Ministro
da Agricultura propõe mudanças no Código
Florestal Brasileiro para regularizar situações
de produtores rurais e inibir problema legal que impede a
exploração de fósforo e potássio,
no Brasil. Está em curso no Congresso Nacional uma
reformulação do Código Florestal Brasileiro,
criado em 1965, mas que sofreu alterações por
meio de medidas provisórias e decretos que, segundo
o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(Mapa), Reinhold Stephanes, foram produzidos sem embasamento
técnico, afetando os produtores rurais. E o ministro
é o próprio responsável pela iniciativa,
que deverá ser votada ainda em 2009. Muitas alterações
realizadas no código foram feitas sem nenhum respaldo
técnico e toda produzida pelo Executivo, por meio de
Medidas Provisórias, decretos e outras normas. Por
que o produtor não poderia plantar em topo de morros,
por exemplo?, diz Stephanes. A pergunta do ministro
é um dos principais pontos a serem alterados. Nós
temos técnicos capacitados na Embrapa e no Mapa que
poderiam ter sido consultados, antes de aprovarem leis que
acabaram prejudicando produtores, comenta. Dos mais
de três milhões de produtores rurais atualmente
no Brasil, cerca de um milhão não cumpre o código
e uma boa parte dos que estão irregulares poderia até
perder a propriedade.
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Para
se ter uma ideia de como as leis não foram muito bem
feitas, cerca de um terço dos produtores brasileiros
estão irregulares, segundo o Código Florestal.
Esperamos mudar isso até o final do ano, exemplifica
o ministro. Para ele, a saída é não prejudicar
os produtores que estão irregulares, mas é preciso
rever essa legislação para que se possa utilizar
de forma sustentável áreas já utilizadas.
O ministro ainda argumenta que das cinco milhões de
propriedades rurais do País, três milhões
contrariam em algum ponto regras do código.
Segundo o ministro, além da lei que proíbe o
uso de terras em topo de morro e em locais alagados, a área
de preservação estabelecida no código
também é um problema. O pequeno e micro
produtor não têm condições de reformular
as margens de rios, porque não sobraria área
de plantio suficiente para tirar o próprio sustento,
conta Stephanes. Além disso, ele defende, que o produtor
que já tinha a propriedade antes da mudança
da lei, não pode ser punido por algo que já
fazia há anos.
O Código Florestal Brasileiro exige que as margens
dos rios sejam preservadas para evitar problemas ambientais,
como assoreamento. A ausência da mata ciliar (mata
localizada na margem do rio) faz com que a água da
chuva escoe sobre a superfície, não permitindo
sua infiltração e armazenamento no lençol
freático, bem como a perda de qualidade da água;
erosão e perda de nutrientes do solo; assoreamento
dos rios e enchentes; alterações e desequilíbrios
climáticos (chuva e aumento da temperatura) e redução
da atividade pesqueira, explica Vinícius Ferreira
Carvalho, coordenador de segurança de produtos e responsabilidade
socioambiental de proteção de cultivos, da BASF.
A Fundação Eco, em parceria com a BASF, mantém
o Programa Mata Viva de Adequação e Educação
Ambiental da Basf, que oferece apoio técnico
e orientação às cooperativas, aos profissionais
do setor agrícola e aos produtores rurais, para orientar
na recuperação de áreas de preservação
permanente (APPs) degradadas de propriedades rurais,
visando a recuperação do local.
Outro ponto importante que deve ser alterado na lei é
a reformulação do bioma. Atualmente, o código
não permite que uma determinada área seja explorada
e logo ao final do processo o bioma seja restabelecido. Como
exemplo, o ministro citou jazidas situadas em locais de floresta.
Não podemos deixar de explorar algo por causa
da mata, porque hoje nós temos como abrir um pequeno
espaço, explorar e depois disso podemos recompor toda
a mata, explica o ministro.
Fertilizantes
Outro ponto em que o ministro Reinhold Stephanes está
empenhado em mudar o panorama nacional é na dependência
externa de fertilizantes. Hoje, o País importa 73%
do que consome e, segundo Stephanes, o Brasil tem condições
de ser autossuficiente.
O caso mais grave é o do potássio, já
que o Brasil importa 91% do que consome. Uma das dificuldades
é o monopólio de quatro países que detêm
87% da produção mundial. Sergipe produz 9% do
que consumimos, mas poderia ser 30% já que há
duas jazidas ao lado da que é explorada atualmente.
A mais nova descoberta foi na região de Nova Olinda
do Norte (AM). É a terceira maior jazida de potássio
do mundo. Só perde para uma na Rússia e outra
no Canadá. Nós não exploramos por restrição,
já que alegam preservação do meio ambiente.
Mas depois da exploração da área, o que
significa fazer pequenos buracos no solo, há tecnologia
para reestruturação do bioma, explica.
Outro produto que o Brasil é altamente dependente é
o fósforo, já que importa 51% do que consome.
Boa parte do que trazemos de fora vem do Marrocos. Agora,
imagine o frete pago nesse produto até aqui. O Brasil
já tem jazidas dimensionadas e conhecidas, inclusive
no Mato Grosso, que seriam suficientes para suprir a demanda
nacional. São jazidas prontas para serem exploradas,
afirma o Ministro.
Além da jazida no Amazonas, em Iperó (SP) e
Maracatu (PA) têm duas jazidas muito importantes, mas
cada uma apresenta um problema legal que impede a exploração.
No interior de São Paulo a alegação é
que a jazida se localiza em uma região de mata primária.
Em Maracatu, o problema é com uma lei de 1984, que
impede a perfuração do solo no local.
Se começarmos a trabalhar ainda este ano com
o objetivo de explorar essas jazidas, o Brasil se tornará
autossuficiente em fósforo em cinco anos e em potássio
em dez anos, afirma Stephanes, que acredita conseguir
a liberação de explorar todas essas áreas.
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