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Rio das Ostras vive uma nova realidade. Além de nos últimos anos, 
o município receber altos investimentos aplicáveis em infra-estrutura, 
provenientes dos royalties da Petrobrás, o turismo é também 
um forte aliado na região Baixada Litorânea do Rio de Janeiro, por 
causa das suas praias, como a Praia da Tartaruga, Praia do Centro, entre outras. 
Porém, ao contrário do que se imagina, lá não se vive 
só da pesca e do turismo. Há quatro anos, os moradores vêm 
apostando em uma nova renda: o cultivo de feijão. Hoje, Rio das Ostras 
mantém a maior produtividade do Estado. E a safra tem se mostrando com 
uma das melhores, nos índices da média nacional. Em 2005, 
eram 35 produtores, em uma área de 49 hectares e que alcançaram 
uma produtividade média de 680 quilos. Em 2006, a safra colhida por 41 
agricultores  após investimentos com máquinas, implementos 
agrícolas e sementes certificadas  alcançou a produtividade 
média de 935 quilos. No ano seguinte, eram 55 produtores, em uma área 
de 73 hectares. Com isto, a produtividade média chegou em torno de 1.150 
quilos. Já em 2008, são 119 atuando em uma área de 139 hectares 
e com uma expectativa de produtividade em torno de 1.200 quilos de feijões, 
diz o diretor do Departamento Agropecuária da Secretaria de Meio Ambiente, 
Agricultura e Pesca, Alexandre Tadeu Santiago Biscaia. 
   O êxito 
da cultura no município é resultado do programa Renda no Campo, 
realizado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Agricultura e Pesca para 
incentivar o plantio de culturas, como o milho, aipim e o feijão. O objetivo 
do programa, que no caso do feijão também recebeu o nome carinhoso 
de Feijão Maravilha, é agregar renda à atividade 
de produção agropecuária, por meio de diversos projetos de 
fomento desenvolvidos em conjunto com os pequenos e médios produtores da 
cidade. Neste caso, a Prefeitura oferece apoio técnico e insumos e os produtores 
custeiam isto fornecendo o excedente do que iria ser vendido, para escolas, hospitais 
e creches da cidade. Além disso, as sacas são comercializadas nas 
feiras pelos próprios produtores, com preços tão similares 
aos de marca dos supermercados. E é isto, que move a economia interna de 
Rio das Ostras. 
   Como forma de estimular a produção, este 
ano, a contrapartida em feijão do agricultor ao município pode ser 
menor quanto maior for a sua produtividade (produção por hectare). 
Para o secretário do Meio Ambiente, Agricultura e Pesca, Ivan Nóe, 
foram muitos benefícios alcançados pelos produtores. O principal 
é a renda. Este é o ganho mais visível. Com a produção 
atingindo níveis mais elevados, o produtor fica estimulado e confiante 
e, em muitos casos eleva até sua auto-estima. Este é um retrato 
bem diferente de anos atrás, onde a produção estava estagnada, 
diz. O feijão é uma cultura de agricultura familiar e teve 
mais intensificação em 2005, após a parceria entre a Prefeitura 
e os produtores. A região já cultivava a plantação, 
porém, não tinha registros de safras e nem números significativos, 
comenta o secretário. 
   Outro problema que vinha ocorrendo na região 
é que após vários investimentos, Rio das Ostras ganhou visibilidade 
imobiliária. A pressão para construções de novas 
moradias, principalmente, o aparecimento de muitas áreas para lazer, fizeram 
com o que o pequeno produtor vendesse suas terras e migrasse para a cidade. Hoje, 
a história é outra. 
   De acordo com o secretário, 
o clima, o solo e a dedicação dos produtores favorecem a alta produtividade. 
Aliado, é claro, a assistência técnica permanente. Futuramente, 
a idéia é ajudá-los a estruturar uma cooperativa, para favorecer 
a comercialização e agregar valor ao produto, já que o custo 
da produção ainda é alto em comparação aos 
demais estados. Mas neste momento, podemos afirmar que o feijão mudou a 
vida dos produtores. E porque não dizer, que o município virou a 
nova capital do agronegócio, enfatiza Nóe. 
   Já 
para o diretor do Departamento Agropecuária da Secretaria de Meio Ambiente, 
Agricultura e Pesca, Alexandre Tadeu Santiago Biscaia, o feijão é 
também ponta-pé inicial para promover outras lavouras. A cada 
ano, mais agricultores participam do projeto. O número de participantes 
é quase três vezes maior que no início do programa. Em 2005 
eram apenas 35, em 2008 já são quase 119 trabalhadores, que na média 
somam até 2 hectares cada um, menciona o diretor.  O 
Feijão do Otimismo Plantando 
feijão há pelo menos 40 anos, o agricultor Irenio Rangel Guimarães 
está há pelo menos 13 na cidade de Rio das Ostras, cultivando o 
grão. Com 60 anos, o plantador viu o seu terreno de 2 hectares, no bairro 
de Cantagalo, registrar uma safra de aproximadamente 4 toneladas de feijão 
no último plantio  500 quilos a mais que a última colheita. 
Agora ele está mais otimista do que nunca. Eu sempre plantei o feijão, 
mas a colheita nunca foi tão prática e moderna como hoje. A prefeitura 
manda pra cá o maquinário e eles fazem tudo sozinhos. Antes, tinha 
de catar tudo na mão, num esforço danado. Com a idade chegando, 
é difícil plantar, colher e vender tudo sem uma estrutura dessas 
por trás. Hoje o trator vem e bate o feijão, com mais velocidade 
e higiene, comenta o agricultor que vende o feijão pelo preço 
de R$ 2 o quilo. 
   Segundo conta, o grão, cultivado sem agrotóxico, 
atrai o gosto de consumidores especialmente interessados em adquirir produtos 
saudáveis. O pessoal vem de longe comprar o feijão plantado 
aqui em Cantagalo (que fica cerca de 15 km do centro da cidade). Como aqui é 
uma área rural, eles vêm de carro e compram quilos e mais quilos 
de uma só vez. O feijão que tem mais qualidade acaba saindo mais 
barato que no supermercado da região, diz o agricultor sorridente. 
   Outro produtor que participa do programa, desde 2005, é Waldemir 
Alves Barcelos, o Seu Demir. Atualmente, o produtor cultiva uma área 
três vezes maior que naquela época. Com apoio dos técnicos 
da Prefeitura a gente vem evoluindo muito. Antes, a gente plantava, mas não 
tinha a expectativa boa que temos hoje. É garantido que teremos uma boa 
safra e dependemos disso para manter um bom rendimento, afirma o agricultor. 
   Neste ano, parte da colheita revertida à Prefeitura será 
armazenada. Os grãos serão beneficiados e servirão como sementes 
no plantio do próximo ano.   |