Barros estima que existam em torno de 45 a 50 mil cabeças no País. De acordo com ele, essa falta de representatividade da raça no País está relacionada a uma disputa política e de poder econômico na década de 1930 – a qual o zebu ganhara.
A região Centro-Oeste e os estados do Paraná e São Paulo destacam-se na criação da raça. Por ser a primeira raça taurina a se adaptar ao Brasil, o Caracu tornou-se alvo de um programa de melhoramento genético, através de uma parceria da ABCCaracu com a Embrapa Gado de Corte (Campo Grande/MS) e o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar). O objetivo do programa é identificar e promover a reprodução diferenciada de indivíduos superiores para habilidade materna, precocidade sexual, facilidade de parto, conformação frigorífica e mérito de carcaça.
Hoje, o rebanho Cacaru, em regime exclusivo de pasto, segundo dados da associação, registra um peso médio nas vacas em torno de 550 a 650 quilos (kg). Os Touros chegam em média a 1.000 kg. Aos dois anos, as novilhas atingem cerca de 400 kg. Os bezerros de um ano atingem uma média de 300 kg. Em termos de fertilidade, de 14 a 15 meses de idade, as fêmeas já estão dispostas à reprodução. Um touro Caracu em uma estação de monta normal serve cerca de 50 fêmeas.
Nelore (1868)
O Ongole ou Nelore, como é conhecida no Brasil, é uma raça zebuína de origem indiana. Aqui, o primeiro registro da entrada da raça é datado em 1868, em Salvador (BA), com a venda de um casal de animais que estavam num navio, que se destinava à Inglaterra. Dez anos mais tarde, o pecuarista carioca Manoel Ubelhart Lembgruber importaria um casal desse gado, em outubro de 1878. De lá pra cá, demais importações foram feitas. “As duas últimas importações de reprodutores Nelore foram entre 1960 e 1962”, afirma Vilemondes Garcia de Andrade Filho, pecuarista e presidente da Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB). “Nesse período desembarcaram em Fernando de Noronha (PE), grandes genearcas como Kavardi, Golias, Rastã, Taj Mahal, Godhavari, Padu e Akasamu, que são a base formadora das principais linhagens de Nelore”, destaca.
Atualmente a raça pode compor cerca de 80% do rebanho nacional, com mais de dois mil criadores associados, segundo a ACNB. O gado, moldado e difundido em função das famílias e linhagens, agora é apresentado como uma ferramenta genética de melhor desempenho da produção pecuária, ao mesmo tempo, produtiva e integrada com o meio ambiente – isso através do Programa Nelore Brasil (Programa de Melhoramento Genético da Raça Nelore – PMGRN). De acordo com Vilemondes, a partir desse programa destacam-se iniciativas como o Circuito Boi Verde de Julgamento de Carcaças e do Programa de Qualidade Nelore Natural (PQNN).
“O Circuito Boi Verde permite o mapeamento do desempenho frigorífico dos animais em diversas regiões do Brasil e em países vizinhos”, explica o representante da ACNB. “A iniciativa ainda cumpre a função de orientar os produtores sobre a importância dos lotes padronizados, em relação à raça, sexo, idade, peso e acabamento de carcaça. Já o PQNN objetiva disponibilizar ao consumidor uma carne com origem conhecida e qualidade controlada. Esse produto é proveniente do animal criado a base de capim e sal mineral, sistema de produção adotado em mais de 80% das propriedades do País”.
Em termos produtivos, a partir dos resultados de sete anos do Circuito Boi Verde, com avaliação de 60 mil animais do Brasil e Paraguai, o Nelore significa, segundo a ACNB, (a) produção de novilho precoce (67,7% dos animais apresentaram, no momento do abate, até quatro dentes incisivos permanentes, ou seja, se classificariam como novilho precoce); (b) garantia de peso (90,3% dos avaliados estavam acima de 16 arrobas, sendo a maioria com mais de 18 arrobas); e (c) oferta de gordura adequada ao mercado (mais de 60% do lote analisado teve a classificação de gordura entre mediana ou uniforme).
