Quatro dias depois, o Consórcio Antiferrugem (uma rede
de combate à doença, que tem o Ministério
da Agricultura, como coordenador e, vários segmentos
da cadeia produtiva da soja) encontrou outros oito focos em
Formoso do Araguaia, em Lagoa da Confusão (TO) e um
foco no município de São Miguel do Araguaia
(GO), regiões de várzea onde é permitido
o cultivo de soja na entressafra para produção
de sementes, plantio de material genético ou para realização
de pesquisa científica.
Atualmente, já foram identificados 16 focos da doença
no País, localizados nos Estados de Mato Grosso do
Sul, Tocantins, Paraná e Goiás. Com isso, os
especialistas sugerem que sojicultores redobrem a atenção
nesta safra em comparação a anterior, quando
o primeiro foco só foi encontrado em 18 de novembro,
dois meses mais tarde.
Segundo o pesquisador Maurício Meyer, da Embrapa Soja,
faltou cuidado dos produtores com a soja guaxa (variedade
que germina a partir de grãos perdidos na colheita
e derrubados pelos caminhões na beira de estradas),
que deveriam ser retirados, para não deixar hospedeiros
para o fungo. De acordo com o pesquisador, essas plantas infectadas
com ferrugem representam uma fonte importante de inóculo
para disseminar a doença na safra 2009/10.
Além deste ponto, o pesquisador Rafael Soares, também
da Embrapa Soja, alerta para o fenômeno El Nino,
que será o responsável pelo alto número
de chuvas nos últimos meses do ano, oferecendo condições
favoráveis para a proliferação do fungo
nas lavouras brasileiras. Além de trazer boas condições,
as chuvas são responsáveis pelo plantio tardio
em diversas regiões.
Unindo
dois problemas
Com os focos precoces e o alto nível pluviométrico
no final do ano, os sojicultores deverão encontrar
mais incidência de ferrugem do que nas safras anteriores,
mas isto não significa que o problema trará
prejuízos drásticos. Para Soares, o sojicultor
já tem experiência com o manejo da lavoura em
relação ao controle da doença, além
de contar com produtos eficientes e específicos para
o Brasil. Mas não é porque o produtor
sabe que terá alguns focos que ele deve se desesperar
e começar a usar fungicida precocemente, ressalta
o pesquisador.
Na Fazenda Búfalo, em Nova Ubiratãn (MT), a
lavoura da soja está sendo plantada desde o dia 10
de outubro e só deve terminar em 25 de novembro. São
29 mil hectares (ha) de soja na safra atual, dois ha a mais
que no ano passado, quando a lavoura teve prejuízo
na ordem de 1,5% decorrente da ação da ferrugem
asiática. Para esse ano, o gerente da fazenda, José
Roberto Richert Machry, espera não ter nenhum prejuízo
com o fungo. Ano passado tivemos uma pequena perda,
mas nesse ano faremos aplicação preventiva de
fungicida em torno dos 45 dias, e imaginamos zerar o problema
nesta safra, explica.
Para o gerente de projetos Kenji Utsumi, da DuPont
empresa que atua na área de pesquisa e desenvolvimento
de defensivos agrícolas a melhor maneira de
controlar o fungo é utilizando o fungicida assim que
aparece os primeiros botões florais, visando atingir
toda a planta. Se o produtor demorar mais um pouco para
fazer a aplicação, os botões começam
a sair e se tornam guarda-chuvas, impedindo que a parte de
baixo da planta receba o produto, e assim, deixando-a sem
proteção, explica. Após a primeira
aplicação, recomenda-se que seja realizada a
segunda entre 14 e 25 dias, dependendo da incidência
da doença.
Na última safra, o Estado do Paraná teve o maior
número de focos identificados pelos meios de controle,
como o Consórcio de Ferrugem, mas segundo o pesquisador
da Embrapa Soja, Rafael Soares, isso se deve ao maior números
de institutos de controle localizados no Estado em relação
aos demais. Na safra 2008/2009, foram identificados 2.884
focos em todo o Brasil, sendo 1.582 (54,5%) apenas no Paraná.
O segundo Estado em quantidade de focos registrados foi a
Bahia, com 277 (9,5%).
Apesar da precoce identificação da ferrugem,
o mês em que os produtores são mais afetados
pelo problema é fevereiro, quando a planta já
está desenvolvida. Com o clima quente e úmido,
o fungo se prolifera, necessitando maior atenção
do produtor.
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