Aprovado
para o uso pelos agricultores brasileiros, após uma árdua batalha,
seguida de discussões onde, muitos vezes imperavam mais entraves políticos
do que técnicos, o milho BT começa a fazer parte da realidade de
nossa lavoura e, ao mesmo tem, passa a desfrutar de um status importante, figurando
como uma das soluções (talvez, a mais eficaz) para reduzir os níveis
de infestação de insetos e fungos que comprometem a produtividade
do milharal.
Nesse contexto, o milho Bt é uma alternativa importante
pois ele diminui, ou até elimina, a necessidade de uso de inseticidas.
Isto significa menor gasto de recursos para os produtores e alimento de melhor
qualidade para o consumidor, sem contar que o meio ambiente fica preservado da
contaminação com inseticidas. |
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O
milho Bt produz uma proteína que é tóxica somente para determinados
insetos. Existem variedades de milho Bt que produzem diferentes proteínas
tóxicas. Algumas possuem ação contra lagartas que consomem
as folhas da planta de milho. Outras são ativas contra larvas de besouros
que atacam o caule da planta de milho. Essas pragas são responsáveis
por perdas enormes para a produção do milho obrigando o uso pesado
de inseticidas.
Ao ser eficiente no combate aos principais insetos que
atacam a lavoura, o milho BT consegue, de forma decorrente, um controle eficiente
de fungos, outros grandes causadores de perdas. Os insetos, ao se alimentarem
do milho, causam ferimentos aos grãos tanto na lavoura como no período
que o milho fica armazenado após a colheita. Esses ferimentos são
a porta de entrada para que os fungos invadam o grão. Caso
as condições de umidade e temperatura sejam altas, ocorre um favorecimento
ao crescimento do fungo no interior do grão. Esses focos de infecção
produzem um grande número de estruturas do fungo, denominadas esporos,
que após serem liberadas irão infectar mais grãos. Durante
seu crescimento o fungo produz micotoxinas para facilitar a destruição
do tecido vegetal. Portanto, impedir que a infecção fúngica
se inicie a partir de ferimento causado por insetos é um método
muito eficiente para controlar o acúmulo de micotoxinas.
Essa
natureza nociva do milho BT a determinados insetos, porém, não faz
dele um risco a saúde do homem nem tampouco aos outros animais ou ao meio
ambiente. A proteína tóxica que ele contém é inócua
a todos organismos que não são alvos, incluindo grupos de insetos
que não se alimentam do milho, fungos, bactérias, animais e seres
humanos. Diversos estudos têm se dedicado a estudar os possíveis
efeitos da toxina em organismos não alvo e os resultados das pesquisas
indicam sua segurança. Isto se deve a grande especificidade da toxina,
que exige condições muito restritas para sua atividade, que somente
são encontradas no aparelho digestivo de determinados insetos como, por
exemplo, a presença de receptores celulares. É importante também
ressaltar que essas toxinas são originadas de uma bactéria denominada
de Bacillus thuringiensis que é encontrada em quase todos os solos.
Inseticidas naturais contendo essa bactéria são usados com segurança
na agricultura há muito tempo. A diferença do uso de uma planta
Bt e de um inseticida Bt é que na primeira o produto somente fica disponível
para o inseto que consome a planta e no segundo, que usa a bactéria viva,
outros insetos que não consomem o milho podem ser afetados. Portanto, o
uso de milho Bt é até mais seguro que o inseticida natural.
No caso do milho Bt a toxina é somente ativa contra o inseto e não
contra o fungo. Porém, existem pesquisas em desenvolvimento que possibilitarão
o uso de plantas resistentes aos fungos produtores de micotoxinas. Ou seja, mesmo
que o dano pelo inseto ocorra, as plantas não acumularão micotoxinas.
Essas variedades ainda não são disponíveis comercialmente,
mas no futuro poderão ser alternativas importantes para o controle de micotoxinas.
A existência de alternativas é sempre desejável, pois os microrganismos
facilmente costumam desenvolver estratégias que impedem o funcionamento
dos métodos de controle. Produtivo,
nutritivo, saudável As
características nutricionais do milho convencional e do milho Bt são
equivalentes, pois a única alteração que ocorre é
a introdução do gene Bt. As variações nutricionais
que ocorrem entre plantas de milho de uma mesma variedade são muito mais
freqüentes em função da mudança de clima e do tipo de
solo do que pela presença ou não de um determinado gene, como o
Bt.