Charolês (1885)
Originário da França, o gado detinha características para produção de carne e servir na lida no campo, como animal de tração. Desde 1920, o trabalho de seleção foca a produção de carne. Atualmente, 68 países criam a raça, de acordo com a Associação Brasileira dos Criadores de Charolês (ABCCharolês). No Brasil, esse gado entrou a partir de uma importação de dois reprodutores vindos da França, em 1885, para a região do Rio Grande do Sul.
“Entre as raças taurinas, é a que apresenta o melhor rendimento de carcaça, cerca de 5% superior”, certifica o diretor de marketing da ABCCharolês, Wilson Borges. “Além disso a raça se destaca pela boa conversão alimentar, por ser mais eficiente a campo e com terminação mais rápida”, atesta. Sob regime de confinamento, o gado pode chegar ao abate com 600 kg de peso vivo em 14 meses.
Esses resultados dos animais são o referencial para a divulgação e a promoção da raça no País. Atualmente, o rebanho deve girar em torno de 200 mil cabeças, sendo 150 mil, de animais puros por cruza, de acordo com o diretor da associação Eldomar Kommers. Os criadores associados giram em torno de 300. Depois de algumas baixas em termos de rebanho e números de criadores a raça está sendo retomada. “Hoje percebemos o retorno de criadores antigos e o aparecimento de criadores novos, em função das características da raça de imprimir ganho de peso e rendimento na produção de carne”, declara Kommers.
O melhoramento genético que se busca está em aumentar a eficiência de nascimentos, maior produção de carne e menor tempo possível para o abate. As diversas linhagens existentes em produção no País permitem a adaptação do rebanho em diferentes regiões. “O Charolês adapta-se tanto ao frio como ao calor”, afirma Borges. “Já chegamos a constatar que, mesmo com uma temperatura de -7°C, o animal ficava bem, assim como a temperaturas de 30°C”. Mesmo com esse potencial de adaptação, a região Sul concentra a maior parte do rebanho.
Simental (1904)
A raça taurina tem origem na Suíça, na montanhosa região do vale do rio Simen. Outros países europeus também desenvolveram esse animal, até chegar a linhagens específicas. No Brasil, esse gado começou a chegar em 1904, por meio de importações feitas pela Secretaria de Estado da Agricultura de São Paulo. O objetivo era desenvolver a atividade pecuária com maior número de representantes de raças.
Foi a partir do trabalho do selecionador capixaba Agostinho Caiado Fraga que a raça foi disseminada no País. Atualmente, o número estimado de animais está em torno de 800 mil cabeças, sendo que metade deste total é registrada, segundo a Associação Brasileira de Criadores de Simental e Simbrasil (ABCRSS).
O foco nos resultados é a tendência que rege e garante destaques na raça atualmente. “Durante mais de três décadas, a seleção era feita com base nos destaques morfológicos, identificando-se as famílias e linhagens que atendessem àqueles objetivos”, explica Luiz Fernando Aarão Marques, especialista em melhoramento animal da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e coordenador da área de pesquisa da ABCRSS. “Mas, com o advento das provas zootécnicas e das avaliações genéticas, as Diferenças Esperadas na Progênie [DEP’s] passaram a ter uso frequente na raça. (...) Desta forma, tourinhos e fêmeas jovens que ainda não eram famosos, deram início às suas carreiras reprodutivas quando foram publicados os primeiros sumários de touros, matrizes e animais jovens da raça Simental, exatamente nos anos de 1990”, conta Marques.
E o resultado desse processo de seleção no gado Simental – e que é o chamariz para a disseminação da raça – está nos índices de precocidade de crescimento, temperamento, boas características de carcaça e alta eficiência reprodutiva. A aptidão leiteira também é o que destaca a raça, ainda por apresentar alto nível de sólidos totais e baixa contagem de células somáticas.
“Ainda, o uso de reprodutores da raça Simental sobre fêmeas azebuadas para produzir animais de abate é solução para melhorar a qualidade da carne na obtenção de novilho precoce, com 18 arrobas aos 24 meses”, testifica o especialista. “O rendimento de carcaça destes animais pode ser medido pela área de olho-de-lombo (AOL) e o seu acabamento pela espessura de gordura de 5 milímetros sobre o contrafilé (12ª-13ª costelas)”.
