Além
da prevalência de bons preços para alguns produtos,
outra notícia boa para o ano de 2011 foi o anúncio
do recorde histórico da safra, a de 2010/2011, que
atingira mais de 162,9 milhões de toneladas - valor
representou uma alta de 8,41% em relação à
temporada anterior.
A novidade mais recente foi o resultado mais do que positivo
da balança comercial do agronegócio brasileiro,
que chegou a um superávit de US$ 77,507 bilhões
- para se ter uma ideia, o superávit total do Brasil
chegou a US$ 29.790,00 milhões. O saldo positivo mostrou
a força das exportações do setor, que
obteve um incremento de 23,7% sobre o ano de 2010.
Podem-se registrar quedas de governos lá fora, o quanto
quiser - o fato é que a população mundial
cresceu, e já atingimos a casa de sete bilhões
de pessoas no planeta. A pressão volta-se para a produção
de alimentos e ao uso racional dos recursos naturais para
garantir a sobrevivência das gerações
futuras. O Brasil, nesse aspecto, tem um papel fundamental.
Apesar de os números da safra 2011/2012 não
ajudarem muito, as perspectivas ainda são otimistas.
Confira, nas próximas páginas, os detalhes do
balanço do setor da agricultura em 2011.
SOJA
Se for analisar o aspecto de preços da saca de 60 quilos
(kg), ao longo de 2011, o grão se valorizava até
meados de fevereiro. Logo depois ele entraria num suave declínio
que só melhoraria entre setembro e outubro. A partir
daí, os valores não superariam mais as médias
registradas em 2010 - encerrando em baixa, o ano. No final
das contas, o ano não foi nem bom, muito menos, ruim.
A ideia de média resumiria bem 2011 que, no geral,
foi 13,88% superior a 2010, se forem avaliadas as médias
de preços da saca no Estado do Paraná (média
de R$ 46,49 a saca), ou 14,19% maior, sobre a comercialização
feita em Paranaguá (PR), que registrou uma média
anual de R$ 49,04. Os dados são do Centro de Estudos
Avançados em Economia Aplicada, da Escola Superior
de Agricultura "Luiz de Queiroz" (Cepea/Esalq),
vinculada à Universidade de São Paulo (USP).
De acordo com o levantamento do Cepea/Esalq, 2011 foi marcado
por incertezas no campo e também nos cenários
político e econômico, que afetaram diretamente
o mercado de soja, tanto no setor alimentício quanto
no de energia. A dificuldade de se estimar o tamanho da nova
safra, especialmente dos Estados Unidos, e as preocupações
com a economia mundial, principalmente a europeia, que influenciara
a demanda agregada, mantiveram os produtores e a indústria
em alerta por longos períodos.
No campo, inicialmente, o atraso no plantio da safra 2010/2011
no Brasil e na Argentina levou a apreensões sobre a
produtividade. Depois, ganharam destaque os receios sobre
os impactos do clima sobre a safra americana. Quanto às
questões políticas e econômicas, podem
ser citadas as instabilidades no Oriente Médio e no
norte da África, no primeiro semestre, e as da zona
do euro no segundo semestre de 2011.
"Podemos dizer que o ano foi muito favorável ao
produtor de soja", destaca Lucilio Alves, pesquisador
da área de grãos e algodão do Cepea/Esalq.
"Inicialmente, houve períodos de alta e de baixa,
especialmente relacionados à crise da zona do euro.
No entanto, devido as quedas da safra americana e chinesa,
em -8% e -11%, respectivamente, os preços conseguiram
se manter justamente pela questão dos estoques baixos".
Ainda no primeiro trimestre de 2011 (período de colheita),
observaram-se recuos nos preços da soja, que foram
influenciados por problemas logísticos para a chegada
dos caminhões até o porto de Paranaguá
(PR). Chuvas intensas destruíram pontes das principais
rodovias de acesso ao porto. Em algumas semanas, até
mesmo os desembarques de caminhões e embarques de navios
foram dificultados pelas chuvas intensas. Com isso, foram
realçadas as preocupações com o espaço
disponível nos armazéns em algumas regiões
do interior e com o elevado custo do transporte até
o porto.
