Para
se iniciar o planejamento do dueto soja precoce e milho safrinha
com produtividade e estabilidade, devemos começar com
a soja precoce. Escolher os melhores talhões da fazenda
ou aqueles que já estejam incorporados no processo
produtivo há algum tempo e totalmente corrigidos.
Estas áreas deverão estar com o solo descompactado
e perfil de solo corrigido, lembrando que praticamente a partir
da floração, na época de safrinha do
milho, é natural que não chova mais e a suplementação
de água para a cultura, que é de aproximadamente
5 mm/dia, ficará por conta da eficiência do sistema
radicular do milho em absorver água em camadas superiores
a 30 cm de profundidade.
Outro fator muito importante é o cuidado na escolha
do material precoce de soja, pois 5 dias de antecipação
da colheita pode significar um ganho relevante de produtividade.
Para isso devemos atentar para as variedades precoces que
estão obtendo melhores produtividades e estabilidade
em anos anteriores.
No caso da soja precoce, devemos sempre fazer uma adubação
condizente com boa produtividade porque estas variedades são
bastante exigentes e possuem pouco tempo para absorção,
metabolização e transformação
dos fotoassimilados em grãos.
Outro fator que pode fazer toda a diferença, não
somente para a soja precoce, mas também para o milho
safrinha, é uma excelente inoculação
com rizóbio. Esta garantirá o suprimento de
nitrogênio para a soja precoce para o milho safrinha,
lembrando que essa fixação biológica
contribuirá muito para suprir os 80 kg de nitrogênio
por tonelada de grão de soja a uma produtividade de
55 sc/ha (3,3 toneladas/ha). Serão necessários
aproximadamente 260 kg de nitrogênio/ha, ou seja, seria
o mesmo que aplicarmos 600 kg de ureia/ha. Deste total necessário
para a produtividade de soja, ainda seria possível
na situação de safrinha (plantio de milho ainda
no verão sob temperatura e umidade elevadas), sobrar
55 kg de nitrogênio/ha para a cultura do milho. Vários
resultados têm mostrado que, no geral, é necessário
o uso de 1 kg de nitrogênio para produção
de uma saca de 60 kg de grãos de milho. Só devido
a uma boa inoculação na soja, já teríamos
55 sacos de milho safrinha por hectare.
Como o clima na fase inicial da soja normalmente é
instável, o que poderá comprometer a sua produtividade,
sem dúvida a manutenção do estande das
variedades precoces é fundamental, ainda mais nos plantios
do cedo, quando o regime de chuvas ainda não está
estabilizado. Para isto, a semente de excelente qualidade,
aliada a um bom tratamento de semente é o mais recomendável
para essa modalidade.
A escolha do herbicida na soja é outro fator que afetaria
mais o milho safrinha do que propriamente a soja precoce.
Produtos com residuais acima de 60 dias deverão ser
evitados, pois os mesmos podem ocasionar comprometimento do
sistema radicular do milho, mesmo não apresentando
problemas visuais, mas reduzindo bastante a produtividade
do milho safrinha. O fato é que as últimas safrinhas
foram de altas produtividades e estas coincidiram com o grande
crescimento de soja precoce resistente ao glifosato, produto
que não deixa residual no solo, deixando o milho safrinha
livre de fitotoxidez.
Quanto ao milho safrinha, recomenda-se o uso de fertilizantes,
associando o que foi aplicado na soja, ou melhor, o que sobrou
dela e já contando com a mineralização
da palhada da soja para fazer a adubação necessária
para atingir boas produtividades, não contando com
apoio irrestrito da distribuição de chuvas que,
convenhamos, foi extremamente satisfatória nas duas
últimas safrinhas, mas que é uma variável
imprevisível.
O conceito de se utilizar o melhor talhão produtivo
da fazenda encaixa-se exatamente aí. Este talhão
deverá possuir grande capacidade de suprir os nutrientes
que a adubação menos generosa do milho safrinha
demanda.
Também com relação ao milho safrinha,
temos que lembrar que a maioria dos produtores do cerrado
começa o plantio no final de janeiro e, praticamente,
durante todo o mês de fevereiro. Durante este período
precisamos compreender as características deste plantio.
Para tanto, dividiremos o plantio em: plantio do cedo, iniciando
em janeiro até 10 de fevereiro; plantio normal, de
11 a 25 de fevereiro; e plantio do tarde, de 26 de fevereiro
a início de março.
Para o primeiro plantio no qual temos uma abundância
de chuvas e, frequentemente, alta pressão de doenças
foliares, como Ferrugem Polysora, Turcicum e Cercospora nas
terras altas (acima de 700 metros) e Polysora nas terras baixas
(abaixo de 700 metros) e, em alguns casos, alta pressão
de doenças de grãos, temos que optar por materiais
de alta performance, pois a época é nobre, mesmo
apresentando alta pressão dessas doenças.
Para o plantio intermediário de fevereiro, também
uma época nobre na safrinha, recomenda-se optar por
materiais de alto potencial e já com tolerância
a uma possível falta de água na floração.
Temos nesta época menor presença de doenças
foliares como a Ferrugem Polysora, porém em regiões
de altitude acima de 800 metros já começamos
a ter forte pressão de Mancha Branca e Cercospora.
Para o plantio de final de fevereiro, no qual a pressão
de doenças normalmente é menor, temos um fator
restritivo que se chama seca. Nesta situação,
duas categorias de híbridos são recomendadas
para se obter boas produtividades, que são materiais
de floração rápida - não necessariamente
materiais de maturação precoce - e, também,
materiais que geneticamente conseguem suportar o estresse
hídrico e encher todos os grãos da espiga.
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