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BRASIL AGRÁRIO - O MAPA DA PRODUÇÃO NACIONAL
rev 141 - novembro 2009

Interferências humanas, novas cultivares e demais fatores fazem com que o mapa da agricultura mude conforme os anos se passam. Aqui está a situação atual brasileira sobre a produção das principais culturas no País. Dos mais de oito milhões de quilômetros quadrados do território brasileiro, 150 milhões de hectares (ha) são agricultáveis, o que representa 20% do total das áreas mundiais destinadas para este fim. E nessa imensidão, o clima e o solo variam muito, oferecendo diversas condições de lavoura ao agricultor. São cinco climas no País, como o equatorial úmido na região Amazônica, que tem chuvas ao longo do ano e temperaturas entre 25 e 28°C, passando por climas secos, como o semi-árido no Sertão nordestino, chegando ao Sub-Tropical Úmido, predominante na Região Sul, onde

o inverno é rigoroso e com chuvas bem distribuídas.Outro fator variável e fundamental para determinar a cultura é o solo. A terra roxa do centro do País (São Paulo, Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul) possui extrema fertilidade, enquanto existem solos mais arenosos, que não retêm a umidade com tanta facilidade e não possuem tantos organismos vivos. Mas além desses fatores que determinam o potencial produtivo de cada área, existem os que próprio homem intervém, como os novos cultivares. Desenvolvidos por empresas e órgãos, como a Embrapa e o Instituto Agronômico de Campinas (IAC), as cultivares possibilitam a ampliação da área de plantio e melhores resultados. Além disso, o homem pode influenciar com estufas, irrigação e novas estratégias que nascem a cada dia. Com isso, tempos em tempos as culturas migram e vão tomando espaços de outras culturas. Aqui vão os números e o mapeamento das principais culturas desenvolvidas no Brasil, segundo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica).

Soja, a maior do Brasil

A soja é um exemplo de como novas cultivares mudaram o mapa da produção. No início da década de 1990 não se plantava o grão na Região Norte, o que mudou na safra 1985/1986, com as primeiras lavouras em Rondônia (RO), somando 500 toneladas (t). Três anos depois – safra 1987/1988, Tocantins (TO) começou a plantar e somou 47 mil t do produto. Depois de mais seis anos, o Estado de Roraima (RR) também cultivou a soja com 16,8 mil t, logo na primeira safra, mas parou logo em seguida. Nos anos de 1997/1998, foi a vez do Pará (PA) entrar na cultura com 5,5 mil t. Já em 2001/2002 o Estado de Amazonas (AM) também começou a cultivar, mas parou depois de cinco safras. Os demais estados continuam produzindo, que somam 22 mil t em RR, 326 mil t em RO, 208 mil t no PA e 856 mil t no TO, ao todo, já são 1,4 milhão de t no Norte do Brasil, na safra 2008/2009. Apesar das alterações e da chegada da soja na região, essa produção representa hoje cerca de 2,5% do total produzido no Brasil (57 milhões de t).
O grão sempre foi muito forte na Região Sul e no Centro-Oeste do País, pois as áreas obtêm as melhores condições para o cultivo. Os números mudam ano a ano e o resultado da safra 2008/2009 mostra produção de 18,3 milhões de t no Sul, enquanto que no Centro-Oeste foram mais 29,1 milhões de t. Quatro milhões de t na Região Sudeste, abrangendo os Estados de São Paulo (SP) e Minas Gerais (MG). O terceiro em produção é a região Nordeste, com 4,2 milhões.

Milho, o grão de ouro

Sendo a segunda cultura em quantidade, com 50 milhões de toneladas no País, o milho é cultivado em 100% dos Estados. A maior produtividade é a da Região Sudeste, com média de 4,8 mil kg/ha, sendo Minas Gerais (MG) o estado com a melhor média, de 5,026 mil kg/ha, e o Rio de Janeiro (RJ), com a pior, 2,4 mil kg/ha. Apesar do Sudeste apresentar melhor média, é o Estado de Santa Catarina (SC) que apresenta a maior média por estados, com 5,029 mil kg/ha. Apesar disso, é o Paraná (PR) que apresenta a maior produção, com 11,1 milhões de t, seguido de Mato Grosso (MT) com 7,2 milhões de t e MG, com 6,4 milhões de t.
A divisão por regiões mostra que o Sul colheu 18,7 milhões de t na safra 2008/2009, enquanto o Centro-Oeste somou 14,7 milhões de t e o Sudeste 10,8 milhões de t. O Norte e Nordeste são os estados com menor produtividade, 2,4 mil kg/ha e 1,5 mil kg/ha, respectivamente, e apesar do Nordeste ter a pior produtividade, planta em maior área do que o Sudeste, com três milhões de ha contra 2,24 milhões de ha.

