E
como a união faz a força, juntos também,
170 cooperados colhem os frutos de anos de investimento no
campo. Só nesta safra serão equivalentes a 52
mil toneladas (t) de amendoim limpo, em casca. Um volume 7%
maior, em comparação ao mesmo período
do ano passado. Na safra 2007/2008, foram 45 mil toneladas.
Em 2007, a Cooperativa foi responsável por metade do
amendoim exportado pelo Brasil. Foram 12.128 t.
Além da união, um dos itens responsáveis
pelos bons resultados foi a qualidade. Antigamente não
existiam: maquinários, mão-de-obra especializada
e mercado. Nesta safra espero colher 12 mil sacas, sendo que
50% dessa produção serão destinados para
exportação. Com qualidade, temos mercado certo
para vendermos, explica Celso Antonio Cândido,
produtor que há 17 anos investe na cultura do amendoim,
sendo que há três é um dos cooperados
da Coplana. Hoje dos seus 100 hectares, 50 são destinados
à cultura do amendoim e os demais para o plantio de
soja. A área plantada sempre corresponde com
o resultado da safra anterior. Se o preço melhora,
aumentamos a área de plantio, explica Cândido,
produtor no município de Jaboticabal.
Segundo o produtor e diretor da Coplana, Ismael Perina Jr.
desde o plantio à colheita, os produtores recebem acompanhamento
técnico. Além disto, todo o custo é
previsto também, desde insumos de arrendamento até
transporte. Se eles investem dinheiro querem ganhar dinheiro,
esclarece Perina Jr., que garante a qualidade do produto da
cooperativa. Nos últimos tempos, o requisito
qualidade tem melhorado muito e conquistado o paladar europeu,
diz Perina Jr. Com isto, conseguimos melhores preços
no mercado. As dificuldades sempre existem, mas ao longo do
tempo, conseguimos rentabilidade com o nosso negócio,
reforça. Em relação aos preços
atuais, os produtores apenas lamentam os índices baixos,
na média o mercado paga hoje R$ 15 por saca. Porém,
o ideal é que chegue a R$ 20, a saca.
No entanto a qualidade do produto veio junto com outro atrativo:
o volume de produção. Desde a década
de 1980, os produtores daquela região aderiram à
rotação de culturas, o que permitiu também
a um pequeno proprietário de terras produzir em áreas
cedidas por usinas e outros fornecedores, com o arrendamento
pago em produto. Em outras palavras, o cooperado, que
era um pequeno produtor de cana, viu sua lavoura ser transformada
e tornou-se um grande produtor de amendoim, comenta
o diretor da Coplana.
Neste sistema, após cinco safras de cana-de-açúcar
(uma das principais atividades daquelas regiões), começa
o replantio devido à baixa produtividade. Neste intervalo,
conhecido como reforma de canaviais, pequenos agricultores
sem terras disponíveis o suficiente, arrendavam áreas
até de grandes usineiros para conseguirem volume e
renda adicional. A rotação de culturas resultou
na produção de alimentos, com benefícios
à comunidade. A estratégia começou
com o plantio de soja e, principalmente, amendoim nas áreas
de reforma da cana, que somam de 17% a 20% da área
total ocupada pela cultura. Assim, a cada safra essas áreas
passaram a ser apenas utilizada para produzir alimentos e
que aos poucos ganhou uma outra dimensão, explica
o técnico e engenheiro agrônomo, da Coplana,
Juliano Rodrigo Coró.
Com a rotação de culturas, a atividade permitiu
que o solo ficasse protegido, que não houvesse competitividade
das culturas e que gerasse renda alternativa para os pequenos
produtores que arrendavam terras, no período de entressafra
da cana, ressalta Coró. Para ele, a rotação
de cultura teve um papel fundamental, uma vez que os benefícios
foram sociais e econômicos, gerando renda e emprego,
e reciclando o sistema de plantio. A rotação
fechou todo os ciclos da produção.
