O
grupo obteve uma análise química do solo antes
da introdução das espécies forrageiras
que apresentou os seguintes valores para: pH H2O; 4,4; Índice
SMP; 5.4, Argila(%); 21; P mg/dm3; 31; Kmg/dm3; 116; M.O.
(%); 2.7; Ca; 2.7; Mg; 1.1; Al; 1.4. Eles contam que nenhuma
correção foi realizada e nem mesmo uma possível
variação entre esses valores após o termino
do experimento foram avaliados.
Para a formação da cobertura vegetal do solo
utilizaram espécies forrageiras como a aveia preta
Avena strigosa (Poaceae) e ervilhaca Vicia sativa L. (Fabaceae)
consorciadas.
O preparo do solo foi feito manualmente com capina e a semeadura
das forrageiras hibernais foi conduzida a lanço. Após
60 dias da semeadura das espécies forrageiras foram
realizados cortes de 0,25 m² cada, para verificar a massa
de forragem verde. A pastagem foi acamada com auxílio
de um cano metálico de aproximadamente 25 kg e 1,1
m de comprimento, proporcionando a desecagem natural da pastagem
sem o uso de agroquímicos.
O delineamento experimental adotado foi o de blocos casualizados,
com quatro tratamentos, em esquema fatorial 1,5 x 0,5m. A
semeadura do feijão ocorreu em covas 30 dias após
o processo de dessecação das espécies
forrageiras, cada cova com três sementes de 3 a 4 cm
de profundidade. As sementes utilizadas foram da espécie
do Feijão de Vagem Amarela (Phaseolus vulgaris L.),
com percentual germinativo de 92% e pureza de 99,80%.
Para a cultura do feijão foram aplicados quatro tratamentos
arranjados no delineamento experimental de blocos ao acaso
com quatro repetições, todas as repetições
com parcelas de 0,5m x 1,5m, sendo que os tratamentos utilizados
constam em: T - testemunha (24 sementes), T1 - c/cobertura
(24 sementes), T2 - c/cobertura (72 sementes), T3 - s/cobertura
(72 sementes).
Análises e descobertas
As avaliações foram realizadas num intervalo
de sete dias, analisando a quantidade de plantas emergidas
do solo. Também foi verificada a temperatura média
diária ao longo do ciclo da cultura, a precipitação
com o auxílio de um pluviômetro instalado a 1,30m
acima da superfície do solo, assim como o estádio
fenológico das plantas e a produtividade nos diferentes
tratamentos.
As espécies forrageiras para a formação
da cobertura apresentaram, após 60 dias de implantação,
valores entre 350 e 400g de peso verde obtidas nos cortes
realizados na área experimental. Valores esses que
apresentaram uma boa cobertura do solo. Cobertura importante,
pois impede a entrada dos raios solares na superfície
e possibilita uma maior retenção de umidade
no mesmo, melhorando as características físicas
e químicas do solo.
Na primeira avaliação, realizada sete dias após
o plantio, não ocorreu precipitações
ao decorrer de uma semana (gráfico 1), a temperatura
média diária (TMD) foi de 21º C (gráfico
2), foi constatado que a taxa de germinação
a campo foi maior nos tratamentos que apresentavam cobertura
do solo (gráfico 3), exatamente pelo fato de que, a
cobertura permite maior umidade no solo, assim como protege
o mesmo da radiação solar, impedindo que a camada
superficial do solo seja afetada pelas altas temperaturas
do ar. O estádio fenológico de todos os tratamentos
foi o V1 e V2, respectivamente correspondentes a emergência
e ao surgimento das folhas primárias.
Na segunda avaliação, 14 dias após o
plantio, a precipitação foi de 37 mm (gráfico
1) e a TMD foi de 25,5º C (gráfico 2), observou-se
também que em todos os tratamentos a taxa de germinação
a campo aumentou (gráfico 3), isso devido as reservas
de umidade no solo proporcionada pela cobertura vegetal, destacando
o alto desenvolvimento nos tratamentos com cobertura (T1 e
T2). Durante o intervalo entre a primeira avaliação
e a segunda, a temperatura média diária foi
relativamente maior e a precipitação ocorreu
nos últimos dois dias antes da segunda avaliação.
O estádio fenológico foi estável não
ocorrendo variações entre a última avaliação.
