"Para
esta safra, mais de 50 novas cultivares substituíram
34 que deixaram de ser comercializadas, demonstrando o dinamismo
do setor. Obviamente, as maiores modificações
nos últimos três anos foi a entrada de cultivares
transgênicas no mercado. Na safra de verão (2009/2010),
cerca de 35% das sementes de milho comercializadas foram de
cultivares com eventos transgênicos e na safrinha (2010)
este percentual atingiu cerca de 42%. Em alguns dos principais
Estados produtores, as cultivares transgênicas ultrapassaram
as convencionais, podendo ser citados os Estados de São
Paulo e Bahia na safra de verão e São Paulo
e Paraná, na safrinha", conta.
Dentre as prioridades buscadas no progresso e aprimoramento
no melhoramento genético das variedades do milho safrinha,
o pesquisador conta que para a safra 2010/2011 as cultivares
transgênicas disponibilizadas no mercado são
resultantes de cinco eventos transgênicos para o controle
de lagartas: 50 cultivares contêm o evento MON810 -
marca registrada YieldGard; 41 apresentam o evento TC1507
marca Herculex I e 17 o Agrisure TL - conhecido como Bt11;
quatro apresentam o evento MON89034 e duas o evento MIR 162.
"Além destes foram também disponibilizados
dois eventos transgênicos que conferem resistência
ao herbicida glifosato aplicado em pós-emergência:
o evento NK60 3 Milho Roundup Ready 2 e o evento GA21. São
13 cultivares transgênicas que apresentam o evento NK60
3, mas o evento GA21 só aparece associado ao evento
Agrisure TL - conhecido como Bt11 em uma cultivar. Temos oito
cultivares transgênicas resistente a insetos da ordem
lepidóptera e tolerante ao herbicida glifosato (quatro
apresentam os eventos Milho TC1507 x NK603 e quatro apresentam
os eventos Milho MON810 x NK603)".
Sanidade no safinha
A cultura é uma só, mas por ser estabelecida
em época distinta, o milho na condição
de safrinha assume particularidades e maiores exigências
no controle de doenças. Segundo Cruz, embora haja uma
variação relativamente acentuada entre anos,
regiões e épocas de semeadura, há uma
tendência das doenças apresentarem-se num nível
de maior severidade no período de cultivo da safrinha.
Ele esclarece que isso ocorre tanto para as doenças
não infecciosas e que são causadas por agentes
- como temperatura, estresse hídrico, toxidez por produtos
químicos, deficiência nutricional, entre outros
-, como também para as doenças infecciosas que
são causadas por fungos, bactérias, vírus,
micoplasmas e nematóides. "A falta da prática
da rotação de culturas, o uso de cultivares
com baixo nível de resistência e as condições
de estresse que as plantas frequentemente enfrentam no período,
aliados às condições do ambiente mais
favoráveis para a manifestação dos agentes
causadores das doenças determinam a maior incidência
destas no milho safrinha", completa.
Já com relação às pragas, o especialista
destaca que não há grandes diferenças
entre safra ou safrinha, entretanto o procedimento de tratamento
de sementes com inseticida é uma técnica que
não pode ser dispensada, especialmente para o cultivo
do milho safrinha. O principal objetivo é proteger
as plantas na fase inicial do desenvolvimento vegetativo contra
o ataque principalmente de percevejos, especialmente do percevejo
barriga-verde (Dichelops melacanthus), presente em praticamente
todas as áreas onde se cultiva essa segunda safra de
milho. Além disso, e dependendo do produto utilizado
para o tratamento, há um efeito protetor também
para outras pragas iniciais que atacam a lavoura. Entretanto,
a decisão de gastar com o tratamento de sementes deve
ser pautada no monitoramento prévio da palhada ou com
base em histórico da área de cultivo.
