Estimuladas
pela alta das commodities, pelo avanço da produção
agrícola e especialmente pela demanda chinesa pelo
agronegócio brasileiro, as indústria de trator,
máquinas e implementos agrícolas viveram anos
áureos. Na última coletiva do ano com a imprensa,
no dia 07 de dezembro, em São Paulo, a Associação
Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea),
apontou que o setor perdeu fôlego após bater
recorde de vendas em 2010, impulsionado pelos recursos do
programa. Mais Alimentos, para a agricultura familiar, e do
Programa de Sustentação do Investimento (PSI).
Até setembro, as montadoras comercializaram pouco mais
de 40,9 mil tratores, 9,5% menos do que o registrado nos nove
primeiros meses de 2010.
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Dados
da Anfavea, organização que congrega os principais
fabricantes de veículos automotores do Brasil, apontaram
que as vendas de máquinas agrícolas que em 2010
totalizaram 69 mil unidades, sendo que os tratores (favorecidos
por diversos programas de incentivo do governo federal e de
alguns estaduais) representaram 80% deste volume, em 2011
totalizaram 65 mil máquinas no país.
Durante seu o anúncio, o vice-presidente para máquinas
agrícolas da Anfavea, Milton Rego, declarou que o ano
passado poderia ter sido bem melhor. Segundo ele, até
metade do ano passado, não se tinha a informação
de que o programa PSI continuaria, no ano em 2012. O anúncio,
que foi feito pelo governo, em outubro, chegou tarde e provocou
pouco estímulo ao setor. "Mesmo assim, não
podemos reclamar", afirmou.
No final de 2008 foi lançado o "Mais Alimentos",
programa de financiamento a núcleos familiares com
limite de R$ 130 mil, do Ministério do Desenvolvimento
Agrário. A iniciativa provocou a aquisição
de 40 mil tratores de pequeno porte e permitiu a agricultores
vizinhos se unir para comprar pequenas colheitadeiras em parceria.
"O programa foi um sucesso, mas é natural uma
queda depois do pico inicial", afirmou Rego, durante
a coletiva.
No início de setembro de 2011, a entidade já
antecipava uma queda quando mostrou uma redução
no segmento de tratores de - 8% no acumulado de vendas internas.
Apesar de a entidade afirmar que o mercado se manteria estável
e fecharia com os números de 2010, uma vez que no segmento
de colheitadeiras havia um crescimento de 9,4%, no acumulado
de janeiro a agosto. "Prevemos manter o mesmo índice
do ano passado", afirmou Rego. Segundo o representante
da Anfavea, o crescimento nulo em 2012 não é
uma notícia necessariamente negativa, pois o mercado
já está num patamar considerado bom.
Já no setor de máquinas e implementos agrícolas,
o otimismo continua. O presidente da Câmara Setorial
de Máquinas e Implementos Agrícolas (CSMIA),
da Abimaq, Celso Casale lembrou que nos próximos 20
anos a produção agrícola mundial precisa
crescer 20% para atender a demanda mundial de alimentos. Para
isso o produtor precisa de apoio e crédito para manter
investimentos. "Mesmo diante de uma provável recessão
na Europa a indústria de máquinas não
sofrerá tropeços, se o dólar valorizar
a ponto de reduzir substancialmente o efeito nas cotações
em reais", diz. "A expectativa é aumentar
entre 10 e 15% as vendas em relação a 2011,
apoiado na disponibilidade de linhas de crédito para
financiar as compras de máquinas e implementos agrícolas",
afirma Casale.
O governo acenou que poderá continuar com o incentivo
até o final de 2012. "Todavia continuamos trabalhando
juntamente com o Ministério da Agricultura no sentido
de se melhorar as condições do Moderfrota e
ainda criar uma linha de crédito específica
para atender a chamada classe média rural, porque acreditamos
que esta faixa do mercado não está contemplada
com financiamento para investimento em condições
adequadas, que seriam próximas do que se praticam no
Programa Mais Alimentos", diz Casale.
Na opinião do diretor-adjunto da CSMIA, José
Carlos Pedreira de Freitas, se forem mantidas as condições
de créditos, somado a alta das commodities, o setor
terá muito que comemorar. "O que preocupa é
que o PSI acaba em dezembro de 2012, justamente a época
em que o agricultor está decidindo sobre investimentos.
Além disso, os recursos deste programa ainda não
estão segurados", avalia. "Se o agronegócio
vai bem, nosso setor vai bem também". Pedreira
explicou que o desempenho do setor de máquinas e implementos
é atrelado ao desempenho da agropecuária porque
a mecanização é responsável por
62% nas melhoras dos índices de produtividade no campo.
Feliz 2011
Segundo Casale, o ano de 2011 foi muito bom em termos de vendas.
O setor cresceu aproximadamente 30% em faturamento em relação
a 2010, o que superou as expectativas no início do
ano que era crescer entre 15 e 20%, uma vez que não
faltaram recursos para financiar o produtor.
Na opinião de Luiz Cambuhy, gerente nacional de vendas
da Valtra, do grupo AGCO, entre outros fatores que contribuíram
com os resultados de 2011 estão nos preços das
commodities, embora o mercado tenha vivido momentos especulativos,
eles se mantiveram. "Vimos ainda recordes em algumas
safras mostrando que as variáveis climáticas
não têm interferido nos resultados nas lavouras
como acontecia nos anos interiores. O investimento do produtor
em tecnologias tem se mostrado fator indispensável
para garantir os recordes agrícolas no país",
diz Cambuhy.
De acordo com o diretor comercial da Massey Ferguson, Carlito
Eckert, observou-se um alinhamento favorável entre
o preço das commodities, variáveis climáticas
e oferta suficiente de crédito. "Como resultado,
a indústria registrou seu segundo melhor ano na história",
diz. "A queda das vendas de toda a indústria de
máquinas no Mais Alimentos, foi atenuada pela aposta
em novos segmentos e complementação do portfólio",
justificou Eckert.
De um modo geral, na analisa Alfredo Miguel Neto, diretor
de assuntos corporativos da John Deere, o mercado externo
em 2011 se comportou de uma maneira estável. "Já
o mercado interno manteve aquecido. O ideal seria mesmo que
os dois mercados estivessem em crescimento constante. Porém,
a perspectiva para 2012 é um otimismo, uma vez que,
a que demanda por commodities está aumentando",
diz Miguel Neto.
O zero a zero das gigantes
Vendas de máquinas em 2011: -4,1% (65,7 mil unidades)
Vendas de máquinas em 2012: 0% (65,7 mil unidades)
Produção de máquinas em 2011: -10% (80
mil unidades)
Produção de máquinas em 2012: 0% (80
mil unidades)
Exportação de máquinas em 2011: -5,2%
(18,2 mil unidades)
Exportação de máquinas em 2012: 0% (18,2
mil unidades)
*Dados da Anfavea
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