Alguns segmentos até começavam a dar sinais
de recuperação, mas outros mergulhavam e crises
cada vez maiores. A preocupação ficou ainda
maior após a realização da Agrishow,
a maior feira agrícola da América Latina. A
debandada das grandes montadoras de máquinas, derrubando
o público e a arrecadação da feira, aumentou
ainda mais a nossa preocupação. Entretanto,
o Top of Mind mostrou sua força e superou todas as
nossas expectativas, comemora o diretor.
Os questionários foram concluídos entre os dias
30 de março e 10 de abril, ouvindo produtores rurais
e profissionais que atuam no setor de todas as regiões
do país, sendo 15,22% da região Sul, 43,69%
do Sudeste, 27,42% do Centro-Oeste, 11,45% do Nordeste e 2,22%
do Norte. Os pecuaristas de bovinos de corte e de leite responderam
pela maior fatia do bolo, com 47%, seguido pelos agricultores,
produtores de grãos e horti-fruti, que totalizaram
43%. O restante da amostragem correspondeu a criadores de
eqüinos, ovinos, caprinos, aves e suínos (8%)
e profissionais ligados ao setor, como veterinários,
agrônomos e técnicos agrícolas.
Este ano, os promotores do Top of Mind Rural decidiram re-editar
o título de Top do Top, um reconhecimento
as marcas que obtiveram performance mais expressiva nos setores
agrícola e pecuário. A honraria ficou com a
Manah, que venceu na categoria fertilizantes, com 41,45%,
e com a Matsuda, responsável pela melhor performance
entre todas as categorias. A única a ultrapassar os
50%. Outra marca que merece referência é a Kepler
Weber, empresa que superou a crise e registrou o maior crescimento
percentual entre todas as categorias participantes do Top.
Já a Case comemorou o maior crescimento entre todas
as categorias do segmento máquinas, liderando com folga
o item Colhedora de Forragem.
Poucas mudanças significativas aconteceram na pesquisa
deste ano. A exceção ficou por conta das picapes.
A Hilux venceu com facilidade (21,66%). Já o segundo
lugar ficou com o nome Toyota, com 11,33%. Assim, a marca
japonesa abocanhou com as duas primeiras colocações.
Já a Ford, que dominou a categoria nos últimos
anos, não ficou nem entre as cinco primeiras posições.
Trabalho
valorizado
A marca sempre foi um componente importante, mas seu peso
talvez nunca tenha sido tão valorizado. Especialistas
apontam que é importante frisar que pesquisas de marketing
constatam que as marcas que estão em primeiro na cabeça
do consumidor também são as primeiras colocadas
no índice de preferência de compra. Ou seja,
as marcas mais lembradas são as que merecem do consumidor
os primeiros impulsos de compra, quando presentes no mercado.
Ser conhecida é a primeira condição
para o sucesso de uma marca e saber o quanto ela é
lembrada é informação que vale
ouro. Isso serve como baliza para as próximas
ações de marketing. Afinal, é
preciso ter uma imagem sólida para sobreviver em meio
a essa avalanche constante de novos produtos. E no agronegócio
não é diferente, aponta Geraldo Alonso
Filho, presidente de várias entidades, entre elas,
o Conselho de Ética da Associação Brasileira
das Agências de Propaganda, da Câmara de Ética
do Conselho de Auto-Regulamentação Publicitária
e do Conselho Consultivo da Associação Brasileira
de Marketing Rural & Agronegócio.
Hoje, o agronegócio é responsável pela
elevação do Produto Interno Bruto brasileiro.
E com esta responsabilidade, o setor de marketing rural tem
suas atribuições. Para Geraldo Alonso Filho,
neste segmento há casos extremos, que ilustram a capacidade
de persuasão de marketing e a falta dela. Por
exemplo, na cadeia produtiva de aves, há duas marcas
que dominam o mercado: a Sadia e a Perdigão. A primeira
tem uma abrangência globalizada, já a segunda
constitui-se um case de sucesso nacional. Estes são
dois exemplos, que resultaram de um bom marketing.
Em contrapartida, temos o setor produtivo da carne que não
tem uma grande marca, que o consumidor logo identifica. Neste
caso, uma boa campanha precisa ser feita, argumenta.
Segundo o presidente das entidades, o que falta em alguns
setores é visão. Recentemente, o que se
viu na suinocultura brasileira foi uma acomodação.
Muitos divulgaram os casos envolvendo a gripe tipo H1N1, como
gripe suína, e não houve uma campanha de marketing
para reverter a situação. Ninguém reagiu.
A cadeia produtiva desta carne, em outros países, fez
campanha explicativa alertando a todos, que o consumo da carne
suína não faziam mal a população.
No Brasil, infelizmente isto não existiu, explica
Geraldo Alonso Filho.
