Sul (RS), cidade que tem aproxidamente dois mil vez que a
cultura de milho-pipoca fará parte da renda familiar.
A gente planta na esperança de fazer uma boa
produção e alcançar preços melhores
no final da safra, diz.
Ao contrário dele, o Sr. Ivaldo Masiero já trabalha
há 15 anos com a cultura, no município de Lagoa
Vermelha, 320 quilômetros da capital Porto Alegre (RS).
No ano passado, o produtor chegou a colher 65 sacas/ha, mas
teve época em que a produção atingiu
100 sacas/ha. No primeiro ano de cultivo, cheguei a
produzir 108 sacas. Mas, nos últimos tempos estamos
na dependência do clima. Já aconteceu de nós
não produzirmos nada, em virtude da seca, lembra.
Agora, espero para esta safra umas 70 sacas, garante
Masiero.
Hoje, a cultura do milho-pipoca que em alguns municípios
da região nordeste, já foi nesta safra semeada
é a que mais rende e mais dá subsídio,
além de constituir um mercado seguro e com preço,
principalmente no Sul do País. É isto
que faz toda a diferença na hora de produzir,
diz Sr. Jeacomini.
Para garantir a primeira safra, no mês passado, o produtor
de Almirante Tamandaré do Sul contou com a ajuda de
alguns produtores vizinhos para arar o solo e preparar para
a semeadura. Como somos pequenos produtores, não
temos condições de adquirir todo o maquinário,
com isto compartilharmos, fazemos uma empreitada terceirizada,
brinca.
O sistema de parceira, entre os pequenos produtores, também
funciona entre a Associação Riograndense de
Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão
Rural de Passo Fundo RS (Emater/RS) e a empresa
Yoki Alimentos, com sede em Paranavaí (PR) e filial
em Nova Prata (RS). Nesta união, todos saem ganhando.
Mais do que garantir mercado para os pequenos e médios,
a parceria oferece oportunidade de atualização
de informações e oferece ao produtor, boa tecnologia
para o cultivo desta especiaria. Eles também recebem
assistência técnica, desde o plantio até
a colheita e à comercialização dos seus
produtos. Eles aprenderam a serem profissionais na hora de
vender a safra, planejando a sua entrada no mercado,
diz o engenheiro da Emater/RS, Claudio Dóro.
É mais uma parceria que permite prestar assistência
técnica e extensão rural às famílias
rurais junto com a ajuda de uma indústria, que por
outro lado necessita contar com maior produção
e boa qualidade do produto. Nesta contribuição,
a empresa fornece as sementes e a garantia de compra antecipada
do milho. De acordo com o engenheiro da Emater/RS, há
150 produtores neste sistema, com aproximadamente 2.200 hectares,
que são assistidos pela parceria, em mais 30 municípios.
A maioria deles situa-se em Nova Prata (o maior pólo
produtor de milho-pipoca do País). Com esta proposta
de trabalho, estamos com parceira com outras empresas das
regiões, informa Dóro. Hoje, este
sistema de integração deu tão certo que
existe uma fila de produtores querendo produzir mais, com
novas tecnologias que chegam no campo, como utilização
da irrigação com pivô e o plantio e colheita
mecanizada.
No Sul, é comum encontrar regiões que existe
uma tradição muito forte na cultura de milho-pipoca,
introduzida graças à chegada dos imigrantes
italianos no começo do século. Com o clima favorável,
ótimas condições geográficas e
uma produção de boa qualidade, o milho-pipoca
trouxe para a região há nove anos, a empresa
Yoki Alimentos e, consequentemente, um desenvolvimento para
toda a região.
Mercado
Atrativo
Os bons preços alcançados pelo grão têm
sido um atrativo para os produtores. Segundo o índice
CEPEA/Esalq/BM&F, o preço da saca de 60 quilos
de milho comum no atacado está cotada a R$ 19,29, enquanto
a saca do milho pipoca vale cerca de R$ 51,00, o preço
mínimo. Porém, para chegar à produção
de uma saca de milho-pipoca são praticamente três
sacos de milho convencional, conta o técnico
agrícola do escritório da Emater de Almirante
Tamandaré do Sul, Larri Lui. Porém, com
alta tecnologia em média colhemos entre 2.400 até
4.000 mil quilos. A meta é chegar a seis mil. Mesmo
diante das mudanças climáticas, mesmo em épocas
de estiagem, a planta se destaca das demais devido ao baixo
índice de água que necessita, 30% menos do que
o milho. Em algumas regiões, os agricultores atingiram
uma boa média, por hectares, e mesmo assim na ultima
safra, no ano passado, a pipoca não registrou prejuízo,
explica o técnico.
