A
região Nordeste não é um polo produtor
de cana-de-açúcar do País, mas tem a
cultura da lavoura arraigada historicamente. No caso de Pernambuco,
analisando a safra 2008/2009, o Estado ficou em 6º lugar
em termos de produção, com 18.949.518 toneladas
(t), segundo dados da União da Indústria de
Cana-de-açúcar (Unica) e do Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). E
é na região litorânea pernambucana que
as lavouras são desenvolvidas, em sua maioria, por
pequenos produtores - é nessa faixa geográfica
que a cultura possui maior adaptação. Quem antes
não detinha muito incentivo para o emprego de tecnologia
para lavoura canavieira, agora passa a ter o auxílio
para a melhor condução da cultura por lá,
com a distribuição de fertilizantes a essa classe
de produtores pelo governo estadual.
O anúncio foi feito pela Associação dos
Fornecedores de Cana de Pernambuco (AFCP). De acordo coma
a entidade, cerca de 95% dos fornecedores de cana-de-açúcar
do Estado receberão gratuitamente fertilizantes para
a melhoria da produtividade da cana por área cultivada.
Estima-se que a iniciativa beneficie com um incremento de
até 25% na produção da safra 2011/2012.
Esse incentivo faz parte do Programa Terra Pronta, da Secretaria
Estadual de Agricultura e Reforma Agrária (Sara/PE),
que já está no terceiro ano em execução.
"Essa ajuda socializará mais a tecnologia para
os pequenos produtores da região", declara Alexandre
Andrade, presidente da AFCP. "Agricultores familiares
que antes nem detinham recursos para fazer esse tratamento
de solo poderão fazer isso pela primeira vez".
Para Andrade a realidade da produção no Estado
é completamente distinta da difundida em grandes polos
produtores de cana, como o Estado de São Paulo - maior
produtor do País, com expressivos 346,2 milhões
de t (safra 2008/2009). Na região Nordeste, como um
todo, a condução da lavoura de cana é
mais social - remunera o produtor mas não é
uma atividade de muita tecnologia e mecanização
observado na região Sudeste.
O investimento do Terra Pronta gira em R$ 6 milhões,
só com a compra do fertilizante, e o programa deverá
beneficiar cerca de 13 mil produtores. "A iniciativa,
que atende o pleito do setor, vai colaborar diretamente para
o aumento de produtividade da cana por hectare cultivado",
diz. Porém, ele ressalta que uma condição
climática favorável também é necessária.
Serão beneficiados aqueles fornecedores que produzem
até três mil t de cana-de-açúcar
por safra. "Esse é o terceiro ano consecutivo
que somos contemplados com a iniciativa do governo",
declara Andrade. Para o representante da AFCP, o fertilizante
deve estar à disposição dos produtores
já a partir de abril. Após a conclusão
da licitação e aquisição do adubo,
ele será encaminhado para as 22 usinas do Estado. De
lá, o fertilizante será redistribuído
aos fornecedores.
Nos dois últimos anos, 25.632 produtores de cana receberam
12.410 toneladas de fertilizantes, por meio do Programa Terra
Pronta. Foram contemplados 12.734 e 12.898 fornecedores em
2009 e 2010, respectivamente.
Produtividade
Não há muito espaço para a instalação
da lavoura no Estado. A região litorânea é
a que apresenta as condições ideais para o cultivo.
A própria topografia limita também o uso de
maquinário, por isso o uso do corte manual torna-se
indispensável. Para o produtor José de Lima
Cezar, que há 30 anos lida com a cana, essa ajuda veio
para transformar a produtividade. Se não há
como produzir mais com aberturas de novas áreas de
produção, então, faça-se render
mais por área. E aí está justamente a
ajuda do governo em oferecer o adubo - o que estimulará
a verticalização do rendimento da lavoura pernambucana.
"Em termos de preços, temos conseguido bons valores
de negociação, apesar de atualmente estarmos
sofrendo com a falta de pagamento por parte de algumas usinas
daqui", ressalta Cezar.
Subvenção
Outra iniciativa que também vem auxiliar os pequenos
produtores do Nordeste é a subvenção
aos produtores de cana-de-açúcar, que garante
o pagamento de R$ 5 por tonelada. A iniciativa é por
parte do governo federal, especificamente concedido pela Companhia
Nacional de Abastecimento (Conab). De acordo com a regulamentação,
tem direito a esse pagamento produtores independentes de cana-de-açúcar,
pessoas físicas ou jurídicas ou suas cooperativas,
para repasse aos seus cooperados, cuja produção
tenha sido cultivada em terras e beneficiada em unidades industriais
da região Nordeste, que tenham como atividade principal
ou secundária à produção de açúcar
ou etanol e que possuam cadastro junto à Secretaria
de Produção e Agroenergia (SPAE/Mapa).
Em fevereiro deste ano, mais de 900 produtores de Alagoas,
Pernambuco e Paraíba foram beneficiados com a liberação
de cinco lotes dessa subvenção. Segundo a União
Nordestina dos Produtores de Cana (Unida), cerca de 1,7 milhão
foi liberado. Foram contemplados 521 produtores pernambucanos,
36 paraibanos e 379 alagoanos. O valor máximo de subvenção
para cada beneficiário é fixado a até
10 mil toneladas de cana.
|