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FEIJÃO - Os benefícios da cobertura do solo na introdução do feijoeiro
rev 156 - fevereiro 2011

Um experimento para introdução do feijoeiro como cultura sucessora em diferentes densidades, com e sem cobertura do solo proporcionada com espécies forrageiras hibernais, foi conduzido de 9 de junho a 22 de dezembro de 2010, em Cachoeira do Sul (RS). O município está localizado na região fisiográfica denominada Depressão Central do Estado, cujo clima é Subtropical, apresentando as quatro estações do ano bem definidas. A precipitação pluviométrica e temperatura média anuais são de 1572 mm e 19°C.

O estudo foi realizado por Daniel Gonçalves da Silva, tecnólogo em Agropecuária pela Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e acadêmico de Zootecnia na Universidade Federal do Pampa (Unipampa), e pelos estudantes de Zootecnia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Bernardo Bevilaqua, Henrique da Costa Mendes Muniz e Michel Lemos Gomes de Fraga.

O grupo obteve uma análise química do solo antes da introdução das espécies forrageiras que apresentou os seguintes valores para: pH H2O; 4,4; Índice SMP; 5.4, Argila(%); 21; P mg/dm3; 31; Kmg/dm3; 116; M.O. (%); 2.7; Ca; 2.7; Mg; 1.1; Al; 1.4. Eles contam que nenhuma correção foi realizada e nem mesmo uma possível variação entre esses valores após o termino do experimento foram avaliados.

Para a formação da cobertura vegetal do solo utilizaram espécies forrageiras como a aveia preta Avena strigosa (Poaceae) e ervilhaca Vicia sativa L. (Fabaceae) consorciadas.

O preparo do solo foi feito manualmente com capina e a semeadura das forrageiras hibernais foi conduzida a lanço. Após 60 dias da semeadura das espécies forrageiras foram realizados cortes de 0,25 m² cada, para verificar a massa de forragem verde. A pastagem foi acamada com auxílio de um cano metálico de aproximadamente 25 kg e 1,1 m de comprimento, proporcionando a desecagem natural da pastagem sem o uso de agroquímicos.

O delineamento experimental adotado foi o de blocos casualizados, com quatro tratamentos, em esquema fatorial 1,5 x 0,5m. A semeadura do feijão ocorreu em covas 30 dias após o processo de dessecação das espécies forrageiras, cada cova com três sementes de 3 a 4 cm de profundidade. As sementes utilizadas foram da espécie do Feijão de Vagem Amarela (Phaseolus vulgaris L.), com percentual germinativo de 92% e pureza de 99,80%.

Para a cultura do feijão foram aplicados quatro tratamentos arranjados no delineamento experimental de blocos ao acaso com quatro repetições, todas as repetições com parcelas de 0,5m x 1,5m, sendo que os tratamentos utilizados constam em: T - testemunha (24 sementes), T1 - c/cobertura (24 sementes), T2 - c/cobertura (72 sementes), T3 - s/cobertura (72 sementes).

Análises e descobertas

As avaliações foram realizadas num intervalo de sete dias, analisando a quantidade de plantas emergidas do solo. Também foi verificada a temperatura média diária ao longo do ciclo da cultura, a precipitação com o auxílio de um pluviômetro instalado a 1,30m acima da superfície do solo, assim como o estádio fenológico das plantas e a produtividade nos diferentes tratamentos.

As espécies forrageiras para a formação da cobertura apresentaram, após 60 dias de implantação, valores entre 350 e 400g de peso verde obtidas nos cortes realizados na área experimental. Valores esses que apresentaram uma boa cobertura do solo. Cobertura importante, pois impede a entrada dos raios solares na superfície e possibilita uma maior retenção de umidade no mesmo, melhorando as características físicas e químicas do solo.

Na primeira avaliação, realizada sete dias após o plantio, não ocorreu precipitações ao decorrer de uma semana (gráfico 1), a temperatura média diária (TMD) foi de 21º C (gráfico 2), foi constatado que a taxa de germinação a campo foi maior nos tratamentos que apresentavam cobertura do solo (gráfico 3), exatamente pelo fato de que, a cobertura permite maior umidade no solo, assim como protege o mesmo da radiação solar, impedindo que a camada superficial do solo seja afetada pelas altas temperaturas do ar. O estádio fenológico de todos os tratamentos foi o V1 e V2, respectivamente correspondentes a emergência e ao surgimento das folhas primárias.