Na concorrência pela rotação de ciclo
curto, o amendoim entrou em vantagem uma vez que a soja precisava
de área maiores e a renda dele era melhor quanto ao
volume produzido. Hoje, a média colhida pelos produtores
é de 160 sacas de 25 kg por hectare. Temos resultados
excelentes de produtividade. Nos últimos anos com novas
cultivares, conseguimos manter a regularidade do volume produzido,
diz o diretor da Coplana e produtor, Ismael Perina Jr., que
destinou nesta safra 60 hectares para o plantio de amendoim.
A
potência do amendoim brasileiro
Se a produtividade está em ascendência, o mercado
também. Impulsionado pelos bons preços internos,
os produtores preveem um plano de crescimento da produção
no mercado interno, com uma maior presença do produto
nas prateleiras das redes de varejo. Além disso, o
aumento das exportações e o lançamento
de novas variedades, resistentes à doenças,
fazem com que o amendoim já produza bons frutos
mercadológicos, principalmente com a influência
das festas juninas. Período considerado a grande vitrine
para o setor quando as vendas aumentam de 30% a 40%.
Hoje, cerca de 80% da produção de amendoim está
concentrada em São Paulo. Mas, a tendência é
para o aumento das áreas de cultivo em outros estados
brasileiros. Na verdade, há novos projetos com
usineiros para desmistificação quanto à
cultura do amendoim. Alguns já quebraram o paradigma
e plantam cana mais cedo, para inserirem áreas de soja
e amendoim, culturas lucrativas, ressalta o técnico
e engenheiro agrônomo Juliano Coró.
Segundo o engenheiro, os produtores plantam no final de setembro,
outubro e novembro e colhem até final de fevereiro.
Entre os meses de março a abril, é a hora de
sulcar a terra e plantar cana novamente.
Porém, outro fator para a expansão da cultura
foi o surgimento de novas cultivares de ciclos curto (110
a 120 dias, do plantio à colheita), o que permite que
o amendoim possa ser produzido em locais onde a precocidade
é um requerimento importante, como é o caso
das áreas arrendadas na renovação da
cana-de-açúcar, onde o ciclo da cultura não
pode ultrapassar 120 dias. Com isto, as cultivares rasteiras
cada dia mais estão ganhando espaço nas regiões
de produção, pois permitem a maior técnica
da cultura. Entre outras vantagens, o porte rasteiro permite
a total mecanização da colheita. Dessas cultivares,
a que apresentou mais vantagens foi a Runner IAC 886, sendo
mais aceita na Europa. E por falar na exportação,
a porta é ainda muito estreita. Somente empresas com
processos qualificados conseguem aprovação do
Ministério da Agricultura para colocar o produto no
mercado externo. No País, além da Coplana, somente
mais duas empresas conseguem atender às exigências,
diz o engenheiro agrônomo Juliano Coró.
Questões
de Qualidade
Para garantir um produto seguro, a cadeia produtiva vem se
adequando quanto às técnicas de manejo do Programa
de Produção Integrada de Amendoim, implementado
pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(Mapa). Entre outros critérios, o programa estabelece
a responsabilidade socioambiental e a rastreabilidade.
A adequação, realizada também pela Coplana,
liderou um movimento de mudança de conceitos, como
a mecanização no campo e o emprego de alta tecnologia
na pós-colheita. Depois de 1997, com o apare-cimento
das aflatoxinas, cada produtor começou a investir pesado
para garantir a segurança alimentar e com isto aumentar
o consumo do amendoim, diz Coró.
Segundo o diretor da Coplana, Ismael Perina Jr., a grande
vantagem do amendoim é a composição de
alta qualidade nutricional dele, podendo ser largamente aproveitado
na alimentação, principalmente como suplemento
protéico na merenda escolar. Precisamos fazer
o marketing para investir no consumo. Hoje, temos indústrias
produzindo manteiga e outros derivados. Precisamos inserir
o amendoim no hábito alimentar da população.
Aqui no Brasil, o consumo desta oleaginosa concentra-se na
área de confeitos, salgadinhos e doces, tornando a
paçoca e o pé-de-moleque dois ícones
da cultura popular, argumenta.
Hoje, além de difundir os benefícios do amendoim
e aumentar a produtividade, a cooperativa rural do interior
de São Paulo provou que pioneirismo e inovação
são capazes de transformar áreas produtoras
de energia em grandes pólos de produção
de alimentos.
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