Apesar de sermos os maiores, a Ásia é o continente
que mais produz a leguminosa, com 45,7%, seguida das Américas
(36,7%), África (13,9%), Europa (3,4%) e Oceania (0,2%).
Cerca de 66% da produção mundial é oriunda
de apenas sete países: Brasil, Índia, China,
Myanmar, México, EUA e Uganda, respectivamente ao tamanho
de produção.
Entre 1984 e 2004, a área de plantio da cultura no
Brasil teve queda de 25%, já a produção
aumentou em 16%, graças ao incremento de 54% na produtividade
média. Mesmo assim, a produção não
é suficiente para atender ao mercado interno, devido
ao acréscimo de 31% da demanda interna nesse mesmo
período, causado, principalmente, pelo aumento da população.
Com o crescimento populacional a demanda aumentou, apesar
da queda do consumo per capita. Na década de 1970,
o brasileiro chegou a adquirir 18,5 kg por pessoa por ano,
já em 2007 esse número não superou os
15 kg por pessoa por ano. Mesmo com a queda no consumo per
capita, tivemos aumento do consumo geral, explicando a necessidade
brasileira em importar cerca de 100 mil toneladas de feijão
por ano.
Produção
nacional
A safra brasileira começou a ser colhida em novembro,
a primeira das três safras, e dura até o final
de outubro, no final da terceira. Durante o período,
a colheita migra entre as regiões produtoras, alterando
também o tipo de grão colhido.
A oferta de feijão ocorre na primeira safra principalmente
nas regiões Sul e Sudeste e na região de Irecê,
na Bahia, onde a colheita está concentrada nos meses
de dezembro a março. A colheita da segunda safra acontece
entre abril e julho e a da terceira safra, na qual predomina
o cultivo de feijão irrigado, está concentrada
nos Estados de Minas Gerais, São Paulo, Goiás,
Distrito Federal e oeste da Bahia, sendo ofertada entre julho
e outubro. Embora possa apresentar variações
de ano para ano, há colheita praticamente o ano todo,
e acaba existindo sobreposição de épocas
em algumas regiões.
Existem diversos fluxos de abastecimento, já que as
regiões produtoras variam durante o ano, tornando o
estado exportador em determinada época do ano e, em
outra época, importador dos demais.
O feijão preto é mais popular no Rio Grande
do Sul, Santa Catarina, sul e leste do Paraná, Rio
de Janeiro, sudeste de Minas Gerais e sul do Espírito
Santo. No restante do País este tipo de grão
não tem muita procura, consequentemente, tem baixo
valor comercial. Os feijões de grão tipo carioca
são aceitos em praticamente todo o Brasil, daí
que 53% da área cultivada é semeada com este
tipo grão. O feijão mulatinho é mais
aceito na Região Nordeste e os tipos roxo e rosinha
são mais populares nos Estados de Minas Gerais e Goiás.
A produção de feijão irrigado na época
da seca atinge a maior produção da leguminosa
no País, com 46%, sendo outros 15% no inverno e 40%
nas águas.
Mercado
livre
Uma das maiores dificuldades enfrentadas pelos produtores
é a alta variação de preço do
feijão. Segundo o pesquisador do Instituto de Economia
Agrícola (IEA), José Sidnei Gonçalves,
a falta de controle por parte do governo faz as safras diminuírem
ou aumentarem conforme o preço oferecido ao produtor,
gerando oscilações tanto na safra quanto no
preço. O final de 2007 foi um grande exemplo
de aumento dos preços devido à queda de produção.
Quando o preço do feijão está baixo,
o produtor diminui a área a ser plantada do grão
e troca por outra cultura. Na hora da colheita, tem pouca
oferta no mercado, subindo o preço, explica o
pesquisador. Em 2007, como citou Gonçalves, em determinadas
regiões do Brasil o preço subiu além
dos 70%, como foi o caso de Salvador (BA), onde foi registrado
aumento no acumulado dos últimos seis meses do ano
em 79,78%.
