Em
2010, instituições financeiras se preparam mais
e melhor para disponibilizar crédito ao produtor rural,
cliente que está cada vez mais consciente e exigente
para fazer esse tipo de negociação.
Houve mais crédito na praça, ou melhor, no campo.
A promessa de não deixar faltar dinheiro ao agronegócio
brasileiro mais uma vez foi cumprida pelos principais agentes
de crédito do País. Ao que tudo indica, as instituições
financeiras expandiram recursos e ações para
buscar soluções para investimentos em produção,
máquinas e equipamentos, e infraestrutura, por exemplo,
e para as renegociações de dívidas de
seus clientes. Um fato percebido por esses órgãos,
ao longo de 2010, e que segue como tendência para 2011,
é a profissionalização do setor. A visão,
diga-se mais 'empresarial' da agropecuária, gerou maior
objetividade nas assinaturas de contratos.
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O
superintendente comercial de Agronegócios do Grupo
Santander Brasil, Walmir Fernandes Segatto, sentiu essas mudanças
no ano passado e afirma que alguns fatores-chave também
foram fundamentais para aprimorar a relação
entre cliente e banco, levando em conta os dois lados. "O
primeiro é que 2010 foi um ano com margens positivas
para o produtor rural, um ano superior 2009 em relação
à receita. Isso permitiu que ele se planejasse e procurasse
crédito de forma organizada. Vivemos um cenário
diferente, até porque quando o cliente está
mais capitalizado, ele consegue negociar melhor e antecipar
suas compras de insumos, procurando por linhas de crédito
para esse fim mais cedo", pontua.
Sem citar números, o superintendente comenta que o
limite de crédito rural ofertado pelo Grupo foi totalmente
reaplicado e usado de forma inteligente no campo. Ele explica
que os questionamentos quanto às taxas, prazos e tipo
de crédito aumentaram. "O produtor também
procurou discutir mais a finalidade do próprio crédito.
A compra de um trator, por exemplo, se não é
uma máquina que não interessa para ele ou não
tem utilidade naquele momento, ele faz um planejamento diferente,
às vezes optando até mesmo por uma terceirização.
Isso foi muito evidente em 2010. Outro fato que marcou o ano
foi a procura por recursos a serem aplicados para adequação
ambiental das propriedades. Tivemos uma maior procura nesse
sentido que deve continuar a crescer nos próximos anos.
Linhas para Agricultura de Baixo Carbono (ABC) e recuperação
de matas, por exemplo, são necessidades mais claras
para o produtor e nós, como instituição
financeira, estamos atentos e preparados, pois são
custeios diferentes, que exigem prazo de maturação,
carência e análise de crédito diferenciadas
que interferem até mesmo no modelo de concessão
de crédito", salienta.
Walmir Segatto diz que o panorama de 2010 para o Grupo Santander
fecha com inadimplência baixa e acredita que 2011 vai
ser um período ainda melhor para investimentos, com
bastante procura de crédito para renovação
de máquinas de alta tecnologia e não para reposição.
"O fato é que o produtor prima por eficiência
operacional para baixar custos e estar preparado para enfrentar
eventuais situações mais críticas. Percebemos
essa busca por melhorias no País inteiro, nas mais
de 190 atividades que atendemos na agropecuária. O
Real e o Santander, unidos em um único grupo, consolidou
nossa força no campo e devemos ganhar ainda mais espaço
neste ano, pois além da equipe de técnicos e
consultores que já temos, intensificaremos nossas participações
nas mais diversas feiras e eventos do setor no País",
frisa.
O Banco do Nordeste que, historicamente, tem se destacado
no apoio à produção agropecuária
financiando 72% da demanda de crédito rural da região,
também registrou um bom resultado em 2010. Foram atendidos
produtores de todos os portes e em especial dos pequenos produtores
enquadráveis no Programa Nacional de Fortalecimento
da Agricultura Familiar (Pronaf). Segundo José Sydrião
de Alencar Júnior, diretor de gestão de Desenvolvimento
da instituição, em 2010, o banco aplicou R$
4,1 bilhões em crédito rural, sendo R$ 1,1 bilhão
na agricultura familiar, R$ 435 milhões com produtores
não enquadráveis no Pronaf e o restante com
produtores de outros portes.
"No caso do atendimento aos mini e pequenos produtores
rurais, houve crescimento de 70% em volume de crédito
para custeio agropecuário, em relação
ao ano anterior. O ano de 2010, com referência ao segmento
desses públicos, comportou-se com a mesma tendência
de crescimento da demanda representando a partir de 2003,
um aumento de 180% no período de 2003 a 2010 e de 15%
em relação ao ano anterior", ressaltou
ele afirmando também que é importante assinalar
os avanços nas aplicações com a fonte
Poupança Rural, na desburocratização
do crédito e na renovação automática
das operações de custeio agrícola, oferecendo
maior agilidade no processo de concessão de crédito.
"Para atenuar a crise econômica, foram atendidas
também as demandas dos grandes produtores. Não
podemos deixar de citar a consolidação do Programa
Pronaf Mais Alimentos, criado pelo governo federal para estimular
o trabalho no campo, financiando máquinas e equipamentos
agrícolas de pequeno e grande porte", lembra.
Esse cenário deixa boas oportunidades para as operações
de crédito a serem realizadas em 2011. De acordo com
Alencar Júnior, a recuperação dos preços
das principais commodities agrícolas e dos produtos
pecuários deve estimular os investimentos e os custeios
agropecuários. "Além das condições
climáticas e econômicas favoráveis, acrescente-se
a perspectiva de ampliação dos programas de
cunho social pelo governo federal, em ações
que se somam à ação de crédito;
o incentivo do banco para expandir a difusão tecnológica
com o público dos mini e pequenos produtores rurais
e os incentivos do governo para intensificar a produção
de alimentos via mecanização agrícola",
aponta. O Banco do Nordeste tem a perspectiva de aumentar
o crédito rural destinando para o ano de 2011 cerca
de R$ 4,5 bilhões.
O Banco do Brasil também reforçou o caixa para
atender o agronegócio. No último mês de
novembro, o saldo da carteira de crédito do setor atingiu
R$ 74,0 bilhões, crescimento de 8,7% em 12 meses, o
que corresponde a 61,9% de todo o crédito bancário
ao agronegócio no País. A agricultura familiar
também ganhou destaque nessa instituição,
já que os desembolsos cresceram 6,4% em relação
ao mesmo período do ano anterior e atingiram R$ 5,6
bilhões nos primeiros nove meses de 2010. Até
então, do total de R$ 11,0 bilhões contratados
para a safra 2010/2011, R$ 7,0 bilhões foram destinados
para o custeio agrícola. Deste montante, 67,3% das
operações (R$ 4,7 bilhões) foram contratadas
com o uso de mitigadores, sendo R$ 4,4 bilhões com
seguro agrícola ou Proagro (Programa de Garantia da
Atividade Agropecuária) e R$ 375,3 milhões com
proteção de preço.
Para o ano safra corrente, o Banco do Brasil informou o destino
de R$ 42 bilhões para operações de crédito
rural, o que representa 20,7% a mais em comparação
à safra anterior. Desse total, R$ 10 bilhões
tem seguido para financiar a agricultura familiar e R$ 31,9
bilhões ao atendimento dos demais produtores, associações
e cooperativas. Na safra 2009/2010, ele havia aplicado R$
34,7 bilhões em operações de crédito
rural, volume 14,2% superior comparado à safra 2008/2009.
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