Os dados são do Instituto Mato-grossense de Economia
Agropecuária (Imea) e confirmam que há pouco
milho disponível para consumo no mercado interno.
Segundo o superintendente Imea, Otávio Celidônio,
não é descartada a falta do produto para a venda.
Ele explica que a tendência é que os preços
se mantenham acima do preço mínimo que é
de R$ 13,98 a saca. E é justamente este o cenário.
O preço da saca do milho chega R$ 21,50 no estado,
valor que é 126% maior da cotação do
ano passado, quando o produto podia ser comprado na média
de R$ 9,5 a saca. "Nunca o milho atingiu valores tão
altos, como foi nesta safra 2010/11", diz o último
boletim do Imea.
A análise de mercado feita pelo Instituto ainda prevê
que as negociações para a nova safra 11/12,
estão aquecidas, de forma incomparável com safras
passadas. "Se o mercado do cereal continuar no mesmo
ritmo, a safrinha poderá ser negociada antes mesmo
da soja, cultura que antecede o milho, e que, teoricamente,
deveria ser vendida", conclui o informe. A elevação
do valor tem preocupado principalmente os suinocultores de
Mato Grosso.
Segundo o setor, o custo de produção está
acima do preço de venda do animal. "Enquanto gastamos
cerca de R$ 2,10 por quilo para criar um suíno, o preço
do animal no mercado não passa de R$ 1,70 o quilo",
conta o diretor- executivo da Associação dos
Criadores de Mato Grosso (Acrismat), Custódio Rodrigues.
Para o governo, o mercado de milho ainda não é
uma preocupação.
O diretor de operações da Companhia Nacional
de Abastecimento (Conab), Chárles Córdova, explica
que só há intervenção quando o
mercado sinaliza, o que não vem ocorrendo. "A
ofertas de vendas do milho estocado no estado estão
ocorrendo lentamente. Para se ter ideia, ofertamos 46 mil
toneladas do grão nos últimos meses, sendo que
apenas 7 mil foram comercializadas ao custo médio de
R$ 16 a saca". De acordo com ele, a falta de compradores
indica que o mercado não está necessitando de
ajuda do governo. Conforme ele, há 1,3 milhão
de toneladas do milho estocado nos armazéns de Mato
Grosso.
Quantidade
e mais qualidade
As
ações de fiscalização e o combate
intensificado à pirataria na produção
e na comercialização estão fazendo crescer
a busca e a utilização de sementes certificadas
no Brasil. Segundo dados daAssociação Brasileira
de Sementes e Mudas (Abrasem), a taxa de adoção
de sementes certificadas alcançou resultados recordes
na última safra (2010/2011), principalmente no caso
da soja e do milho - os dois principais cultivos agrícolas
do país.
Na safra 2010/2011, eles atingiram 64% e 87% de utilização
legal, respectivamente, contra 61% e 83% na safra 2008/2009.
O milho, assim como o sorgo, alcançou o maior índice
de sementes certificadas, comparado às outras culturas
produzidas. Na safra 2010/2011, o crescimento da taxa de utilização
de sementes certificadas também se concretizou para
o algodão, e o índice de adoção,
que era 44% em 2008/09, subiu para 51%.
Segundo o coordenador de Sementes e Mudas do Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, José
Neumar Francelino, o número de autuações,
apreensões e de multas aplicadas pelo órgão
são o principal motivo da elevação. As
sementes mais falsificadas são de soja, milho, trigo,
algodão, feijão e arroz.
"O combate à pirataria na produção
e na comercialização de sementes tem sido intenso
pelo ministério e isso tem trazido resultados positivos.
Temos apreendido uma quantidade elevada de produtos, o que
obriga o agricultor a recorrer ao sistema formal de comércio
de sementes certificadas", destaca.
De acordo com ele, o uso de sementes piratas aumenta o risco
de disseminar pragas (insetos, fungos, vírus, etc)
e ervas daninhas e reduz a produtividade da lavoura. A prática
também pode trazer um custo mais alto de produção
e de uso de outros insumos, além de prejudicar o obtentor
e incentivar o contrabando de agrotóxicos.
"Trabalhamos em conjunto com o setor privado para melhorar
a qualidade e oferecer segurança. A Abrasem é
uma entidade importante nesse processo, pois é ela
quem mais contribui para que o ministério identifique
e evite o uso de sementes piratas", ressalta.
Conforme o presidente da Abrasem, Narciso Barison Neto, a
semente é um insumo básico para o aumento daprodução
e a transferência de renda para o produtor. A entidade
mantém uma parceria efetiva e estreita com oministério
para a normatização e fiscalização
permanente.
Segundo ele, dos 49,5 milhões de hectares da área
cultivada de grãos do Brasil, 23 milhões de
hectares são cultivados com sementes certificadas.
Antes, eram necessários 120 quilos de sementes de soja
para o plantio de um hectare. Hoje, são utilizados
50 kg/ha.
"A semente, pela importância no agronegócio,
é questão de segurança nacional. Se não
cuidarmos das doenças, voltaremos a infestar os nossos
campos com pragas e quem paga esse preço não
é só o produtor, mas a sociedade toda",
alerta. De acordo com ele, o processo precisa funcionar em
cadeia e, mais do que fiscalizar, passa pela educação
e conscientização do produtor.
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