Na terceira avaliação, feita 21 dias após
o plantio, a precipitação foi de 6 mm (gráfico
1) gerada apenas no primeiro dia após a segunda avaliação,
onde a TMD foi de 21,4º C (gráfico 2). Foi notada
a importância da disponibilidade hídrica para
o desenvolvimento da cultura, já que a taxa de germinação
a campo triplicou quando comparada com a avaliação
anterior (gráfico 3). O estádio fenológico
deste período foi bastante variado, podendo adicionar
essa variação à umidade do solo. O tratamento
T (testemunha) apresentou estádio V1 e V2 (emergência,
surgimento das folhas primárias); T1 plantas entre
V2-V4 (surgimento das folhas primárias, primeira folha
trifoliada, terceira folha trifoliada); T2 e T3 entre V1 e
V4.
Na quarta avaliação, 28 dias após o plantio,
a precipitação foi de 1 mm (gráfico 1)
e TMD de 23,6º C (gráfico 2). Todos os tratamentos
começaram a apresentar redução na taxa
de germinação (gráfico 3), diminuindo
a população de plantas na área experimental,
proporcionada exatamente pela deficiência de umidade
em condições com temperaturas do ar elevadas.
Os estádios fenológico dos tratamentos foram:
T (testemunha) V2 e V3; T1 com variações entre
V2 e R6, sendo que R6 corresponde a abertura da primeira flor.
O que proporcionou esse nível de desenvolvimento foi
a cobertura do solo, comprovando seus benefícios quando
utilizada, assim como podemos constatar no T2 onde atingiu
o estádio R5; no T3 variações entre V2
e V4.
Houve a redução no número de plantas
e deficiência por se desenvolverem em condições
atípicas para a cultura, o que dificulta que as mesmas
consigam chegar ao último estádio fenológico
R9 (início da maturação) e posterior
produtividade.
Na última avaliação, 35 dias após
o plantio, a precipitação foi de 0 mm (gráfico
1) e TMD de 24,6º C (gráfico 2). Foi analisado
o constante declínio na participação
das plantas em todos os tratamentos (gráfico 3), cujas
quais não conseguiram mais desenvolver-se pelo fato
de terem sofrido um enorme estresse, pela falta de umidade
e ainda pelas altas temperas do ar durante o experimento.
Os estádios fenológicos dos tratamentos foram:
T - V2 e V3; T1 - variações entre V2 e R5; T2
- variações entre V3 e R6 e T3 com plantas no
estádio V3 e V4..
Todos os tratamentos apresentaram um crescimento da taxa de
germinação até a terceira avaliação
devido a uma maior disponibilidade hídrica ocasionada
pelas precipitações (como observado no gráfico
3), após esse período, onde a estiagem foi mais
severa ocorreu uma significativa redução de
plantas, afetando diretamente a produtividade da cultura não
sendo possível avaliá-la nas diferentes densidades
de plantio constatando que a cobertura do solo auxilia o crescimento
das plantas em períodos com elevada temperatura dor
ar, porém, a disponibilidade hídrica é
fundamental para o sucesso produtivo.
Benefícios alcançados
Ao final do trabalho, os acadêmicos concluíram
que a cobertura do solo beneficiou a emergência da cultura
do feijão ao longo de uma extensa estiagem retendo
uma maior umidade no solo. Também foi observado que
a umidade maior no solo, mesmo com altas temperaturas, e durante
um período critico sem precipitações,
os tratamentos com cobertura atingiram o estádio R6
(abertura da primeira flor) e um maior poder germinativo.
Nos Tratamentos sem cobertura do solo, onde a taxa de emergência
foi mínima durante o período do experimento,
as plantas não ultrapassaram o estádio V4 (terceira
folha trifoliada). A falta de água interferiu no desenvolvimento
da cultura não gerando nenhuma produtividade, sendo
assim não foi possível avaliar os efeitos da
densidade de plantio sobre a produtividade do feijoeiro. Por
fim, constataram que a cobertura pode auxiliar em períodos
críticos, mas a necessidade de água é
eminente para o sucesso produtivo.
As informações para este texto foram obtidas
a partir do artigo de autoria de Daniel Gonçalves da
Silva, Bernardo Bevilaqua, Henrique da Costa Mendes Muniz
e Michel Lemos Gomes de Fraga.
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