Em termos gerais, o Brasil rural é constituído
por 5.204.130 estabelecimentos que ocupam uma área
total maior que 354,8 milhões de ha. As pastagens naturais
ou plantadas predominam nessa área somando mais de
172,3 milhões de ha. Matas e florestas estão
em segundo lugar com mais de 99,8 milhões de ha, e,
em terceiro, as lavouras brasileiras, registram a maior área
de todos os tempos, com mais de quase 76,7 milhões
de ha.
O País reúne um pouco mais de 16,4 milhões
de pessoas no campo. O efetivo do rebanho brasileiro é
majoritariamente bovino, com 169,9 milhões de cabeças
e o leite de vaca é a principal produção
animal, contabilizando mais de 21,4 bilhões de litros.
Este é o resumo do quadro desenhado pelo Censo Agropecuário
2006, elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), vinculado ao governo federal. A pesquisa foi feita
de abril a agosto de 2007, tendo por base o ano de 2006. De
acordo com o órgão, foram entrevistadas 5,2
milhões de pessoas trabalho que envolveu cerca
de 82 mil agentes censitários. Esse foi o primeiro
Censo Agropecuário a utilizar questionário eletrônico
desenvolvido em computador de mão, o Personal
Digital Assistant (PDA), substituindo o questionário
em papel. O estudo, da década de 1940 até a
de 1970 era decenal (realizado de 10 em 10 anos). De 1970
a 1985 foi feito de cinco em cinco anos. A pesquisa voltou
a ser decenal a partir do ano base de 1996. O próximo
Censo Agropecuário será o de 2016.
Agricultura
familiar
Por representar 83,9% dos estabelecimentos rurais no País,
a agricultura familiar recebeu um capítulo especial
nessa edição da pesquisa, revelando um pouco
mais de como é a vida do pequeno produtor rural brasileiro,
mesmo que de uma forma matemática e estatística.
Esse contingente de agricultores familiares do País
está compreendido numa área de 80,25 milhões
de ha, ou seja, 24,3% do total do território ocupado
pelas propriedades agropecuárias brasileiras. O resultado
apontou uma informação que não é
nenhuma novidade: a concentração de terras no
País. Os estabelecimentos caracterizados como não
familiares, apesar de representarem apenas 16,7% do
total, pelos dados de 2006, eles ocupam os 75,7% restantes
da área rural brasileira. A área média
dos estabelecimentos familiares era de 18,37 hectares, e a
dos não familiares, de 309,18 hectares.
Na porção de terra destacada pela agricultura
familiar, 45% eram destinadas a pastagens, ao passo que a
área caracterizada por matas, florestas ou sistemas
agroflorestais ocupou 28% das áreas, e por fim as lavouras
ficaram com os 22% restantes do território. Apesar
da área de lavoura ser bem menor que a de pastagens,
(17,7 e 36,4 milhões de ha, respectivamente) foram
esses mais de 17 ha os responsáveis por garantir boa
parte da segurança alimentar do País, como grande
fornecedor de alimentos ao mercado interno. A agricultura
familiar foi responsável por 87% da produção
nacional de mandioca, 70% da produção de feijão,
46% de milho, 38% de café, 34% de arroz e 21% do trigo.
A cultura com menor participação foi a da soja,
com 16%. Já em relação à pecuária,
os estabelecimentos familiares foram responsáveis por
58% de leite do País (vaca, 58%, e cabra, 67%), possuíam
59% do plantel de suínos, 50% do plantel de aves e
30% dos bovinos.
Financiamento
da produção
Setecentos e oitenta e um mil estabelecimentos familiares
optaram pela captação de recursos, sendo o custeio
o principal fim (405 mil das propriedades). Seguido da finalidade
de investimento, 344 mil unidades familiares também
buscaram crédito, outras 74 mil para a manutenção
do negócio, e, por fim, oito mil propriedades adquiriram
financiamento para fazer a comercialização dos
produtos. No entanto, a maioria dos agricultores familiares
em 2006 nem pensavam em se endividar. O censo registrou mais
de 3,5 milhões de estabelecimentos nessa classificação
que não obtiveram financiamento, especialmente porque
não precisaram ou por medo de contrair
dívidas.
Mão
de obra
Agricultura familiar é constituída por trabalhadores
com dez anos ou mais de direção da atividade
agrária, em 62% das propriedades. Outro dado relevante
da pesquisa, foi que pouco mais de 600 mil estabelecimentos
familiares (13,7%) eram dirigidos por mulheres, enquanto na
agricultura não familiar esta participação
não chegava a 7,0%.
Educação
Entre as 11 milhões de pessoas da agricultura familiar
e com laços de parentesco com o produtor, quase sete
milhões, ou seja, a maioria sabia ler e escrever (63,0%).
Mas por outro lado, existiam pouco mais de quatro milhões
de pessoas que declararam não saber ler e escrever,
principalmente de pessoas de 14 anos ou mais (3,6 milhões
de pessoas). Ainda relacionado com o grau de escolaridade
e qualificação da mão de obra, o número
de pessoas que declarou possuir qualificação
profissional ficou em apenas 170 mil pessoas na agricultura
familiar.
Receitas
e valor da produção
A agricultura familiar respondeu por um terço das receitas
dos estabelecimentos rurais brasileiros. Esta participação
menor nas receitas, em parte, é explicada porque só
três milhões (69%) dos produtores familiares
declararam ter obtido alguma receita no ano de 2006. Este
número de produtores tiveram uma receita média
de R$ 13,6 mil, especialmente com a venda de produtos vegetais
que representavam mais de 67,5% das receitas obtidas. A segunda
principal fonte de receita eram as vendas de animais e seus
produtos, que representam mais de 21,0% das receitas obtidas.
Quanto ao valor da produção, e não somente
as receitas de vendas, foram contados em 3,9 milhões
o número de estabelecimentos familiares que declarou
algum valor de produção. A agricultura familiar
foi responsável por 38% do valor total da produção
das propriedades rurais do País. A exemplo das receitas,
a produção vegetal foi a principal produção
(72% do valor da produção), especialmente com
as lavouras temporárias (42%) e permanentes (19%).
Em segundo lugar no valor da produção, o destaque
ficou com a atividade animal (25%), especialmente com animais
de grande porte (14%). O valor médio da produção
anual da agricultura familiar foi de R$ 13,99 mil, tendo a
criação de aves o menor valor médio (R$
1,56 mil), e a floricultura o maior valor médio (R$
17,56 mil).
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