Do valor máximo, averiguado para a saca, em 2 de fevereiro,
a R$ 50,79, para o mais baixo, R$ 43,17, em 15 de abril, houve
apenas uma estreita faixa de tempo de 64 dias - justamente
no período marcado pela colheita. O segundo pico no
preço da oleaginosa se daria em setembro, especificamente
no dia 21, quando a saca alcançava R$ 50,61. Isso,
no caso, analisando-se os valores médios da região
do Estado do Paraná. Já, considerando a comercialização
do produto no porto de Paranaguá, a saca chegou à
cotação máxima de R$ 53,82, também
em 21 de setembro. O menor preço de 2011 foi de R$
45,68 em 14 de abril.
Inicialmente, havia quem apostasse que a demanda por soja
continuaria a dar o tom altista aos seus preços em
2011, que poderiam ser ainda mais impulsionados caso ocorressem
problemas com a produção 2010/2011 na América
do Sul. Nesse sentido, nos primeiros meses do ano, as atenções
estiveram voltadas ao desenvolvimento das lavouras no Brasil
e na Argentina. Entretanto, com o passar dos meses, a Companhia
Nacional de Abastecimento (Conab) fazia a divulgação
dos dados recordes para a área, produtividade e produção
brasileira. Na Argentina, no entanto, houve queda na produção
em relação ao ano anterior.
Em setembro, as cotações de soja em grão
e derivados passaram a refletir a instabilidade econômica
mundial com maior intensidade. O resultado foram oscilações
mais expressivas dos contratos futuros, no Brasil e em Chicago,
que chegaram a preços no físico nacional. Diante
disso, as cotações em dólar nas bolsas
e no físico brasileiro (Indicadores Cepea) chegaram
aos menores níveis do ano. Já em reais, nas
praças brasileiras, a média mensal de setembro
chegou a ser uma das maiores do ano - especialmente nos portos
e nas regiões de Mato Grosso.
A área cultivada com soja no Brasil foi de 24,18 milhões
de hectares na temporada 2010/2011, 3% maior que a da safra
anterior, segundo a Conab. A produtividade estimada foi de
3.115 quilos por hectare (kg/ha), 6,4% acima, e a produção
chegou a 75,32 milhões de toneladas, avanço
de 9,7%. Da produção total, a estimativa era
que 33,6 milhões de toneladas fossem exportadas e 40,45
milhões de toneladas, esmagadas internamente. Desse
processamento interno, seriam produzidas 28,45 milhões
de toneladas de farelo de soja e 7,21 milhões de toneladas
de óleo de soja. Mais da metade da produção
de farelo deveria ser exportada, enquanto 76,4% da produção
de óleo seria consumida internamente - todos os dados
de produção, consumo interno e exportação
(exceto de óleo) foram recordes.
MILHO
Vinte e oito, 29, 30, 31, 32... Foram basicamente por essas
faixas que oscilaram os preços do milho brasileiro
no ano de 2011. Em comparação a 2010, a lavoura
obteve o segundo lugar em termos de incremento de preços,
de acordo com os dados do Cepea/Esalq. No ano passado, a média
anual da saca de 60 kg, R$ 30,32, foi 29,06% maior à
registrada no período anterior.
Segundo os analistas no Cepea, 2011 iniciou em clima de redução
da área da safra de verão no Brasil, diante
da menor rentabilidade do milho frente a culturas concorrentes
em área, especialmente a soja. Mesmo assim, era de
se esperar que os baixos estoques pudessem dar sustentação
aos preços nos mercados interno e externo. E, de fato,
isso aconteceu. A maior paridade de exportação
elevou os preços internos já a partir de meados
de janeiro, à medida que favoreceu as vendas para o
exterior, o que estimulou o aumento do cultivo no Norte e
Nordeste do País.
No mercado externo, os baixos estoques, principalmente nos
Estados Unidos, contribuíram para que os preços
em Chicago alcançassem níveis recordes em julho.
"O mercado internacional permaneceu com alta volatilidade
nas cotações de milho em Chicago, nesse período",
avalia o engenheiro agrônomo e analista de mercado da
Conab, Thomé Luiz Freire Guth. "As incertezas
em relação a situação econômica
norte-americana, onde as principais bolsas se encontravam
apreensivas com a possibilidade de calote, devido à
quebra de braço entre republicanos e democratas em
relação ao aumento do teto da dívida
afetou também o setor de commodities".
