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SOJA - Colheita em alta
rev 157 - março 2011

No quesito produtividade, a safra 2010/2011 cai nacionalmente comparando-se a de 2009/2010, de acordo com a analista da Conab. No ano agrícola anterior foi estimado um rendimento de 2.927 kg/ha contra 2.906 kg/ha previstos para a safra deste ano - uma leve queda de 0,72%.

Em relação às exportações, segundo a Conab, o País fechou em 2010 embarques de 29,73 milhões de t. Neste ano estimam-se embarques até maiores em função da aceleração dos contratos futuros de lavouras como as de Mato Grosso onde mais de 60% da lavoura está vendida.

"A produção mundial de 2009/2010 era estimada em cerca de 260 milhões de toneladas, e a produção que está sendo esperada é de 256 milhões. O consumo, no ano passado, que estava estimado em 239 milhões vai passar para 255 milhões. A China é a grande responsável pela sustentação desse consumo mundial", avalia a analista de soja da Conab.

A área plantada com soja teve uma ampliação de 2,4%, e alcançou 24 milhões de hectares, segundo estima pesquisas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A produção, por sua vez, cresceu 2,3%, chegando a 70,3 milhões de toneladas (t). A colheita do grão começou no Rio Grande do Sul e continua nos Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Paraná. A pesquisa foi realizada por 68 técnicos da Conab, no período de 21 a 24 de fevereiro. Foram ouvidos representantes de cooperativas e sindicatos rurais, de órgãos públicos e privados nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, além de parte das regiões Norte e Nordeste.

Já para o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção da oleaginosa é esperada em 69 milhões de t, segundo as pesquisas do mês de fevereiro. De acordo com o órgão, este acréscimo se deve a uma reavaliação positiva de 1,8% no rendimento, já que as condições climáticas permanecem favoráveis nos principais centros produtores.

No Paraná, segundo maior produtor nacional, a área prevista é de 4.501.588 hectares (ha). No Estado, a colheita já foi concluída em 5% da área total ocupada com a cultura. Na porção centro-sul e sudoeste paranaense, onde a oleaginosa foi plantada mais tardiamente, as lavouras, de um modo geral, atravessam os estágios de floração e frutificação. Já nas regiões norte e oeste do Estado, onde as lavouras foram semeadas mais cedo, os estágios mais importantes são os de frutificação e maturação, com as mais avançadas já sendo colhidas. A produção esperada de 13,9 milhões de t encontra-se majorada em 1,1%, para um rendimento médio de 3.097 kg/ha, superior em 1,0%, segundo os dados do IBGE.

Goiás também influenciou o crescimento da produção nacional. Com o avançar da colheita, no sudoeste goiano, estão sendo registrados rendimentos médios de 55 sacas por ha. Influenciado pelos ótimos resultados deste início de colheita, o rendimento médio do Estado foi revisto para 3.175 kg/ha (+11,8%), sendo projetada nesta avaliação uma produção de 8,0 milhões de t. Em Mato Grosso do Sul a situação é similar. As condições climáticas favoreceram a cultura e, apesar de ter sido mantida a área, houve reajuste de 5,2% no rendimento e, por conseguinte, na produção que passa a ser estimada em 5,3 milhões de t.

Muita precaução

Para a analista do mercado de soja da Conab, Nilva Claro Costa, as precauções em relação às condições climáticas esperadas e o efeito climático não tão severo como se pensava influenciaram positivamente a produção brasileira. "Em setembro de 2010, quando se iniciava o plantio, havia todo um receio do fenômeno La Niña. Com base nessa informação os produtores, em especial, os que tiveram esse dado a tempo, seguiram a risca as recomendações técnicas. Como plantar as variedades resistentes e não plantar em determinadas épocas", afirma Costa. "Então, eles esperaram o veranico passar. Em Mato Grosso, por exemplo, a safra está sendo colhida mais tarde, exatamente porque fora semeada tardiamente. Houve ainda a questão do seguro agrícola, porque, se os produtores plantassem sem as recomendações devidas, e aí então viesse a ocorrer algum problema, eles então não teriam a garantia do seguro".

No quesito produtividade, a safra 2010/2011 cai nacionalmente comparando-se a de 2009/2010, de acordo com a analista da Conab. No ano agrícola anterior foi estimado um rendimento de 2.927 quilos por ha (kg/ha) contra 2.906 kg/ha previstos para a safra deste ano - uma leve queda de 0,72%. "Estamos ganhando em termos de área que passou de 23,5 milhões de ha para 24,1 milhões, ou seja, um aumento de 2,8% aumento de área da soja em todo o País. A porção centro-sul passou de 21 milhões para 21,6 - o que representa uma incremento de 2,5% na área cultivada", contabiliza Costa.

