Já
para Alceu Becker, engenheiro agrônomo e silvicultor do
município de Ponta Grossa, o passeio pela mostra era
uma atividade de praxe. "A Coopavel reflete a grandeza
do setor agrícola do País, e é aqui que
posso conferir as novas tecnologias para que os agricultores
possam produzir mais e com maior qualidade", frisa. Becker
destacou ainda a evolução dos produtos e serviços
apresentados, como por exemplo, a alta genética vegetal,
sistemas de produção de frango e cultivares de
milho mais produtivas e adaptadas. "Além de oferta
de recursos de financiamento que habilite o produtor a se integrar
verdadeiramente desse 'Show Rural'", avalia.
Ao todo, o público deste ano foi de 197.906 visitantes,
5,40% a mais do número registrado em 2011 quando a feira
recebera 187.763 pessoas. Numa área de 72 hectares, a
feira reuniu 406 expositores, 4,8 mil experimentos e 250 apresentações
técnicas. Para Dilvo Grolli, diretor presidente da Coopavel,
o Show Rural torna-se um meio muito interessante para o estímulo
a produtividade, a partir das tecnologias que são apresentadas
nos cinco dias de evento. "O produtor está constantemente
de olho no futuro", declara. "O crescimento em produtividade
está na faixa de 3% a 5%, e aqui é a porta de
entrada da tecnologia para a propriedade do produtor para alcançar
isso, a partir de novos equipamentos e melhoria em termos de
aquisição de variedades mais produtivas",
ressalta.
O próximo Show Rural já tem data marcada - de
4 a 8 de fevereiro de 2013. Em termos de melhorias, Grolli já
anunciou o aumento das ruas cobertas - sendo acrescido então
mais 4 mil quilômetros de ruas cobertas. Outra reivindicação
que os organizadores deixaram com o governo do Estado do Paraná
é a duplicação da rodovia de acesso à
feira. A expectativa é que isso ocorra ainda daqui a
dois anos.
Palco de lançamentos
Entre um estante e outro, o que mais se viu pelo Show Rural
Coopavel foram produtores encatados pelas grandes e potentes
máquinas do campo, cada qual com suas especificidades.
Nesse sentido a New Holland quer aproveitar este ano para trazer
os lançamentos aos agricultores diretamente nas feiras
agropecuárias do País. O início dessa ação
foi justamente no Show Rural, que abre o calendário nacional
nesse quesito.
"Esperamos um ano com grande inserção de
tecnologia nos campos brasileiros, atingindo cada vez mais produtores
e propriedades", afirma Bernhard Kiep, vice-presidente
da New Holland para a América Latina. "Hoje, a nossa
preocupação é alcançar todos os
setores do mercado, oferecendo a mais abrangente linha de produtos".
A novidade está no lançamento da primeira linha
de plantadeiras da New Holland, desenvolvida em parceria com
a Semeato, uma marca de referência nacional em plantio
direto. Há seis linhas de semeadoras do tipo múltiplas,
para grãos graúdos de espaçamento de 45
centímetros (cm) e para grãos finos de espaçamento
de 17 cm.
Outro destaque da marca foi o trator T9, de 560 cavalos vapor
(cv) que reforça a preocupação da marca
em ofertar produtos de grande potência. Esta tendência
começou a ser apresentada em 2011, com o lançamento
da linha T8, que chega atingir até 389 cv.
Foco no cliente
Entre as novidades da Case IH, ficou em destaque o serviço
Max Case IH - uma ideia que deu muito certo na Europa e que
os dirigentes da empresa querem iniciar aqui no Brasil. Trata-se
de um sistema de suporte avançado para atendimento de
máquinas paradas no campo em função de
problemas técnicos. O sistema priorizará as ocorrências
e coloca em status de dedicação total todos os
recursos da montadora para garantir o retorno da máquina
ao trabalho num menor tempo possível. "Quando o
sistema é acionado", explica Rafael Miotto gerente
de serviços da Case IH para a América Latina,
"uma equipe dedicada analisa as informações,
filtra e toma todas as ações necessárias,
evitando qualquer perda de tempo no processo, desde a detecção
da falha até a reparação".
