De
modo geral, o setor de carnes foi o principal exportador do
agronegócio no mês de dezembro de 2011, com um
patamar de US$ 1,28 bilhão em vendas ao exterior, ou
18,3% do total exportado pelo agronegócio brasileiro
no período. O valor representou um crescimento de 13,8%
em relação aos US$ 1,12 bilhão exportados
pelo setor em dezembro do ano anterior. Dados do Ministério
da Agricultura apontou que os principais responsáveis
pelos valores comercializados foram a carne de frango, com
US$ 650,1 milhões em vendas, e a carne bovina, com
US$ 413,7 milhões exportados. Em dezembro de 2011,
o setor de carnes registrou crescimento tanto das quantidades
embarcadas (6,1%) quanto do preço médio comercializado
(7,3%).
No ano de 2011, só os embarques de carne totalizaram
1,097 milhão de toneladas, 10,8% a menos que em 2010,
segundo dados divulgados pela Associação Brasileira
das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec). Apesar
da queda registrada dos volumes, a receita com as exportações
de carne bovina cresceu 11,65%, saindo de US$ 4,814 bilhões,
em 2010, para US$ 5,375 bilhões no ano passado. Dados
da entidade apontam que a Rússia se manteve como a
principal compradora da carne brasileira, abocanhando 22%
do mercado, ou seja, importando mais de 226 mil toneladas
entre janeiro e novembro. "De modo geral, o ano foi considerado
positivo para a indústria exportadora de carne",
diz Fernando Sampaio, diretor executivo da Abiec.
Segundo Sampaio, fatores foram pontuais para a queda da exportação,
como por exemplo, a carne brasileira teve alta de preços
lá fora e como consequencia houve um recuo no volume
exportado, não só por conta dos preços,
mas também pela queda na demanda, motivada, em parte
pela crise econômica europeia. "Em contrapartida,
houve um crescimento de consumo do mercado interno, graças
ao aumento da renda da população", diz
Sampaio.
No próximo ano, um dos desafios apontados pela indústria
de exportação será buscar abertura em
novos mercados e expansão nos mercados já existentes.
"Além das negociações para a reabilitação
de unidades exportadoras brasileiras pela Rússia, o
país está de olho nos mercados da Turquia, México
e Angola", diz Sampaio. "Esperamos alcançar
o volume de US$ 6 bilhões, em 2012", afirma.
E se em time que está ganhando não se mexe.
Para alguns analistas do setor, 2012 promete ser ano ainda
bom, principalmente no mercado interno, porém com alguns
pequenos ajustes. "Porém, não será
tanto quanto o ano passado", diz José Vicente
Ferraz, da Informa Economics FNP. Segundo Ferraz, o mercado
interno segue aquecido e poderá ter reflexos de um
novo posicionamento devido à crise lá fora.
"Exportações menores deixaram os preços
internos competitivos. Com isso, o brasileiro consumiu de
35 a 36 quilos em 2011, 9% mais do que em 2010", justifica
Ferraz.
Frango brasileiro pede passagem
Recorde, recorde e mais recorde. A avicultura brasileira nunca
se utilizou tanto desta palavra para mostrar os resultados
positivos que encerram o ano de 2011. As exportações
brasileiras de frango fecharam o ano com significativo aumento
de receita frente ao ano anterior. O crescimento foi de 21,2%,
totalizando US$ 8,253 bilhões, segundo dados da União
Brasileira de Avicultura (Ubabef), anunciados no dia 9 de
janeiro, em São Paulo. Em volume, foram vendidas ao
exterior 3,942 milhões de toneladas no ano, aumento
de 3,2% em relação as 3,820 milhões de
toneladas embarcadas em 2010. Os números finais da
produção de carne de frango fecharam em 13,058
milhões de toneladas, o que representa um crescimento
de 6,8% em relação a 2010 e um recorde na história
do setor.
Com este desempenho, o Brasil, terceiro maior produtor mundial
de carne de frango do mundo, encurtou ainda mais distância
que o separa da China, o segundo país no ranking, atrás
dos Estados Unidos. De acordo com projeções
do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), a produção
chinesa de carne de frango teria somado 13,2 milhões
de toneladas em 2011, contra 16,757 milhões da norte-americana.
Neste número, segundo dados da entidade, as exportações
de cortes lideram, com embarques de 2,067 milhões de
toneladas, aumento de 4,8% sobre 2010. Em seguida, estão
as vendas de frango inteiro, com 1,5 milhão de toneladas,
e as de frango industrializado, com embarques de 179,8 mil
toneladas.
