El Nino, atrasarem o plantio, proliferar o fungo mais facilmente
e atrapalhar a pulverização.
Safra
2009/2010
O primeiro foco da doença na safra atual foi encontrado
em 21 de setembro, na região de Ponta Porã (MS),
o que significa dois meses de antecedência em comparação
à safra anterior. Quatro dias depois, o Consórcio
Antiferrugem (uma rede de combate à doença,
que tem o Ministério da Agricultura como coordenador,
e outros diversos segmentos da cadeia produtiva da soja) encontrou
outros oito focos em Formoso do Araguaia, em Lagoa da Confusão
(TO) e um foco no município de São Miguel do
Araguaia (GO), regiões de várzea onde é
permitido o cultivo de soja na entressafra para produção
de sementes, plantio de material genético ou para realização
de pesquisa científica.
Até o fechamento desta edição, foram
identificados 67 focos da doença no País, localizados
em oito Estados, sendo eles, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso,
Tocantins, Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás,
São Paulo e Minas Gerais. Estamos registrando
focos do fungo diariamente e as notícias é que
muitos produtores já aplicaram ou estão aplicando
fungicidas para controlar a lavoura, comenta Rafael
Soares, pesquisador da Embrapa Soja. O especialista sugere
que os sojicultores redobrem a atenção nesta
safra, em comparação a anterior, quando o primeiro
foco só foi encontrado em 18 de novembro, dois meses
mais tarde.
Segundo o pesquisador Maurício Meyer, também
da Embrapa Soja, faltou cuidado dos produtores com a soja
guaxa (variedade que germina a partir de grãos perdidos
na colheita passada, derrubados pelos caminhões na
beira da estrada), que deveriam ser retirados, para não
deixar hospedeiros para o fungo. De acordo com o pesquisador,
essas plantas infectadas com ferrugem representam uma fonte
importante de inóculo para disseminar a doença
na safra 2009/10.
Além deste ponto, Rafael Soares alerta para o fenômeno
El Nino, que está sendo o responsável
pelo alto número de chuvas nesses últimos meses
do ano, oferecendo condições favoráveis
para a proliferação do fungo nas lavouras brasileiras.
Além disso, as chuvas são responsáveis
pelo plantio tardio em diversas regiões e inviabiliza
a pulverização.
Descuido
e excesso de chuvas
Com os focos precoces e o alto nível pluviométrico
no final do ano, os sojicultores deverão encontrar
mais incidência de ferrugem do que nas safras anteriores,
mas isto não significa que o problema trará
prejuízos drásticos. Para Soares, o sojicultor
já tem experiência com o manejo da lavoura em
relação ao controle da doença, além
de contar com produtos eficientes e específicos para
o Brasil.
Na Fazenda Búfalo, em Nova Ubiratãn (MT), a
lavoura da soja foi plantada em 29 mil hectares (ha), dois
ha a mais que no ano passado, quando a lavoura teve prejuízo
na ordem de 1,5% decorrente da ação da ferrugem
asiática. Para esse ano, o gerente da fazenda, José
Roberto Richert Machry, esperava não ter nenhum prejuízo
com o fungo, mas está com problemas na aplicação
do fungicida. Ano passado tivemos uma pequena perda
e nesse ano faríamos a aplicação preventiva,
em torno dos 45 dias, e imaginávamos zerar o problema.
Mas estamos há dias sem conseguir pulverizar devido
às chuvas. Dos 29 mil ha, só pulverizamos cinco
mil, e estamos aguardando a trégua da chuva para podermos
levantar os aviões e terminar o serviço,
explica.
Para o gerente de projetos Kenji Utsumi, da DuPont
empresa que atua na área de pesquisa e desenvolvimento
de defensivos agrícolas a melhor maneira de
controlar o fungo é utilizando o fungicida assim que
aparece os primeiros botões florais, visando atingir
toda a planta. Se o produtor demorar mais um pouco para
fazer a aplicação, os botões começam
a sair e se tornam guarda-chuvas, impedindo que a parte de
baixo da planta receba o produto, e assim, deixando-a sem
proteção, explica. Após a primeira
aplicação, recomenda-se que seja realizada a
segunda entre 14 e 25 dias, dependendo da incidência
da doença.
Na última safra, o Estado do Paraná teve o maior
número de focos identificados pelos meios de controle,
como o Consórcio de Ferrugem, mas segundo o pesquisador
da Embrapa Soja, Rafael Soares, isso se deve ao maior números
de institutos de controle localizados no Estado em relação
aos demais. Na safra 2008/2009, foram identificados 2.884
focos em todo o Brasil, sendo 1.582 (54,5%) apenas no Paraná.
O segundo Estado em quantidade de focos registrados foi a
Bahia, com 277 (9,5%). Para se ter uma ideia da diferença
de disseminação do fungo nesta safra para a
última, até o dia 9/12/2008 tinha sido encontrado
apenas um foco da doença no Paraná, enquanto
nessa safra o dia 9/12/2009 acumulava 17 focos.
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