O serviço está disponível para os clientes
que adquirirem as colhedoras de cana A8000 e A8800, as colheitadeiras
de grãos Axial-Flow 8120 e 7120, colhedoras de algodão
Cotton Express 620 3 420 e Module Express 635, as colhedoras
de café Coffee Express 100 e 200, o pulverizador Patriot
350 e tratores Streiger, Magnum e Puma - para isso, todos os
equipamentos devem estar no período de garantia.
O acionamento do sistema pode ser realizado de forma simples
e rápida através da rede de concessionários
da Case IH em todo o território nacional ou através
do Conexão Case IH, pelo telefone 0800 500 5000.
Ampliação de linha
A ampliação da linha de tratores foi o principal
mote para a John Deere durante o Show Rural Coopavel 2012. Lá,
a empresa levou 19 modelos para os produtores conferirem as
novidades de cada máquina. Um exemplo é o trator
5090E, com motor de 90 cv, que está voltado aos pequenos
e médios produtores. "Trouxemos para feira as opções
de tratores de até 100 cv que, no Brasil ainda constitui
o maior número de vendas em função do Programa
Mais Alimentos, do governo federal, através do Ministério
do Desenvolvimento Agrário (MDA)", diz Jair Servat,
gerente de vendas da John Deere para região Sul. "Este
trator fecha então a linha 5000, que está mais
voltado à agricultura familiar".
Outras mudanças na linha são as do trator 6125J,
que tem agora um motor de quatro cilindros com as vantagens
de economia no consumo de combustível e ganho de agilidade
nas manobras, e a do modelo 6130J, com motor de seis cilindros
que oferece maior torque e melhor rendimento em tarefas pesadas.
Os modelos 7195J e 7210J são as novidades da Série
7J da John Deere. Eles substituem os tratores 7185J e 7205J
e apresentam significativas mudanças nos motores, que
contam agora com o Sistema de Injeção Eletrônica
sob Alta Pressão. Os dois modelos ganharam também
o eixo dianteiro heavy duty como item de série, para
garantir maior resistência.
Trator de maior porte do estande, o modelo 8260R destaca-se
por recursos como o ILS (Independent Link Suspension), que aumenta
muito a capacidade de tração. Ele faz com que
as rodas permaneçam sempre em contato máximo com
o solo para melhor aproveitamento da potência do motor.
Nova faixa de potência
A Valtra, marca do Grupo AGCO, anunciou durante o Show Rural
o lançamento do S 293 e S 353, máquinas de alta
potência que colaboram com a ampliação da
capacidade produtiva e sustentável das áreas agrícolas.
"De 2010 para 2011 notamos um crescimento de mais de 50%
no segmento de tratores acima de 300 cv, principalmente em regiões
que concentram grandes produtores de grãos como o Paraná,
Mato Grosso e Bahia. O Estado é referência em tecnologia
para a agricultura nacional, por este motivo trouxemos ao Show
Rural Coopavel a Valtra série S", afirmou Paulo
Beraldi, diretor comercial da Valtra.
Hoje a linha pesada representa cerca de 40% do mercado de tratores
montadora. A partir de 2012 com a ampliação das
faixas de potência a empresa espera superar este porcentual.
A série S é importada da Europa e foi apresentada
em primeira mão na feira de Cascavel. A máquina
herdou a expertise e designer global da Valtra aliadas a tecnologia
AGCO. Tem capacidade de levante de 12 toneladas e bomba de fluxo
variável de 200 litros por minuto controlada automaticamente.
O trator traz o motor eletrônico AGCO SISU POWER 84CTA
- 4V, TR 3, ou seja com baixa emissão de gases poluentes
que, associado ao sistema de gerenciamento inteligente, busca
o equilíbrio entre a potência e torque e, de acordo
com a força exercida na transmissão, pode economizar
até 16% no uso de combustível.
Especialidade em pulverização
Um novo modelo da linha Solis de tratores e também da
linha Boxer de pulverizadores é a novidade que a Montana
Agriculture, empresa paranaense fabricante de máquinas
agrícolas, apresentou no Show Rural Coopavel. Com 75
cv, a caixa de câmbio hidráulica permite reverter
o avanço do trator à ré, na mesma velocidade.
Esta característica representa uma vantagem para o produtor
ao realizar operações com implementos localizados
à frente do trator como pás carregadeiras, ou
em atividades realizadas em pequenos espaços, ganhando
com isto, agilidade uma vez que não precisa mudar marchas
enquanto trabalha. Este modelo é o único, na sua
potência, com este diferencial saindo de fábrica.
