A
Inseminação Artificial por Tempo Fixo (IATF)
torna-se cada vez mais a ferramenta para a evolução
da pecuária no Brasil. Hoje, a técnica permite
bons resultados, porém, tudo se baseia num planejamento
adequado. Na cidade Lima Duarte, distante a 305 quilômetros
de Belo Horizonte (MG), está localizada a Fazenda Grota
do Passarinho. Focada na pecuária leiteira, a propriedade
alcança hoje uma média de produção
de 2,7 mil litros por dia, com fêmeas girolandas e holandesas.
Além da produção de leite, no último
inverno, a fazenda registrou uma taxa de prenhez de 54%, ou
seja, mais da metade das vacas aptas ficaram prenhes. Antes,
esse índice não atingia 15%. Sem falar que houve
uma diminuição da média de intervalo
entre partos que passou de 23 meses para 14,8 meses
gerando, assim o aumento da produtividade. Para assegurar
estes bons resultados, fazendas como essa vêm investindo
em um conceito moderno, quando se fala em reprodução:
é a Inseminação Artificial em Tempo Fixo
(IATF). A tarefa que nada mais é do que a inseminação
artificial propriamente dita, só que realizada em um
momento pré-deter-minado por meio da sincronização
das vacas que têm a ovulação induzida,
por intermédio de produtos específicos
é hoje o melhor custo benefício de instrumento
de melhoramento genético.
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Desde 2007, a fórmula do sucesso, ou melhor, o conceito
da Inseminação em Tempo Fixo, na Fazenda Grota
do Passarinho, conseguiu eliminar uma grande dificuldade,
que era a observação de cio nas vacas. Em aproximadamente
dois anos, a IATF contribuiu, associada a outras medidas adotadas
pela fazenda, com um crescimento considerável do rebanho:
de nove bezerras, o número hoje chega a 59 fêmeas
com idade entre 1 e 18 meses. Hoje, no total, são 182
vacas entre lactantes, bezerras e secas.
Na opinião do veterinário, Bruno Medeiros, responsável
pela propriedade e que também presta assessoria técnica
a outras 16 fazendas, a IATF é uma ferramenta fundamental
e viável para melhorar resultados das fazendas. Além
de propiciar uma sequência de benefícios no rebanho.
Com o uso intensivo da IATF, do estresse térmico, do
preço e qualidade do leite, a Fazenda Grota do Passarinho
já planeja que 80% das vacas consigam parir no início
do inverno de 2010.
Os bons resultados, também são contabilizados
pela Associação Brasileira de Inseminação
Artificial. Segundo a entidade, neste ano, a demanda de sêmen
para IATF já superou dois milhões de doses.
Na opinião dos especialistas, um dos fatores para o
aumento deste número, são as inúmeras
vantagens, que entre elas estão: o aumento do número
de bezerros, aceleração ao melhoramento genético,
possibilidade de nascimento e desmame em épocas mais
favoráveis ao bezerro, padronização dos
lotes e obtenção de melhores preços na
venda. A IATF veio possibilitar que fazendas com grandes
rebanhos passem a inseminar com facilidade. Hoje, sem dúvida,
é a principal ferramenta para adequar às necessidades
de uma estação de monta. Além de todos
os benefícios, estão também a redução
de custos e da mão-de-obra, garante o zootecnista
e professor José Luiz Moraes Vasconcelos, do Departamento
de Produção Animal da Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia da Universidade Estadual de
São Paulo (Unesp), de Botucatu/SP. Na exploração
comercial bovina, a obtenção de boa eficiência
reprodutiva é de suma importância. Com certeza,
a IATF mostrou ser uma técnica viável economicamente,
acelerando o ganho genético e o retorno econômico
da pecuária, esclarece.
Quanto ao custo, esclarece o zootecnista José Luiz
Moraes Vasconcelos, existem diferentes protocolos e produtos.
Portanto, a escolha deles e a resposta esperada dependem
da raça, da idade, da condição corporal
da fêmea, do número de crias, da qualidade do
sêmen e do inseminador para quantificar valores com
despesas na utilização da IATF, argumenta.
Vantagens
garantidas
Em um ponto todos os especialistas são unânimes.
Para garantir todas as vantagens da Inseminação
Artificial em Tempo Fixo é preciso cuidados que são
importantes e básicos, como: manejo sanitário
e alimentar em dia. Tudo para não comprometer a prática.
Na opinião dos especialistas, um erro comum que se
observa é sincronizar as vacas no fim da estação
de monta. O que se deve fazer é sincronizar as vacas
no início da estação de monta, e não
no final. Com a técnica, a inseminação
do animal é feita antes da ovulação.
Desse modo, quando a vaca ovula, já está preparada
para ficar prenhe. Assim todas as vacas de um rebanho podem
ser sincronizadas para serem inseminadas num único
dia. Neste caso, a mão-de-obra especializada
é considerada um outro fator determinante, diz
o zootecnista Unesp de Botucatu, José Luiz Moraes Vasconcelos.
No entanto, há também outros passos importantes
a seguir quando se adota o conceito. Para o técnico
Cristiano Ribeiro, coordenador do Programa IATF, da ABS Pecplan,
é necessário que a vaca esteja em condição
corporal adequada e apta a reprodução. Além
de que as fazendas tenham estruturas adequadas: currais eficientes,
troncos, divisão de piquetes (por categoria) e tudo
sob a supervisão de um veterinário. Hoje
existem vários produtos de qualidade no mercado e profissionais
que realizam esta técnica, que vem crescendo a cada
ano, esclarece Cristiano Ribeiro.
Abertura
para os pequenos
O conceito, que mais se comenta no mercado pecuário,
traz inúmeras vantagens para o produtor, com características
importantes para qualquer propriedade, seja ela grande ou
pequena. Especificamente para o pequeno produtor, podemos
mencionar como principais benefícios, a inseminação
em vacas em anestro (ausência ou atraso do cio pós-parto);
aumento da produção de leite por dia, de intervalo
entre partos; redução dos dias sem lactação
do rebanho. Deste modo, o conceito é uma ferramenta
de incremento da produtividade, conta a médica
veterinária, Fernanda Hoe, gerente de produto da Linha
Reprodutiva e Biológicos da Unidade de Bovinos da Divisão
de Saúde Animal da Pfizer.
Para Fernanda Hoe, a IATF contribui para a melhoria da produtividade
das fazendas, sendo uma importante fonte de retorno para o
criador. Além disso, a técnica proporciona
benefícios muito maiores do que o investimento necessário
à sua implantação e segue uma tendência
para o desenvolvimento da pecuária. Muitos produtores
conhecem as vantagens da IATF, que vem sendo largamente implementada
nos rebanhos bovinos brasileiros. Como exemplo, podemos mencionar
a marca atingida pela Pfizer neste ano: cinco milhões
de vacas sincronizadas com portfólio reprodutivo da
companhia no Brasil, afirma Fernanda Hoe. Não
possuímos dados do mercado nacional sobre IATF. Porém,
a técnica criada há mais de uma década
teve seu uso intensificado nos últimos três
anos no País. Em 2008, cerca de 50% das vacas inseminadas
utilizaram a técnica de IATF, e esse porcentual cresce
a cada ano, reforça.
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