Na segunda avaliação, 14 dias após o plantio, a precipitação foi de 37 mm (gráfico 1) e a TMD foi de 25,5º C (gráfico 2), observou-se também que em todos os tratamentos a taxa de germinação a campo aumentou (gráfico 3), isso devido as reservas de umidade no solo proporcionada pela cobertura vegetal, destacando o alto desenvolvimento nos tratamentos com cobertura (T1 e T2). Durante o intervalo entre a primeira avaliação e a segunda, a temperatura média diária foi relativamente maior e a precipitação ocorreu nos últimos dois dias antes da segunda avaliação. O estádio fenológico foi estável não ocorrendo variações entre a última avaliação.

Na terceira avaliação, feita 21 dias após o plantio, a precipitação foi de 6 mm (gráfico 1) gerada apenas no primeiro dia após a segunda avaliação, onde a TMD foi de 21,4º C (gráfico 2). Foi notada a importância da disponibilidade hídrica para o desenvolvimento da cultura, já que a taxa de germinação a campo triplicou quando comparada com a avaliação anterior (gráfico 3). O estádio fenológico deste período foi bastante variado, podendo adicionar essa variação à umidade do solo. O tratamento T (testemunha) apresentou estádio V1 e V2 (emergência, surgimento das folhas primárias); T1 plantas entre V2-V4 (surgimento das folhas primárias, primeira folha trifoliada, terceira folha trifoliada); T2 e T3 entre V1 e V4.

Na quarta avaliação, 28 dias após o plantio, a precipitação foi de 1 mm (gráfico 1) e TMD de 23,6º C (gráfico 2). Todos os tratamentos começaram a apresentar redução na taxa de germinação (gráfico 3), diminuindo a população de plantas na área experimental, proporcionada exatamente pela deficiência de umidade em condições com temperaturas do ar elevadas. Os estádios fenológico dos tratamentos foram: T (testemunha) V2 e V3; T1 com variações entre V2 e R6, sendo que R6 corresponde a abertura da primeira flor. O que proporcionou esse nível de desenvolvimento foi a cobertura do solo, comprovando seus benefícios quando utilizada, assim como podemos constatar no T2 onde atingiu o estádio R5; no T3 variações entre V2 e V4.

Houve a redução no número de plantas e deficiência por se desenvolverem em condições atípicas para a cultura, o que dificulta que as mesmas consigam chegar ao último estádio fenológico R9 (início da maturação) e posterior produtividade.

Na última avaliação, 35 dias após o plantio, a precipitação foi de 0 mm (gráfico 1) e TMD de 24,6º C (gráfico 2). Foi analisado o constante declínio na participação das plantas em todos os tratamentos (gráfico 3), cujas quais não conseguiram mais desenvolver-se pelo fato de terem sofrido um enorme estresse, pela falta de umidade e ainda pelas altas temperas do ar durante o experimento. Os estádios fenológicos dos tratamentos foram: T - V2 e V3; T1 - variações entre V2 e R5; T2 - variações entre V3 e R6 e T3 com plantas no estádio V3 e V4..

Todos os tratamentos apresentaram um crescimento da taxa de germinação até a terceira avaliação devido a uma maior disponibilidade hídrica ocasionada pelas precipitações (como observado no gráfico 3), após esse período, onde a estiagem foi mais severa ocorreu uma significativa redução de plantas, afetando diretamente a produtividade da cultura não sendo possível avaliá-la nas diferentes densidades de plantio constatando que a cobertura do solo auxilia o crescimento das plantas em períodos com elevada temperatura dor ar, porém, a disponibilidade hídrica é fundamental para o sucesso produtivo.

Benefícios alcançados

Ao final do trabalho, os acadêmicos concluíram que a cobertura do solo beneficiou a emergência da cultura do feijão ao longo de uma extensa estiagem retendo uma maior umidade no solo. Também foi observado que a umidade maior no solo, mesmo com altas temperaturas, e durante um período critico sem precipitações, os tratamentos com cobertura atingiram o estádio R6 (abertura da primeira flor) e um maior poder germinativo. Nos Tratamentos sem cobertura do solo, onde a taxa de emergência foi mínima durante o período do experimento, as plantas não ultrapassaram o estádio V4 (terceira folha trifoliada). A falta de água interferiu no desenvolvimento da cultura não gerando nenhuma produtividade, sendo assim não foi possível avaliar os efeitos da densidade de plantio sobre a produtividade do feijoeiro. Por fim, constataram que a cobertura pode auxiliar em períodos críticos, mas a necessidade de água é eminente para o sucesso produtivo.

As informações para este texto foram obtidas a partir do artigo de autoria de Daniel Gonçalves da Silva, Bernardo Bevilaqua, Henrique da Costa Mendes Muniz e Michel Lemos Gomes de Fraga.


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