As
plantas daninhas, mais comuns em semeadura direta, são
as de reprodução vegetativa e as que possuem
sementes pequenas, como o capim-amargoso (Digitaria insularis),
o capim-oferecido (Pennisetum setosum), o maria-mole (Senecio
brasiliensis) e a buva (Conyza bonariensis). Sendo este último
um dos maiores problemas na cultura da soja atualmente. Por
ser pequena, a semente é facilmente carregada pelo
vento.
Uma forma de prevenir a entrada é pela: (a) aquisição
de sementes de boa qualidade; (b) limpeza rigorosa das máquinas
e implementos; (c) controle do desenvolvimento das invasoras,
impedindo a produção de sementes ou a estrutura
de reprodução nas margens de cerca, estradas,
canais de irrigação; (d) utilização
de um método de controle químico, com herbicidas;
e, finalmente, (e) rotação de culturas, para
diversificar o ambiente.
Mas, uma vez que o problema está na propriedade, o
sojicultor pode conviver com ele de forma que não cause
grandes prejuízos à lavoura. Mas não
é de se desesperar ao ver algumas mudas no meio da
lavoura, já que a erradicação é
inviável em grandes plantações, principalmente
pelo fato das sementes serem dormentes, ou seja, que podem
ficar longos períodos sem brotar.
Com o sistema de plantio direto ocupando mais de 80% da área
plantada no Brasil, atualmente, algumas mudanças no
manejo das daninhas foram necessárias, como a retirada
do mercado dos herbicidas pré-plantio-incorporado (PPI),
técnica que teria de ser usada mexendo no solo.
Segundo Gazziero, o trabalho para conter as daninhas deve
ser realizado, basicamente, com controle químico, por
meio de herbicidas e com a cobertura do solo durante a entressafra
da soja. As duas ações conjuntas proporcionam
sucesso, já que a cobertura do solo garante a qualidade
do terreno e, principalmente, não permite que a planta
daninha se desenvolva.
A cobertura do solo pode ser realizada com a plantação
de diversas culturas. O produtor deve levar em conta o clima
da região e implantar uma cultura mais apropriada.
Mas de modo geral, essa cultura a ser escolhida deve apresentar
rápido crescimento inicial, possuir grande volume de
massa verde, ter boa quantidade de palha e efeito alelopáticos,
ou seja, que efetivamente impeçam o desenvolvimento
das plantas daninhas. Em regiões de inverno mais rigoroso
e com razoável quantidade de chuvas, algumas das culturas
apropriadas são aveia-preta, centeio, azevém,
nabo-forrageiro, aveia-branca, tremoço, trigo. Já
em invernos mais amenos e com pouca chuva, pode-se cultivar
milheto, sorgo-forrageiro e milho.
Cultivando essas lavouras na entressafra e utilizando herbicidas,
o problema está resolvido. Outro fator importante é
retirar todas as plantas daninhas da lavoura antes da semeadura,
porque os herbicidas pós-emergentes não atuam
contra as plantas já desenvolvidas. Pode-se fazer o
controle mecânico, que, apesar da mão-de-obra,
apresenta os melhores resultados.
Buva
Atualmente um problema enfrentado por grande parte dos sojicultores
da região sul do Brasil é a buva, que possui
duas espécies: a Conyza bonarienses e a Conyza canadensis.
Por possuírem sementes pequenas, acabaram se alastrando
facilmente com o vento, na entressafra da soja. Além
disso, está se tornando resistente ao glifosato, de
princípio ativo glicina. Com isso, produtores estão
perdendo boa parte da plantação. O correto
é o agricultor erradicar a buva antes da plantação
da soja. Caso contrário, a perda vai de 10 a 40% da
produção, afirma Gazziero. Além
disso, resulta em aumento da umidade dos grãos colhidos
e do porcentual de impurezas, reduzindo o valor da mercadoria.
Para os pesquisadores, a melhor forma de controlar a buva
é realizar todos os procedimentos contra qualquer daninha,
tais como: rotação de cultura, uso de produto
químico, diminuição do pousio, plantação
de cultura com alto grau de palha e que possa cobrir o solo
suficientemente para evitar o desenvolvimento da planta.
Vale lembrar que cada propriedade tem sua peculiaridade, mas
de maneira geral, pode-se considerar que a solução
é um conjunto de ações. Um dos problemas
encontrados pelos pesquisadores é a confusão
que sojicultores fazem ao creditar o mau controle como resistência.
Muitos produtores acabam aplicando erroneamente o produto,
não segue uma série de procedimentos, mas creditam
a resistência à infestação das
plantas daninhas, comenta Gazziero.
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