"Por
volta dos anos de 2005 e 2006", conta o diretor comercial
da Montana Agriculture, Carlos Magno, "a lavoura algodoeira
atravessou uma crise. O cultivo se tornou extremamente caro
sendo que o retorno não compensava. Os pesquisadores
traçaram um novo perfil de produção que
pudesse conferir melhores resultados, e daí surgiu
a cultura do algodão adensado, a qual possuiria um
espaçamento entre linhas menor em relação
ao convencional".
Com a entrada desse novo sistema de produção
da fibra, os centros de pesquisas logo fariam contato com
as empresas montadoras de máquinas para saber se interessariam
a eles produzir então um maquinário capaz de
realizar a colheita desse tipo de algodão. Os paranaenses
foram os primeiros e já colhem os frutos dessa novidade.
"Construímos alguns protótipos que foram
experimentados nas safras de 2009 e 2010 e tiveram ótimo
desempenho. Na safra 2010/2011 a indústria disponibilizou
30 máquinas e para a safra 2011/2012 a intenção
é oferecer 100 unidades", destaca Magno.
A empresa que começou no ramo de pulverizadores foi
incrementando o portfólio de produtos e lançou
uma linha de colhedoras de algodão convencional. Agora,
entra no recente nicho de mercado com o algodão adensado.
Olha o pente!
A cultura desse tipo lavoura no Brasil começou tímida,
ocupando uma área de cinco mil hectares (ha), logo
depois subira para 50 mil ha e, atualmente, gira em torno
de 100 mil ha, segundo o diretor comercial da Montana Agriculture.
Em função desse avanço, que pode chegar
ao máximo de 350 mil ha de área cultivada no
Brasil, que a empresa decidiu apresentar a ferramenta específica
para esse tipo de cultivo.
O porte da planta é menor e possui hastes (caule) mais
finas em relação às cultivares tradicionais
da pluma. Nesse sentido, depois do processo de dessecação
das folhas, restariam apenas os pés com as plumas.
A plataforma de colheita entraria nessa área e, como
um pente, atravessaria a plantação colhendo
o material (processo é conhecido como stripper). Um
sistema de ventilação sugaria isso até
uma seção de limpeza na máquina que,
posteriormente, passaria para uma seção de descarregamento,
que então jogaria os tufos numa carreta receptora.
Na lavoura convencional, as máquinas são do
modo spindle ou picker, e juntamente com o stripper, esses
compõe os dois métodos atualmente existentes
para a colheita do algodão. Em termos de limpeza, Magno
diz que há um processo satisfatório, só
que não se compararia ao grau de limpeza de uma máquina
spindle. No entanto, ele ressalta que em termos de redução
de perdas, a do tipo stripper pareceu mais eficiente. "A
colheita através de uma máquina convencional
pode registrar perdas de 3% a 4%, ao passo que a colhedora
de algodão adensado gira em torno de 1,5% a 2%. Outro
ponto favorável esta justamente na qualidade do algodão
adensado que possui uma fibra mais porosa e mais longa",
frisa.
Cultura menos onerosa
De um ciclo de seis meses a lavoura algodoeira passou para
quatro. Com a redução da permanência no
campo, também se reduziram os gastos com adubação
e aplicações de defensivos. Outro ponto favorável
ao adensado, segundo Magno, foi a substituição
da safrinha de milho pelo cultivo da fibra. "Hoje em
Mato Grosso, por exemplo, o produtor faz a soja precoce e,
depois de colhê-la, já pode entrar com o algodão
adensado, em função de melhoria dos preços
no mercado internacional", avalia.
Entre os Estados potenciais para a empresa estão, além
de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Bahia. Para a safra a
ser colhida em 2012, a montadora planeja disponibilizar 100
máquinas.
A potente fiandeira
Na ponta de linha dos trabalhos de colheita estão as
opções de máquinas da Case IH, montadora
que introduziu a primeira linha dela no Brasil em 1997 - a
Cotton Express, atualmente, nas versões 420 e 620,
que chegam respectivamente a 264 cavalos-vapor (cv) de potência
e 370 cv, com cinco e seis linhas, e tamanho de cesto de 3.856
quilos (kg) e 4.762 kg.
Em 2007, a empresa lançou o primeiro modelo Module
Express a ser disponibilizado à safra 2008, que desempenharia
também o papel de compactar a pluma colhida, o que
facilitaria o trabalho. A máquina reduz de cinco para
três os procedimentos da colheita, o que diminui drasticamente
o custo da produção.
