QUANDO
O EUCALIPTO CHEGAR COM PELO MENOS UNS SETE OU OITO METROS
DE ALTURA, FAZ-SE A DESRAMA DE GALHOS E, AÍ, OS ANIMAIS
PODEM SER INTRODUZIDOS NA ÁREA, POIS A PASTAGEM, ATÉ
LÁ, JÁ ESTARÁ FORMADA.
O consórcio de braquiária e estilosantes é
de benefício mútuo, pelo fato de serem plantas
de mesmo porte, por garantirem renovação e por
não competirem uma com a outra por luz e nutrientes.
A vantagem do uso de pasto e lavoura está ligada essencialmente
no adiantamento da entrada dos animais e o retorno mais rápido
do capital investido para produzir a pastagem.
A leucena pode garantir o bem-estar dos animais e, consequentemente,
promover a melhoria da produtividade, seja em termos de carne
e ou de leite.
Entre as opções que podem ser avaliadas para
o consórcio com as pastagens podem ser espécies
leguminosas, milho, sorgo, soja e árvores - estas,
como no caso do eucalipto, podem garantir renda extra ao pecuarista.
No entanto, a opção clássica que tem
feito muito sucesso, especialmente na região do Cerrado
brasileiro, foi o consorciamento de espécies gramíneas
com leguminosa. "Para esses solos que, de certa forma,
são considerados mais fracos, a cultivar que mais funcionou
foi uma variedade de estilosantes, lançada pela Embrapa
Gado de Corte, em associação a uma braquiária",
diz José Alexandre Agiova da Costa, especialista em
forragicultura e pesquisador da Embrapa Gado de Corte. "O
motivo pelo qual houve o maior sucesso desse sistema pode
estar relacionado a dificuldades de adaptação
de outras cultivares, que exigiam mais fertilidade do solo".
Para Costa, este seria o exato exemplo de consórcio
de benefício mútuo que pode ser estabelecido
com espécies gramíneas, pelo fato de serem plantas
de mesmo porte, por garantirem renovação e por
não competirem uma com a outra por luz e nutrientes,
como há em outros tipos de consórcio.
Em consideração a esses fatores, a mistura de
Brachiaria brizantha e Stylosanthes capitata 80% + Stylosanthes
macrocephala 20% foi a de maior sucesso. De acordo com Costa,
outras espécies exigiriam mais fertilidade do solo.
"Nesse caso, esse tipo de consorciamento é para
solo pobre, mesmo - do tipo arenoso. Outra coisa importante,
encontra-se semente no mercado com facilidade", destaca.
Pelo relato do pesquisador da Embrapa Gado de Corte, é
muito comum ouvir perguntas de pecuaristas quanto aos tipos
de consórcio que conduzidos fora do Brasil, e se esses
seriam viáveis por aqui. A reposta chave, nesse caso,
é que para tudo há restrições
e fatores limitantes no estabelecimento de uma cultura.
Um exemplo disso pode ser o próprio sistema de braquiária
com estilosantes. Fatores como o manejo, o uso, a falta de
interesse de comer do rebanho ou mesmo de provocar problemas
nutricionais nos animais são algumas variantes que
são passíveis de ocorrer e que limitariam esse
sistema em determinadas regiões, de acordo com Costa.
No entanto, no geral, o que a própria Embrapa tem pesquisado,
esse sistema é o que vem conferindo maiores resultados.
Entre as vantagens do sistema de consorciamento de braquiária
e estilosantes, pode-se destacar (1) a melhora o valor nutricional
das pastagens, em função da presença
da leguminosa - "essa tem uma digestibilidade maior que
a da gramínea e, portanto, o animal come e aproveita
melhor", atesta Costa; (2) a dispensa do uso de adubação
nitrogenada; e (3) a melhor distribuição da
produção de forragem durante o ano - "não
vai resolver o problema do período seco, mas vai avançar
dentro dessa época ainda com forragem", pondera
o pesquisador.
Até antes de 2000, esse tipo de consorciamento com
uma leguminosa só era visto em produção
de pastagens temperadas. Com a entrada do estilosantes, essa
questão foi resolvida e inaugurava-se a era do desenvolvimento
da cultura de forragens tropicais.