Angus (1906)
O Aberdeen Angus, pertencente ao grupo de raças taurinas, é originário da Escócia, onde surgiu por volta de 1805. Em 1870 chegou aos Estados Unidos e em 1879 na América Latina. Hoje são encontrados rebanhos na Austrália, na Nova Zelândia, no Canadá, na África do Sul e no Reino Unido. Em 1906, a raça foi trazida para o Brasil por criadores do Rio Grande do Sul. Dois tipos de pelagem (preta e vermelha, este denominado Red Angus).
“A raça é conhecida mundialmente como produtora de carne de qualidade, suprindo a exigências tanto do produtor, como da indústria frigorífica, e do consumidor final”, declara a médica veterinária e assessora técnica da Associação Brasileira de Angus (ABA), Fernanda Kuhl. “Sendo uma raça de bovinos destinada à produção de carne, este seria nosso principal mote para disseminação da raça no País, a partir da qual o produtor terá ganhos trabalhando com animais que produzem carne de qualidade com baixa exigência de manutenção do animal”, afirma.
A raça demonstrou um crescimento significativo de 133,35%, comparando a evolução de vendas de sêmen, de 2006 a 2008, segundo dados da Asbia (o resultado não leva em consideração os números do Red Angus). O resultado expressa como a raça está valorizada atualmente.
“As principais características produtivas da raça são a fertilidade e longevidade, precocidade, rusticidade, e facilidade de parto, bem como habilidade materna”, enumera Kuhl. Sobre estas duas últimas qualidades, o resultado que se apresenta é a redução do desgaste na parição, o que favorece a repetição de cria e a diminuição do intervalo entre partos. “A adequada produção de leite das fêmeas permite ainda o desmame de animais pesados”, acrescenta.
Pardo-Suíço (1911)
Também conhecido como gado Schwyz, o animal teve a denominação de Pardo-Suíço oficializada em 1880. Nos países de língua inglesa é conhecido como Brown Swiss, na Suíça e países de língua alemã como Braunvieh e na Itália, como raça Bruna.
No Brasil, os primeiros animais da raça chegaram em 1911, por importações oficiais, sob patrocínio do governo. Vinte e sete anos após, em 1938, foi fundada a Associação Brasileira de Criadores de Gado Pardo-Suíço (ABCGPS). Em 11 de março de 1939, na Granja dos Papagaios, situada em Itaipava, município de Petrópolis (RJ), foi registrado o primeiro animal nacional, um garrote de nome “Hector de Papagaios”, tatuado com o número ‘001’, pelo então presidente da República, Getúlio Vargas.
“O Pardo-Suíço é uma das raças mais antigas do mundo e, por este motivo, os animais têm em sua genética muita pureza, o que permite que a raça imprima suas qualidades de rusticidade, alto ganho de peso e excelente habilidade materna, logo no primeiro cruzamento”, afirma Fernando Kaiser, superintendente técnico da ABCGPS.
O melhoramento genético e a busca por mais dados técnicos, por meio de provas zootécnicas, que possam testificar a qualidade da raça são os trabalhos que estão sendo desenvolvidos atualmente na raça. “Algumas linhagens se destacaram na raça Pardo-Suíço de Corte, mas estamos buscando, através da DEP, linhagens mais resistentes ao carrapato, com pêlo mais curto, e com mais musculatura”, diz Kaiser.
A falta de divulgação e o pequeno número de cabeças perante o rebanho nacional são os entraves para o melhor desenvolvimento da raça atualmente. Para se ter uma ideia, o número de matrizes especializadas em corte no País é de aproximadamente 12 mil. “Isso gera uma oferta de animais para comercialização inferior a procura”, declara o superintende da ABCGPS.
Apesar das baixas, a raça dá sinais de crescimento. Atualmente, há 480 criadores registrados na associação – dos quais 108 estão ativos na produção do Pardo-Suíço Corte. Os estados considerados mais fortes na criação são Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul.
Santa Gertrudis (1950)
A raça sintética produzida nos Estados Unidos em 1920 foi resultado da cruza do zebuíno Brahman com o taurino inglês Shorthorn – reconhecida oficialmente pelo governo americano em 1940. No Brasil a raça chegou como um presente ao então presidente Getúlio Vargas, por volta da década de 1950. E, de lá pra cá, demais importações foram realizadas com o objetivo de incrementar a pecuária nacional.