Portanto, a opinião de algumas pessoas que os transgênicos
alteram a qualidade nutricional não corresponde à realidade. Já
foram realizados exaustivos estudos sobre a segurança alimentar em termos
de toxicidade e alergenicidade da proteína Bt. Os grãos do milho
Bt também foram submetidos a uma rigorosa avaliação de seu
uso como alimento, além disso, esse milho vem sendo consumido há
10 anos em diversos países do mundo sem registro de problemas. Somente
após estudos rigorosos uma variedade de milho Bt é liberada para
plantio e uso na alimentação. Considera-se que nenhuma outra inovação
tenha sido tão avaliada como o caso das plantas transgênicas. Felizmente,
esse rigor na análise de segurança de produtos transgênicos
tem levado a uma melhor compreensão sobre o a segurança alimentar.
Possivelmente, no futuro, seremos igualmente exigentes quanto à presença
de substâncias que realmente causam mal à saúde, como as micotoxinas.
AS
micotoxinas Micotoxinas
são compostos tóxicos produzidos por diversos fungos que infectam
grãos, ou alimentos produzidos a partir desses como farinhas, pães
e rações para animais. As micotoxinas são consideradas carcinogênicas
(podem causar alguns tipos de câncer), além disso, o consumo de alimentos
contaminados com micotoxinas causa danos de distintos graus de severidade em órgãos
internos, ao sistema nervoso e circulatório de animais que as consomem,
podendo causar até a morte. Atualmente a preocupação com
micotoxinas é tão grande que diversos países enviam representantes
oficiais para acompanhar o embarque de grãos em países produtores
e assim evitarem o ingresso de grãos contaminados no seu destino. As micotoxinas
também fazem parte do arsenal de armas biológicas que potencialmente
podem ser usadas em casos de bioterrorismo. Atualmente, o controle das micotoxicoses
é feito através da detecção das micotoxinas e o descarte
do alimento. Entretanto, a diversidade de compostos químicos que compõe
as micotoxinas torna o processo complexo. Exemplo de micotoxinas importantes são
as fumonisinas no milho, as aflatoxinas no milho e no amendoim, os tricotecenos
no trigo e as ocratoxinas no café. Produtores
daqui querem repetir o sucesso lá de fora! Um
novo estudo da consultoria britânica Brookes West, mostrou que pequenos
fazendeiros no Nordeste da Espanha estão conseguindo produzir mais, com
melhor qualidade e aumentar suas rendas com o cultivo do milho Bt. A variedade
utilizada protege as lavouras contra ataques da broca européia do Colmo,
que pode provocar perdas de 15% ou mais na produção. Atualmente,
a Espanha é o único país na União Européia
onde as lavouras de organismos geneticamente modificados são cultivadas
comercialmente e que desfruta dos benefícios do Milho Bt.
Muitos
fazendeiros espanhóis não utilizam nenhuma forma de combate à
praga, principalmente porque os problemas causados pelas larvas estão escondidos.
Além disso, grandes infestações não são previsíveis
e o trabalho de checar os campos, diversas vezes, a cada verão demanda
tempo e mão-de-obra especializada. Há ainda o alto custo e a dificuldade
de estabelecer o momento correto para a aplicação de inseticidas
contra a praga. É por isso que muitos fazendeiros espanhóis chegaram
à conclusão que o milho geneticamente modificado resistente a insetos
é a melhor opção para a produção desse cultivo
onde a Broca do Colmo é comum.
Na média, os fazendeiros
que usam o Milho BT têm registrado um ganho em suas rendas de 150 euros
por hectare, comparado ao cultivo convencional de milho. É por isso que
os agricultores não têm escondido o entusiasmo com o uso dessa tecnologia.
Graham Brookes, autor do relatório, afirmou: Muitas pessoas
não se deram conta que as lavouras GM estão sendo cultivadas com
sucesso na Europa. Neste relatório do Nordeste da Espanha, registramos
que mais de 20.000 hectares de Milho Bt estão sendo cultivados todos os
anos desde 1998. Isto representa mais de 4% do total da área plantada
com milho na Espanha, e existe a estimativa de que cresceria para 36% se a tecnologia
do Bt estivesse disponível livremente nos principais híbridos comerciais
de milho.
Outro ponto positivo destacado pelos fazendeiros no relatório
é o fato de que os agricultores locais não têm tido problema
na venda de suas lavouras, por meio dos canais regulares da indústria de
alimentos para animais. |