Integração Lavoura-Pecuária
Se entrar para o ramo de integração lavoura-pecuária,
o sorgo, ou mesmo o milho e a soja já se encaixam bem
nisso - no entanto, cada qual terá de ser estabelecido
um plano distinto. "Você pode plantar uma soja,
que é uma leguminosa, e depois pode vir com pasto,
formado na safrinha - que pode ser formado conjuntamente com
o sorgo", exemplifica Costa. "No outro ano, nessa
mesma área onde foi plantada a soja, pode ser estabelecido
o pasto (se a opção não for milho). Então
vai rolar dois anos e vai voltar a ter soja ali. Então,
planta-se a soja, ali. Colhe lá no final de março.
Semeia sorgo com a braquiária; o sorgo cresce rapidamente,
adianta a entrada dos animais em 20 a 30 dias - enquanto isso
a braquiária vai se desenvolvendo".
Nesse toada, os animais comeriam todo o sorgo e, posteriormente,
teria a braquiária disponível. De acordo com
o pesquisador, esse é um tipo de consórcio que
se pode fazer para adiantar a entrada dos animais na área
de pastagem. A pastagem fica formada com a braquiária,
naquele ano. Passa o próximo verão, vai continuar
com braquiária. Passa mais um período seco,
e aí a soja volta. Aí, pode-se usar o sorgo,
ou milheto, para adiantar a entrada dos animais. "No
entanto, em termos de consorciação de benefício
mútuo, em função de que a leguminosa
fixa o nitrogênio do ar no solo, isso, não tem.
Só há o benefício do adiantamento da
entrada dos animais e mais rápido o retorno do capital
investido para produzir a pastagem", afirma Costa.
Sistemas silvipastoris
Com
a integração lavoura-pecuária-floresta,
você tem outras opções que são
novas, que também têm sido bastante utilizadas.
Nesse sentido, árvores podem ser plantadas na pastagem,
ou mesmo formar pastagem com uma leguminosa (arbórea
ou arbustiva), que vão servir de sombra e pode ser
utilizada pelos animais como alimento, eventualmente.
Um exemplo disso pode ser a leucena, por garantir o bem-estar
dos animais e, consequentemente, promover a melhoria da produtividade,
seja em termos de carne e ou de leite. A limitação
do uso dessa espécie estaria relacionada à presença
de alumínio nos solos, mas um bom manejo de correção
desfaz essa condição antagônica, de acordo
com Costa.
"Outra possibilidade é o uso do eucalipto, que
não é uma leguminosa, mas pela grande procura
que ele proporciona, pelo rápido crescimento e pela
grande tecnologia que tem no Brasil na produção
de mudas e máquinas para colher, a planta se torna
economicamente interessante para o produtor", avalia.
Nesse caso, o eucalipto vai pra produção de
lenha, ou vai para produção de madeira para
a construção civil ou rural.
É indicado o plantio dessa espécie em linhas
solteiras, com um espaçamento e uma alternância
da linha de árvores com uma faixa de pasto. Esse espaçamento
não é fixo, nem o número de linhas que
vai ficar junto. Se o que se almeja é uma produção
de madeira com sombreamento para os animais, então
o produtor terá de distanciar o pasto e a linha de
árvores de acordo com o tamanho do maquinário
que possui. Em termos gerais, há estudos onde com espaçamento
de 11 metros (m) e com 22 m, nos quais a lotação
média por ano chega a duas cabeças por hectare.
Na implantação desse sistema é necessária
uma correção da fertilidade da área para
o estabelecimento e bom desenvolvimento do eucalipto. Na época
das águas as mudas são plantadas. A pastagem
pode ser semeada mais tarde, em meados de janeiro e fevereiro,
quando estiver chovendo bem. Quando o eucalipto chegar com
pelo menos uns sete ou oito metros de altura, faz-se a desrama
de galhos e, aí, os animais podem ser introduzidos
na área, pois a pastagem, até lá, já
estará formada.
"O eucalipto possui um crescimento muito rápido
- se planta com cerca de 20 a 30 centímetros no campo
e com dois anos ela já está com 12 m de altura.
No período de crescimento ativo, ele exige a água
compatível com a velocidade de crescimento que ele
tem. Ele não pega mais água que outras espécies.
A eficiência de uso da água dele é muito
boa, pois é uma espécie de clima desértico
praticamente. Na Austrália, por exemplo, onde nasce
eucalipto quase nem chove", pondera Costa.
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