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                   Embrapa 
                    cria centro de nanotecnologia aplicada, a ciência que 
                    podem revolucionar a agricultura brasileira.  
                    Quando se pensa nos benefícios trazidos pelas pesquisas 
                    desenvolvidas pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa 
                    Agropecuária) logo se imagina o produtor rural no campo, 
                    colhendo mais em uma mesma área. Ou ainda, por exemplo, 
                    variedades de soja para o cerrado (advindo do melhoramento 
                    genético), aprimoramento de técnicas de manejo 
                    para a pecuária, dentre outros estudos, que a empresa 
                     vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária 
                    e Abastecimento  desenvolve e que só beneficiam 
                    o agronegócio brasileiro. 
                    Só que além de pesquisas no campo, a Embrapa 
                    também vem atuando fortemente na chamada tecnologia 
                    de ponta. Tanto 
                    que criou um laboratório especializado no assunto. 
                    Apoiado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, 
                    por meio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), o 
                    laboratório (ainda não inaugurado) e que será 
                    vinculado a Embrapa Instrumentação Agropecuária 
                     localizada em São Carlos (SP)  pretende 
                    impulsionar novas pesquisas no setor, principalmente quando 
                    o assunto tratado for a nanotecnologia. Mas, o que é 
                    nanotecnologia? É uma ciência que busca 
                    criar novos materiais e produtos a partir da reorganização 
                    de átomos e moléculas.  
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                    São coisas tão pequenas que é até 
                    difícil acreditar que estejam ali. Esses mecanismos 
                    operam em uma escala chamada nanométrica, explica 
                    o pesquisador da Embrapa, Odílio de Assis.  
                    Para entender melhor, um nanômetro é a bilionésima 
                    parte de um metro, ou seja, se dividirmos o diâmetro 
                    de um fio de cabelo humano em 80 mil partes, teremos um nanômetro 
                    = uma parte (o termo nano refere-se à escala 
                    de 1 milionésimo de milímetro, ou seja, 1 milímetro 
                    dividido em um milhão de partes), o que permite aos 
                    cientistas manipular átomos individuais.  
                    Foi a partir dessa tecnologia que os pesquisadores da Embrapa 
                    Instrumentação Agropecuária conseguiram 
                    avançar com novos materiais, como os polímeros 
                    (moléculas muito compridas, formadas pela repetição 
                    de uma unidade básica, que são estruturados 
                    na escala nanométrica) que serve como sensores, membrana 
                    e filme protetores. Nas frutas, estes dois últimos, 
                    atuam aumentando o tempo de duração pós-colheita 
                    e não alterando a textura.  
                    Segundo o pesquisador, Odílio de Assis, um dos responsáveis 
                    pelo desenvolvimento do produto, no caso da maçã, 
                    o tempo de conservação aumenta de 20 dias a 
                    um mês. A experiência em laboratório comprovou 
                    também que as pêras que receberam a membrana 
                    protetora depois de 20 dias permanecem maduras. Enquanto as 
                    outras começam a apodrecer. Em condições 
                    controladas, com refrigeração ela pode durar 
                    até um ano a mais. É o melhor, a fruta não 
                    apresenta nenhuma alteração no sabor, 
                    diz.  
                    O nanofilme (termo utilizado pela ciência), de acordo 
                    com o pesquisador, reduz a perda de líquido e a entrada 
                    de oxigênio na fruta. O filme é uma película 
                    feita à base de enzimas animais e vegetais. Um exemplo 
                    é o concentrado feito a partir de uma proteína 
                    do milho chamada de zeína. Após a imersão 
                    da fruta no filme, as partículas dessa solução 
                    se agregam aos seus poros, alterando sua respiração 
                    e retardando sua decomposição, menciona. 
                     