Para o analista de mercado, houve paralelamente uma preocupação
dos traders e dos fundos em relação às
condições das lavouras estadunidenses que continuaram
com redução das condições boas/excelentes
de 66% para 62% e de 14% para as condições ruins/muito
ruins. "Isso gerou a especulação do mercado
climático, onde o excesso de calor provocaria movimentos
de alta. Outro fundamento importante foi a desvalorização
cambial que, neste caso, refletiu diretamente nos preços
de paridade de exportação e importação,
afetando o ritmo de embarque e fechamento de contratos, os
quais, sazonalmente, aumentariam naquele semestre".
Para a safra 2010/2011, no período de tomada de decisão
quanto ao que cultivar na safra de verão, a relação
custo/benefício estava favorável à soja
e as cotações do milho seguiam sem sinais de
reação. Consequentemente, parte da área
de milho foi substituída, especialmente por soja. Mesmo
assim, em Estados do Norte e Nordeste houve tempo para retomada
do cultivo, levando a crescimento de área, diante da
recuperação dos preços no primeiro trimestre
de 2011.
Igualmente, para a segunda safra, também houve crescimento
de área cultivada, tendo em vista que os preços
estiveram em níveis atrativos aos produtores, pelo
menos, entre fevereiro e setembro de 2011. No último
trimestre do ano, os preços cederam, pressionados pelas
preocupações com a crise na zona do euro e pela
retração compradora nos mercados interno e externo.
Do lado da demanda, a Conab apontou que o consumo interno
chegou ao recorde de 48,4 milhões de toneladas. A exportação
fechou 2011 em 9,459 milhões de toneladas, o terceiro
maior volume da história. Mesmo assim, os estoques
de passagem em 2011 devem ser de 9,6 milhões de toneladas,
também o terceiro maior.
Dados da Conab apontaram que, na safra de verão de
2010/2011, a área de milho verão aumentou 2,5%,
para 7,9 milhões de hectares. A produtividade chegou
ao recorde de 4.538 kg/ha, 2,9% maior que a do ano anterior,
contribuindo para a produção de 35,9 milhões
de toneladas, 5,4% a mais que a da safra 2009/2010. Na segunda
safra, a área cultivada aumentou em praticamente todo
o País (+12,4%), chegando a 5,9 milhões de hectares.
Entre os principais produtores, somente em Mato Grosso houve
diminuição da área de milho, de 3,6%.
Porém, faltou chuva nas principais regiões produtoras,
além do que a geada em regiões do Sul, de Mato
Grosso do Sul e de São Paulo também agravou
as perdas de produtividade. No agregado, o rendimento das
lavouras foi 12,4% inferior ao da segunda safra de 2009/2010,
na marca de 3.645 kg/ha. Entre os principais produtores, apenas
em Goiás houve crescimento da produtividade.
Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea,
os preços subiram 7,1% no mercado de balcão
(ao produtor) e 3,8% no de lotes (negociação
entre empresas) em 2011. É importante observar que
ao considerar o preço médio anual, os valores
no balcão em 2011 ficaram 46,6% maiores que os de 2010,
assim como os do mercado disponível, que subiram 46,9%
na média de 2011 frente à de 2010.
ALGODÃO
O ano começou com os preços da pluma superaquecidos.
Certamente, nenhuma outra commodity agrícola conseguiu
atingir os patamares do algodão - a fibra conquistou
o recorde histórico em termos de comercialização.
O ápice da sobrevalorização foi em 15
de março, quando a libra-peso (lp) era avaliada em
399,02 centavos de real, ou a R$ 3,9902, de acordo com levantamento
de preços do Cepea/Esalq. A média do ano ficou
em R$ 2,4530/lp, ou 23,24% maior do que a averiguada em 2010.
