Revista Rural – Em 2012, quais são as novas apostas do Banco do Brasil quando se trata de linhas de crédito?
Osmar Dias - Para o primeiro semestre, nossas principais ações estão voltadas ao atendimento das demandas para financiamento de custeio da Safrinha de milho e algodão, da Safra do Nordeste e da Safra de Inverno e, ainda, de comercialização da Safra de Verão. De olho já na safra 2012/13, lançamos, no dia 17 de fevereiro, a linha de crédito para Aquisição Antecipada de Insumos, que tem por objetivo oferecer solução de financiamento que permita ao produtor tomar a decisão de adquirir os insumos para a próxima Safra de Verão no momento oportuno, protegendo-se contra possíveis elevações nos preços desses produtos na época de pico da demanda. O fortalecimento do Programa ABC (programa Agricultura de Baixo Carbono), no sentido de incentivar a utilização de técnicas agrícolas sustentáveis que se destinam a aumentar a produção com redução dos impactos na emissão de carbono e adequação ambiental das propriedades rurais, continua sendo um dos focos do Banco do Brasil, no agronegócio em 2012
Rural – Na opinião da instituição, em 2011 quais foram os pontos mais positivos para o agronegócio?
Dias - O ano de 2011 será lembrado pelas excelentes produtividades alcançadas nas lavouras de grãos, com destaque para a soja e milho. Os produtores investiram em tecnologia, o que propiciou colheita recorde de soja, milho, algodão, arroz e feijão. Os preços internacionais mantiveram-se em patamares elevados em 2011, o que propiciou um desempenho financeiro positivo à maioria dos produtores de grãos, bem como de café, cana e na pecuária. Com dinheiro em caixa foi possível fazer o acerto de contas e novos investimentos ganharam força. Nas exportações brasileiras dos produtos agropecuários houve registro de novo recorde histórico, quando se atingiu a marca de US$ 94,5 bilhões, o que supera em 24% o obtido em 2010 (US$ 76,4 bilhões). Vale destacar que, na balança comercial, números tão excelentes como os de 2011 não eram observados desde 1997. Em 2011, o Banco do Brasil seguiu apoiando o setor, ofertando soluções para o fortalecimento do agronegócio brasileiro e do país. O atendimento aos produtores rurais teve grandes avanços no sentido de propiciar aos clientes a oferta de soluções adequadas às suas necessidades, por meio de estruturas especializadas com foco em consultoria financeira. Nas feiras agropecuárias, o BB procurou aprimorar os processos de crédito e ampliar as parcerias com os fornecedores em busca de atuar de forma mais específica às necessidades de investimento dos produtores que freqüentam os eventos. Nas principais feiras do agronegócio, o Banco desembolsou mais de R$ 940 milhões durante 2011, representando montante 190% maior que o liberado em 2010.
Rural - No ano passado, o Pronamp (Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor) Rural teve um aumento significativo e o Programa de Sustentação do Investimento (PSI) foi o programa mais procurado. Isso se repetirá em 2012, na sua opinião?
Dias - Nas diretrizes estabelecidas pelo Governo Federal, nos últimos Planos Safra, foram priorizadas ações voltadas ao fortalecimento dos empreendimentos dos produtores rurais de médio porte e à sustentabilidade das ações de investimento em novas tecnologias para o campo. No Pronamp Rural, o BB desembolsou R$ 3,1 bilhões na Safra 2011/2012 até dezembro/2011, montante 40,5% maior que o realizado no mesmo período da Safra 2010/2011. De julho a dezembro de 2011 foram formalizados mais de 45 mil contratos nessa linha. Com relação ao Finame Rural PSI, foram contratados mais de R$ 660 milhões durante o ano de 2011, relativos a mais de 2,8 mil contratos formalizados.
Diante disso, o Banco do Brasil, como principal agente financeiro apoiador das políticas públicas para o agronegócio, continuará priorizando sua atuação no direcionamento de suas estratégias para o incremento das contratações nas linhas do Pronamp Custeio e Investimento e para o Finame Rural PSI. Com isso, esperamos que ao final da Safra 2011/2012 tenhamos um novo recorde nas contratações realizadas no âmbito desses dois programas.
Rural - Em 2011, com relação ao crédito, quanto o banco disponibilizou para o setor?
Dias – Na safra 2011/2012, de julho a dezembro/2011, o Banco do Brasil desembolsou R$ 5,5 bilhões em financiamentos para a agricultura familiar e R$ 20,8 bilhões para a agricultura empresarial, totalizando R$ 26,4 bilhões, montante 19,4% superior ao contratado no mesmo período na Safra 2010/2011. A carteira de crédito de agronegócios do BB atingiu R$ 89,4 bilhões em dezembro de 2011, mantendo o Banco do Brasil como principal parceiro do agronegócio brasileiro, com participação de 63,1% de toda a carteira rural do Sistema Financeiro Nacional.
Rural – Quais foram os principais destaques para esse crescimento?
Dias - Os principais destaques para o crescimento observado foram as linhas de custeio para a agricultura empresarial, com crescimento de 13,4%, e as linhas de investimento para agricultura empresarial e familiar, com crescimento de 89,6% e 17,4%, respectivamente.
Rural – Logo no início de 2012, a entidade anunciou que houve um registro alto de volume de financiamento na região do Mato Grosso, qual ou quais fatores influenciaram esse crescimento?
