A informação é reforçada pelo
relatório divulgado pela entidade, que mostra os dados
referentes à primeira avaliação quinzenal
de 2011/2012, que leva em conta a posição registrada
no dia 16 do mesmo mês.
Levando em conta apenas a primeira quinzena de junho, a moagem
de cana-de-açúcar teve queda de 13% em relação
ao mesmo período da safra anterior, diminuindo de 39,77
milhões de toneladas processadas para 34,59. Na produção
de açúcar, a redução em porcentagem
foi semelhante, 13,6%, passando de 2,30 para 1,99 milhões
de toneladas. A soma total de etanol, aí incluem-se
o anidro e o hidratado, ficou registrada em 1,43 bilhões
de litros (-15,8%). No total acumulado da safra 2011/2012,
o volume de cana moída foi de 134,58 milhões
de toneladas, redução de 22,63% em relação
ao mesmo período do ano passado. A produção
de açúcar teve queda de 24,7%, diminuindo de
8,95 milhões de toneladas para 6,73. Já o total
de etanol, entre anidro e hidratado, caiu de 7,15 bilhões
de litros para 5,33. Ainda segundo o levantamento da organização,
a quantidade de Açúcares Totais Recuperáveis
(ATR) esteve em 130,84 quilo por tonelada (kg/t) de cana-de-açúcar,
2% a menos que o valor obtido no mesmo período quinzenal
do último ano.
A Unica também destaca que no acumulado desde o início
da safra, a concentração de ATR apresenta queda
de 2,97% comparada com o mesmo período de 2010, totalizando
120,04 kg/t de matéria-prima. Vale ressaltar que todos
os números apresentados somam informações
de sete entidades, Associação dos Produtores
de Bioenergia no Estado do Paraná (Alcopar), Associação
dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul (Biosul),
Associação das Indústrias Sucroenergéticas
de Minas Gerais (Siamig), Sindicato da Indústria de
Fabricação de Etanol do Estado de Goiás
(Sifaeg), Sindicato Fluminense dos Produtores de Açúcar
e Etanol (Sindaaf), Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras
de Mato Grosso (Sindalcool) e Sociedade das Usinas e Destilarias
do Espírito Santo (Sudes).
Análise e perspectivas
Atualmente, o custo de produção do açúcar
na porção centro-sul do Brasil é de R$
29,86 por saca de 50 kg (posto na usina), segundo aponta a
estimativa da Archer Consulting. Para Arnaldo Corrêa,
gestor de riscos e diretor da empresa, é importante
ressaltar que o setor tem vivo um cenário bem semelhante
ao verificado há um ano. "O volume de açúcar
produzido está abaixo do comparado ao mesmo período
do ano passado, além dos problemas logísticos
que poderão se repetir, com as mesmas cenas de filas
de caminhões esperando desembarcar no porto",
observa. De acordo com ele, para uma usina cujo mix de produção
seja semelhante ao dessa região, espera-se um retorno
líquido médio (depois do custo financeiro) de
19,38%, "e isso levando em conta que o mercado interno
de açúcar vem remunerando melhor que o açúcar
para exportação", explica o consultor.
Quanto ao setor de etanol, ele acredita que esse cenário
apresentado pela Unica já tem refletido certa inquietude.
"Dificilmente haverá numa recuperação
que eleve o total de moagem do ano para próximos de
560 milhões de toneladas, como foi previsto pelo setor
no início da safra. Ela deve fechar em torno de 535
milhões de toneladas, o que certamente porá
aumentar a preocupação do governo, que esperava
ver equacionado o problema de oferta do etanol", diz,
pontuando que na comparação dos preços,
com base nos negociados na Bolsa de Valores de São
Paulo/Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&FBovespa),
o valor negociado do etanol ainda está muito barato
quando comparado ao açúcar. "Mas ele pode
ser um bom caminho, caso produtores e investidores não
quiserem correr riscos", completa.
Por fim, Corrêa salienta a falta de um mercado livre
para o etanol, o que proporcionaria transparência e
segurança ao produtor, visibilidade de preço
aos investidores e, sobretudo, competição de
preços finais ao consumidor. "Esse é o
principal entrave para que ele se torne, de fato, uma commodity,
já que no Brasil o preço do etanol é
equiparado ao da gasolina que, por sua vez, é indiretamente
determinado pelo governo".
Também no mês de junho, o Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) anunciou
uma linha de crédito específica para renovação
e expansão dos canaviais para a safra 2011/2012. Ela
faz parte do Plano Agrícola e Pecuário e destina
até R$ 1 milhão para produtores independentes
com prazo de pagamento de cinco anos. Segundo o governo, o
objetivo é atender a demanda crescente por etanol,
em função da expansão do mercado dos
carros flex fuel, e permitir uma estabilidade dos preços
do combustível. A renovação do canavial
também dá maior eficiência à produção
com incremento do uso de tecnologia e recuperação
da lavoura. Segundo o ministro Wagner Rossi, a cultura também
foi beneficiada com aumento de limite de custeio de R$ 275
mil para R$ 650 mil.
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