Apesar
das importações crescentes de alho pelo Brasil,
os agricultores mineiros investem no aumento da safra. O IBGE
estima que a produção de alho em Minas Gerais
neste ano vai alcançar 19,7 mil toneladas, volume 5,3%
maior que o registrado no ano passado.
A colheita mineira prevista para este ano equivale a 16,6%
da safra nacional. Para o superintendente de Política
e Economia Agrícola da Subsecretaria do Agronegócio
da Secretaria da Agricultura de Minas Gerais, João
Ricardo Albanez, o aumento da safra é consequência
principalmente da intensa utilização de tecnologia
nas lavouras.
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"Por
isso, a produtividade média é de 12,1 toneladas
de alho por hectare. Há dez anos, a produtividade era
de 8,1 toneladas por hectare", explica Albanez.
Primeiro
colocado na produção estadual de alho, o Alto
Paranaíba tem uma safra estimada de 13,8 mil toneladas,
volume correspondente a cerca de 70% da safra estadual. Albanez
avalia que o plantio, principalmente na região líder
de produção, foi estimulado em 2011 pela recuperação
de preço registrada em 2010, como consequência
de uma redução temporária das importações
de alho chinês.
Qualidade reconhecida
O agricultor familiar Oswaldo Júnior, que mantém
o cultivo de alho em 18 hectares no município de São
Gotardo, no Alto Paranaíba, diz produtor deve sempre
investir na qualidade, independente da importação.
"É necessário produzir sempre o nosso alho
com qualidade exista ou não a importação.
Além disso, o volume das compras externas do produto
pelo Brasil pode cair, e nesse caso os preços internos
serão mais compensadores."
Oswaldo concorda que o alho nacional, especialmente o colhido
nas lavouras mineiras, tem a preferência dos consumidores
que valorizam a qualidade. A observação é
compartilhada pelo extensionista Dener Henrique de Castro,
que atua no município. "O produto de Minas Gerais
tem qualidade reconhecida em todo o país, especialmente
nos mercados de São Paulo, Recife e Amazonas",
explica.
A preferência do consumidor brasileiro pelo alho nacional
também é citada por Eduardo Sekita, diretor
do grupo Sekita, de São Gotardo, que trabalha com a
parceria de 49 produtores em 190 hectares da propriedade.
Esse contingente de agricultores familiares deve garantir
ao grupo, em 2011, uma produção da ordem de
3,7 mil toneladas, ele informa.
"O grande problema é que as importações
permitidas pelo governo federal possibilitam a venda do acho
chinês por R$ 40,00 a caixa de dez quilos, enquanto
no Alto Paranaíba o preço varia de R$ 42,00
a R$ 45,00, porque abaixo disso seria insuficiente para cobrir
os custos de produção", explica o executivo.
Segundo Sekita, outro aspecto que dificulta a situação
dos produtores brasileiros é que o alho importado está
presente em todo o país durante o ano inteiro. Já
o produto colhido nas lavouras da maioria dos Estados chega
ao consumidor em um período definido, de agosto a fevereiro,
sendo que em Minas Gerais o abastecimento predomina numa faixa
de tempo ainda menor, de agosto a janeiro.
Organização da produção
"Diante
do cenário da importação de alho pelo
Brasil, os agricultores devem buscar orientação
junto às associações e cooperativas para
desenvolver a produção programada", recomenda
o superintendente do Mercado Livre do Produtor (MLP) da CeasaMinas
pela Subsecretaria de Agricultura Familiar da Secretaria da
Agricultura, Lucas de Oliveira Scarascia. Ele diz que é
fundamental para os produtores o acesso a informações
sobre as tendências do mercado, política de abastecimento
do país, situação do câmbio e interesse
de outros países em colocar seus produtos no Brasil.
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