Interferências externas
A ocorrência de geada (quanto mais ao sul do País),
de seca nas regiões mais ao norte (em Goiás
e Mato Grosso, por exemplo) e as características de
solo são enumerados por José Carlos Cruz como
os principais fatores que afetam a produção
de milho safrinha em uma determinada região. "Ele
tem sua produtividade bastante afetada pelo regime de chuvas
e por fortes limitações de radiação
solar e temperatura na fase final de seu ciclo. A época
de plantio é, pois, o principal fator determinante
do nível tecnológico das culturas considerando
que, à medida que atrasa o plantio, há uma acentuada
queda no potencial produtivo e aumento substancial do risco
de perdas total ou parcial da lavoura", pontua, enfatizando
que associado à época de plantio o mais cedo
possível, toda estratégia de manejo do solo
deve levar em consideração propiciar maior quantidade
de água disponível para as plantas.
Híbridos e ciclos
Quanto ao tipo de sementes plantadas, ele salienta que, a
exemplo da safra de verão, na de inverno, os híbridos
simples, de maior potencial produtivo são os mais cultivados.
De acordo com ele, os híbridos simples ocuparam, em
2010, cerca de 60% da área plantada com milho no verão
e de aproximadamente 65% na safrinha. "À medida
que se atrasa o plantio da safrinha, aumentando os riscos
climáticos, o agricultor reduz o nível tecnológico,
e ocorre um aumento do plantio de milhos híbridos duplos
de menor custo. Verifica-se ainda uma maior preocupação
de plantio de cultivares mais precoces, para escapar de provável
déficit hídrico no final do ciclo. Pela mesma
razão a densidade de plantio normalmente é menor
na safra. Geralmente a densidade desse plantio é cerca
de 20% menor do que na safra normal".
Com relação ao ciclo, José Carlos Cruz
detalha que as cultivares são classificadas em normais,
semiprecoces, precoces e superprecoces e que algumas outras
são classificadas, pela empresa produtora, como hiperprecoces.
"Esta classificação quanto ao ciclo não
é muito precisa. Provavelmente por esta razão,
para efeito do Zoneamento Agrícola de Riscos Climáticos,
houve uma grande mudança em relação ao
ciclo das cultivares. Para efeito de simulação,
o Ministério da Agricultura classifica as cultivares
em três grupos de características homogêneas:
Grupo I (n < 110 dias); Grupo II (n maior ou igual a 110
dias e menor ou igual a 145 dias); e Grupo III (n >145
dias), onde n expressa o número de dias da emergência
à maturação fisiológica".
Por fim, ele aponta que no mercado há ampla predominância
de variedades precoces (72,5%) que são as mais plantadas
em ambas safras. Entretanto, em situações especiais,
para escapar de estresses climáticos como geada, em
plantios tardios de safrinha nos estados mais ao sul, as cultivares
hiperprecoces ou superprecoces que representam cerca de 24%
do mercado, são utilizadas preferencialmente.
Cultura desenvolvida de janeiro a abril, o milho da segunda
safra - ou safrinha - já corresponde, atualmente, a
boa parte de toda a produção do grão
no Brasil. O cultivo da safrinha compreende a região
centro-sul do País, presente nos Estados do Paraná,
São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso
do Sul e Mato Grosso.
Para a atual safra, o milho safrinha deve participar com 41,7%
de toda a área cultivada, apesar do atraso verificado
para o começo do plantio, desencadeado pelo atraso
ocorrido no cultivo de soja, cultura que normalmente antecede
o ciclo do milho safrinha na maior parte das regiões
produtoras. O quarto levantamento divulgado em janeiro, pela
Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), indica que a
produção esperada para a Primeira Safra de Milho
2010/2011 está estimada em 31.511,20 mil toneladas,
com uma redução entre 7,5%, enquanto a safra
total de milho esperada é de 52.723,3 mil toneladas.
O documento informa ainda que a expectativa da área
total cultivada com milho em todo o País está
em torno de 12.682,2 mil hectares, sendo 7.393,3 mil hectares
cultivados na primeira safra.
|