtores poderíamos acreditar e utilizar tais tecnologias. Hoje eu até participo de palestras para testemunhar que realmente o iLPF dá resultados e que faz muito bem a sustentabilidade”, declara Formighieri. Ele conta que primeiramente procurou um técnico especializado para analisar a propriedade, já que as necessidades entre propriedades variam. “Antes de tudo fiz um raio-x da propriedade junto ao técnico e só depois de analisarmos tudo, o sistema começou a ser aplicado”, finaliza.
Estudo do caso Fazenda Santa Brígida
O que você faria se você fosse formado em odontologia, não entendesse praticamente nada do agronegócio e da noite para o dia assumir uma propriedade de 960 hectares? Pois é, foi exatamente isso o que aconteceu com Marize Costa Porto.
A hoje proprietária da Fazenda Santa Brígida, localizada em Ipameri, a cerca 200 km de Goiânia (GO), ficou viúva e teve que assumir totalmente as atividades da propriedade, sem saber nada das mesmas. Marize Porto ficou sem saber o que fazer, já que tinha em mãos uma fazenda totalmente inútil, que dava muitos prejuízos e não era nenhum pouco sustentável. Com esta situação precária instalada na propriedade, ela decidiu recorrer a Embrapa Arroz e Feijão, de Goiânia. E foi através deste contato feito, que ela conheceu João Kluthcouski, o João K.
“Eu procurei a Embrapa, pois não tinha solução para os problemas da fazenda. Lembro-me de uma frase muito marcante nesse meu início de caminhada como proprietária de uma fazenda, que dizia que você recupera o solo da lavoura, para recuperar todo seu investimento”, declara Marize Porto.
A partir daí, Marize conheceu o iLPF e sem ser nenhuma conhecedora das atividades do campo, decidiu adotar e aplicar o sistema em sua fazenda no ano de 2006. Segunda ela, no começo foi um pouco complicado para entender e administrar toda a situação. “No início eu me via com alguns pequenos problemas, como por exemplo, a necessidade de achar trabalhadores multifuncionais, já que precisaria de pessoas trabalhando em cada uma das três áreas do sistema”, diz.
Acompanhada de perto pelos seus parceiros da Embrapa, com a utilização de maquinários da John Deere e com a contratação de novos funcionários, a proprietária da Santa Brígida logo no primeiro ano começou o plantio de soja e introduziu sorgo com capim. Já na safra do ano seguinte, era possível notar a evolução crescente de produtividade da cultura, da matéria orgânica e do fósforo no solo. Ela já estava dando ali seus primeiros passos para a sua reviravolta como dona de fazenda e mulher de negócios.
Em 2007, começou a fazer o plantio direto com uma rotação entre soja, pastagem e milho. E como comentou o produtor Antônio Formighieri, cada propriedade tem sua necessidade para a utilização do iLPF, por isso o trabalho de começo executado na fazenda Santa Brígida não foi fácil, pois era um local muito judiado e que precisava deste tipo de integração com uma certa urgência. Na temporada seguinte, após dois anos de plantio de soja, foi a vez da braquiária junto ao milho serem introduzidos no solo da fazenda, fato que ajudou na diminuição de custos com defensivos agrícolas e racionalização de fertilizantes, e com os efeitos da braquiária reciclando os nutrientes.
A história que tinha tudo para dar errado, estava e vem a cada vez mais dando muito certo e a ajuda encontrada por Marize foi crucial para que a Santa Brígida se tornasse um case de muito sucesso do sistema iLPF, e hoje em dia um ponto de visita ao público que quer ver de perto a integração funcionar. A fazenda que antes não dava lucro algum está hoje com uma média de 2,5 Unidade Animal, numa região onde as outras propriedades se mantém de 0,3 á 0,4 UA. No que se diz em relação à pastagem, a fazenda lucrava apenas R$100 antes da adoção do iLPF. Hoje em dia está mesma área rende o equivalente á R$500.
“Quando comecei a usar o sistema de integração, as pessoas diziam que não daria certo e que poderia haver uma competição entre capim e milho. Mas hoje, minha fazenda está aberta para que as pessoas venham ver que tudo isso valeu a pena, e que muito pelo contrário do que diziam capim e milho trabalham muito bem juntos!”, exclama Porto.
A parte florestal da fazenda também teve seus lucros muito aumentados ao longo destes seis anos em que o sistema é aplicado. Em relação às florestas, nota-se que o eucalipto é um investimento a longo prazo e que o plantio das árvores é feito em duas fileiras de 24 metros de comprimento cada. O lucro estimado por hectare de eucalipto é de mil reais.
Outro ponto em que se nota evolução na fazenda Santa Brígida, é na idade média de abate dos animais. No ano de 2006, quando foi adotado o iLPF, a idade era maior ou igual á quatro anos, já no ano passado a média já era de aproximadamente três anos. Segundo pesquisadores da Embrapa o objetivo para os próximos anos é abaixar ainda mais este número, o que mostra que o iLPF é um sistema que ao longo dos anos melhora cada vez mais e gera mais lucro para quem o utiliza.
Conferindo os benefícios trazidos pelo sistema de integração Lavoura, Pecuária e Floresta:
- Recuperação de áreas degradadas;
- Manutenção de pastagens produtivas;
- Redução dos impactos ao meio ambiente;
- Redução da necessidade de utilização de agroquímicos;
- Redução de abertura de novas áreas;
- Reconstituição da cobertura florestal;
- Aumento da eficiência no uso de máquinas, equipamentos e mão de obra;
- Geração de empregos e de renda;
- Melhoria das condições sociais no meio rural. |