Mercado bombando

Já em relação às exportações, segundo a Conab, o País fechou em 2010 embarques de 29,73 milhões de t. Neste ano estimam-se embarques até maiores em função da aceleração dos contratos futuros de lavouras como as de Mato Grosso onde, de acordo com Costa, mais de 60% da lavoura estão vendidas. "Os preços no mercado internacional estão em alta, e começou exatamente no mês de julho do ano passado, foi quando pulou a comercialização que, até então, seguia muito lenta, diante das incertezas. Foi então a partir daquele mês, em Mato Grosso, que começou o fluxo normal de comercialização dos grãos", frisa. Em termos de preços, a média de Mato Grosso, em fevereiro, girou em R$ 42,12 a saca de 60 kg, e no Paraná, R$ 46,5. "Para se ter uma ideia, a média de fevereiro de 2010, em Mato Grosso, era de R$ 26 a saca e de R$ 32 no Paraná", compara a analista da Conab.

Essa euforia toda - analisando tão somente as relações de oferta e demanda - está relacionada justamente ao aumento de consumo mundial e a baixa oferta do grão entre todos os países produtores. "A produção mundial de 2009/2010 era estimada em cerca de 260 milhões de t, e a produção que está sendo esperada é de 256 milhões, ou seja, uma queda de quase quatro milhões de t. O consumo, no ano passado, que estava estimado em 239 milhões vai passar para 255 milhões - um aumento de quase 6,7%. A China é a grande responsável pela sustentação desse consumo mundial", avalia.

Já no quesito custos, há uma ressalva a se fazer - se por um lado há indícios que a implantação da lavoura fora favorecida em função da aquisição de insumos mais baratos, por outro, vem o alto custo da logística de todo o sistema, em especial, o frete que está muito caro. As estimativas da Conab giram num custo de transporte de grãos de R$ 270 por tonelada - na melhor das hipóteses - no trajeto Sorriso (MT) a Paranaguá (PR), no pico de safra. "Então, grande parte desse diferencial vai ficar com a transportadora, que por sua vez, diz que não fica porque tem o custo Brasil", declara Costa.

Safra histórica de menor incidência da ferrugem asiática

A ocorrência da doença teve um impacto bem menor nesta safra de 2010/2011 em função de um inverno mais rigoroso registrado no final de 2010, o que levou até o atraso no plantio em muitas regiões produtoras do grão, segundo avalia o pesquisador da Embrapa Soja, Rafael Soares. "Como o fungo causador da doença é dependente de água, e houve chuvas abaixo do esperado, ele não conseguiu então causar tantos danos à lavoura. Outro aspecto que também ajudou a produção foi a adoção do vazio sanitário, período no qual não há a presença da planta nos campos - pois o fungo só sobrevive com a planta viva", destaca Soares.

Há indícios de que a seca tenha sido, em média, mais forte que as médias históricas. Isso explica os registros mais baixos de ocorrência da doença das últimas cinco safras - 707 ocorrências em todo o País, até o dia 9 de março. Panorama totalmente oposto do registrado na safra passada, na qual foram contabilizadas 2.370 ocorrências.

Mesmo tendo afetado a disseminação da doença pelos campos, a seca não foi suficiente para também influir negativamente na produção do grão, pois segundo o especialista, na época em que a planta necessitava de água, houve a ocorrência de chuvas. O desenvolvimento da lavoura segue em algumas regiões em função do atraso do plantio - estas que podem estar mais sujeitas à incidência maior da doença ou mesmo prejudicada pelas constantes chuvas que vêm afetando produtores no Paraná e em Mato Grosso do Sul, por exemplo.

Quanto à informação sobre as aplicações de fungicidas, ainda não há um balanço do Consórcio Antiferrugem, entidade público-privada que trabalha no combate à ferrugem asiática da soja. Na safra de 2009/2010, foram registradas 2,4 aplicações, em média, nas regiões pesquisadas pelo órgão. A atenção agora se volta a doenças que não são tão agressivas a lavoura, mas que causam certos incômodos ao produtor, como é o caso da mancha-alvo e da antracnose, também de origem fúngica, mas que ainda não possuem um produto que as controle efetivamente. Outro aspecto que as favorece é que, mesmo com a ausência da planta nos campos, esses agentes ainda ficam em restos culturais, e, assim, podem pular de uma safra a outra de soja.


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