Um
trabalho árduo, que consumiu tempo e muita dedicação.
Assim o professor da UFRGS Luiz Fernando Coelho de Souza,
definiu a 29a edição do Prêmio Gerdau
Melhores da Terra, realizado durante a Expointer 2011. Ele,
que coordena os trabalhos de julgamento desde a primeira edição,
enumera os grandes desafios superados até se chegar
a lista dos vencedores. "Só eu, este ano, percorri
cerca de 6 mil quilômetros no intervalo de um mês.
O resto da equipe fez o mesmo, e o pior ainda estaria por
vir: as inúmeras e acaloradas discussões até
se chegar a um consenso", conta. Coelho ressalta ainda
o aumento na qualidade dos concorrentes, o que dificulta as
escolhas a cada ano. "Além disso, são muitos
aspectos a serem levados em conta, que vão desde o
projeto da máquina em si até a performance dela
no campo e o grau de satisfação que ela proporciona
aos usuários".
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Fazendo
uma brincadeira com os números, o professor consegue
dar uma dimensão do "Melhores da Terra", e
ratificar a importância que ele tem para o desenvolvimento
de uma agricultura produtiva no país. "Desde a primeira
edição, há 29 anos atrás, já
percorremos cerca de 753 mil quilômetros, recebemos 3.078
inscrições, entrevistamos 6.406 usuários
e já conferimos 224 prêmios. Isso ilustra bem o
que nós fazemos aqui. E não é para menos.
O Brasil é um dos maiores produtores de grãos
do planeta, e também um dos maiores em plantio direto,
exigindo máquinas de alta capacidade para trabalhar no
Brasil Central".
Um bom exemplo da busca constante que as empresas empreendem
para atender a demanda por alta tecnologia, está na história
da máquina vencedor do prêmio Destaque Ouro este
ano. 'Ela não é uma novidade propriamente dita.
Já está no mercado há quase 20 anos, mas
vem apresentando uma evolução constante e notável",
explica. O Pulverizador Autopropelido Uniport 2000, equipamento
da Jacto, foi um precursor dos modelos de pulverizadores autopropelidos
e antecipou a tendência de uso desse tipo de máquina,
hoje bastante presente na agricultura moderna. É muito
utilizado atualmente nos países do Mercosul, sendo usado
para aplicação de defensivos por produtores de
diferentes culturas, como soja, cana, milho, trigo, algodão
e feijão. A Comissão Julgadora identificou um
alto nível de satisfação dos usuários
com o equipamento, principalmente em relação à
durabilidade, autonomia, robustez e qualidade da assistência
técnica.
A vez dos pequenos
Uma outra tendência identificada pelo professor Coelho
é o aumento no número de inscrições
de equipamentos voltados para a agricultura familiar. "É
um segmento que vem crescendo muito nos últimos anos
e está se tecnificando cada vez mais, muito em parte
graças a criação de mais linhas de financiamento,
acessíveis ao pequeno e médio produtor. Com isso,
a agricultura familiar vem ficando cada vez mais forte, a exemplo
dos produtores de larga escala", conclui. Ele cita ainda
dados da Conab que mostram uma evolução significativa
entre os anos de 2005 e 2010: "Nesses cinco anos, a produção
agrícola no Brasil cresceu 40% em área e cerca
de 700% em produtividade".
O diretor de operações da Gerdau e coordenador
geral do prêmio, Claudio Johannpeter, reforça a
opinião de Coelho, apontando ainda outros aspectos que
ajudam a sedimentar o agronegócio brasileiro como um
dos principais propulsores da economia do país: "Este
setor apresenta uma capacidade fantástica de superação
e cresce mesmo diante das dificuldades. Além disso, consegue
se tornar cada vez mais competitivo".
Mas não é só o Brasil que vem mostrando
poder de desenvolvimento de novas tecnologias. Este ano, dois
concorrentes de fora do país também acabaram tendo
seu trabalho reconhecido: uma empresa argentina, que ganhou
um dos troféus Destaque Prata com uma extratora de grãos
de silobolsa, e um criador de gado uruguaio, que venceu na categoria
Inventores ao desenvolver um sistema de cerca elétrica
semi-permanente, um equipamento portátil que facilita
o deslocamento das cercas elétricas de forma muito fácil
e eficiente. O pai da idéia, Andres Capurro Alvarez,
conta que o equipamento foi criado para permitir um manejo intensivo
do rebanho, utilizando um sistema de pastejo rotacionado diário.
"O maior desafio para implantar o sistema era poder instalar
uma cerca elétrica que pudesse ser facilmente movimentada.
Com o equipamento que desenvolvemos isso se tornou possível
e, o que é melhor: pode ser feito por um único
peão", conta.
Com isso, Alvarez diz ter dado um salto significativo na produção
de carne em sua fazenda, passando de 135 kg/ha/ano para 350
kg/ha/ano. "O equipamento é muito simples, barato
e prático de se usar. Além disso, custa cerca
de US$ 200. O preço do investimento é muito baixo
diante do que ele proporciona", garante o criador, ratificando
a flexibilidade que ele dá para a utilização
do sistema voisin. "É ótimo para pequenas
propriedades, principalmente em áreas onde a terra é
cara e se fez necessário tirar o máximo em rendimento",
afirma, lembrando que no Uruguai o preço de um hectare
em sua região gira em torno de US$ 3.500.
Professor pardal
Outros premiados também despertam grande curiosidade,
pelo ineditismo e engenhosidade de seus equipamentos. Um deles
é um veículo remotamente operado para detecção
de assoreamento de açudes, que nada mais é do
que um pequeno submarino que dispões de câmera
para ser utilizado na avaliação de bacias hidrográficas.
Outra máquina igualmente curiosa é um debulhador
manual de milho verde, para utilização na agricultura
familiar. O protótipo apresneta funcionamento simples
e custo baixo, atendendo as necessidades do produtor familiar
para a utilização do grão na fabricação
de conservas, cremes e outros produtos derivados do milho verde.
Festa
de gala
Os
vencedores receberam troféus em uma bela cerimônia
realizada na usina Riograndense, produtora de aço da
Gerdau localizada em Sapucaia do Sul. O evento contou com a
presença de diversas autoridades, incluindo o Governador
do Estado do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, e o recém
empossado Ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro. |