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EXIGÊNCIAS HÍDRICAS DA SOJA - NECESSÁRIA ÁGUA!
rev 139 - setembro 2009

Manejo de solo é essencial para conservar a umidade, já que o produtor brasileiro anda sofrendo cada vez mais com as secas. As sementes precoces, as preferidas dos produtores, podem ser as grandes vilãs devido a exigência de água em um pequeno período. Entre todos os cuidados que o sojicultor tem com a lavoura, a falta de água está entre os principais, mas é o único humanamente incontrolável, já que praticamente não existem lavouras de soja com sistema de irrigação, devido ao alto custo de implantação e manutenção. Com isso, o agricultor fica vulnerável e passa a procurar medidas para atenuar o problema.
E é possível diminuir os impactos da falta de chuva na lavoura. Basicamente o sojicultor deve prestar atenção em duas técnicas.

Primeiro deve buscar sempre melhorar o solo, e, em conjunto, escolher o tipo de cultivar e o momento de semeá-la. O problema da seca na lavoura pode trazer perdas imensas, como as da safra 2004/2005, quando cerca de 75% da plantação simplesmente não se desenvolveu devido à falta de água. Com isto, apenas 680 quilos (kg) por hectares (ha) foram colhidos, contra 2.700 kg/ha, na safra 2002/2003. A cultura da soja é uma das que mais sofrem com as secas, já que cerca de 90% do seu peso é constituído pela água.

O problema

A planta necessita de 500 a 700 milímetros (mm) de água durante todo o ciclo (exceções podem exigir apenas 450 mm e outras 800 mm), o que resulta em 2 litros de água para cada grama de soja. No momento da formação das folhas, quando a planta mais consome, caso o ambiente esteja seco, ela ainda sobrevive e pode esperar por chuva mais para frente. Mas caso falte água na época do enchimento das vagens, a perda pode ser de 80 a 100%. Nesta fase, a planta necessita entre 7 e 8 milímetros de água por dia. A melhor forma da chuva ajudar ao produtor é ser bem distribuída durante todo o período.
Estudos mostram que nos últimos sete anos, o Brasil teve cinco secas, o que destruiu grande parte das plantações de soja. “As secas estão cada vez mais frequentes e o clima parece que fica mais instável a cada ano”, comenta o pesquisador em ecofisiologia, da Embrapa Soja (PR), José Renato Bouças Farias.
Em busca de amenizar as perdas, o produtor tem algumas saídas. A única solução absoluta seria realmente implantar a irrigação, mas como não é viável economicamente, vamos as soluções que visam diminuir os impactos. Segundo o pesquisador, o primeiro ponto a se considerar é o tratamento do solo. Para evitar erosão, desgaste, escorrimento, há a necessidade de se trabalhar o solo. Com melhor estruturação, pode-se aumentar os microporos – buracos milimétricos na terra, o suficiente para armazenar ar e água, que são fundamentais para reter umidade por mais tempo. Informações sobre o manejo adequado do solo para garantir boa estruturação são encontradas na matéria sobre solo nesta mesma edição. Há regiões onde os problemas são agravados pela qualidade do solo, como em Mato Grosso, onde é mais arenoso e sofre de maior erosão, tornando mais difícil reter a umidade.
Além de tratar corretamente o solo, para que ele consiga segurar ao máximo a umidade, outros fatores também são muito importantes, como a escolha da cultivar e a época de plantio. Apesar da preferência dos produtores pelas cultivares de ciclo curto, já que acarretam em menos custos com herbicidas, os pesquisadores indicam as de período longo, porque as precoces têm as épocas de desenvolvimento muito específicas. Caso falte chuva em um pequeno espaço de tempo, o produtor pode perder toda a lavoura. No caso de cultivares mais prolongados, pode faltar água em um período maior, mesmo assim a planta consegue se recuperar.
Outra opção é o sojicultor separar a lavoura por blocos e cultivar cada área em uma época, diminuindo os prejuízos. “Escalonando a área, o produtor consegue diminuir o risco de perder a lavoura inteira devido à ausência de chuvas em um pequeno período”, explica Farias.

O outro lado da história

Caso São Pedro resolva mandar chuva a mais e, principalmente, próximo à época da colheita, isto pode acarretar problema para a soja. Caso aconteça e a umidade da planta fique acima dos 13%, a vagem germina e acaba atrapalhando a colheita. Além disso, seria fundamental realizar a secagem do grão para comercializá-lo, o que aumenta os custos de produção. Em caso de extrema umidade, a soja pode mofar dentro da própria vagem na lavoura e acabar apodrecendo.
Outro problema seria a chuva vir logo após a aplicação de produtos químicos e assim, acabar “lavando” a planta antes do produto penetrar na mesma. Bom para o percevejo, que não sentiria os efeitos do produto.
E ainda, o excesso de chuva no início da semeadura, afeta a atividade microbiana no solo, responsável pela maior parte do nitrogênio, que a soja precisa para se desenvolver.


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