Dias - Fazendo um comparativo entre os montantes financiados pelo BB na Safra 2011/2012, até dezembro/2011, em relação ao mesmo período da Safra anterior, observa-se que alguns estados, entre eles, o Mato Grosso, tiveram crescimento dos montantes desembolsados em percentual superior à média nacional. Isso reflete o bom momento vivido pelo mercado e o resultados das estratégias desenvolvidas pela Instituição, de mapeamento de atividades e microrregiões com maior potencial de incremento de negócios, bem como o esforço da rede de agência em acompanhar a demanda por crédito nas localidades em que se observa maior crescimento do mercado. A atuação junto aos produtores rurais de forma especializada e direta, voltada especificamente às características e necessidades do cliente e resultante de uma nova estruturação de atendimento por parte do BB, foi um dos fatores que propiciou a evolução do volume de financiamento no Mato Grosso e em todo o país. Do mesmo modo, a oferta tempestiva de linhas e produtos adequados à atividade rural, por meio da Aquisição Antecipada de Insumos (Safra 2011/2012) e das demais linhas de custeio, investimento e comercialização, adequando a necessidade da atividade agropecuária à oportunidade de crédito, permitiu que a parceria criada entre o BB com o produtor rural se fortalecesse ainda mais.
Rural – Além do programa Agricultura de Baixo Carbono (Programa ABC) como o Sr. já citou. Há o programa de Plantio Direto que está dentro da demanda de crédito oferecida pelo banco, em 2012. Quais são os procedimentos para adquiri-los e quais as vantagens?
Dias - Há anos o Banco do Brasil realiza ações com o intuito de estimular a adoção de práticas modernas e sustentáveis de produção no campo. O resultado disso é que quase 80% dos custeios de milho financiados pelo BB destinam-se a lavouras que empregam o plantio direto na palha; no caso de soja esse percentual é próximo de 90%. Além disso, o Banco tem financiado máquinas e equipamentos necessárias para a adoção dessa tecnologia. O Programa ABC vem com o objetivo de estimular os financiamentos de investimentos que se destinam a aumentar a produção com redução dos impactos na emissão de carbono e adequação ambiental das propriedades rurais, com encargos financeiros menores que os vigentes para as demais linhas do crédito rural (5,5% ao ano x 6,75% ao ano) e com prazos de reembolso maiores, que podem atingir até 15 anos no caso de reflorestamento. O Banco do Brasil disponibilizou R$ 850 milhões para o Programa ABC durante a Safra 2011/2012 e já liberou mais de R$ 430 milhões até março de 2012. Para a obtenção de financiamento por meio do Programa, os produtores devem procurar qualquer agência do BB e apresentar projeto técnico especifico voltado para as finalidades abrangidas pelo ABC.
Rural - Quais são as projeções para o crédito dentro do Plano Safra 2012/2013?
Dias – Ainda é prematuro estimar volumes de crédito para o próximo período agrícola, visto que o montante destinado à Safra 2012/2013 ainda será discutido com o Governo para o estabelecimento dos objetivos e demais condições do Plano Safra. Entretanto, cabe destacar que no Banco do Brasil as disponibilidades de recursos para financiar os produtores rurais estão diretamente ligadas aos volumes de captação dos Depósitos à Vista e da Poupança Rural e, também, dos retornos dos financiamentos concedidos aos produtores rurais, visto que as exigibilidades bancárias constituem em torno de 90% dos recursos aplicados pelo Banco em cada ano-safra. Todavia, podemos afirmar que o Banco manterá sua participação historicamente observada no volume total dos financiamentos concedidos por meio do Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR), em torno de 63%. Cabe destacar, também, o desempenho do BB nos financiamentos destinados à agricultura familiar, onde responde por cerca de 75% de todo crédito destinado ao segmento.
Rural – Logo no início do ano, o seguro agrícola começa a ganhar evidencia. Neste ano, quais são as linhas de seguro para o produtor que a instituição oferece?
Dias - O Banco do Brasil habitualmente disponibiliza ao produtor o BB Seguro Agrícola para as culturas de soja, milho, algodão, cana-de-açúcar, arroz irrigado, trigo e milho safrinha. No final do ano passado o BB passou a ofertar o seguro agrícola para maçã. A partir deste ano, o BB Seguro Agrícola passou a contemplar também a cultura de milho safrinha consorciado com braquiária. Outra novidade do BB para o ano de 2012 foi o inicio da comercialização dos seguros de Florestas, que possui cobertura contra incêndio, raio, fenômenos meteorológicos (chuvas excessivas, geada, granizo e seca) e queda de aeronaves. Ainda para o ano de 2012 o BB deverá ofertar os seguros de café e de pecuária.
Rural - Quais são as expectativas para o agronegócio em 2012?
Dias - Embora o produtor tenha novamente apostado na aplicação de tecnologias recomendadas para alcançar elevada performance na Safra 2011/2012, o clima não ajudou e já estão consolidadas perdas na produção. Nas regiões em que houve perdas, o Governo e o BB estão mobilizados para aplicar os mecanismos que permitam a continuidade dos produtores na atividade. Diante do cenário e conscientes da dinâmica do mercado, o Banco do Brasil, por meio de sua rede de agência, dará continuidade a modelos de negócios que propiciem a sustentabilidade das atividades financiadas, viabilizando a adoção de novas tecnologias e novos mecanismos de proteção contra riscos de produção e preços, abrangendo todos os segmentos do agronegócio, desde o pequeno agricultor familiar até os mega empreendimentos. |