Fertilidade e precocidade sexual são os primeiros destaques da raça, que foi sendo melhorada em solo brasileiro. “Novilhas bem criadas podem ser cobertas ou inseminadas dos 14 aos 18 meses de idade, dando sua primeira cria até mesmo antes de completar dois anos de vida”, afirma o médico veterinário e superintendente adjunto de Melhoramento Genético da Associação Brasileira de Santa Gertrudis (ABSG), Anderson Fernandes. “Com um manejo adequado dos rebanhos, há plantéis puros em que o índice de parições se mantém próximo aos 90%”, declara.
Os animais, segundo Fernandes, também se destacam pela longa vida produtiva, chegando ao número de 10 crias durante a vida útil, gerando bezerros com um peso médio de 36 kg, e podendo ser desmamados aos sete meses, com 240 kg. “Justamente por ser uma raça sintética, os bezerros são fortes, ativos e rapidamente estão mamando, se tornam mais resistentes ao ataque de insetos e parasitos, apresentando boa adaptação em qualquer clima. Assim suportam muito bem tanto o frio e as geadas do sul do Brasil, como a seca do nordeste e a umidade do Brasil Central”, destaca o especialista na raça.
Outra qualidade apresentada pela raça, segundo Fernandes, está relacionada ao desempenho dos touros em cobertura a campo. Eles acompanham bem as vacas, caminham por longas distâncias mesmo em climas onde há temperatura elevada, têm uma vida reprodutiva longa chegando aos 12 anos de idade apresentando uma ótima libido. Comumente são colocadas em média 40 vacas por touro em estação de monta a partir de 20 meses de idade.
A partir de tantos resultados, o que freia o desenvolvimento da raça no País é a falta de espaço para divulgação dos resultados obtidos. Hoje o rebanho brasileiro de Santa Gertrudis é de 30 mil cabeças com registro de produção controlado pela ABSG. Na lida com a raça, são estimados cerca de 400 criadores, destes, 150 associados à entidade. Sobre o crescimento da raça no Brasil não há índices significativos há cinco anos, porém, sobre rebanho de cruzamento, que leva a genética Santa Gertrudis, há um crescimento anual de 10 a 12% ao ano, segundo a associação.
Canchim (1953)
Outra raça sintética, mas desenvolvida em solo brasileiro, é fruto de um trabalho científico, da Embrapa Pecuária Sudeste, de São Carlos (SP), que buscava viabilizar economicamente a obtenção de carne de melhor qualidade nas condições do País.
A experiência, idealizada e concretizada pelo pesquisador Antônio Teixeira Vianna, começou em 1940 a partir de uma série de cruzamentos alternados. Em 1953, nasceram os primeiros animais “bimestiços” (5/8 Charolês e 3/8 Zebu). Surgia, então, uma nova raça de corte para o Brasil Central, com o nome de uma árvore muito comum na região onde os trabalhos de formação do gado se desenvolveram.
Entre as características iniciais desse animal, pode-se destacar a produção de novilhos precoces, por meio do cruzamento com vacas aneloradas com touros Canchim por cobertura a pasto. Esses novilhos podem ser abatidos até os 18 meses se confinados após a desmama, até os 24 meses se confinados na terminação e aos 30 meses se criados exclusivamente a pasto. “Um dado bem prático é que os animais meio-sangue Canchim terminam cerca de 15 a 20%, no mínimo, mais pesados que os animais zebuínos no mesmo sistema de produção, o que significa 1,5 a 2 arrobas a mais”, calcula Gabriel Giani, gerente técnico da Associação Brasileira de Criadores de Canchim (ABCCAN). “Em relação ao tempo de abate, estes animais cruzados Canchim morrem seis meses mais cedo que os animais zebuínos com o mesmo peso de abate”. Essa demonstração sobre o diferencial de ganho de peso dos animais Canchim e cruzados Canchim x Zebu é o que guia o trabalho de marketing da raça no Brasil.
Maranhão, Piauí, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina são os estados que criam a raça atualmente. O rebanho estimado gira em torno de 3% do rebanho nacional (animais com sangue Canchim em diferentes graus de cruzamento), segundo dados da Embrapa Pecuária Sudeste.
