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MÁQUINAS - O desafio maior é manter o mesmo fôlego dos outros anos
rev 167 - janeiro 2012

Estimuladas pela alta das commodities, pelo avanço da produção agrícola e especialmente pela demanda chinesa pelo agronegócio brasileiro, as indústria de trator, máquinas e implementos agrícolas viveram anos áureos. Na última coletiva do ano com a imprensa, no dia 07 de dezembro, em São Paulo, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), apontou que o setor perdeu fôlego após bater recorde de vendas em 2010, impulsionado pelos recursos do programa. Mais Alimentos, para a agricultura familiar, e do Programa de Sustentação do Investimento (PSI). Até setembro, as montadoras comercializaram pouco mais de 40,9 mil tratores, 9,5% menos do que o registrado nos nove primeiros meses de 2010.

Dados da Anfavea, organização que congrega os principais fabricantes de veículos automotores do Brasil, apontaram que as vendas de máquinas agrícolas que em 2010 totalizaram 69 mil unidades, sendo que os tratores (favorecidos por diversos programas de incentivo do governo federal e de alguns estaduais) representaram 80% deste volume, em 2011 totalizaram 65 mil máquinas no país.

Durante seu o anúncio, o vice-presidente para máquinas agrícolas da Anfavea, Milton Rego, declarou que o ano passado poderia ter sido bem melhor. Segundo ele, até metade do ano passado, não se tinha a informação de que o programa PSI continuaria, no ano em 2012. O anúncio, que foi feito pelo governo, em outubro, chegou tarde e provocou pouco estímulo ao setor. "Mesmo assim, não podemos reclamar", afirmou.

No final de 2008 foi lançado o "Mais Alimentos", programa de financiamento a núcleos familiares com limite de R$ 130 mil, do Ministério do Desenvolvimento Agrário. A iniciativa provocou a aquisição de 40 mil tratores de pequeno porte e permitiu a agricultores vizinhos se unir para comprar pequenas colheitadeiras em parceria. "O programa foi um sucesso, mas é natural uma queda depois do pico inicial", afirmou Rego, durante a coletiva.

No início de setembro de 2011, a entidade já antecipava uma queda quando mostrou uma redução no segmento de tratores de - 8% no acumulado de vendas internas. Apesar de a entidade afirmar que o mercado se manteria estável e fecharia com os números de 2010, uma vez que no segmento de colheitadeiras havia um crescimento de 9,4%, no acumulado de janeiro a agosto. "Prevemos manter o mesmo índice do ano passado", afirmou Rego. Segundo o representante da Anfavea, o crescimento nulo em 2012 não é uma notícia necessariamente negativa, pois o mercado já está num patamar considerado bom.

Já no setor de máquinas e implementos agrícolas, o otimismo continua. O presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas (CSMIA), da Abimaq, Celso Casale lembrou que nos próximos 20 anos a produção agrícola mundial precisa crescer 20% para atender a demanda mundial de alimentos. Para isso o produtor precisa de apoio e crédito para manter investimentos. "Mesmo diante de uma provável recessão na Europa a indústria de máquinas não sofrerá tropeços, se o dólar valorizar a ponto de reduzir substancialmente o efeito nas cotações em reais", diz. "A expectativa é aumentar entre 10 e 15% as vendas em relação a 2011, apoiado na disponibilidade de linhas de crédito para financiar as compras de máquinas e implementos agrícolas", afirma Casale.

O governo acenou que poderá continuar com o incentivo até o final de 2012. "Todavia continuamos trabalhando juntamente com o Ministério da Agricultura no sentido de se melhorar as condições do Moderfrota e ainda criar uma linha de crédito específica para atender a chamada classe média rural, porque acreditamos que esta faixa do mercado não está contemplada com financiamento para investimento em condições adequadas, que seriam próximas do que se praticam no Programa Mais Alimentos", diz Casale.

Na opinião do diretor-adjunto da CSMIA, José Carlos Pedreira de Freitas, se forem mantidas as condições de créditos, somado a alta das commodities, o setor terá muito que comemorar. "O que preocupa é que o PSI acaba em dezembro de 2012, justamente a época em que o agricultor está decidindo sobre investimentos. Além disso, os recursos deste programa ainda não estão segurados", avalia. "Se o agronegócio vai bem, nosso setor vai bem também". Pedreira explicou que o desempenho do setor de máquinas e implementos é atrelado ao desempenho da agropecuária porque a mecanização é responsável por 62% nas melhoras dos índices de produtividade no campo.

Feliz 2011

Segundo Casale, o ano de 2011 foi muito bom em termos de vendas. O setor cresceu aproximadamente 30% em faturamento em relação a 2010, o que superou as expectativas no início do ano que era crescer entre 15 e 20%, uma vez que não faltaram recursos para financiar o produtor.

Na opinião de Luiz Cambuhy, gerente nacional de vendas da Valtra, do grupo AGCO, entre outros fatores que contribuíram com os resultados de 2011 estão nos preços das commodities, embora o mercado tenha vivido momentos especulativos, eles se mantiveram. "Vimos ainda recordes em algumas safras mostrando que as variáveis climáticas não têm interferido nos resultados nas lavouras como acontecia nos anos interiores. O investimento do produtor em tecnologias tem se mostrado fator indispensável para garantir os recordes agrícolas no país", diz Cambuhy.

De acordo com o diretor comercial da Massey Ferguson, Carlito Eckert, observou-se um alinhamento favorável entre o preço das commodities, variáveis climáticas e oferta suficiente de crédito. "Como resultado, a indústria registrou seu segundo melhor ano na história", diz. "A queda das vendas de toda a indústria de máquinas no Mais Alimentos, foi atenuada pela aposta em novos segmentos e complementação do portfólio", justificou Eckert.

De um modo geral, na analisa Alfredo Miguel Neto, diretor de assuntos corporativos da John Deere, o mercado externo em 2011 se comportou de uma maneira estável. "Já o mercado interno manteve aquecido. O ideal seria mesmo que os dois mercados estivessem em crescimento constante. Porém, a perspectiva para 2012 é um otimismo, uma vez que, a que demanda por commodities está aumentando", diz Miguel Neto.

O zero a zero das gigantes

Vendas de máquinas em 2011: -4,1% (65,7 mil unidades)
Vendas de máquinas em 2012: 0% (65,7 mil unidades)

Produção de máquinas em 2011: -10% (80 mil unidades)
Produção de máquinas em 2012: 0% (80 mil unidades)

Exportação de máquinas em 2011: -5,2% (18,2 mil unidades)
Exportação de máquinas em 2012: 0% (18,2 mil unidades)
*Dados da Anfavea


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