Cana: aguardente para comemorar

Entre as principais culturas do País, a cana-de-açúcar é a que mais cresceu desde a safra 2000/2001, com 120%. Naquela safra, foram colhidas 257 milhões de t, enquanto na 2008/2009 foram 568 milhões de t. O Estado de São Paulo (SP) é o maior produtor com mais de 50% da produção nacional, sendo 346,2 milhões de t - montante superior a safra nacional de 2000/2001. Depois de SP, vem PR e MG, com 44,8 milhões de t e 42,4 milhões, respectivamente. Na sequência vem Goiás (GO), 29,4 milhões de t, Alagoas (AL), com 27,3 milhões de t, Pernambuco (PE), com 18,9 milhões de t, Mato Grosso do Sul (MS), com 18 milhões de t e Mato Grosso (MT), com 15,2 milhões de t. A safra 2008/2009 ficou em 568,9 milhões de t, significando aumento de 14% em relação à safra anterior, de 495,7 milhões de t colhidas em todo território nacional.

Café, o pretinho básico do Brasil

O café é produzido basicamente na Região Sudeste, que é responsável por mais de 80% do total nacional. Somando os Estados de Minas Gerais (22,9 milhões de sacas), Espírito Santo (10,5 milhões de sacas), São Paulo (4,7 milhões de sacas) e Rio de Janeiro (0,2 milhões de sacas), chega-se a 38,5 milhões de sacas beneficiadas. Além desses Estados, Paraná (2,3 milhões de sacas), Bahia (2,2 milhões de sacas) e Rondônia (1,6 milhões de sacas), completam a produção nacional do fruto. O que chama a atenção é a volatilidade da produção, já que da última safra para a atual, o aumento foi de 35%, sendo que da safra 2006/2007 para 2007/2008 teve queda de 21%.

Feijão, o ferro brasileiro

Outra cultura produzida em todos os estados. O Paraná é o destaque, com 723,2 mil t produzidas na safra 2008/2009, sendo o Amapá com a menor quantidade, apenas 1,4 mil sacas. A região Sul é a maior produtora, com 1 milhão de sacas na última safra, seguida de perto pelo Nordeste (932 mil), Sudeste (926 mil) e Centro-Oeste, com 475 mil sacas. Por último está a Região Norte, com 141 mil sacas.

Arroz, o grão essencial

O grão mais consumido no planeta, o arroz é produzido em praticamente todos os estados brasileiros, resultando em 12,6 milhões de t na última safra. Número muito próximo ao que foi colhido na safra de 2007/2008, 12 milhões de t. O pico de produção do grão foi em 2004/2005, com 13,3 milhões de t, sendo que após a queda de produção em 2005/2006, para 11,7 milhões de t, o montante subiu ano a ano. O Nordeste é a região que destina o maior espaço para a cultura, com 1,2 milhão de hectares, contra 1,1 milhão da Região Sul. Mas a diferença de produtividade faz com que o Sul tenha praticamente nove vezes mais arroz que o Nordeste. No Sul, a produtividade é de sete kg/ha, enquanto no Nordeste é de 1,5 kg/ha, resultando em 9,1 milhões de t no Sul e 1,1 milhão de t no Nordeste. O Sudeste é a região com menor produção, com 214 mil t, enquanto o Centro-Oeste produz 1,2 milhão de t e o Norte com 943 mil t.

Trigo, domínio sulino

A cultura do trigo é produzida exclusivamente na Região Centro-Sul do Brasil, com grande ênfase especificamente no Sul, responsável por 92% da produção total de seis milhões de t. No Centro-Oeste são produzidas 167 mil t e no Sudeste outras 265 mil t, sendo o restante, 5,583 milhões para o Sul. Os estados do Paraná (PR) e Rio Grande do Sul são os maiores produtores com 3,2 milhões de t e 2 milhões de t de trigo, respectivamente, na safra 2008/2009.

Laranja, fonte de suco mundial

A produção nacional da fruta se mantém regular desde 2001, quando foram colhidas 416 milhões de caixas de 40 kg. Em 2008, o montante chegou a 411 milhões de caixas, mostrando a regularidade, já que no intervalo de 2001 até 2008 não se passou da casa das 400 milhões de caixas. Esta é mais uma cultura com destaque para a Região Sudeste, que concentra 376 milhões de caixas na região sobrando apenas 35 milhões para serem divididas entre as outras quatro. A Região Sul colheu 23 milhões, sobrando 3,4 milhões para o Centro-Oeste, 5,5 milhões para o Norte e 2,2 milhões para o Nordeste.

Algodão, fonte de tecido e óleo

A produção nacional de caroço mostra queda de 26% da safra 2007/2008 para 2008/2009. Apesar da disso, a região Norte teve incremento de 45%, passando de 3,7 mil toneladas para 5,4 mil. Já as demais regiões tiveram queda de até 40%, como é o caso do Sudeste. O Centro-Oeste é o maior produtor atingindo 1,1 milhão de t de caroço em 2008/2009, enquanto o Nordeste possui 620 mil t. Em números modestos, Sudeste produziu 50 mil t e o Sul oito mil. O Estado líder em produção é Mato Grosso, responsável por 936 mil t, aproximadamente, 50% da produção nacional. O mesmo fenômeno ocorre com a produção de pluma, que apresenta queda semelhante ao caroço, de 26%. E nas regiões, o aumento no Norte é pouco maior que o de caroço, com 47%, contra 40%. Já a queda nas demais regiões é praticamente a mesma, sendo mais acentuada no Sudeste, com queda de 38%. A safra total 2008/2009 foi de 1,1 milhão de t, contra 1,6 milhões na anterior.


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