Como
resultado, esse mercado fechou o ano passado com um faturamento
de R$ 3,4 milhões, ou seja, 16,3% a mais que 2010,
quando faturou R$ 2,9 milhões, um incremento de 10,8%
sobre 2009, segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria
de Produtos para Saúde Animal (Sindan). Grande parte
desse faturamento se deve ao segmento da pecuária,
que foi responsável por 56,1%, incluindo a pecuária
de corte e leite, no qual os produtos biológicos, como
vacinas, inclusive aftosa e antiparasitários, foram
os destaques. O segmento da avicultura e suinocultura representou
15,6% e 15,0%, respectivamente. Apesar dos bons números,
nem tudo foi o otimismo no setor. "O ano passado foi
marcado por aumento dos investimentos e dos custos, com impacto
negativo sobre a lucratividade do setor. Por ser insumo de
produção o repasse para o preço é
sempre dificultado, porque o produtor decide a compra com
base na performance do produto, mas principalmente na relação
custo x benefício", diz Emílio Salani,
diretor de operações do Sindan.
O ano de 2011 também foi marcado com uma queda na venda
das vacinas contra febre aftosa. O motivo seria a forte concorrência
entre os laboratórios, como afirmou o diretor do Sindan.
A justificativa seria a entrada de novas empresas no mercado,
e que fez o parque fabril crescesse. Como as vacinas têm
um prazo de validade relativamente curto, as empresas não
tiveram outra saída senão ceder nos preços
e desovar a produção.
Uma das grandes preocupações do Ministério
da Agricultura é exatamente o investimento em saúde
animal e, principalmente, em vacinação. Principalmente,
a partir desse momento em que conseguiu a abertura de novos
mercados exportadores e com a previsão das principais
associações nacionais de criadores e exportadores
é de que as exportações aumentem em 2012,
sendo que a carne bovina na casa dos dois dígitos percentuais
e a de suínos e aves, entre 2%. "O pecuarista
tem que ter consciência de que o investimento com sanidade
não é tão alto, principalmente quando
comparado a outras despesas. Quem sabe gerenciar, percebe
facilmente que não é economizando em saúde
animal que obterá lucro. É justamente o contrário",
afirma Salani.
Essa é a aposta das grandes gigantes do mercado de
saúde animal, em 2012. A Pfizer Saúde Animal,
uma das maiores empresas do setor veterinário no mundo,
triplicou de tamanho nos últimos anos, impulsionada
não só pelo crescimento do mercado, mas por
aquisições de empresas e portfólios de
produtos em nível global - entre as quais Synbiotics,
a Alpharma e a própria Fort Dodge, todas em fase de
integração. Em 2011, a companhia fechou o ano
com receita de R$ 592 milhões, no Brasil. Só
as vendas de medicamentos e vacinas para bovinos somaram R$
332 milhões. Aves e suínos geraram R$ 94 milhões
cada. "A demanda por proteína animal aumentou.
Esse é o momento de investimento no campo", explica
Elio Moro, gerente técnico da unidade de negócios
bovinos, Pfizer Saúde Animal.
Segundo ele, todas as doenças causam um grande impacto.
"As vacinas têm por objetivo preparar o sistema
imunológico do animal para que esteja apto a responder
e se defender do ataque dos agentes causadores de doenças,
quer sejam vírus, bactérias ou mesmo toxinas
dos agentes infecciosos. A maioria destas enfermidades pode
ser evitada no País por meio da vacinação",
diz.
O gerente técnico explica que felizmente, hoje o pecuarista
brasileiro tem acesso a uma enorme quantidade de vacinas que
são altamente eficazes no controle de quase todas as
doenças importantes que podem acometer os bovinos e,
consequentemente, causar perdas econômicas ao negócio.
"Não há dúvidas de que a prevenção
sempre foi e será a melhor e mais eficiente forma de
prevenir várias doenças. É notório
que fazendas que utilizam um bom calendário sanitário
possuem um desempenho produtivo acima da média",
diz Moro.
Outro gigante do mercado de saúde animal, a MSD Saúde
Animal, resultado do processo de fusão entre a Merck
& Co., Inc. e a Schering- Plough Corporation, fechou o
ano de 2010 com um crescimento de 21,2%. "Em 2011, os
números não poderiam ser diferentes. Crescemos
16% sobre o ano de 2010, acumulando um crescimento de 35%,
quando o mercado cresceu 30% no mesmo período, sem
incluir as vendas de vacinas de aftosa. As áreas de
negócios que puxaram esse crescimento foram à
pecuária e a suinocultura, que resultaram em um faturamento
total, no Brasil, de R$ 424 milhões", diz Vilson
Simon, diretor presidente da MSD Saúde Animal.
A empresa não divulga os dados de vendas de vacina
aftosa, mas comenta que o desempenho de 2011 versus 2010 não
foi o esperado pela entrada de novos participantes no mercado.