Além disto, possui motor de quatro cilindros turbo com
maior reserva de torque e bom escalonamento de marcha, o que
traz ganhos de produtividade significativos para o produtor.
Toda a tecnologia existente nos pulverizadores da linha Parruda
está presente no modelo novo da linha Boxer de pulverizador,
com barras de 25 metros, mecânico, com transmissão
4x2 e cinco velocidades. É um produto para um mercado
específico e tem demonstrado que pode trabalhar cerca
de 240 hectares por dia. Para a Diretor Geral da Montana Agriculture,
Denílson Farias, o lançamento no mercado de tratores
vai no sentido de aumentar o portfólio de tratores Montana
e entrar num segmento que a empresa ainda não tinha produtos
específicos como o de 75 a 85 cv uma potência com
maior volume de vendas no mercado de tratores.
Pecuária mecanizada
A Ipacol Implementos Agrícolas apresentou na feira um
equipamento voltado à atividade pecuária, que
agilizará os processos de produção de alimentos
para animais confinados. Trata-se da primeira Colhedora de Forragem
Autopropelida, a CFA 2000, fabricada em Veranópolis (RS).
A empresa traz um novo conceito de funcionamento e desempenho
em qualquer condição de trabalho, somando ainda
diferentes aplicações exclusivas do equipamento.
A CFA 2000 possui um índice de 70% de nacionalização
de peças. A plataforma de corte possui 2 metros de largura
e é equipada com dois tambores de grande potência,
fabricada pela Pöttinger, através de uma parceria
com a Ipacol. Tem ainda como opcional uma segadeira de discos
com condicionador de rolos e largura de trabalho de 3,20 metros.
O motor é Mercedes-Benz de 245 cv, eletrônico de
última geração e baixo consumo.
Conforme explica o Diretor da área de desenvolvimento
de produtos, Carlos Antoniolli, "esta é a única
máquina forrageira nacional autopropelida concebida para
trabalhos em médias e grandes propriedades, graças
a sua alta produtividade e qualidade de trabalho". Segundo
o Diretor Comercial da empresa, Luis Carlos Parisi, o produto
levou dois anos de trabalho em pesquisa e desenvolvimento e
significou um investimento da empresa na ordem de R$ 3,5 milhões.
"Nós acreditamos muito no segmento de animais confinados,
é um mercado que está em franco crescimento e
vai se expandir bastante", ressalta Parisi.
Cultivares mais produtivas
Passando para as novidades em cultivares, a Syngenta trouxe
lançamentos. Trata-se de SYN 1152RR, SYN 1157RR e SYN
1158RR e dos híbridos de milho Maximus Viptera, Status,
Truck, Fórmula e Feroz, desenvolvidos com a tecnologia
exclusiva Agrisure Viptera. As novidades da empresa caracterizam-se
como estímulo de disseminação de tecnologias
que contribuem para o aumento de produtividade de pequenas,
médias e grandes propriedades rurais.
"As três cultivares de soja são materiais
adaptados para a região do Paraná", diz Felipe
Fett, gerente de Marketing de Proteção de Cultivos
da Syngenta. "1152 é uma boa opção
para se fazer safrinha, e as 1157 e 1158 que são um pouco
mais tardias que a primeira". Os ganhos em produtividade
podem chegar de 30% a 40% a mais em relação às
cultivares anteriores.
De acordo com Fett, a empresa tem ultimamente optado por trazer
pacotes tecnológicos completos ao agricultor, como por
exemplo, a disponibilidade de materiais produtivos e uma linha
de defensivos aqueda a cada tipo de cultura. "Futuramente,
poderemos entregar o esquema de culturas prontas, como por exemplo,
a variedade de soja juntamente com o milho safrinha ideal para
o cultivo em determinada região e o pacote tecnológico
completo que possa garantir a produtividade ao agricultor",
destaca Fett.
Parceria em tratamento de sementes
A Bayer CropScience e a Coopavel já têm uma parceria
no processo de tratamento de sementes - todos os grãos
da cooperativa passam pelo beneficiamento industrial garantido
pela empresa. Com o objetivo de mostrar a importância
do tratamento e até o funcionamento das etapas desse
processo, a Bayer levou ao estande dela no Show Rural, uma versão
simplificada da máquina.