O Oriente Médio seguiu o ano de 2011 como o principal
destino da carne de frango brasileira, totalizando 1,413 milhão
de toneladas, um crescimento de 3,5%, em comparação
ao ano anterior. A Ásia vem em segundo lugar, com 1,143
milhão de toneladas, e a África em terceiro,
com um volume de 498 mil toneladas.
O setor também ressaltou em 2011 o peso da demanda
do mercado interno, já que 69,8% da produção
ficaram no país. No ano passado, o consumo per capita
de carne de frango foi de 47,4 quilos, contra 44 quilos em
2010, com crescimento de 7,5% e registrando um patamar inédito.
Ou melhor, um novo recorde. Isto significa que, no ano passado,
o consumo de carne por habitante foi, em média, de
quase quatro quilos mensais ou um quilo a cada semana. "O
ano de 2011 encerrou com excelentes resultados. Chegamos a
eles, devido o aquecido de consumo, advindo de um aumento
na renda, principalmente, entre as classes C e D. Outro fator
também é que o setor está investindo
mais em tecnologia. Resultado: a qualidade superior da criação
e o fim dos mitos, envolvendo as aves", afirma o presidente
executivo da Ubabef, Francisco Turra.
Para o ano que vem...
Com relação às perspectivas para esse
ano, a entidade destacou que, devido às incertezas
da economia mundial, as empresas do setor estão adotando
uma postura conservadora, prevendo um crescimento de até
2% tanto na produção quando nos volumes exportados.
"Em primeiro lugar, a crise internacional ainda não
passou e a questão do Custo Brasil poderá agregar
a uma fase negativa aos mercados neste ano. Tudo pode ser
envolvido com a questão dos investimentos e infraestrutura",
afirma. "Outro problema é a questão da
estiagem nas regiões produtoras de milho, o que pode
ocasionar um aumento no custo da produção. Provavelmente
essa questão pode gerar um aumento no preço
da venda da carne, que é considerada até então
bem mais barata, em comparação as demais",
pontua Turra.
Ovos superam mitos
Já a produção de ovos totalizou 31,5
bilhões de unidades (1,9 milhão de toneladas),
com crescimento de 9,4%, exibindo um desempenho inédito.
O Estado de São Paulo, com 35,85%, liderou a produção
de ovos em 2011. Os outros grandes produtores foram Minas
Gerais (11,45% do total), Paraná (6,92%) e Rio Grande
do Sul (5,91%). Já o consumo per capita de ovos no
Brasil, ano passado, chegou a 162,5 unidades, contra 148,8
unidades em 2010, com um crescimento de 9,2%. "O crescimento
do consumo de ovos reflete na superação de mitos",
afirma Turra.
As exportações de ovos somaram 16,6 mil toneladas
em 2011, o que representou redução de 40% em
relação a 2010. A receita cambial, de US$ 28,2
milhões, teve uma redução de 31%. O preço
médio foi de US$ 1.697 a tonelada, com incremento de
14,7%. África, com 11,2 mil toneladas, e Oriente Médio,
com três mil toneladas, foram as principais regiões
de destino. Entre os países, os maiores compradores
foram Angola, com 10,6 mil toneladas, e Emirados Árabes
Unidos, com três mil toneladas.
Frango sobe na balança
Consumo per capita
Ano 2011
47,4 quilo
Ano 2010
44 quilos
Produção (milhões de toneladas)
Ano 2011
13,058 (milhões de toneladas)
Ano 2010
12,230 (milhões de toneladas)
Vendas Externas
Ano 2011
US$ 8,853 bilhões
Ano 2010
US$ 6,808 bilhões
Dados UBABEF
Mais leite e mais custo também
A pequena valorização do dólar deve garantir
melhores condições de competitividade ao produto
nacional e reduzir o ritmo das importações.
Segundo Jorge Rubez, presidente da Leite Brasil, entidade
que representa os produtores de leite, esse fato pode favorecer
o mercado, que aguarda um crescimento em torno de 4%, no ano
de 2012. "O mesmo que ocorreu no ano passado. Apesar
dos custos altos, os preços não foram dos piores.
A demanda interna por lácteos subiu, o que agradou.
O cenário tem tudo para se repetir", diz.
Estudos do Centro de Estudos Avançados em Economia
Aplicada (Cepea) da Esalq/USP e do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) apontam que o consumo
litros "per capita" passou de 163 litros, em 2010,
para 165 no ano passado. A expectativa é que alcance
170 litros, neste ano. Estimativas da Leite Brasil apontam
que a produção brasileira de leite deve atingir
30 bilhões de litros, em 2012.
