A última vez que o Ministério identificou animais portando a doença
em território nacional foi em 2005 nos estados de Mato Grosso do Sul e
Paraná. Na época, mais de 5.000 animais foram abatidos causando
prejuízos na ordem de US$ 300 milhões, devido o embargo de 50 países
à carne brasileira.
Se
no passado havia alguma dúvida em relação à qualidade,
procedência das vacinas, falta de controle da produção e comercialização,
com a Central de Selagem isso acabou, afirma o Coordenador da Central de
Selagem pelo SINDAN, Silvio Cardozo Pinto.
Com
capacidade de armazenamento de 500 mil doses, a Central pode informar ao Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) quantos frascos do medicamento
foram enviados para cada município brasileiro, de qual lote eles pertencem
e o dia exato em que chegaram nos revendedores. O pedido do ministério
era que se tivesse um rastreamento perfeito e um controle para onde iriam as vacinas.
Hoje esse objetivo foi atendido. Então o MAPA tem atualmente um rastreamento
Estado por Estado e cidade por cidade, onde são distribuídas as
vacinas. Qualquer problema é fácil de identificar qual foi o laboratório,
explica o coordenador da Central.
A centralização das operações
fez o Brasil ter rastreabilidade total das vacinas, estimativa da cobertura vacinal
de determinadas regiões e garantia de qualidade e procedência do
produto. Em caso de qualquer problema com alguma dose, basta informar à
CSV sobre o lote do produto, que ela pode indicar para qual município foi
vendida a vacina e a empresa fabricante.
Depois
de produzidos e testados nos próprios laboratórios, os frascos ainda
são encaminhados à CSV. Já na Central são coletadas
doses de cada lote para testes oficiais do governo e o lote fica em quarentena
por, aproximadamente, 60 dias. As amostras são levadas ao Laboratório
de Referência Animal (LARA), em Porto Alegre, onde é realizado o
teste de esterilidade da vacina. Outras coletas são enviadas para a Fazenda
Experimental do MAPA, em Sarandi (RS), onde são aplicadas em bovinos. Um
mês depois os técnicos voltam à fazenda para coletar o soro
e o sangue do animal, que servirá para realização de análises
no LARA. Durante esse mesmo período, o Laboratório de Apoio Animal
(LAPA), localizado em Recife (PE), faz testes de inocuidade, que identifica se
há algum vírus vivo na vacina.
Os
resultados finais são enviados a Brasília (DF), de onde sai a autorização
após análise dos dados. Com a liberação, os lotes
recebem selos holográficos de identificação produzidos na
Alemanha, pelo mesmo órgão responsável pela holografia das
notas de Euro. A partir daí, os laboratórios estão liberados
para comercializar os lotes das vacinas aprovadas, que serão distribuídas
de Vinhedo para todo o País. Em caso de reprovação do lote,
os testes são refeitos e se for confirmado o problema o lote é destruído.
Armazenamento
e distribuição A
CSV, instalada na empresa AGV Logística, é a responsável
pelo armazenamento das vacinas, em condições ideais, entre 2º
C e 8º C. Com as constantes mudanças de áreas para a criação
de gado no Brasil, a empresa de logística tem que se adaptar para entregar
a vacina em todas as regiões, como explica o diretor da AGV, Maurício
Pires Motta. Se você olhar a região centro-oeste, cada vez
mais o gado está subindo, como a gente fala. O Norte hoje, considerando
as cidades maranhenses Marabá e Imperatriz, é uma região
muito importante para a pecuária. O que acontece hoje é que a AGV
montou uma estrutura de distribuição com 11 filiais no Brasil inteiro,
em 11 Estados, que dão suporte a essa distribuição, para
que a gente garanta uma entrega em todo o Brasil, afirma o diretor.
As
doses são encaminhadas somente aos revendedores e cooperativas autorizados
e que possuam condições de armazenar o produto adequadamente, já
que a temperatura é uma questão essencial para manter a eficiência
do produto. Há também a fiscalização do ministério
para saber o estado de conservação das vacinas e se têm condições
adequadas de armazenagem e tudo mais, comenta Cardozo, coordenador do CSV.
Calendário
de vacinação As
datas de vacinação no Brasil são variadas já que há
particularidades em alguns Estados. Em Santa Catarina, por exemplo, que é
considerada zona livre de febre aftosa sem vacinação
pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), não
existe aplicação da vacina. Os meses de realização
das etapas variam de acordo com as características de cada região,
predominando os meses de maio e novembro. Alguns estados do Nordeste, como Alagoas,
Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte e Roraima realizam
as etapas em abril e outubro. O Rio Grande do Sul realiza em janeiro e junho,
para harmonizar com os calendários de vacinação dos países
vizinhos. O reforço da vacina para animais com até 12 meses, em
Mato Grosso e na Zona de Alta Vigilância (ZAV) do estado do Mato Grosso
do Sul, ocorre em fevereiro, explica a coordenadora de Febre Aftosa do Ministério
da Agricultura, Francianne Assis.
A ZAV é uma área considerada
de alto risco e que necessita de maior vigilância já que é
onde foi encontrado foco da doença em 2005. Estima-se que haja 730 mil
cabeças de bovinos nesta área.
O
número de vacinas aplicadas na primeira campanha é maior que o do
segundo semestre, isto porque em alguns casos só há vacinação
no primeiro semestre. Veja o mapa ao lado.
A
segunda e última campanha de vacinação de 2008, com exceções,
vai de setembro a novembro e a expectativa é aplicar 170 milhões
de doses em todo o território brasileiro, nove milhões a mais do
que na mesma campanha do ano passado. A CSV ainda irá fornecer cerca de
11 milhões de doses para países vizinhos, como Argentina e Colômbia.
Espera-se que sejam aplicadas 374 milhões de doses da vacina de Febre Aftosa
no Brasil somando as duas campanhas deste ano, ou seja, 33 milhões a mais
que em 2007 quando foram imunizados 341.271.628.
Para
a coordenadora de Febre Aftosa do Ministério da Agricultura, Francianne
Assis, o Brasil possui uma boa cobertura vacinal apesar da responsabilidade ser
toda do pecuarista. A vacinação contra a febre aftosa é
de responsabilidade dos produtores rurais, que devem comprovar a aquisição
da vacina em quantidade compatível com a exploração pecuária,
sob a responsabilidade dos mesmos em declarar sua aplicação dentro
dos prazos estabelecidos. A cobertura vacinal alcançada no País
é muito satisfatória (em torno de 96%), proporcionando alto nível
de imunização, o suficiente para proteger os rebanhos em caso de
uma introdução do vírus, e impedir sua propagação
afirma a coordenadora do MAPA.
O
armazém da CSV possui um estoque de segurança de vacinas da Febre
Aftosa de, no mínimo, 15% do que é necessário ao ano, o que
representa cerca de 55 milhões de doses. Atualmente, a Central está
com 185 milhões de doses acumuladas em estoque. |