O processo da captação da pluma é uma
tarefa aparentemente simples, de acordo com Felipe Martinez
Dantas, especialista de Marketing de Produto da Case IH. "O
coração da máquina é o tambor
[conjunto que compõe a plataforma de colheita, e que
envolve toda a planta]. Nele há sistemas que funcionarão
concomitantemente. O primeiro, feito por um fuso [peça
que assemelha a um parafuso] enrolaria a fibra; uma segunda
peça desenrolaria; e uma terceira, um tipo de escovinha,
lavaria esse sistema através de um jato pressurizado
de água", explica.
Essas três funções ocorrem em menos de
um segundo, e com a vantagem de poder efetuar a colheita em
todos os lados da planta - um diferencial destacado por Dantas.
A máquina só colhe a fibra e deixa a planta
inteira.
Todo um processo industrial ocorre dentro da máquina,
que vai guiando através de tubos o material colhido
que sofrerá um processo de limpeza para então
ser compactado, no caso do modelo Module Express 635. De acordo
com o especialista da Case IH, especificamente esse tratamento
era uma demanda de mercado e veio para dinamizar o beneficiamento
da pluma.
Produtividade
O modelo 635 alcança uma potência de 400 cv,
colhe em seis linhas simultaneamente e possui uma capacidade
que vai de 1.814 kg a 5.443 kg. Em termos de eficiência,
o equipamento está no topo da linha e já ajudou
a colher 380 a 420 arrobas por ha em grandes propriedades
da Bahia. "Claro que isso tem muito mais a ver e dependerá
basicamente da produtividade da lavoura", esclarece Dantas.
Atualmente há oito unidades dispostas no mercado brasileiro,
a expectativa é que a empresa fortaleça as vendas
da máquina, que é importada dos Estados Unidos.
Há estudos estratégicos para que essas máquinas
possam ser montadas aqui no Brasil, no entanto, ainda não
há nada definido.
Algodão
em rolos
Para
completar as opções de colhedoras de algodão
no mercado brasileiro, estão os modelos da John Deere,
7660 e 7760 - esta última é o destaque da montadora
por ser o mais recente lançamento, apresentado também
na Agrishow deste ano. Trata-se de uma máquina com
motorização superior a 7% da versão anterior
(9996), com 507 cv, que oferece um satisfatório desempenho
na categoria de colhedoras de seis linhas. O lançamento
foi feito simultaneamente tanto nos Estados Unidos como no
Brasil, o que garante aos produtores brasileiros o acesso
a mesma tecnologia de cotonicultores americanos.
O equipamento chama a atenção pela facilidade
nos processos e traz um novo conceito, a "colheita sem
paradas". Essa característica está ligada
com a forma que a máquina faz o enfardamento da pluma
captada. "O enfardamento cilíndrico traz benefícios
para a redução de custos operacionais",
explica Rodrigo Bonato, gerente de contas estratégias
da John Deere, "como a melhoria da produtividade no campo,
a ampliação das distâncias de colheita,
além de ter um funcionamento simplificado. Outro ponto
é a redução de perdas de algodão
tanto no campo como pelo caminho durante o transporte do material
da lavoura à algodoeira, o que poderia servir de abrigo
para o bicudo durante a entressafra".
O sistema de enfardamento utiliza um filme de polietileno
para envolver e proteger os fardos prontos contra as condições
adversas. Assim que o módulo é construído,
a película é alimentada na câmera do módulo
cilíndrico - este é girado pelas correias que,
por sua vez, puxa o invólucro ao redor dele.
O grande destaque nesse novo conceito é o sistema de
descarregamento dos fardos, sem utilização de
prensas e transbordo. "A 7760 entrega o fardo do algodão
com formato adequado e protegido, podendo ser armazenado no
campo ou transportado diretamente para a unidade de beneficiamento
de algodão sem necessidade de parada da máquina.
Além disso, os fardos já saem identificados
com um código de barras. Isso promoverá o processo
de rastreabilidade do produto", declara Bonato.
Para se ter uma ideia do que isso significa, de acordo com
o especialista da empresa, o tempo que uma colhedora convencional
gasta para efetuar todo o processo de descarga e retornar
à atividade pode chegar, no mínimo, a 20% do
tempo disponível de uso da máquina, ao passo
que no sistema sem paradas, esse tempo seria convertido em
disponibilidade do equipamento atuando justamente na captação
da pluma no campo.
A colhedora pode operar numa velocidade de sete quilômetros
por hora, o que também serve de referencial para melhores
ganhos em produtividade. Em termos de eficiência o equipamento
chega a registrar um índice superior a 35% em relação
ao sistema convencional.
Outro destaque do produto é a transmissão automática
que inclui um sistema de mudanças alta-baixa, o qual
permite ao operador efetuar mudanças com a máquina
em movimento apenas com o toque de um botão.
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