Como resposta, a área com a cultura cresceu, elevando
a oferta global. "A demanda, no entanto, não teve
o mesmo ritmo", destaca o pesquisador do Cepea/Esalq,
Lucilio Alves. "Com a pluma negociada a valores recordes,
as indústrias foram forçadas a procurar matérias-primas
substitutas mais baratas. Assim, a demanda por fibras artificiais
cresceu, em detrimento do fio de algodão. Os preços
da pluma baixaram, especialmente no segundo semestre, mas
o retorno às compras de fibras naturais - como o algodão
- não foi tão rápido quanto se imaginava".
As altas sucessivas nos três primeiros meses do ano
que levaram ao recorde de março estiveram atreladas
ao crescimento do consumo, à redução
na área cultivada em importantes países produtores
na safra 2009/2010 e à redução dos estoques
mundiais. A relação estoque/consumo estava ao
menor nível dos últimos 15 anos.
Naquele período, agentes do mercado de algodão
se perguntavam qual seria o limite de alta para os preços
da pluma. Com os recordes sendo superados diariamente, não
havia modelo de previsão que conseguisse sinalizar
o que vinha pela frente. Mesmo assim, era fato que, assim
que a oferta se recuperasse, os níveis tenderiam a
cair. "O contexto que antecede esse período, na
safra 2008/2009, foi justamente o oposto, quando produtores
buscavam culturas mais atraentes, economicamente, do que o
algodão. Com a elevação dos preços,
os agricultores se voltaram com mais agilidade - tão,
rápido foi o posicionamento da indústria em
buscar opções à fibra têxtil natural",
ressalta Alves.
Já na segunda quinzena de março, os valores
internos da pluma começaram a diminuir. A pressão
veio da retração de compradores diante dos preços
altos. Mesmo com os estoques ainda baixos, as indústrias,
em termos mundiais, limitaram as compras e as paridades de
importação e exportação cederam.
Somente em abril, os preços recuaram expressivos 24,35%,
a maior variação negativa no acumulado de um
único mês de toda a série do Cepea, iniciada
em julho de 1996. De modo geral, o mercado avançava
em direção a um patamar de preços que
continuasse atrativo ao produtor, ao mesmo tempo em que despertasse
o interesse de compradores.
Diante da expectativa de maior oferta - no Brasil, a produção
de 2010/2011 cresceu 64% e, em nível mundial, 13,4%
-, os preços seguiram em queda até o começo
do segundo semestre, quando problemas climáticos em
várias regiões do mundo, incluindo o Brasil,
geraram incertezas sobre a produção agregada
ao mesmo tempo em que a demanda se apresentou mais firme.
De acordo com os pesquisadores do Cepea, isso fez com que,
no Brasil, os preços assumissem um comportamento mais
estável e em nível relativamente baixo.
No início do segundo semestre de 2011, incertezas e
o vai-e-vem da demanda no mercado spot favoreceram mudanças
pontuais de tendência três vezes em pouco mais
de um mês. Altas foram observadas entre o final de julho
e a primeira semana de agosto, mas, em seguida, o interesse
de venda passou a prevalecer, num momento em que compradores
se afastaram. Consequentemente, os preços cederam,
chegando a patamares que voltaram a atrair compradores, ao
passo que vendedores se retraíram, tendo em vista que
as cotações domésticas se aproximaram
da paridade de exportação. Assim, novamente,
os preços voltaram a reagir. Já nos últimos
três meses do ano, prevaleceu a baixa demanda pelo produto
no Brasil e no mundo, o que tem mantido as cotações
da pluma em nível baixo. Entre o valor mais alto da
fibra ao mais baixo (R$ 1,5480/lp, em 20 de julho) houve uma
variação de 61,20%.
Na safra 2010/2011, a área com algodão no Brasil
cresceu 67,6%, indo para 1,4 milhão de hectares, segundo
a Conab. A produtividade do produto em caroço subiu
2%, para 3.705 kg/ha, a segunda maior da história.
Em pluma, a produtividade média no Brasil foi de 1.400
kg/ha, a quarta maior em nível mundial. Com isso, a
produção brasileira de algodão em pluma
aumentou 64%, totalizando 1,96 milhão de toneladas
na temporada 2010/11.
