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CAMARÃO - Produção brasileira do crustáceo deverá sair da estagnação
rev 129 - novembro 2008

Produção brasileira do crustáceo deverá sair da estagnação - que já dura três anos - e deve crescer. Valorização do dólar é um dos motivos. A produção nacional de camarões chegou a atingir 90 mil toneladas em 2003, mas este número foi caindo e há três anos o Brasil produz 65 mil toneladas por ano. A expectativa é que em 2009 este número volte a crescer moderadamente devido à valorização do dólar frente ao real - o que torna a exportação mais atrativa aos produtores - já que hoje o País exporta apenas 15% da produção, percentual bem diferente de 2005 quando vendíamos para outros países cerca de 65% dos nossos camarões.
O Brasil poderia produzir muito mais camarões atualmente já que de 1997 a 2003 a criação do crustáceo cresceu, em média, 71% e, devido a uma crise em 2004, a produção reduziu substancialmente de 90 mil para 75 mil toneladas e hoje estamos estagnados com 65 mil toneladas há três anos.

Rio Grande do Norte e Ceará são os estados líderes na produção nacional concentrando cerca de 70%. Dados do Censo de 2004 informam que os dois estados somavam 572 produtores dos 997 em todo o território nacional. A grande queda na produção em 2004 mostra que o País poderia ter um lugar mais importante no cenário mundial da carcinicultura.
Representando apenas 0,82% do volume de camarão exportado no mundo, o Brasil fica bem distante da Tailândia, maior exportador do crustáceo, com 279.291 toneladas, o equivalente a 1 milhão e 700 mil dólares, representando 15% do mercado mundial. O melhor comprador é o Estados Unidos, que importa cerca de 550 mil toneladas por ano. Já a Espanha é o país que mais consome o crustáceo proporcionalmente pelo número de habitantes, com consumo per capita de 3,57 kg por ano. Como comparação, o brasileiro consome, em média, 0,38 kg por ano. Se nós tivéssemos o mesmo costume dos espanhóis em consumir camarão, e atingíssemos 3,57 kg por pessoa o Brasil, consumiria por ano cerca de 642 mil toneladas do crustáceo e seria, de longe, o maior consumidor mundial.
Provavelmente, o País não chegaria a esse patamar de consumo, mas o crescimento do número per capita deve ocorrer uma vez que a média mundial é de 700 gramas por ano. Além disso, ao compararmos com o mercado de outros pescados nobres no Brasil, como o salmão e o bacalhau, há espaço para aumentar o consumo nacional de camarões.
E é nessa mudança que estão focando os criadores que deverão aumentar a produção em 2009. “Para os próximos anos a expectativa é de que o setor volte a crescer de forma moderada. As exportações podem e devem aumentar com a valorização do dólar, mas as empresas líderes do setor não devem abrir mão do trabalho voltado para o mercado interno e pelo espaço já conquistado”, explica o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC), Itamar de Paiva Rocha.
As exportações brasileiras de camarões diminuíram muito nos últimos anos, em 2005 exportamos 65,4% (42.500 toneladas) das 65 mil produzidas e esse número vem apresentando queda ano a ano. Em 2006 foram 46,9% e em 2007 enviamos para fora apenas 15% (15.500 toneladas). Mesmo assim, para o presidente da ABCC, Itamar Rocha, nosso camarão é muito bem visto lá fora. “O camarão de cultivo origem Brasil detém uma ótima reputação de qualidade nos principais mercados consumidores da União Européia, especialmente Espanha e França, onde sempre continuamos colocando nosso camarão. Além do câmbio, existem outros fatores como sazonalidade de preços, produção de outros países e destino das suas exportações que afetam o mercado”, explica.

Produto nacional

Acompanhando a tendência de alta do camarão brasileiro a empresa Dama Frutos do Mar (uma nova indústria que comercializa camarão no Brasil) pretende ampliar os locais de venda e a gama de produtos oferecidos para 2009. Atualmente a empresa produz em 15 tanques de aproximadamente três hectares cada um localizados na Eco Fazenda São Braz, na cidade de Barra de Santo Antônio (AL). No mesmo local fica a indústria onde são embalados e congelados os camarões.
No primeiro ano de empresa, ela obteve faturamento de 10 milhões de reais atendendo apenas ao público varejista. Agora, pretende entrar na distribuição atacadista em São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo.
O investimento inicial foi de 30 milhões de reais e para o proprietário da empresa, há riscos na atividade, mas a probabilidade de retorno é grande. “A atividade da carcinicultura, como as outras atividades do campo, está sujeita a grandes variações de rentabilidade. Nos últimos anos, por conta principalmente de um câmbio altamente punitivo, tem sofrido bastante. O decréscimo acelerado da produção de camarões marinhos na natureza e uma nova realidade cambial deverão mudar substancialmente esta realidade”, explica o empresário pernambucano Luiz Felipe Brennand, dono da Dama Frutos do Mar.




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