O sistema desenvolvido pela empresa é composto por quatro
pilares: máquinas de alta tecnologia; produtos inovadores;
recobrimentos de qualidade; e acompanhamento do processo de
tratamento de sementes, que envolve treinamentos e assistência
técnica especializada.
A soma destas quatro pontas proporciona um novo conceito em
tratamento de sementes, que busca a excelência na qualidade
e nos serviços prestados, proporcionando praticidade,
segurança e atendimento personalizado aos produtores.
Entre os diferenciais está a utilização
de uma máquina desenvolvida pela Bayer CropScience, tecnologia
Gustafson, considerado um dos mais renomados equipamentos do
segmento. Há máquinas que chegam a tratar de cinco
a 20 toneladas por hora, isso reflete num beneficiamento de
200 a 300 mil sacas por mês.
"Essa ideia surgiu da necessidade de garantir um tratamento
mais completo à semente e que promova maiores ganhos
em produtividade na lavoura", frisa Luiz Henrique Feijó,
gerente de Portfólio de Tratamento de Sementes da Bayer
CropScience. "O projeto começou a dois anos atrás,
na parte de planejamento, e no dia 5 de maio de 2011, nos inauguramos
nosso centro tecnológico em tratamento, em Paulínia
(SP)".
Ao todo o projeto possui parceria com 15 indústrias,
entre as quais se encontram cooperativas. Segundo Feijó,
este ano a Bayer fechará esse mesmo acordo com mais 25
empresas, totalizando 40 indústrias que poderão
dispor dessa tecnologia, para oferecer a semente de trigo e
soja já tratada industrialmente.
Pesquisa a serviço da produção
A Embrapa esteve em peso durante o Show Rural para apresentar
as novidades em termos de cultivares, sistemas de manejos integrados
e tecnologias para a produção. Um dos destaques
foi a apresentação de uma alternativa bem voltada
ao pequeno produtor, o minimilho. Trata-se basicamente do que
uma cultivar de milho comum só que colhida antes da polinização,
ou seja, da formação dos grãos. A colheita
pode ser realizada até os 45 dias (nos meses de verão)
ou até aos 70 dias (durante o inverno). O tempo do plantio
até a colheita para a obteção desse minimilho
é, em média, cerca de 120 dias - a metade de tempo
necessária da cultura normal do cereal.
A grande diferença de manejo entre o minimilho e milho
comum está em relação à densidade
de semeadura, que no caso da miniatura do cereal pode ser até
três vezes maior que a do produto convencional. Cada pode
garantir até quatro colheitas ao longo do ciclo de maior
produtividade.
O produto final se encaixa perfeitamente à agroindústria
familiar, a qual pode agregar valor ao produto com a comercialização
do minimilho em conserva tanto para redes de supermercados e
restaurantes locais.
Em outro nicho de mercado, o da soja, o órgão
de pesquisa também faz um alerta ao Programa de Perdas
na Colheita de soja. A técnica traz novamente em cena
o copo medidor e o manual que orienta o produtor a evitar o
desperdício de grãos durante a colheita da soja.
Apesar de não haver um diagnóstico sobre as perdas
durante a colheita da oleaginosa, no Brasil, há relatos
de lavouras que chegam a perder até quatro sacas de soja
por hectare. No entanto, para a Embrapa as perdas toleráveis
durante a colheita de soja devem estar entre 0,7 e 1 saca (42
a 60 quilos) por hectare.
A Embrapa Soja desenvolveu uma metodologia de aferição
das perdas de grãos na colheita mecanizada por meio de
um copo medidor, na década de 1980, que foi sendo modificada
e adaptada de acordo com o desenvolvimento e o aprimoramento
das técnicas de cultivo e dos equipamentos colhedores.
"O uso do copo medidor permite quantificar a operação
de colheita mecanizada da soja, mantendo as perdas de grãos
em níveis referenciais de tolerância de uma saca
por hectare", diz o pesquisador José Miguel Silveira,
da Embrapa Soja.
Na safra 2011/2012, a Embrapa pretende intensificar o programa
com a promoção de treinamentos sobre a tecnologia
que reduz as perdas na colheita e também com a distribuição
dos copos medidores. "O que tem limitado os ganhos do produtor
rural é a falta de planejamento da operação
de colheita, a desatenção nas regulagens dos sistemas
da colhedora e a não utilização de um método
prático de monitoramento das perdas de grãos",
explica. |