Produtor do Rio de Janeiro buscou informação de trato para conseguir ter boa lavoura e bons preços, antes, sem conhecimento, tinha frutos de baixa qualidade e grandes prejuízos. O conhecimento técnico no trato das lavouras é muito importante para o sucesso da produção de frutas, legumes e verduras. No caso do maracujá não é diferente. O Brasil é o maior produtor da fruta no mundo, com safra de 480 mil toneladas, e também é o maior consumidor. O maracujá-amarelo (conhecido também como maracujá-azedo) é o mais popular e é destinado, principalmente, à indústria para produção de sucos. Há alguns anos a produção e o consumo do maracujá-doce (outra espécie) também vem crescendo no País. “Mas a cadeia produtiva desta variedade ainda não está completamente estabelecida”, afirma o pesquisador da Embrapa Cerrados, Fábio Faleiro, especialista em maracujá. |
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Em busca de conhecimento
Um produtor sentiu na pele as dificuldades em cuidar de uma lavoura sem conhecer os problemas específicos da cultura e buscou informação para garantir lucratividade. O carioca Jéferson Correa proprietário da Fazenda Espírito Santinho, localizada em Campo dos Goytacazes (RJ), a 280 km da capital fluminense, teve que trabalhar muito para atingir lucratividade. “Se hoje eu tenho uma lavoura bonita e que me rende ótimos frutos é porque fui atrás e busquei informação em diversos lugares. Falei com muita gente, com pesquisadores, produtores e ano a ano fui aprendendo com a minha própria lavoura”, explica Correa, que produz o maracujá-amarelo.
O agricultor iniciou a lavoura de maracujá em 2002, quando abandonou a produção de leite. Ele não obteve retorno financeiro nos primeiros anos de trabalho com a fruta e sentiu que precisava se informar sobre o trato na lavoura para atingir resultados expressivos. “Só com informação é que a gente consegue resultado”, conclui Correa, que chegou a plantar 5.500 mudas, mas viu que não tinha condições de cuidar de toda a plantação com a qualidade necessária e diminuiu a lavoura para 3.600 mudas. “Considero que comecei a minha lavoura no ano passado, porque foi quando realmente plantei com conhecimento e hoje já tenho todas as informações para obter a melhor produção possível”, diz Correa.
A região de Campos sempre foi forte na cultura do maracujá, mas nos últimos anos a quantidade de agricultores que cultivam a fruta caiu muito. “Antes tinha bastante gente produzindo, mas há quatro anos começou a ter muita praga e quase já não se tinha mais retorno. Com isso, muitos agricultores começaram a deixar o maracujazeiro e passaram para outras culturas”, explica o carioca. Como o produtor não tinha experiência com a fruta, ele começou a ir atrás de pesquisadores e produtores com experiência. “Cheguei a ligar para o Espírito Santo, em locais onde sabia que cultivavam maracujá, atrás de pessoas que me informassem sobre a cultura, sobre a maneira certa de podar e tudo mais”, lembra Correa.
Hoje, o maracujá plantado na Fazenda Espírito Santinho abastece 14 supermercados da região comprovando que não foi só quantidade que o produtor conquistou, mas também qualidade. Além da venda para consumo in natura, Correa comercializa cerca de 20% dos frutos para a indústria e em épocas de boa colheita consegue atender a demanda para a indústria de polpa, outro bom mercado para os produtores de maracujá.
Maracujá em números
O maior produtor da fruta no Brasil é a Bahia com mais de 90 mil toneladas/safra. Em segundo lugar está São Paulo, com mais de 80 mil toneladas. Porém, outros estados do sudeste também estão ganhando espaço na produção nacional, como Minas Gerais e Espírito Santo, e no nordeste Sergipe também aparece com volume de 40 mil toneladas.
Ao todo, são 35 mil hectares de plantações de maracujá no Brasil colhendo 75% do maracujá produzido no mundo. Os últimos dados divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) sobre o cultivo da fruta mostram que o planeta produz cerca de 640 mil toneladas por safra. Países de clima onde predomina o sol e o calor são potenciais produtores de maracujá, já que a fruta necessita cerca de 11 horas de sol por dia, em temperatura acima dos 23º.C. Equador, Colômbia, Peru, África do Sul e Austrália são outros produtores mundiais da fruta, apesar do país africano e da Austrália produzirem uma variedade diferente, conhecida como maracujá-roxo. O Equador é o maior exportador do suco concentrado, exportando cerca de 160 mil toneladas em 2006.
O aumento da produção brasileira de maracujá se deu no final da década de 70 com a chegada da indústria para a produção de suco. As duas décadas seguintes contribuíram para o Brasil atingir 36 mil hectares de plantio, número que praticamente se manteve até hoje. O que mudou foi a produtividade por área plantada, já que com os 36 mil hectares em 1990 colhia-se 317 mil toneladas e hoje, com 35 mil hectares atinge 480 mil toneladas, um incremento superior a 50%. “Isso se deve ao conhecimento e a implantação das informações nas lavouras brasileiras”, explica o pesquisador da Embrapa. Mas ainda há espaço para aumentar a produção nesta mesma área, já que hoje a média é de 13,7 mil frutos por hectare e o potencial é de 50 mil por hectare.
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