Setor
em forte expansão freia investimentos futuros, mas
mantém grandes construções em andamento.
Entre
diversos setores do agronegócio o sucroenergético
deve ser um dos menos afetados. Casos específicos de
usinas que faliram é resultado de problemas financeiros
antigos que em detrimento da crise do crédito tiveram
a situação agravada. O que realmente mexeu com
o setor foi o adiamento de novas usinas que estavam para sair
do papel, já as em processo de construção
deverão ser finalizadas normalmente.
Com mais de 90% dos carros vendidos no Brasil de tecnologia
flexfuel movidos a etanol ou gasolina -, a questão
ambiental como prioridade nas discussões mundiais,
e principalmente com o apoio do Presidente Lula, o setor é
um dos que mais cresce no País.
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No
mês de novembro o comissário europeu para energia,
Andris Piebalgs, reuniu-se com representantes da União
das Indústrias de Cana-de-açúcar (Unica)
para avaliar a produção do etanol brasileiro.
A intenção era incluir o Brasil como um dos
fornecedores de energia renovável do bloco europeu.
Ao final da visita o comissário relatou que o etanol
brasileiro tem grandes chances de compor o leque de energias
renováveis que a Europa irá utilizar. O
pré-requisito é a sustentabilidade e pude perceber
que essa exigência não será empecilho
ao Brasil, diz Piebalgs.
Caso seja confirmada a aprovação, a idéia
inicial da Europa seria importar 200 mil toneladas de etanol
no primeiro ano com planos de crescimento, que em sete anos
chegaria a 1,4 milhões de toneladas por ano, representando
10% do consumo doméstico europeu. A negociação
atingiria US$ 1 bilhão.
Também em novembro o Brasil realizou a Conferência
Internacional sobre Biocombustíveis, organizada pelo
governo federal, onde apresentou todos os pontos positivos
da produção brasileira de etanol. A idéia
que vem do Planalto é de contribuir para que outros
países tenham acesso às tecnologias da produção
de álcool combustível para que, com mais integrantes
no mercado de etanol, a mercadoria passe a ser commodity,
o que facilitaria a comercialização.
O setor está em pleno crescimento e a demanda por etanol
deve aumentar ano a ano. Apesar da demanda de açúcar
não ter perspectivas de grandes mudanças, já
existe uma terceira fonte de renda para as usinas, a energia
elétrica. Análises apontam que a geração
de energia elétrica pelas usinas através do
bagaço e da palha da cana deverá se tornar a
segunda atividade em valor. Só para efeito de comparação,
em 2020 a produção de energia elétrica
em caldeiras das usinas deverá representar pouco mais
de uma Usina de Itaipu (PR), com capacidade instalada de 14
mil megawatts de energia.
Mas é claro que uma crise de proporção
que está não poderia deixar de afetar o setor.
Empresas que tinham boa saúde financeira não
foram tão afetadas e apenas seguraram os novos investimentos.
Usinas que estavam com problemas financeiros antigos e que
dependiam de crédito para pagar as dívidas dos
empréstimos anteriores acabaram ficando sem aprovação
dos bancos e não honraram os compromissos. A
grande maioria dos grupos no setor estava em fase de expansão,
aumento de área, fundando novas unidades, investindo
em aumento de produção, de capacidade sofreu
uma enorme contenção na liberação
de crédito, até mesmo com suspensão ou
dificuldade de renovação de seus contratos,
afirma Humberto Carrara, gerente agrícola da Usina
São João (USJ). Após a afirmação,
Carrara relata o outro lado. Porém, é
necessário observar que o negócio
é rentável. Ainda temos uma demanda interna
de etanol aquecida, e uma demanda futura de açúcar
apontando para um aquecimento, que associado a uma taxa de
câmbio favorável sustenta esta afirmação,
explica.
Investimos
à espera
Outro fato relevante para o setor foi a construção
de novas usinas. Em 2008 a estimativa era de 32 novas plantas
e 29 já entraram em operação até
o final de novembro. Atualmente, são 86 usinas em construção
com plano de finalização até 2012. Segundo
o presidente da Unica, Marcos Jank, as 86 novas plantas que
estão nascendo não deverão ser afetadas
com a falta de crédito no mercado. As que já
estão em andamento vão continuar e as que estão
na estaca zero serão repensadas. E esse repensadas
não significa que não vão acontecer,
mas que a crise financeira leva a maioria dos investidores
a aguardar para ver qual é o cenário que vai
existir lá na frente, porque está faltando o
dinheiro que vinha dos investimentos internacionais,
explica.
Outro fator determinante de avanço do etanol é
a infra-estrutura para abastecer e propiciar logística
necessária para a distribuição do etanol.
A construção do alcoolduto, que ligaria o interior
do País a portos, é dada como pré-requisito
para o aumento das exportações. O alcoolduto
é uma questão de extrema importância porque
se o mercado externo realmente se consolidar, obviamente que
a logística começa a apertar. O alcoolduto é
uma maneira de viabilizar a exportação. Hoje
nós já temos problemas na distribuição
interna, e com a exportação demandaria um investimento
maior no alcoolduto para não ficarmos dependendo de
caminhão, explica Marcos Jank, Presidente da
Unica.
O início da obra que está previsto para o primeiro
semestre de 2009 poderá sofrer alterações
devido à falta de verba para novos investimentos. Na
segunda quinzena de dezembro a Petrobrás, que está
à frente dos investimentos na obra, irá divulgar
o Plano de Negócio da empresa até 2013 e neste
documento constará a data de início das obras,
sabendo assim se realmente será adiada.
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