Hoje
a IATF já é uma tendência mundial e importante
para o desenvolvimento da pecuária no Brasil. A adesão
de usuários em todas as regiões do país
é crescente e o número de cabeças inseminadas
aumenta exponencialmente a cada ano. Com a técnica,
a inseminação do animal é feita antes
da ovulação. Desse modo, quando a vaca ovula,
já está preparada para ficar prenhe. Assim todas
as vacas de um rebanho podem ser sincronizadas para serem
inseminadas num único dia. ??
O método ainda facilita o manejo nas fazendas, além
de melhorar a qualidade de vida do homem do campo. Ele passa
a programar a inseminação do animal. Em um dia,
é possível inseminar de 100 a 250 vacas, observa
Pietro Baruselli veterinário e professor da Universidade
de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade
de São Paulo (USP). Segundo ele, o uso da IATF é
vantajoso porque permite inseminar maior número de
vacas em menos tempo, além de induzir ciclicidade.
´´O resultado final é maior produtividade
para a fazenda, ressalta ele. "É por meio da inseminação
artificial que as fazendas garantem a melhoria genética
de seus rebanhos". conclui. ?
?O professor faz algumas considerações que acha
importantes para o emprego da sincronização
de cio. Para ele, a técnica facilita e viabiliza o
emprego da Inseminação Artificial, pois diminui
o impacto do anestro pós parto (intervalo para apresentação
do cio após a parição). Segundo Baruselli,
o grande problema no Brasil relacionado a essa questão
é que 80% do rebanho de fêmeas é formado
por animais zebuínos. "As vacas paridas criadas
a pasto, restabelecem seu ovário de 6 a 8 messe após
o parto, observa. Com a sincronização de cio
o produtor traz esse intervalo para no máximo 80 dias
e deduzindo-se os 285 dias normais de gestação,
ele vai ter um bezerro por ano e 560 de aproveitamento na
sua propriedade". ??
Outra vantagem é a redução gradativa
da baixa taxa de fêmeas inseminadas na estação
de monta, problema sérios enfrentado pelos criadores.
Além disso, a técnica possibilita que o criador
trabalhe com progênie superior, de animais com DEPs
positivas para varias características fisiológicas
e físicas desejadas.
Vantagens na ponta do lapis
As vantagens econômicas da IATF para os criadores é
outra questão importante colocada pelo pesquisador.
O custo da utilização da técnica por
animal, incluindo o protocolo de sincronização,
a compra do sêmen e a mão-de-obra. O retorno
desse investimento, de acordo com o professor da Universidade
de São Paulo, depende do uso correto da técnica.
Experimentos realizados pelo Departamento de Reprodução
Animal da USP, mostram que os ganhos econômicos nos
rebanhos que utilizaram a técnica são muitos.
A taxa de prenhes no final da estação de monta
cresceu 8%, o que significa para um lote de 100 vacas, 8 bezerros
a mais. ??
O professor faz os cálculo: "Esse, é o
principal apelo para o criador sobretudo o pequeno e o médio",
declara. Além disso, a técnica possibilita ao
produtor economizar com touros de repasse. Estudos realizados
em varias fazendas mostraram que, quando se usa a IATF, a
taxa de prenhez, já no meio da estação
de monta é de 50% a 75% das vacas, em média.
O restante, que normalmente segue para o repasse, já
está com o ovário funcionando, o que eleva essa
média para mais de 90%. "Com isso o produtor,
ao invés de comprar três tourinhos de campo pode
comprar somente dois, que vai dar conta de cobrir a vacada
e economiza", enfatiza. ??
O passo da passo
O gerente de bovinos da Pfizer Saúde Animal, Mauro
Meneghetti, apresenta um trabalho que mostra de forma prática
e didática tudo o que é necessário para
a aplicação com sucesso da IATF em rebanhos
de corte (veja esquema anexo). No primeiro dia deve-se reunir
as vacas para passarem pelo brete de contenção,
onde sera feita a aplicação intramuscular de
2ml de estrogin (benzoato de estradiol, ou BE) e depois a
aplicação do CIDR. Para isso utiliza-se um aplicador
apropriado. É importante lembrar que, em caso de reutilização
do CIDR, deve-se passar Terra-Cortril.
O procedimento para a aplicação do CIDR na vaca
requer uma limpeza da vulva, que pode ser feita com papel
toalha, a abertura da vulva suficiente para a colocação
do aplicador (que deve ser introduzido até o fundo
da vagina sem ferir o animal) e a aplicação
propriamente dita, apertando o embolo até o fim. Entre
uma aplicação e a seguinte é importante
lavar o aplicador com uma solução de Biocid.
Sete dias depois, é o momento da aplicação
intramuscular do Lutalyse, através de uma seringa de
3ml (a dose do produto é de 2,5 ml), que pode ser feita
no tronco, agilizando o trabalho dos peões.
Dois dias depois chega a hora de retirar o CIDR. Antes, é
necessária a aplicação intramuscular
de 0,3ml de ECP. No caso de se optar pela não retirada,
deve-se então fazer uma aplicação de
1,5ml de eCG (Foligon ou Novormon). Para guardar o CIDR retirado
para futuras aplicações, recomenda-se logo após
a retirada a lavagem em água corrente e depois mergulhar
em uma solução de Biocid por cerca de um minuto,
deixando secar à sombra antes de guardar.