                    Os benefícios desta tecnologia podem ser muitos para 
                    a agricultura. O mercado de frutas exóticas brasileiras 
                    cresce muito. Esse filme é ideal para garantir a qualidade 
                    do produto no caso de exportações. A resina 
                    pode substituir os sacos plásticos e dispensa refrigeração 
                    para manter os produtos conservados. A membrana não 
                    sai na água e não faz mal à saúde, 
                    finaliza.  
                    Porém, os pesquisadores alertam que a tecnologia não 
                    substitui a boa prática de cultura, já que o 
                    intuito não é melhorar a qualidade do produto, 
                    mas sim mantê-la. A fruta, como qualquer outra, precisa 
                    ser lavada para garantir a higiene. Por enquanto, ainda não 
                    há prazos para que essa tecnologia esteja disponível 
                    às indústrias interessadas. Agora, o desafio 
                    é tornar o produto comercialmente viável. A 
                    tecnologia ainda tem um custo alto. No entanto, o Brasil perde 
                    quase 40% da sua produção de frutas no manuseio 
                    e transporte, diz Assis. A tecnologia já é 
                    usada comercialmente nos Estados Unidos, Europa e Japão. 
                     
                     Língua, 
                    Nariz e Celulose Eletrônico 
                    Outro resultado inédito obtido pela Embrapa foi o desenvolvimento 
                    de um sistema sensor, conhecido por Língua Eletrônica, 
                    onde filmes ultrafinos de macromoléculas produzidos 
                    com controle nanométrico (que possuem altíssima 
                    área superficial), permitem uma sensibilidade que pode 
                    chegar a ser 10.000, maior que a do ser humano. O projeto, 
                    que envolve parceiros importantes como a Universidade de São 
                    Paulo (USP), a Associação Brasileira da Indústria 
                    de Café (ABIC), a Enalta Inovações Tecnológicas 
                    e o Ministério de Ciência e Tecnologia, busca 
                    tornar disponível ao mercado sensores para avaliar 
                    a qualidade do café e sucos. Os sensores são 
                    capazes de analisar características de cada molécula 
                    das bebidas, no caso do café, e classificá-las 
                    de acordo com um padrão determinado, diz o pesquisador 
                    da unidade, João de Mendonça Naime. 
                    Na mesma linha também foi desenvolvido o nariz 
                    eletrônico, que utiliza o sistema de sensores 
                    com nanopartículas para determinar, pelo olfato, o 
                    tempo de amadurecimento da fruta. A pesquisa está 
                    em andamento com bananas e os resultados são positivos. 
                    Por meio de sensores, é possível captar os gases 
                    emitidos pela fruta quando ela está em fase de amadurecimento. 
                    Assim sabemos o momento exato da colheita, explica Naime. 
                     
                    Outra tecnologia que promete avançar é o uso 
                    da nanocelulose  a estrutura fundamental da celulose 
                     na produção de plásticos biodegradáveis. 
                    Segundo os pesquisadores, os plásticos biológicos 
                    disponíveis no mercado são frágeis demais, 
                    o que limita sua aplicação. Com a incorporação 
                    da nanocelulose, seria possível fabricar embalagens 
                    ao mesmo tempo biodegradáveis e resistentes, com vantagens 
                    significativas para o meio ambiente, a exemplo dos tubetes 
                    para mudas. Seria também uma forma de agregar 
                    valor aos resíduos vegetais (fontes de celulose) que 
                    hoje não são aproveitados, relata Naime. 
                     
                    A idéia é que o novo Laboratório Nacional 
                    de Nanotecnologia para o Agronegócio (LNNA) funcione 
                    como o núcleo tecnológico de uma rede de pesquisas 
                    que envolvam 15 universidades e 17 centros da Embrapa. Quando 
                    estiver completo, no ano que vem, o laboratório terá 
                    cerca de 30 máquinas aplicadas à nanotecnologia. 
                    O LNNA já está funcionando, mas ainda não 
                    foi oficialmente inaugurado. Uma visita do presidente Luiz 
                    Inácio Lula da Silva, a São Carlos (SP), está 
                    sendo agendada para a cerimônia formal, possivelmente 
                    em fevereiro de 2008. 
                   
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