| Para 
                    não comprometer o desempenho de ganho de peso dos animais 
                    na seca, a alternativa é a associação 
                    de uma forrageira mais suplementação em cocho. 
                    Os meses de maio a setembro, que compreendem o período 
                    de seca no País, são caracterizados pelo empobrecimento 
                    nutricional das pastagens. A falta de chuva compromete a oferta 
                    e a qualidade dos pastos e, com isso, o pecuarista tem de 
                    pensar em uma forma de manter os ganhos de peso diário 
                    dos animais  de moderado a baixo  para não 
                    prejudicar a engorda do lote no período das águas. 
                    A suplementação é o caminho que se busca 
                    nessa época, mas não pode ser a única 
                    via. O produtor deve saber a meta que quer atingir e 
                    a categoria animal que vai suplementar, e mais, é um 
                    erro pensar só na suplementação, o produtor 
                    deve pensar no pasto e saber que ele é a base da dieta, 
                    afirma Valéria Pacheco, pesquisadora da Embrapa Gado 
                    de Corte (Campo Grande/MS), especialista em produção 
                    animal. |  | 
 
 
                |  
                    Nesse sentido, o planejamento da propriedade deve começar 
                    no final do verão, com uma reserva de pasto para receber 
                    os animais durante a seca. A proposta, de acordo com a pesquisadora 
                    é deixar a área livre de animais a partir da 
                    última semana de fevereiro ao primeiro dia de março. 
                    Com isso a cultura terá os meses de março, 
                    abril e maio para se desenvolver, explica Pacheco. Em 
                    dez anos de pesquisas, o que se observa, através desse 
                    tipo de manejo com as forragens, é uma oferta nutricional 
                    que poderá sustentar de três a quatro Unidades 
                    Animal (UA = 450 quilos) nesse período de seca.Inicialmente a forragem renderá um valor de proteína 
                    bruta de 6% a 7%, podendo chegar, no final da estiagem, com 
                    3% a 4%. Os valores são baixos, mas representam uma 
                    via mais econômica ao produtor, que simplesmente só 
                    vedará uma área de pasto, sem que seja feito 
                    qualquer trabalho a mais a cerca do manejo tradicional com 
                    as pastagens. Além desse fornecimento de proteína, 
                    a forragem também é a garantia de uma fonte 
                    rica em fibra aos animais, que desempenha um papel fundamental 
                    no desenvolvimento do animal. Em relação ao 
                    trato com o solo nesse sistema, a adubação do 
                    pasto deve ser feita a cada três anos e após 
                    a vedação, anualmente, repor 100 quilos de ureia 
                    por hectare.
 Espécies 
                    adequadas  
                    Entres as espécies de forrageiras que podem garantir 
                    melhores resultados são as do gênero Brachiaria 
                    e os campins Tiftons, Costcross e Estrela (gênero Cynodon) 
                    porque não possuem crescimento ereto e acúmulo 
                    de colmos, ao contrário das espécies dos gêneros 
                    Panicum, Andropogon e Pennisetum. Por ter um desenvolvimento 
                    mais rasteiro e com os colmos mais próximos ao chão, 
                    as plantas dos gêneros Brachiaria e Cynodon são 
                    as mais indicadas porque oferecem mais folhas e  consequentemente 
                     mais alimento ao rebanho.Quanto à área que será destinada para 
                    a produção futura de alimento para o gado, a 
                    pesquisadora diz que deve ser de fácil acesso, para 
                    o melhor manejo com a entrada e trato dos animais. Além 
                    disso, os pastos já devem estar formados e com um potencial 
                    de produtividade. Ter uma boa disponibilidade de água 
                    na área também contribuirá para o desenvolvimento 
                    da cultura enquanto estiver nesse período de descanso, 
                    sem a presença de animais. Recomenda-se antes do isolamento 
                    da área, ainda rebaixar os pastos, numa altura de com 
                    cerca de 10 centímetros (manejo adequado às 
                    espécies recomendadas) e fazer os aceiros (distância 
                    que pode variar de 2 a 3 metros da cerca à cultivar 
                    plantada). Isso evita que, no auge da seca, a área 
                    corra o risco de pegar fogo, caso ocorra algum no pasto vizinho.
 Uma 
                    opção para cada tipo de ganho  
                    Com o pasto como base alimentar do rebanho, o produtor deverá 
                    pensar na dieta que os animais deverão ter, associada 
                    ao próprio estilo de produção. Suplementar 
                    os animais na seca tem por objetivo, além de aumentar 
                    o ganho de peso, melhorar as condições dos animais 
                    para a reprodução e a utilização 
                    dos pastos, destaca a pesquisadora Valéria Pacheco.É nessa hora que o produtor deverá decidir qual 
                    tipo de suplementação cumpre as necessidades 
                    de produção dele, com base numa análise 
                    econômica do estilo de atividade que ele desenvolve. 
                    Só a partir de então que ele pode decidir o 
                    tipo de suplemento que vai ministrar aos animais. Os 
                    resultados da pesquisa apontam a suplementação 
                    sal e amireia uma das mais econômicas, afirma 
                    Pacheco  nesse sentido o produtor garantirá o 
                    peso dos animais.
 Se a intenção, nessa época de seca, é 
                    a produção com pequenos ganhos (250 gramas ao 
                    dia por animal), o produtor pode optar por misturas múltiplas 
                    que estão dispostas no mercado. Agora, se a estrutura 
                    da propriedade é de um semiconfinamento, a suplementação 
                    terá de ter uma base mais rica em proteína, 
                    além do sal e da ureia  que pode registrar ganhos 
                    próximos a 600 gramas por dia por animal, de acordo 
                    com a pesquisadora.
 ....Tudo dependerá da viabilidade econômica de 
                    cada produtor. O que tem de ser lembrado é esse poder 
                    de associar o pasto com a suplementação, e isso 
                    terá um efeito na diminuição de custos 
                    na produção da arroba do boi, além de 
                    manter esse animal com um desempenho razoável numa 
                    época caracterizada por poucos ganhos de peso.
 Esse acréscimo [de peso] pode ser maior ou menor 
                    do que o esperado. Esse desvio é consequência 
                    das interações entre o pasto e o suplemento 
                    que aumenta ou decresce o consumo de forragem. Sistemas 
                    no qual há maior disponibilidade de concentrado aos 
                    animais, o gado deixa de comer o pasto  o que encarecerá 
                    a produção. A conta deve ser equilibrada, em 
                    termos nutricionais  o que o pasto tem a oferecer e 
                    quais carências restam ser supridas  o que se 
                    faz necessário um acompanhamento técnico nessa 
                    formulação da dieta dos animais. No final das 
                    contas, a técnica de consorciar a forragem com o suplemento 
                    é a saída para aliviar o bolso do produtor.
 |