CAFÉ
O pretinho básico do Brasil e do mundo liderou a alta
entre todas a commodities da agricultura frente ao período
de 2010 em 37,17%, isso, com base no Indicador Cepea/Esalq
Café Arábica. A média do ano passado
ficou em R$ 494,68 a saca de 60 kg. O maior valor foi averiguado
em 3 de maio a R$ 555,19 a saca, já o menor, foi registrado
no primeiro dia de cotação do ano (3 de janeiro)
a R$ 412,99.
De acordo com os especialistas, a sustentação
desses preços deveu-se principalmente à baixa
produção mundial que pode ser insuficiente para
atender à crescente demanda global. Com isso, os estoques
caíram para o menor patamar da história tanto
nos países produtores quanto nos consumidores.
Há indícios que a produção mundial
da safra 2011/2012 deva ser de 128,6 milhões de sacas,
3,4% menor que a da anterior 2010/2011, a qual registrara
133,1 milhões, de acordo com a Organização
Internacional do Café (OIC). Para o órgão,
as condições climáticas desfavoráveis
afetariam negativamente a produção em algumas
regiões, levando a maior incidência de pragas
e doenças.
No entanto, as atuais expectativas brasileiras contradizem
o relatório da OIC quando à queda da produção
cafeeira em 7,4% na América do Sul. Um estudo do Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), divulgado
no início de janeiro (dia 10), apontou uma possível
safra recorde do grão em 2012, entre 48,97 e 52,27
milhões de sacas beneficiadas. De acordo com Manoel
Bertone, secretário de Produção e Agroenergia
do Mapa, o volume esperado seria reflexo do aumento da produtividade
e da melhoria da qualidade do grão, além da
aplicação de investimentos na lavoura, como
mais insumos pelo produtor, por exemplo.
O café colhido neste ano vai atender ao mercado interno,
que cresce a 4% e 4,5% ao ano, e recompor, parcialmente, os
estoques nacionais a partir de agosto. Bertone lembrou que
os países produtores da América Central e da
África estão com a produção estagnada.
"Desta forma, abre-se a possibilidade de o País
continuar como protagonista no mercado mundial do grão",
afirmou.
Em relação aos preços, a Associação
Brasileira da Indústria do Café (Abic) prevê
alta ainda para este ano, especialmente neste primeiro trimestre
de 2012. A entidade toma como base o atual cenário,
marcado pela baixa disponibilidade de arábicas no mundo,
pelos baixos estoques mundiais, pela demanda crescente apesar
da crise econômica, e pelos estoques brasileiros muito
baixos no período anterior à colheita. "O
volume comercializado também se reduziu porque muitos
detentores de estoques de café estão segurando
sua venda, prevendo preços melhores nos próximos
meses", diz Américo Sato, presidente da Abic,
alertando que essa conjuntura afeta os resultados e a produção
das indústrias.
Por outro lado, os preços do café nas prateleiras
ainda encontram-se muito defasados e bem abaixo do que deveria,
em função dos aumentos da matéria-prima.
De janeiro a novembro de 2011, os preços dos cafés
tradicionais, nas grandes cidades, aumentaram na média
15%, atingindo R$ 12,81 o quilo na Grande São Paulo.
Pesquisas mostraram que no Brasil, os preços médios
subiram somente 9%. A defasagem, portanto, é superior
a 20%. "Esses níveis atuais não cobrem
sequer o aumento da saca do grão, e as indústrias
precisam realinhar seus preços com a maior brevidade
possível, de modo a evitar o colapso de abastecimento
regular", alerta Sato.
O consumo de café no Brasil é o segundo maior
do mundo, atingindo 19,1 milhões de sacas em 2010,
o que representou 40% da safra brasileira. Os consumidores
têm à sua disposição cafés
de todas as qualidades, diferenciados ou tradicionais, certificados
e de alta qualidade. "O crescimento da classe C e dos
gastos com alimentação no lar e fora do lar
têm impulsionado o consumo de cafés de melhor
qualidade, e a Abic e as indústrias brasileiras têm
preocupação em oferecer a qualidade que o consumidor
exige e deseja, o que não pode ser feito se os preços
praticados não remunerarem todos os custos e, principalmente,
a aquisição de boas matérias-primas",
frisa o representante.
