Evitar
que uma lavoura de soja tenha ferrugem é praticamente
impossível. Mas é possível evitar que
a doença atinja altas severidades, ou seja, evitar
que a situação fuja do controle do agricultor.
Para isso, é importante que o agricultor esteja pronto
para realizar a pulverização de fungicidas assim
que for necessário, seja pela ocorrência da doença
ou de forma preventiva.
Não é novidade que fungicidas do grupo dos triazóis,
quando aplicados sozinhos, não têm proporcionado
um controle eficiente da ferrugem. Os fungicidas, na verdade,
não sofrem nenhuma mudança, mas o fungo sofre
alterações que lhe permitem sobreviver ao fungicida.
Esse processo é acentuado com o uso constante de fungicidas
com o mesmo princípio ativo, com o emprego de doses
diferentes das recomendadas, com aplicações
mal realizadas ou em momentos inadequados. E é justamente
por esses motivos que a escolha do fungicida e os cuidados
no momento da aplicação são fundamentais
para a eficiência do controle.
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Com relação à escolha do fungicida, dois
fatores devem ser observados. O primeiro deles é a
composição química: recomenda-se optar
por fungicidas formulados com misturas de princípios
ativos de grupos químicos diferentes, como triazol
e estrobilurina, porque cada um tem um modo de ação
diferente sobre a doença, o que faz aumentar a chance
de sucesso no controle. O segundo fator a ser observado na
escolha do fungicida é a exposição dos
princípios ativos citados ao fungo. Devemos evitar
o uso repetitivo de um mesmo fungicida ou seu uso em áreas
muito extensas.
A lógica por trás dessa recomendação
é que, como já mencionamos, o fungo que causa
a ferrugem pode se adaptar às condições
adversas (a aplicação de fungicida é
uma condição adversa à sobrevivência
do fungo) e desenvolver populações resistentes.
Existem diferenças de eficiência entre fungicidas
do mesmo grupo químico (triazóis, por exemplo).
Ou seja, mesmo pertencendo ao mesmo grupo químico,
alguns fungicidas são mais eficientes que outros, e
alguns deles têm sua eficiência reduzida mais
precocemente. Isso ocorre porque, apesar de pertencerem ao
mesmo grupo químico, o mecanismo de reconhecimento
do fungicida pelo fungo é diferente para cada produto
desse grupo. Com base nisso, a recomendação
é que se faça uma alternância de fungicidas.
Mesmo que um determinado produto tenha proporcionado o melhor
controle da ferrugem em condições experimentais,
não é aconselhável aplicar esse produto
por diversas vezes consecutivas, pois isso pode induzir o
fungo causador da ferrugem a desenvolver resistência
ao fungicida. O ideal é fazer a rotação
de produtos, com princípios ativos diferentes a cada
aplicação. Além de melhorar a eficiência
do controle, essa estratégia ajuda a manter a eficiência
dos fungicidas por mais tempo.
Mas não é só isso, pois outros cuidados
também são importantes. Com relação
ao momento da aplicação do fungicida, devemos
lembrar que a eficiência de aplicação,
e consequentemente o controle da doença, diminui muito
quando a operaçao é realizada com ventos acima
de 8 km/h, temperaturas acima de 30 graus celsius ou umidade
relativa do ar abaixo de 55%. Por isso as aplicações
devem, preferencialmente, ser realizadas no início
ou no final do dia, quando as condições atmosféricas
são mais favoráveis. Essas condições
atmosféricas podem ser facilmente monitoradas com o
uso de aparelhos portáteis, ou através da internet,
pois diversas estações meteorológicas
disponibilizam essas informações instantaneamente.
Observadas essas recomendações, as chances de
sucesso no controle da ferrugem asiática da soja são,
certamente, muito maiores.
Engenheiro Agrônomo, M. Sc. Fitopatologia. Embrapa Agropecuria
Oeste
Caixa Postal 661, 79804-970, Dourados-MS.
E-mail: alex@cpao.embrapa.br.
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