Outro aspecto importante, quando o assunto é o mercado
do agronegócio e o marketing, está relacionado
a chamada, comunicação embaixa freqüência.
Ou seja, eu não fico martelando o meu produto
noite e dia na televisão. Por isso, a linguagem deve
ser direta, inteligente, fácil e acessível.
O público deve captá-la sem esforço.
Com isto, as empresas precisam investir em marketing pesado,
para que suas marcas sejam lembradas, argumenta Geraldo
Alonso Filho. Semanalmente, o consumidor recebe 2000
mensagens. Cada dia tem algo novo. Por isto, o marketing depende
de uma ação contínua e coerente,
reforça. Para atingir o público deste
segmento é indispensável uma pesquisa de mercado
para entender o universo que cerca o consumidor. Aquela fama
de caipira da época do Jeca Tatu, não existe
mais. Hoje, o produtor está cada dia mais urbanizado.
Para entendê-lo, é preciso conhecimento muito
aprofundado, até quem sabe de um profissional habilitado,
conclui.
A opinião é semelhante de Ângela Meneguello,
mestre em comunicação e professora da Universidade
Nove de Julho. Para a especialista, o certo seria que as empresas
do segmento adotassem um trabalho associado. Muitas
vezes, é interessante para o departamento de marketing,
o publicitário e o técnico da área atuarem
juntos. Um utiliza os conhecimentos práticos das técnicas
de marketing e publicidade e o outro o conhecimento do campo.
Com isto, não há como falhar a mensagem direta
ao produtor ou pecuarista, diz.
Para não jogar dinheiro fora
O surgimento de pesquisas, como a Top of Mind, reflete uma
preocupação que atormenta os profissionais da
comunicação até hoje: medir os resultados
de suas estratégias. É necessário
realizar uma pesquisa profunda, antes de tão comum
ouvir no meio publicitário, como algo: jogamos no lixo
metade dos investimentos. O problema é não saber
que metade foi essa. Ou seja, é necessário apurar
os resultados das ações de comunicação,
diz Ângela Meneguello.
Muito mais que um símbolo gráfico que corresponde
a um produto, a pesquisa acaba construindo uma relação
com o consumidor. Quanto mais forte é esse vínculo,
maior será a fidelidade ao produto e, portanto, melhores
serão os resultados das vendas. No entanto, não
bastam apenas estratégias de propaganda e marketing
o produto precisa corresponder às expectativas
que sua comunicação criou. E aí, volta-se
à questão inicial: mas, se o consumidor não
souber que a marca existe, como ele poderá descobrir
que o produto é bom?
Para o presidente da Associação brasileira de
Marketing Rural e Agronegócio, Maurício Sampaio,
há diversos cases de sucesso no qual responderam a
esta pergunta. O nosso café, há 15 anos
era visto sem qualidades. Hoje, a história é
outra. As campanhas, como o selo de qualidade, mudaram a figura
do produto, de vilão para herói.
Marketing
não é despesa
Há tempos que o departamento de compras de diversas
empresas entra em conflito com agências que desenvolvem
ações de Marketing. Cada vez mais preocupada
com os gastos e menos com o projeto, companhias de diversos
setores estão escolhendo seus prestadores de serviços
baseando-se no preço e na redução dos
gastos inerentes de uma ação de Marketing.
É preciso investir em um bom marketing. Quando
falo em investimento me refiro àquela empresa que fala
que fez um bom investimento de marketing e o retorno foi este,
até a mais do que o esperado. Agora, quando o discurso
é aquele: gastei tanto, olha o meu orçamento.
Este não é um marketing bem feito. Aliás,
o marketing não está aí para gastar nada.
A boa comunicação vem para ajudar na eficiência
das vendas para atingir o que a empresa mais deseja, atingir
suas metas. Com certeza, o retorno financeiro virá
10, 20 vezes, se fizer bem feito, esclarece Eduardo
Fischer, presidente do Grupo TotalCom.
Para o presidente do Grupo, as marcas que são reconhecidas
como Top Of Mind, são as que mais vendem.
Imagine a capacidade de crescimento se as outras que
não são começaram a investir nesta política
de marketing, tendo em mente seus objetivos claros, que é
atingir o consumidor. Toda a campanha, não importa
se é de agronegócio, ou de qualquer outro segmento,
precisa focar o cliente. Uma campanha boa não é
que só ganhará prêmio, mas é aquela
que também dará resultado, diz Fischer.
O segredo do sucesso é fazer uma combinação
conjunta de tudo. Mas, é importante ressaltar que o
marketing não faz milagre. É necessário
ter um bom produto, uma boa equipe de venda, distribuição
para atingir todos os processos, sem isto nada adianta,
finaliza Eduardo Fischer.
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