O próximo passo é a retirada dos bezerros do
pé da mãe, que ficarão afastados por
um período de cerca de 48 horas. Esse trabalho exige
alguns cuidados no manejo, não apenas para evitar estresse
de ambos (mãe e filho) como também evitar dificuldades
na contenção dos animais em piquetes separados.
Para isso, dois dias antes da remoção (no dia
em que se fez a aplicação do Lutalyse) é
interessante trazer as vacas com os bezerros para o pasto
onde ficarão durante a remoção de bezerros.
Esse detalhe evita que as vacas tentem voltar (quebrem e amarrem
nas cercas) para o pasto que estavam antes da remoção,
o que normalmente ocorre quando as vacas são trazidas
para o pasto apenas no dia da retirada do CIDR.
Tanto no manejo do sétimo dia (aplicação
do Lutalyse) como no do nono dia (retirada do CIDR), após
procedimento no tronco coletivo, os animais devem sair através
do brete de contenção e não pelo apartador
que, normalmente, fica antes do brete. Este cuidado facilitará
a entrada dos animais no brete durante a IATF no décimo
primeiro dia.
Todo o trabalho de remoção dos bezerros deve
ser feito com extremo cuidado. Os piquetes em que ambos vão
ficar (mães de um lado e filhos do outro) precisa permitir
um contato visual e auditivo, evitando-se apenas o contato
físico. Assim, orienta-se a manter os piquetes separados
a uma distância de uns oito metros um do outro, com
duas cercas de aproximadamente seis a sete fios lisos e uma
distância não superior a 2 metros entre os balancins.
O objetivo é evitar matrizes enroscadas nas cercas
de arame tentando se aproximar de suas crias. O comportamento
das fêmeas nesse período é típico,
pois elas retornam sistematicamente ao ponto mais próximo
dos bezerros constantemente, mantendo-os sempre sob suas vistas.
O piquete que comportará os bezerros deve ser seco
e limpo, garantindo conforto térmico através
de sombreamento natural e com pasto e ração
abundantes e água de qualidade. Isso tudo vai minimizar
problemas com diarreias. Mesmo assim é importante monitorar
o comportamento dos bezerros durante todo o período
de remoção.
Aproximadamente 36 horas após a remoção
a maioria das matrizes já deverão estar apresentando
sinais de cio, deixando-se montar. Outro sintoma típico,
em decorrência do afastamento dos bezerros é
as vacas apresentarem úberes cheios. Mesmo assim, não
se deve permitir a amamentação nesse período,
mantendo sempre os bezerros totalmente separados da mãe.
O reencontro só deverá ser promovido 48 horas
depois, no décimo primeiro dia. Mistura-se mães
e filhos em remanga do curral ou piquete. Deve-se permitir
um tempo suficiente para que todas as matrizes e suas crias
se reencontrem. Um bom indicativo é esperar até
que não existam mais vacas ou bezerros berrando.
Finalmente chega a hora da inseminação. O bom
armazenamento e manuseio do sêmen, tanto no processo
de descongelamento quanto na sua aplicação,
são fatores preponderantes no sucesso do trabalho.
Para o repasse, as fêmeas devem ser colocadas junto
ao touro a campo três dias após a inseminação.
Deve-se observar o cio do retorno 18 a 23 dias depois.
Tecnologia é atestada na prática
Vários estudos e experimentos práticos mostram
que a aplicação da IATF acelera o processo de
melhoramento genético dos rebanhos. Na Fazenda Campo
Grande, em Santo Antônio do Caiuá (PR), por exemplo,
o uso da sincronização de cio e da inseminação
artificial vêm garantindo ao produtor determinar quando
e quantos animais serão inseminados. O resultado é
maior produtividade e melhoria da qualidade genética
do rebanho. ??O veterinário Marcelo Boskovitz, responsável
pela fazenda, sincroniza o cio de um lote de 200 vacas paridas,
com 60 dias pós-parto e em bom estado corporal. Segundo
ele, ao aplicar a técnica, cerca de 130 vacas (65%)
entram no cio ao mesmo tempo. O grupo é então
inseminado num intervalo de apenas cinco dias.
A taxa de prenhez atinge 70%, o equivalente a cerca de 90
vacas gestantes nessa primeira etapa da sincronização.
??Boskovitz, conta o passo a passo de como é realizado
o trabalho na fazenda. No primeiro dia, as vacas recebem um
dispositivo intravaginal de progesterona natural, CIDR que
fica alocado durante uma semana. No oitavo dia os dispositivos
são retirados dos animais, sendo em seguida, aplicado
uma dose de Lutalyse (prostaglandina natural). Do nono ao
décimo terceiro dia, é o período onde
a vaca fica em observação de cio para proceder
à inseminação artificial. A partir daí
o produtor tem um período para realizar a primeira
inseminação. Esse período dura, normalmente
até trigésimo quarto dia, quando é feito
o levantamento do retorno da inseminação nesses
animais.
A partir do trigésimo quinto dia as vacas que não
foram inseminadas são soltas com o touro. ??Ao final
de todo o processo, a Fazenda Campo Grande consegue obter
de 65% a 70% de vacas gestantes em relação ao
lote inicial de 200 animais sincronizados. Apenas as vacas
não inseminadas são soltas para a cobertura
com o touro. Isso significa menor número de vacas para
cruzar com o touro, diz Boskovitz. "O que por sua vez
significa que podemos ter touro de melhor qualidade porque
precisamos de menos touros para cobrir as vacas".
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