ARROZ
Se o café obteve o melhor desempenho perante 2010,
o arroz é, de fato, o antagonista no mercado das commodities
agrícolas em 2011. Ele amargou o pior resultado entre
as demais, com uma queda significativa de 22,67%. Na média
do ano passado, a saca de 50 kg ficou em R$ 22,35, ao passo
que em 2010 a mesma saca girava em média de R$ 27,42.
Em 24 de maio, a o produto atingia o menor preço do
ano, segundo os dados do Cepea/Esalq, R$ 18,85.
Desde o início de 2011, os produtores afirmavam que
o custo de produção da safra brasileira de arroz
2010/2011 estaria acima dos preços vigentes no mercado.
A estimativa de aumento da produção brasileira
do grão e o início da colheita fizeram com que
os preços oscilassem entre R$ 18 e R$ 20 a saca no
período.
Diante deste cenário, produtores gaúchos realizaram
protestos e reivindicações, solicitando ao governo
federal instrumentos de política agrícola que
possibilitassem que o preço da saca do produto em casca
atingisse o mínimo de R$ 25,80 a saca.
O governo atendeu, com a realização de vários
leilões no correr do ano - 12 de Prêmio de Escoamento
de Produto (PEP) e dois de Contratos de Opções.
Ele também autorizou várias renegociações
de dívidas de custeio de orizicultores em 2011. Os
leilões de Contratos de Opções (balizado
em torno de R$ 29 por saca), por sua vez, trouxeram novo fôlego
ao produtor, que retraiu a venda, na expectativa de aumento
nos preços.
Assim, em junho, o Indicador do arroz passou a subir. Em julho,
os valores registraram fortes aumentos, recuperando, inclusive,
as perdas verificadas em todo o primeiro semestre de 2011.
O movimento de alta seguiu até final de novembro. A
partir de então, o mercado esteve com as negociações
bastante lentas, com os preços praticamente estáveis.
FEIJÃO
No mercado de feijão, as praças acompanhadas
pela Conab (São Paulo, Paraná e Bahia - sobre
a saca de 60 kg do carioca) tiveram comportamentos bem semelhantes
ao longo do ano e fecharam com média de R$ 90,07, R$
79,03 e R$ 95,97, respectivamente. Em São Paulo, por
exemplo, as maiores altas se concentraram em meados do final
de setembro e início de agosto, com o registro do valor
médio da saca por R$ 110,00. A sobrevalorização
nesse período estava relacionada à restrição
na oferta do produto e do comportamento dos preços
praticados em regiões produtoras, onde os níveis
de preços estavam igualmente mais elevados.
A soma da área cultivada nas três safras da temporada
2010/2011 foi de cerca de 4 milhões de hectares, que
representou um aumento de 11,10% sobre a de 2009/2010. De
acordo com o levantamento da Conab, isso pode gerar a colheita
de 3,787 milhões de toneladas (alta de 14% sobre a
safra anterior). Já para o período de 2011/2012,
o feijão pode ter a área reduzida em 3,69% e
queda na produção em torno de 7,57%.
TRIGO
Por fim, o mercado de trigo do País, sinalizou inicialmente
uma leve trajetória de alta até julho, tanto
no Paraná como no Rio Grande do Sul, segundo dados
do Cepea/Esalq. No Paraná, a média anual foi
de R$ 478,65 a tonelada do produto, 9,76% superior, se comparada
à média de 2010. No RS, a média ficou
em R$ 444,95 a tonelada, com alta de 10,03% sobre 2010.
O ápice dos preços do cereal, no PR, ocorreu
em 25 de abril, quando a média alcançava R$
502,13 a tonelada, segundo o levantamento do Cepea/Esalq.
Na época, os preços seguiram firmes, não
tendo muitas oscilações ao longo do período,
e foram sustentados pelas exportações. Já
no mercado gaúcho, a tonelada de trigo obteve sua maior
valorização, R$ 471,08, em 16 de março.
Nesse dado momento, refletiu-se sobre os preços os
baixos estoques do produto aliada à manutenção
de preços mais altos ao trigo vindo da Argentina nas
bolsas americanas. A previsão da Conab para a safra
2010/2011 é de 5,881 milhões de toneladas. A
subsequente, 2011/2012, é estimada sofrer uma leve
queda de 1,58%, com o total de 5,788 milhões de toneladas.
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