A técnica de tratamento de sementes é um tanto
simples. Basta misturar, na dose adequada, uma porção
de sementes de qualidade com a calda composta de fungicidas
e, mais atualmente, inseticidas e micronutrientes, para a
melhor proteção da lavoura de soja. Esse procedimento
garante melhor estabelecimento da população
de plantas em função do controle de patógenos,
em especial, os fungos, que são os grandes vilões
da cultura, devido à permanência deles no solo
como na própria semente. Sem o devido cuidado com elas
antes do plantio, a produção se torna limitada.
O volume de semente tratada com fungicidas, que no Brasil,
na safra de 1991/1992, não atingia 5% da área
semeada, passou para
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93%,
desde a safra de 2001/2002, afirma o pesquisador e especialista
em patologia de sementes da Embrapa Soja (Londrina/PR), Ademir
Assis Henning. O tratamento de semente foi oficialmente
recomendado em 1981 no País, para a maioria dos estados
produtores. Em 1983, a técnica foi estendida para os
estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, abrangendo
aí, todas as regiões brasileiras. Na safra 2004/2005,
estima-se que a técnica foi usada em cerca de 95% da
área de soja plantada no País, declara.
A importância da técnica ganhava mais força
pelo simples fato de que realmente funcionava e, acima de
tudo, era barata se comparada aos demais tratos com a cultura.
Segundo o pesquisador, no final das contas, o investimento
no tratamento de sementes fica menos de 0,5% do custo de instalação
de uma lavoura.
Controle
Duas categorias de fungicidas são a base da fórmula
da calda de proteção para a semente: de contato
e sistêmicos. Os de contato atuam contra os fungos de
solo e os sistêmicos contra os que estiverem presentes
na própria semente.
Entre os principais fungos transmitidos pela semente de soja
estão o Cercospora kikuchii, o Cercospora sojina, o
Fusarium semitectum, os do gênero Phomopsis spp. e o
Colletotrichum truncatum. O melhor controle dos quatro primeiros
se dá com fungicidas à base do grupo químico
classificado como benzimidazóis. De acordo com os estudos
da Embrapa Soja, dentre os produtos avaliados e indicados
para o tratamento de sementes, o carbendazin, tiofanato metílico
e thiabendazole são os mais eficientes no controle
do Phomopsis spp.
Os fungicidas de contato, tradicionalmente conhecidos (captan,
thiram e tolylfluanid), que têm bom desempenho no campo
quanto à emergência, não controlam, totalmente,
o Phomopsis spp. e o Fusarium semitectum nas sementes que
apresentam índices elevados desses patógenos
(maior que 40%). É importante que os fungicidas
estejam em contato direto com a semente, e que a calda esteja
na dosagem adequada, pois, se for muita, pode danificar a
semente, e o contrário, pode ser insuficiente para
uma proteção homogênea dos grãos,
alerta Henning.
Além da proteção contra os fungos a técnica
também se mostrou eficiente no controle de insetos,
além de servir para adição de micronutrientes,
como o cobalto e molibdênio, para eficiência na
germinação. O inoculante, que tem a função
de garantir maior fixação de nitrogênio
na planta, é aplicado por último.
As
opções do produtor
Métodos manuais, o uso de máquinas portáteis
(de menor capacidade), equipamentos maiores e até mesmo
a aquisição da semente já tratada são
as opções que o sojicultor dispõe atualmente.
A avaliação, sobre qual é a melhor opção,
dependerá da necessidade do produtor. Há dois
métodos que podem ser utilizados: o primeiro, a partir
de um tambor giratório ou com o uso de uma betoneira
(manual); o segundo, a partir de uma máquina de tratamento
de sementes.
O tratamento, via tambor (de eixo excêntrico, conforme
a figura) ou betoneira, poderá ser efetuado tanto com
compostos secos (fungicidas e micronutrientes em pó)
ou úmidos (fungicidas e micronutrientes líquidos,
ou a combinação de uma formulação
líquida com outra formulação pó,
porém aplicados de forma sequencial).
No caso do tratamento de via seca, a Embrapa Soja recomenda
adicionar 300 mililitros (ml) de água por 50 quilos
(kg) de semente e dar algumas voltas no tambor ou na betoneira
para umedecer uniformemente as sementes. Após isso,
primeiro são aplicados os fungicidas, isoladamente,
e, em seguida, os micronutrientes, nas dosagens recomendadas.
Novamente o equipamento é rotacionado até que
haja perfeita distribuição dos produtos nas
sementes.
No caso do tratamento de via líquida, em primeiro lugar,
o produtor deve tomar o cuidado em utilizar produtos que contenham
pouco líquido, ou seja, com no máximo 300 ml
de solução por 50 kg de sementes, pois o excesso
de líquido pode causar danos às sementes, prejudicando
a germinação. Caso esse volume de líquido
seja inferior a 300 ml de calda por 50 kg de semente, deve-se
acrescentar água para completar o volume.
Assim, o produtor deve usar os micronutrientes e os fungicidas,
separadamente, em formulações que permitam rigoroso
controle do volume final a ser adicionado às sementes.
Máquinas
de tratar sementes
A utilização de máquinas garante mais
vantagens sobre o processo feito manualmente, no entanto,
se tornaria um custo muito alto para o pequeno produtor. Nesse
caso, unidos por cooperativas, os sojicultores poderiam adquirir
o equipamento para beneficiar as sementes. Dentre as vantagens,
o pesquisador Henning destaca: (a) o menor risco de intoxicação
do operador, em função dos fungicidas serem
líquidos; (b) a melhor cobertura e aderência
de fungicidas, micronutrientes e inoculantes às sementes;
(c) o bom rendimento, que fica em torno de 60 a 70 sacos por
hora; (d) a maior facilidade operacional, pois a máquina
pode ser levada ao campo. O importante é que
o produtor deve tomar cuidado ao adquirir os fungicidas e
os micronutrientes, optando por formulações
líquidas ou pó que possibilitem que o volume
final da mistura (fungicidas mais micronutrientes) não
ultrapasse a 300 ml de calda por 50 kg de semente, alerta.
Direto
na caixa semeadora
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