Blonde d’Aquitaine (1974)
A raça, de origem francesa, é o resultado da fusão das raças Garonnaise, Quercy e Blonde des Pyrenees, em 1962. O resultado foi a produção de um animal de grande porte, de muita massa muscular, com ossatura forte e fina, e um bom rendimento de carcaça. Segundo a Associação Nacional de Criadores “Herd-Book Collares” (ANC), o Blonde d’Aquitaine foi introduzido no País em 1974, por meio de uma importação destinada ao Rio Grande do Sul.
“Blonde: aqui tem carne, em razão do autorrendimento de carcaça de 58 a 62% nos puros”, atesta o médico veterinário da Fazenda Padrão, Mário Roberto Scheide. E é por esse resultado que se faz o marketing da raça no País – um trabalho que já garantiu pontos positivos. Em 2007, as vendas de sêmen do Blonde teve um crescimento de praticamente 485% em relação a 2006, segundo dados da Associação Brasileira de Inseminação Artificial. A valorização da raça naquele período revela a intenção do pecuarista brasileiro em diversificar e retomar a produção, perdida com a crise que freou o setor em 2005.
A característica buscada pelos pecuaristas, a partir do Blonde, segundo Scheide, é de precocidade para o abate, em função da alta conversão alimentar originando carne com pouca gordura e, mesmo assim, de extrema maciez. A terminação é aos 20 meses com 17 arrobas. “Se forem abatidos aos 24 meses, com terminação em confinamento, os animais chegam facilmente as 20 arrobas”, afirma.
Hoje a raça está em recuperação no País, tanto no número de criadores (31, associados a ANC) e como no número de animais. O total de fêmeas Puras de Origem (PO) em produção, registradas no Brasil, gira em torno de 6.000. Quanto aos machos registrados, são 1.000 animais. A região predominante na raça é o Centro-Oeste.
Brahman (1994)
Raça zebuína desenvolvida em solo norte-americano, nos estados de Louisiana e Texas, a partir de importações feitas pelos Estados Unidos da Índia, em meados dos séculos 19 e 20. Hoje, a raça está presente em mais de 70 países. No Brasil, o Brahman começou a ser introduzido em abril de 1994, quando chegava a primeira leva de animais do país de origem.
“O trabalho de seleção, iniciado há 15 anos, buscou animais com uma melhor caracterização racial, mais funcionais e adaptados às condições da pecuária de corte nacional”, explica o zootecnista e membro do conselho técnico da Associação dos Criadores de Brahman do Brasil (ACBB), Fábio Miziara. “Dentro desse critério, a seleção do Brahman buscou melhorar principalmente os aprumos desses animais e o sistema reprodutivo dos touros. Por meio da produção de animais mais adaptados, a raça passou a atingir mais nichos de mercado, ampliando o número de criadores que estão usando a genética Brahman também a pasto”, destaca.
A busca por essa ‘genética nova’ – se considerar as demais raças estabelecidas no País – é representada pela evolução de vendas de sêmen, que se manteve crescente desde 2005.
O marketing de resultados está baseado no que o melhoramento genético tem proporcionado à raça, como por exemplo, sobre os índices de desempenho e funcionalidade a campo; volume corporal, com costelas arqueadas e profundas; e de touros e vacas com bom desempenho produtivo e reprodutivo.
Carne de qualidade é o que se espera com a genética dessa raça, segundo um estudo, desenvolvido pelo Laboratório de Qualidade e Certificação da Carne (Pardinho/SP), da Central Bela Vista, sob a chancela da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp). Um dos pontos do estudo, que surpreendeu os pesquisadores, está relacionado aos valores encontrados para os índices de marmorização da carne. A média ficou próxima de 4,0 – isso indica uma deposição moderada de gordura entremeando a carne. Em trabalho recente, realizado pela equipe de pesquisadores do laboratório, com animais Nelore confinados por 120 dias, alimentados com dietas contendo 80% de concentrado e abatidos com cerca de 30 meses, foi observado um índice de marmorização médio de 2,6 (pouca marmorização), com espessura de gordura subcutânea (EGS) média de 4,5mm.
Em números, o Brahman, no País, possui 140 mil cabeças registradas e há estimativas que 700 mil possuam o sangue da raça. O número de criadores é de 898 com animais registrados na Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ).
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