Lá,
eles transformam 560 da safra colhida de 2.500 pés, em conservas de alcachofra.
No início, vendíamos a flor in natura, mas com o preço
em queda não ficamos mais satisfeitos. Então, há uns quatro
anos, investimos na produção de conservas. E deu certo, justifica
Ana Lídia, que se tornou produtora comercial há 12 anos.
Como vende as alcachofras em conservas, a produção requer um trabalho
artesanal e muita mão-de-obra já que não existe nenhum
tipo de máquina capaz de extrair o miolo da flor a produtora instalou
uma cozinha industrial e contratou 12 funcionários bem treinados. Hoje,
os Ortmann afirmam que até diminuíram a produção de
alcachofras e agora compra de terceiros. Tudo para atender a demanda da fabricação
das conservas, que além das alcachofras, tem berinjela, alho e tomate seco.
Atualmente, o casal produz 37 mil vidros por ano só da flor em
conservas (à base de sal, óleo de milho), que saem de São
Roque diretamente para grandes mercados da capital. Cada vidro é vendido
para o atacado na média de R$ 14 e chegam a ser revendida, no varejo, por
valores acima de R$ 20. Por não conter conservantes, elas estão
prontas para serem consumidas em vários pratos. A alcachofra é capaz
de enriquecer pratos doces ou salgados, graças ao seu sabor original. Hoje,
além de fornecemos aos nossos clientes fixos, que vem buscar diretamente
aqui, atendemos a muitos restaurantes, pizzarias e empórios finos de São
Paulo, diz.
Segundo a produtora, a cultura da alcachofra é
muito delicada. Elas são muito suscetíveis às pragas e doenças.
A planta exige clima ameno (não tolera frio intenso e úmido), prefere
solo em declives, não suporta encharcamento, mas necessita de irrigação
quase que diariamente. O plantio de março a abril é feito após
a colheita, que acontece entre setembro e novembro, com os brotos ou as mudas
que surgem no verão ao redor das plantas adultas. Por ser uma cultura perene,
produz por quatro a sete anos, sem a necessidade de novos plantios. As folhas
são grandes, bastante recortadas de cor verde com tendência para
cinza-clara. Dizem por aí, que a alcachofra é cara, mas na
verdade ela dá muito trabalho para ser produzida, argumenta a Ana
Lídia Ortmann.
Cada pé chega a produzir de 8 a 10 flores
de alcachofra. Atualmente, são quatro as variedades mais encontradas no
mercado: Roxa Comprida, Roxa Romana e Verde Redonda, sendo que a mais consumida
e a mais plantada é a Roxa de São Roque.
Por reunir boas
condições, o plantio de alcachofra em São Roque ocupa 37
hectares de terra, equivalentes a 74 campos de futebol, área 37% menor
do que a ocupada pela cultura da uva. Produzimos uma vez por ano a alcachofra
Roxa, mas nós nos orgulhamos, pois somos os únicos a produzir a
hortaliça no seu tempo certo, de forma natural, sem uso de hormônios
que forçam uma produção durante todo ano, menciona
Ana Lídia. Segundo ela, o consumo nos últimos anos tem aumentado
bastante. Graças à boa divulgação, promovida
pela festa realizada na cidade, a alcachofra está sendo mais conhecida,
finaliza. Em
Nome do Roxinho Dario
Antonio de Moraes, um dos maiores produtores da região, apostou na lavoura
da alcachofra há muito tempo atrás. Lá, em sua propriedade
o plantio é diferenciado, ou seja, as flores são ensacadas. De longe,
o cultivo até parece uma plantação de jornal.
Mas todo este cuidado tem explicações: A medida valoriza os
botões, que são embalá-los individualmente com sacos de papel,
servindo para protegê-los do sol direito e impossibilita que a flor mude
de cor. O sabor não muda, mas quanto mais roxo for o produto, maior o seu
valor de venda, diz o produtor, que revela o segredo para as flores ficarem
bonitas, protegidas de chuvas, doenças e da aplicação de
agrotóxicos. Na propriedade do Dario, que começou há
mais de 15 anos com apenas 100 mudas, hoje são aproximadamente três
hectares de alcachofra, produzindo 15 mil pés. Além disso, há
também uvas de vinho e hortaliças. No entanto, nas terras adubadas
e bem irrigadas, as vedetes são mesmo as flores da alcachofra. Ao contrário
dos Ortmann, a flor é vendida in natura e o preço comercializado
chega em média a R$ 1,50 reais. Hoje, comercializamos para restaurantes,
hotéis e para as feiras da cidade, menciona o produtor que também
é feirante. Em média, os preços das alcachofras são
razoáveis, mas dá pra se manter, diz.
Na época
da safra, Dario emprega entre três e cinco funcionários para auxiliar
no trabalho. Lá, também como a maioria dos produtores conta basicamente,
com a mão-de-obra familiar. Tudo
Aproveitado Como
terceiro produtor de alcachofras do Estado, perdendo apenas para Piedade e Ibiúna,
o cultivo da alcachofra (além de trazer divisas para a cidade de São
Roque), atrai todo ano um grande número de turistas para a Expo São
Roque Alcachofras, Flores e Vinhos , que este ano chega à
sua 16ª edição. Durante o evento, a alcachofra é colhida
e vendida no mesmo dia. Os produtores, além da venda da flor in natura,
comercializam as folhas da alcachofra para indústria farmacêutica,
para a fabricação de produtos de beleza e medicamentos e as conservas,
tanto de botões o saboroso coração da iguaria
como os fundos.
Neste ano, a cidade espera colher 500 mil unidades da
hortaliça e aguarda um público de 70 mil visitantes, durante o mês
de outubro. São pessoas a fim de degustar diversos tipos pratos preparados
com alcachofra como risoto, pastel, strogonoff, patê, entre outros,
conta o coordenador da Expo São Roque, Antonio Roberto Renzo. Na opinião
dele, a cidade de São Roque se transformou em uma das maiores produtoras
de alcachofra, por um motivo especial: O clima e o solo ajudaram, mas sem
dúvida nenhuma, a mão do produtor contribuiu para este status,
diz Renzo.
A alcachofra é uma flor imatura pertencente à
mesma família das margaridas e dos girassóis a família
das Compostas. A flor possui propriedades nutricionais e medicinais. A cada 100
grama comestível é possível encontrar vitaminas do Complexo
B, potássio, cálcio, fósforo, iodo, sódio, magnésio
e ferro. Além disso, o leve amargor da flor estimula a digestão
e surpreende os olhos de qualquer um, quando em sua fase final oferece uma beleza
e cor à plantação.
De acordo com Lina Sgueglia de
Góes, proprietária do Restaurante Cantina Tia Lina, a parte mais
saborosa da flor é o miolo, bastante usado na produção de
conservas e para a preparação de vários pratos. Das
pétalas, come-se à parte mais carnuda, e os talos também
podem ser aproveitados. Para comer a alcachofra o jeito mais simples é
cozinhá-las em água, retirar os espinhos e depois saborear as pétalas
com um azeite, vinagre, sal e cebola, completa Lina. |