"No
nosso caso, o problema era com a trapoeraba [Commelina sp.]
lembra Cocatto. No início, começamos a aplicar
a mistura de 2,4-D e glifosato, e mesmo assim o resultado
não era muito bom. Tiramos o 2,4-D fora, porque o produto
era muito agressivo, e ficamos só com o glifosato e,
aí, piorou mais ainda.
A situação pareceu se reverter com a adoção
de um sistema mais adequado para a administração
dos herbicidas na lavoura. O produtor estabeleceu uma aplicação
logo pela manhã, principalmente, um dia ou dois após
a chuva. "Com cinco ou seis litros de glifosato, foi
tranquilo. Acabou a trapoeraba! Anteriormente, aplicavamos
cinco litros de glifosato e três litros de 2,4-D. Só
alteramos a hora de aplicar, com bastante umidade no ar, isso
é importante, destaca o produtor.
Desde 1992, Cocatto tem feito esse tipo de manejo e, atualmente,
não há registros de daninhas resistentes em
sua área e as plantas que ainda persistem nos campos
são fáceis de controlar - o segredo do produtor
está no manejo consciente dos recursos que ele dispõe
e o cuidado na hora de aplicar a formulação
adequada. Em termos gerais, o nível de infestação
pela vizinhança não é tão alarmante
- o que demonstra, de certa forma, que os produtores por lá
tem feito o dever de casa quanto aos nveis de resistencia
das invasoras e o uso coerente dos herbicidas dispostos no
mercado. Se catarmos todas a plantas que hoje estão
em minha fazenda daria um alqueire paulista [ou 2,42 ha],
contabiliza.
Buva controlada
Em outro polo produtor, já dentro efetivamente do municipio
de Londrina, uma propriedade mostrou indícios de resistência
de buva (Conyza canadensis e Conyza Bonariensis). O problema,
de acordo com o produtor, Douglas Agaci, fora registrado há
tres anos, e culminou com a infestação de 10
alqueires paulistas, ou 24,2 ha, de uma soma de área
de cultivo de cerca de 1.307 ha.
Numa área, onde o problema pareceu mais grave, fora
feito uma série de ensaios e testes com diferentes
tipos de produtos e princpios ativos, que verificou
realmente a presença de biótipos resistentes
ao glifosato. "Nessa área inclusive, já
fiz o plantio de feijão, após aplicar o produto
a base de dicloreto de paraquate + diurom, e, aparentemente,
parece que resolveu, avalia Agaci.
Outra espécie que também tem dado problemas
e a corda-de-viola ou corriola (Ipomoea sp.). No geral, o
produtor já somou prejuízos de R$ 10 a 15 mil
- isso aliado com o acréscimo no uso de defensivos
para o controle das invasoras. "Em outras áreas,
por exemplo, fizemos a aplicação de glifosato,
e não acabou com o mato no meio da soja. Aplicamos
depois dicloreto de paraquate + diurom e metsulfuron metílico.
Foi feita a introdução do trigo, que já
estamos colhendo, e não há registros de buva",
afirma.
Para o produtor, não há como deixar uma área
parada, caso contrário, as daninhas tomam conta - por
isso, ele preconiza a atividade constante e a presença
de cultivares que fazem o serviço de conter o avanço
das invasoras.
Adaptação aos produtos
O problema de resistência incide basicamente na aplicação
de um único princípio ativo, nesse caso, o glifosato,
que se caracteriza como o principal produto utilizado pelos
produtores. Os primeiros focos de resistência no Brasil
remete a regiões produtoras no Rio Grande do Sul, com
o azevém (Lolium multiflorum) em 2003 e a buva em 2005.
No final do ano passado, o capim-amargoso (Digitaria insularis)
começou dar sinais de problema. Essas tres espécies
são caracterizadas com as mais preocupantes no quesito
resistência a herbicidas.
O que se percebe atualmente é que não só
o glifosato mantem o status ineficácia perante alguns
biótipos - produtos com o ingrediente ativo iodosulfurom
metílico (trigo), nicosulfuron (milho) e outros graminicidas
(utilizados na dessacação pré-semeadura
da soja ou milho ou na cultura da soja para controle do azevém)
também entraram para essa lista. Os produtores paranaenses
tem razão de sobra para se preocuparem e assim estarem
vigilantes quanto aos níveis de disseminação
que determinadas espécies podem chegar.
E válido ressaltar que o controle químico é
apenas parte do programa que deve ser estabelecido para o
controle das plantas daninhas resistentes. Entre as técnicas
avaliadas pode se destacar o cultivo do trigo ou da aveia
que, associados com o uso de produtos na cultura e na pós-colheita,
desempenharam papel fundamental no controle da buva; ainda
há a rotação de culturas, rotação
de mecanismos de ação, integraçao de
métodos de controle e limpeza das máquinas.
Azevém
São muitos os casos de falhas no controle do azevém
antes da semeadura do milho e da soja. O controle dos biotipos
de azevém resistentes ao glifosato, de forma geral,
éobtido com uso dos herbicidas graminicidas. Na cultura
do milho, as triazinas e o nicosulfuron, entre outros, são
boas alternativas de controle do azevém.
É importante o planejamento do controle antes da semeadura
(15 a 20 dias antes da semeadura da soja) de forma a permitir
o controle do azevém em tempo suficiente para evitar
os efeitos negativos da competição sobre a cultura.
Além disso, em caso de uso de graminicidas, deve-se
levar em consideração que alguns deles possuem
efeito residual e podem afetar culturas como o milho, o trigo
e a cevada.
Vale destacar que alguns herbicidas graminicidas podem apresentar
residual de solo e afetar cultura como milho, trigo e cevada.
Para evitar problemas deve-se respeitar os períodos
de carência recomendados.
Capim-amargoso
O
controle de biótipos resistentes envolve o uso de graminicidas
pós-emergentes e alguns herbicidas que atuam como pré-emergentes.
Quando ocorre durante o desenvolvimento da cultura da soja,
o fechamento das entrelinhas mostrou ser um grande auxiliar
na ação dos herbicidas. Plantas adultas que
se desenvolvem na entressafra são difíceis de
serem controladas. Assim, o maior risco está em se
tentar o controle de plantas já desenvolvidas, pois
requerem altas doses e aplicações sequenciais
com intervalos de 25 a 30 dias.
Não são raros os casos de rebrota, o que reforça
a importância da eliminação das plantas
novas. A integração do controle mecânico
com o quimico pode trazer resultados em plantas desenvolvidas,
mas em grandes áreas essa alternativa tem baixo rendimento,
e onerosa, e de pouca viabilidade prática. Quando cortadas
após a passagem da automotriz, as touceras devem ser
tratadas com herbicidas cerca de 15 a 20 dias após.
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