"E a expectativa é que em 2012 o mercado de vacinas
de aftosa recupere o seu desempenho devido ao reconhecimento
pelos produtores e pela sociedade da importância da
vacina de aftosa como fator de segurança nacional para
a manutenção da competitividade brasileira no
mercado mundial de carnes. O custo de vacinação
contra a aftosa é um seguro de competitividade de altíssimo
retorno para o pecuarista. Imagine o custo de um quadro de
surto de aftosa para o Brasil e as implicações
para o setor de carnes e a balança comercial brasileira",
diz.
Sobre os novos desafios, Simon afirma que há um ambiente
regulatório local e global, com o aumento das exigências
e a elevação nos investimentos para o desenvolvimento,
registro e lançamento de novos produtos. "De toda
forma, acreditamos que o mercado veterinário brasileiro
vai crescer o dobro do mercado mundial até 2017 e o
Brasil aumentará sua participação no
mercado global, que hoje é de 9%, para 11% em 2017.
Atualmente o mercado global de saúde animal está
na ordem de U$ 21 bilhões", afirma.
Mesmo com esses números, o setor de saúde animal,
em suma, trabalha com um cenário de otimismo moderado
para 2012. O diretor de operações do Sindan,
Emilio Salani afirma que o mundo inteiro vai continuar carente
de alimentos e nosso país segue sendo a opção
viável de atendimento da demanda global por proteína
animal de qualidade. "A crise econômica na Europa
é preocupante e com desfecho ainda um tanto obscuro.
A questão cambial precisa ser acompanhada com atenção,
inclusive porque somos dependentes de matérias primas
importadas. Apostamos no mercado externo das carnes, com perspectivas
diferenciadas e positivas para carne bovina, de frango e suína.
Apostamos, também, na necessária expansão
da tecnificação da pecuária de corte,
uma exigência para melhoramento dos índices zootécnicos,
visando enfrentar a redução das áreas
de pastagens e manter e obter adicionais ganhos de produtividade.
Parte importante desta tecnologia está no insumo veterinário.
A expectativa para 2012 é de um crescimento do faturamento
da indústria de saúde animal da ordem de 5%
a 7%", afirma Salani.
De olho nas aves
Segundo Maurício Hisano, gerente de mercado de avicultura
da MSD Saúde Animal, a área da avicultura da
empresa, em 2011, apresentou um crescimento de 17% em seus
negócios no Brasil, subindo mais uma posição
no ranking das indústrias farmacêuticas que atendem
o mercado de avicultura, ficando entre as cinco primeiras
companhias do Brasil. "Este crescimento sólido
é resultado de um trabalho personalizado e com produtos
diferenciados para o exigente mercado de avicultura brasileiro",
diz Hisano.
Para continuar em expansão, a empresa pretende investir
em lançamentos, como a Innovax®, vacina para o
combate à laringotraqueíte infecciosa das aves.
Segundo Alexandre Palma, gerente regional de avicultura da
companhia, a linha é uma nova geração
de vacina concebida pelo processo de engenharia genética.
"Onde temos um vírus vacinal que chamamos de "Vetor"
e neste é inserido genes que codificam estruturas antigenicas
de outros tipos de vírus, formando assim uma vacina
recombinante que irá proteger contra dois tipos de
enfermidades. Primeiramente, lançamos a Innovax®
ILT, que tem como vetor o vírus vacinal HVT da Doença
de Marek e a inserção do gene do vírus
da Laringotraqueite. A escolha do vírus da doença
de Marek HVT é devido ao seu grande genoma e por apresentar
uma replicação em todo o organismo da ave, garantindo
uma proteção sólida durante toda a vida
produtiva da ave", diz Palma.
Para a Pfizer, o segmento de vacinação avícola,
a nova aposta é que as tecnologias do futuro serão
a vacinação in-ovo e a imunização
com múltiplos antígenos em DNA, customizados
de acordo com a linhagem e a finalidade das aves. "Para
aves adultas, as tendências nesta área estarão
ainda relacionadas a outros métodos, como a imunização
via ração, capaz de reduzir a mão de
obra - que será cada vez mais escassa e de alto custo",
diz Paulo Teixeira, team leader da unidade de negócios
aves da Pfizer Saúde Animal. "Acreditamos ainda
que a pressão dos consumidores em prol do bem-estar
animal também deve implicar na mudança de alguns
procedimentos em vacinação avícola. Atualmente,
por exemplo, a maioria dos processos de manufatura continua
a ser feita de maneira tradicional, com a replicação
do antígeno viral em ovos embrionados ou cultivos celulares,
em tanques de fermentação para bactérias.
No futuro, deverá haver meios sintéticos que
conservem a imunogenicidade das vacinas, mas que não
necessitem de substratos biológicos vivos", diz
Teixeira.
O foco neste segmento é justificável. Isso porque
as exportações brasileiras de frango fecharam
o ano com significativo aumento de recente frente ao ano anterior.
O crescimento foi de 21,2%, totalizando US$ 8,253 bilhões,
segundo dados da União Brasileira de Avicultura (Ubabef).
|