No entanto, adverte o Lui, apesar de ser uma das fontes rentáveis,
o produtor necessita visualizar mercado certo para a venda.
O bom preço alcançado pelo milho-pipoca
pode fazer dele uma produção boa para ganhar
dinheiro, mas não é fácil e pode ser
uma verdadeira armadilha porque o mercado é complexo
que o do milho comum. O milho-pipoca é uma produção
que necessita ter um escoamento, senão o produtor ficará
no prejuízo, avisa.
Produção
certa
Nesse tempo, graças ao lançamento de variedades
de milho-pipoca desenvolvidas pelo Instituto Agronômico
de Campinas (IAC), o País começou a diminuir
a dependência de sementes importadas. O produtor tem
a disposição no mercado os híbridos:
IAC 112 e o IAC 125. Hoje, as sementes do IAC 112 são
as mais procuradas por serem mais produtivas, mas infelizmente
não conseguimos atender esta demanda, diz o pesquisador
do Instituto, Eduardo Sawazaki. Já o IAC 125,
tem menos produtividade e menos procura por sofrer mais com
problemas de doenças, porém, garante melhor
qualidade dos grãos.
Já a Embrapa possui a BRS Ângela, variedade lançada
em 2000 e que apresenta alta produtividade de grãos,
estabilidade de produção e bom índice
de capacidade de expansão, que mede a maciez da pipoca.
O responsável pelo desenvolvimento da única
cultivar de pipoca da Embrapa foi o também melhorista
Cleso Pacheco. O Brasil ainda está um pouco atrasado
nesta questão de melhoramento do milho-pipoca,
diz o pesquisador. Hoje, a grande maioria do plantio
é feito com sementes de híbridos, importados
de alta capacidade de expansão, para garantir os grãos
uniformes e que a pipoca estoure por igual, diferente do milho
convencional. A produção nacional fica em torno
de 75 mil toneladas e consome, dependendo da época,
algo em torno de 100 mil toneladas. Muitas vezes, a demanda
interna é insuficiente, obrigando o País a importar
pipoca da Argentina, diz Pacheco.
O
Consumo restrito
Se só em festas juninas o Brasil aumenta o consumo
de pipoca, mas as empresas estão empenhadas em melhorar
e aumentar este consumo. Além do programa específico
da indústria do milho, estão sendo desenvolvidas
no Brasil ações de organismos como a
extensão rural. Ao longo das décadas, o grão
seja o milho-pipoca ou o milho convencional perderam o espaço
na mesa do brasileiro. A Empresa de Assistência Técnica
e Extensão Rural do Rio Grande do Sul (Emater/RS),
em suas ações procuram estimular o emprego do
milho na alimentação humana.
Nos últimos anos, o hábito do brasileiro mudou
e houve um crescimento no consumo de pipocas nos cinemas,
que chegou ao Brasil incentivado, principalmente, pela rede
cinema, como o Cinemark. Além do consumo tradicional
da pipoca e a agregação do produto feito para
microondas. Porém, a Associação Brasileira
das Indústrias de Milho (Abimilho) desenvolveu há
quatro anos uma campanha para estimular o consumo humano do
cereal, seja ele como farinha, amido, óleo, canjica
e em muitas outras formas. Não tem uma campanha
especifica para aumentar, por exemplo, o consumo da pipoca.
Trabalhamos para integrar o milho em novas receitas e no desenvolvimento
de novos produtos, diz o presidente da Abimilho, Nelson
Kowalski.
Hoje, o foco é valorizar mais o cereal, consumido pelos
povos americanos há milhares de anos. Segundo o presidente,
o consumo brasileiro é muito baixo, giro em torno de
17 quilos/habitantes/ano. No México, são 77
quilos/habitantes/ano. A grande parte do milho brasileiro
é destinado para o segmento de alimentação
animal. Para a entidade, o incentivo ao consumo humano do
milho é uma das mais eficientes iniciativas para corrigir
o problema da desnutrição, que acomete grande
parcela da população brasileira. O milho é
um cereal de elevado valor energético justamente
a principal deficiência nutricional da população
brasileira de baixa renda.
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