José Silva Matos, um pequeno produtor do município
de Itapeva (SP), tem 55 hectares (ha) disponíveis para
plantar no Sítio São José. Dependendo
do preço de mercado na hora do plantio, a produção
pode aumentar ou diminuir. Planto de acordo com a expectativa
de preço do mercado, mas parece que não está
muito bom para os próximos meses, então acabei
plantando apenas 10 ha nesta safra, comenta.
Já para grandes produtores, como Ricardo Ghirghi, proprietário
da Fazenda Água Clara, em Taquarivaí, também
no interior de São Paulo, o mais importante é
a busca pela produtividade, independentemente do preço.
Devido à rotação de culturas, tem
de buscar produção. Se produzir bem, mesmo com
preço baixo, não dá prejuízo.
Por isso, o importante é trabalhar em busca da produtividade.
Este ano, plantamos 200 hectares e esperamos ter uma boa produtividade
com a lavoura irrigada e a colheita mecanizada, afirma.
A opinião é compartilhada por Maurício
Fernandes Dias, da Fazenda Capituva, que planta cerca de 110
ha de feijão por ano. Localizado em Itaberá
(SP), o produtor acredita no trabalho profissional para afastar
o prejuízo. Os preços na agricultura não
devem balizar o plantio, pois mudam muito rapidamente. O plantio
deve ser técnico, isto é, seguir rotação
de cultura, fertilidade das terras, entre outros fatores.
Quem garante bons preços na hora da venda?, indaga
o produtor, que espera não ter prejuízos vendendo
com preços futuros. Já assistimos muitos
tombos de quem quer ganhar na loteria. As únicas ferramentas
para boas vendas são estar ligado em preços
futuros e procurar vendas que garantam margens positivas,
mesmos que estas não sejam muito grandes em alguns
momentos, conclui.
Atualmente, o valor da saca de 60 kg, em São Paulo,
está saindo por R$ 62,68, e para o pequeno produtor
de Itapeva, José Silva Matos, o custo dessa saca está
em torno de R$ 50,00. O valor atual é 8,06% maior que
o comercializado em outubro, quando era vendido a R$ 58,00.
Mas, em relação a novembro de 2008, teve queda
de 32,85%.
Na Fazenda Capituva, Maurício Dias atingiu a produtividade
de 48 sacas por ha, o que foi considerado pelo próprio
produtor como média. Este ano foi de retomada
do plantio de feijão na propriedade, já que
estava há cinco anos sem cultivar a leguminosa, não
tendo como comparar com a safra passada. O motivo de tanto
tempo sem plantação de feijão foi a dificuldade
de conseguir mão de obra adequada. É impossível
fazer a colheita do feijão manualmente com todos os
trabalhadores registrados. No caso de contratar uma empresa
para isso, geralmente elas não são regularizadas,
então de uma forma ou de outra acaba sendo um trabalho
irregular. Hoje, voltei a plantar porque trabalho com colheita
mecanizada, não dependendo de grande número
de trabalhadores, explica Dias.
Além
dos preços, as moscas na lavoura
Para Maurício Fernandes Dias e Ricardo Ghirghi o maior
problema enfrentado no feijoeiro é com as pragas. A
mosca-branca é o principal problema que temos na lavoura.
Como a mosca se desenvolve bem no calor e na umidade, além
da soja ser hospedeira, acabamos tendo grandes ataques da
mosca na lavoura, afirma Ghirghi. A mosca-branca, das
espécies Bemisia tabaci e B. argentifolii, tem como
hospedeiras 506 espécies em 74 famílias, incluindo
a soja. O inseto transmite o vírus do mosaico dourado
(BGMV), que manifesta-se por um amarelecimento intenso na
folha delimitado pela coloração verde das nervuras
dando um aspecto de mosaico. As vagens das plantas infectadas
podem apresentar-se deformadas e manchadas, e as sementes
quando formam-se são de tamanho, peso e qualidade reduzidas.
Devido a esse problema, na região de Itapeva só
é possível cultivar o feijão de primeira
safra, para colher antes que a soja comece a florescer e a
mosca-branca acabe se multiplicando. Como o inseto se multiplica
rapidamente ciclo de 20 dias, com o favorecimento da
umidade e do calor, o vírus pode causar prejuízos
de até 100% nos feijoeiros.
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