Primeiro deve buscar sempre melhorar o solo, e, em conjunto,
escolher o tipo de cultivar e o momento de semeá-la.
O problema da seca na lavoura pode trazer perdas imensas,
como as da safra 2004/2005, quando cerca de 75% da plantação
simplesmente não se desenvolveu devido à falta
de água. Com isto, apenas 680 quilos (kg) por hectares
(ha) foram colhidos, contra 2.700 kg/ha, na safra 2002/2003.
A cultura da soja é uma das que mais sofrem com as
secas, já que cerca de 90% do seu peso é constituído
pela água.
O
problema
A planta necessita de 500 a 700 milímetros (mm) de
água durante todo o ciclo (exceções podem
exigir apenas 450 mm e outras 800 mm), o que resulta em 2
litros de água para cada grama de soja. No momento
da formação das folhas, quando a planta mais
consome, caso o ambiente esteja seco, ela ainda sobrevive
e pode esperar por chuva mais para frente. Mas caso falte
água na época do enchimento das vagens, a perda
pode ser de 80 a 100%. Nesta fase, a planta necessita entre
7 e 8 milímetros de água por dia. A melhor forma
da chuva ajudar ao produtor é ser bem distribuída
durante todo o período.
Estudos mostram que nos últimos sete anos, o Brasil
teve cinco secas, o que destruiu grande parte das plantações
de soja. As secas estão cada vez mais frequentes
e o clima parece que fica mais instável a cada ano,
comenta o pesquisador em ecofisiologia, da Embrapa Soja (PR),
José Renato Bouças Farias.
Em busca de amenizar as perdas, o produtor tem algumas saídas.
A única solução absoluta seria realmente
implantar a irrigação, mas como não é
viável economicamente, vamos as soluções
que visam diminuir os impactos. Segundo o pesquisador, o primeiro
ponto a se considerar é o tratamento do solo. Para
evitar erosão, desgaste, escorrimento, há a
necessidade de se trabalhar o solo. Com melhor estruturação,
pode-se aumentar os microporos buracos milimétricos
na terra, o suficiente para armazenar ar e água, que
são fundamentais para reter umidade por mais tempo.
Informações sobre o manejo adequado do solo
para garantir boa estruturação são encontradas
na matéria sobre solo nesta mesma edição.
Há regiões onde os problemas são agravados
pela qualidade do solo, como em Mato Grosso, onde é
mais arenoso e sofre de maior erosão, tornando mais
difícil reter a umidade.
Além de tratar corretamente o solo, para que ele consiga
segurar ao máximo a umidade, outros fatores também
são muito importantes, como a escolha da cultivar e
a época de plantio. Apesar da preferência dos
produtores pelas cultivares de ciclo curto, já que
acarretam em menos custos com herbicidas, os pesquisadores
indicam as de período longo, porque as precoces têm
as épocas de desenvolvimento muito específicas.
Caso falte chuva em um pequeno espaço de tempo, o produtor
pode perder toda a lavoura. No caso de cultivares mais prolongados,
pode faltar água em um período maior, mesmo
assim a planta consegue se recuperar.
Outra opção é o sojicultor separar a
lavoura por blocos e cultivar cada área em uma época,
diminuindo os prejuízos. Escalonando a área,
o produtor consegue diminuir o risco de perder a lavoura inteira
devido à ausência de chuvas em um pequeno período,
explica Farias.
O
outro lado da história
Caso São Pedro resolva mandar chuva a mais e, principalmente,
próximo à época da colheita, isto pode
acarretar problema para a soja. Caso aconteça e a umidade
da planta fique acima dos 13%, a vagem germina e acaba atrapalhando
a colheita. Além disso, seria fundamental realizar
a secagem do grão para comercializá-lo, o que
aumenta os custos de produção. Em caso de extrema
umidade, a soja pode mofar dentro da própria vagem
na lavoura e acabar apodrecendo.
Outro problema seria a chuva vir logo após a aplicação
de produtos químicos e assim, acabar lavando
a planta antes do produto penetrar na mesma. Bom para o percevejo,
que não sentiria os efeitos do produto.
E ainda, o excesso de chuva no início da semeadura,
afeta a atividade microbiana no solo, responsável pela
maior parte do nitrogênio, que a soja precisa para se
desenvolver.
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