Na
verdade, a agricultura brasileira já vinha brindando
os bons resultados no campo. O ano de 2009 encerrou-se com
saldo positivo. A safra 2008/2009 foi a segunda maior do País,
com 134,99 milhões de t, atrás apenas do ciclo
2007/2008, com 144,01 milhões t. Segundo a entidade,
o resultado em 2010 deve-se às condições
climáticas vigentes até o início da segunda
quinzena de dezembro do ano passado. "A confirmação
desse volume dependerá do comportamento climático
durante as fases de desenvolvimento das culturas", afirmou
o relatório da Conab, divulgado no mesmo período.
O aumento também deveu-se a ajustes positivos nas estimativas
da produção de arroz, milho e trigo.
Já na estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE), a produção de grãos
na safra 2011 será de 145,8 milhões de t. O
resultado representa uma queda de 2,5% ante o ciclo de 2010,
de 149,5 milhões de toneladas, segundo o levantamento
divulgado também em janeiro. Este é o terceiro
prognóstico feito pelo órgão para a próxima
safra. O volume previsto para 2011 é um pouco maior
que as 145,1 milhões de t estimadas no segundo levantamento.
Nessa divulgação, o IBGE também revisou
para cima a estimativa para a safra do ano passado, que no
último levantamento havia ficado em 148,8 milhões
de t. A pesquisa foi realizada em dezembro nas Regiões
Sudeste, Sul e Centro-Oeste e nos Estados de Rondônia,
Maranhão, Piauí e Bahia. Segundo o IBGE, a queda
estimada de 2,5% se deve, principalmente, à menor previsão
de produção da Região Sul (-8,8%).
Por sua vez, a Confederação da Agricultura e
Pecuária do Brasil (CNA) anunciou que o Valor Bruto
da Produção (VBP) do setor agrícola em
2011, deve somar R$ 261 bilhões, crescimento de 3,65%
em relação ao resultado de 2010, quando o faturamento
bruto obtido com a venda de um grupo de produtos agrícolas
somou R$ 251 bilhões. O resultado foi divulgado, no
dia 16 de dezembro, pela presidente da CNA, a senadora Kátia
Abreu, que apresentou à imprensa o documento "Perspectivas
para 2011 e Balanço de 2010", durante uma entrevista
coletiva realizada na sede da entidade, em Brasília.
Ainda segundo a representante da CNA, o nível dos estoques
de grãos está baixo, mesmo assim a procura de
alimentos deverá continuar aquecida. "O consumo
deverá ficar estável. Não deverá
haver redução na renda", afirmou Abreu.
Durante o discurso, a senadora acenou que o agronegócio
brasileiro vai registrar expansão acima da média
em 2011. A estimativa é da CNA, que atribui aos altos
preços das commodities, à forte demanda interna
e externa e à redução dos custos de produção
a projeção de um avanço mais acelerado
no campo neste ano. Com isso, o faturamento dos 25 produtos
agropecuários vai crescer 3,65% e atingirá 261
bilhões de reais no período. Outro aspecto positivo
para o setor apontado pela entidade foi a queda dos custos
de produção ao longo de 2010. No período,
o gasto médio por hectare foi de R$ 936, em comparação
com os R$ 1.160, gastos em 2009.
Outro assunto durante o evento abordado foi o crescimento
da economia mundial. A China, lembrou a senadora, motor da
economia mundial, deve expandir entre 8% e 9,5%, segundo projeções
do Fundo Monetário Internacional (FMI). Ainda na avaliação
da CNA, se o crescimento da economia da China em 2011, for
inferior a 8%, o quadro será de preocupação,
já que um crescimento menor reduzirá a demanda
chinesa por alimentos, produtos que são importados,
principalmente, do Brasil.
De acordo com o presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB),
Cesário Ramalho da Silva, o setor termina o ano de
2010 muito bem. "Os preços recuperaram ao longo
do ano. Fatores como os problemas climáticos pelo mundo,
incluindo no Brasil, aliado aos problemas econômicos
de países europeus, fizeram com que os investidores
e operadoras de grandes tradings, de operação
do mercado financeiro, se voltassem ao mercado de commodities
agrícolas e com isso houve a recuperação.
Porém, a grande maioria do setor vai colher o fruto,
só neste ano", diz o presidente.
Na opinião da entidade, todas as commodities, tais
como o açúcar, café, laranja, soja, carne
bovina, estão se recuperando, gerando com isso uma
expectativa positiva para o ano de 2011, principalmente porque
os estoques internacionais estão baixos e é
bom frisar isso. "No primeiro semestre de 2010, todos
os produtos estiveram com preços baixos. O agronegócio
não teve grande resposta tanto é que o valor
bruto da produção caiu no ano. Não será
o caso, em 2011, há um sinal claro de crescimento dos
valores. Elevamos o número das exportações,
já no final do ano passado. Houve um superávit.
Porém, ao mesmo tempo, o produtor perdeu muito ao longo
do ano, ou seja, ele vendeu tudo com o preço lá
em baixo. O milho custava R$ 10 e hoje é comercializado
a R$ 12 e R$ 20, a soja subiu também e o boi que era
R$ 60 hoje paga-se R$ 90 a R$ 100 a arroba", lembra.
Ainda de acordo com Ramalho, mesmo diante destes resultados,
velhos problemas como infraestrutura e logística, extensão
rural, seguro e crédito rural e a questão ambiental
podem ainda aparecer neste ano.
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