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CANA - A lavoura social
rev 158 - abril 2011

No caso de Pernambuco, analisando a safra 2008/2009, o Estado ficou em 6º lugar em termos de produção, com 18.949.518 toneladas.

Cerca de 95% dos fornecedores de cana-de-açúcar do Estado receberão gratuitamente fertilizantes para a melhoria da produtividade da cana por área cultivada. Estima-se que a iniciativa beneficie com um incremento de até 25% na produção da safra 2011/2012.

A região Nordeste não é um polo produtor de cana-de-açúcar do País, mas tem a cultura da lavoura arraigada historicamente. No caso de Pernambuco, analisando a safra 2008/2009, o Estado ficou em 6º lugar em termos de produção, com 18.949.518 toneladas (t), segundo dados da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). E é na região litorânea pernambucana que as lavouras são desenvolvidas, em sua maioria, por pequenos produtores - é nessa faixa geográfica que a cultura possui maior adaptação. Quem antes não detinha muito incentivo para o emprego de tecnologia para lavoura canavieira, agora passa a ter o auxílio para a melhor condução da cultura por lá, com a distribuição de fertilizantes a essa classe de produtores pelo governo estadual.

O anúncio foi feito pela Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco (AFCP). De acordo coma a entidade, cerca de 95% dos fornecedores de cana-de-açúcar do Estado receberão gratuitamente fertilizantes para a melhoria da produtividade da cana por área cultivada. Estima-se que a iniciativa beneficie com um incremento de até 25% na produção da safra 2011/2012. Esse incentivo faz parte do Programa Terra Pronta, da Secretaria Estadual de Agricultura e Reforma Agrária (Sara/PE), que já está no terceiro ano em execução.

"Essa ajuda socializará mais a tecnologia para os pequenos produtores da região", declara Alexandre Andrade, presidente da AFCP. "Agricultores familiares que antes nem detinham recursos para fazer esse tratamento de solo poderão fazer isso pela primeira vez".
Para Andrade a realidade da produção no Estado é completamente distinta da difundida em grandes polos produtores de cana, como o Estado de São Paulo - maior produtor do País, com expressivos 346,2 milhões de t (safra 2008/2009). Na região Nordeste, como um todo, a condução da lavoura de cana é mais social - remunera o produtor mas não é uma atividade de muita tecnologia e mecanização observado na região Sudeste.

O investimento do Terra Pronta gira em R$ 6 milhões, só com a compra do fertilizante, e o programa deverá beneficiar cerca de 13 mil produtores. "A iniciativa, que atende o pleito do setor, vai colaborar diretamente para o aumento de produtividade da cana por hectare cultivado", diz. Porém, ele ressalta que uma condição climática favorável também é necessária.

Serão beneficiados aqueles fornecedores que produzem até três mil t de cana-de-açúcar por safra. "Esse é o terceiro ano consecutivo que somos contemplados com a iniciativa do governo", declara Andrade. Para o representante da AFCP, o fertilizante deve estar à disposição dos produtores já a partir de abril. Após a conclusão da licitação e aquisição do adubo, ele será encaminhado para as 22 usinas do Estado. De lá, o fertilizante será redistribuído aos fornecedores.

Nos dois últimos anos, 25.632 produtores de cana receberam 12.410 toneladas de fertilizantes, por meio do Programa Terra Pronta. Foram contemplados 12.734 e 12.898 fornecedores em 2009 e 2010, respectivamente.

Produtividade

Não há muito espaço para a instalação da lavoura no Estado. A região litorânea é a que apresenta as condições ideais para o cultivo. A própria topografia limita também o uso de maquinário, por isso o uso do corte manual torna-se indispensável. Para o produtor José de Lima Cezar, que há 30 anos lida com a cana, essa ajuda veio para transformar a produtividade. Se não há como produzir mais com aberturas de novas áreas de produção, então, faça-se render mais por área. E aí está justamente a ajuda do governo em oferecer o adubo - o que estimulará a verticalização do rendimento da lavoura pernambucana. "Em termos de preços, temos conseguido bons valores de negociação, apesar de atualmente estarmos sofrendo com a falta de pagamento por parte de algumas usinas daqui", ressalta Cezar.

Subvenção

Outra iniciativa que também vem auxiliar os pequenos produtores do Nordeste é a subvenção aos produtores de cana-de-açúcar, que garante o pagamento de R$ 5 por tonelada. A iniciativa é por parte do governo federal, especificamente concedido pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). De acordo com a regulamentação, tem direito a esse pagamento produtores independentes de cana-de-açúcar, pessoas físicas ou jurídicas ou suas cooperativas, para repasse aos seus cooperados, cuja produção tenha sido cultivada em terras e beneficiada em unidades industriais da região Nordeste, que tenham como atividade principal ou secundária à produção de açúcar ou etanol e que possuam cadastro junto à Secretaria de Produção e Agroenergia (SPAE/Mapa).

Em fevereiro deste ano, mais de 900 produtores de Alagoas, Pernambuco e Paraíba foram beneficiados com a liberação de cinco lotes dessa subvenção. Segundo a União Nordestina dos Produtores de Cana (Unida), cerca de 1,7 milhão foi liberado. Foram contemplados 521 produtores pernambucanos, 36 paraibanos e 379 alagoanos. O valor máximo de subvenção para cada beneficiário é fixado a até 10 mil toneladas de cana.


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