Acompanhando a demanda de consumo e produção,
os preços também subiram. Em 2010, o preço
pago ao produtor era de R$ 0,71 (litro), chegando no ano passado
a R$ 0,83 (litro). Porém, além do preço
subir para o produtor, por sua vez, ele também terá
um reajuste para o consumidor em 2012, que pode chegar entre
5% a 6%. "O preço do leite subirá, uma
vez que o custo de produção está aumentando.
Não somente o custo primário como também
nas indústrias lácteas", diz. Outra atenção
é com relação à balança
comercial. "Se no ano passado, registrou-se saldo negativo
de 124 mil toneladas ou US$ 500 milhões. Em 2012, o
déficit deverá ser menor, consequencia de uma
produção suficiente para atender a demanda sem
sobras", afirma Rubez.
Mais exportações à vista para os suínos
Os suinocultores podem comemorar os bons resultados obtidos
em 2011 e aguardar por uma expectativa positiva, em 2012.
O Brasil está prestes a conquistar a habilitação
sanitária na Ásia para a carne suína.
A China aprovou os primeiros frigoríficos durante a
visita da presidente Dilma, em maio do ano passado, e o Japão
e a Coreia têm processos de habilitação
bastante adiantados. Entre uma negociação e
outra, os russos também podem acenar positivamente
para a carne brasileira. Sem mencionar a aprovação
do Food Safety and Inspection Service dos EUA (FSIS), serviço
semelhante às normas sanitárias de abate de
suínos entre Brasil e os Estados Unidos.
Segundo nota da Associação Brasileira da Indústria
Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), essa
aprovação finaliza um longo processo de habilitação
das exportações brasileiras. Só resta
informar quais os estabelecimentos frigoríficos se
enquadram nas normas equivalentes. "O ano de 2012 começa
com boas notícias para o setor. A perspectiva com relação
à exportação são as melhores possíveis",
afirma Marcelo Lopes, presidente da Associação
Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS).
Em contrapartida a euforia das exportações,
o mercado interno pode sofrer alguns reajustes, neste ano.
Os custos mais altos de produção, envolvendo
os principais insumos, entre eles, o milho, poderão
afetar o produtor. "As fortes estiagens na região
Sul do País é ainda um fato preocupante. O insumo
representa 70% do custo da produção", diz.
"Iremos aguardar os próximos meses para verificar
a real situação", afirma Lopes.
Segundo o presidente da ABCS, por outro lado, a demanda de
consumo interno segue aquecida e os preços pagos ao
produtor também. De acordo com a entidade, o consumo
"per capita" de carne suína atingiu os patamares
de 15kg, no ano passado. Valor 1,5kg maior do que o Brasil
vem apresentando desde 2006, período em que o consumo
se manteve estagnado na casa do 13kg "per capita".
"Esses números eram previstos para serem alcançados
só em 2013. Com relação a preços
alcançados no mercado, em algumas região, eles
estão sendo mantidos em patamares que atendem às
necessidades dos produtores, sempre acima dos valores de produção",
afirma Lopes.
Rações: Crescimento com cautela
A produção brasileira de ração
deve somar 66,6 milhões de toneladas em 2011, crescimento
de 4,7% sobre o ano passado, segundo projeção
do Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação
Animal (Sindirações). Conforme a entidade, os
números que são estimativas (uma vez que ocorre
o fechamento no mês de março) mostram que as
empresas do segmento vão gastar cerca de US$ 20 bilhões
na compra de insumos para a produção de rações
em 2011. Matérias-primas como os grãos estão
incluídas nessa conta. A avicultura de corte já
representa 50% da demanda nacional e a estimativa é
que o setor tenha consumido mais de 32 milhões de toneladas
em 2011.
Na opinião do vice-presidente da Sindirações,
Ariovaldo Zani, a persistência do câmbio valorizado,
os reflexos da crise fiscal da União Européia,
os confrontos geopolíticos no Oriente Médio
e os embargos da Rússia e África do Sul prejudicaram
bastante as exportações quando comparadas ao
mesmo período de 2010. "O crônico desgaste
econômico no Japão, o imbróglio fiscal
na União Européia e os conflitos geopolíticos
e sócio-econômicos no mundo Árabe podem
atrapalhar as pretensões de crescimento dos exportadores
brasileiros e o excedente de produção inundar
o mercado doméstico fazendo desabar o ritmo de alojamento
de pintinhos e conseqüentemente esfriar a demanda por
ração", pontua. "Da mesma forma, esse
estado enfermo da economia global é sinal de alerta
para que consumidores poupem mais e gastem com cautela o que
pode prejudicar o acesso à carne bovina, considerada
a mais cara e favorecer a carne de frango e suína,
mais baratas", diz Zani. Entretanto, a Sindirações
prevê com cautela que a produção em 2012
deve crescer de 3 a 5%.
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