Além
de Salitre, já está em curso um investimento de R$ 300 milhões
para a expansão do complexo industrial da Fosfertil de Uberaba (MG) e das
minas de Tapira e Catalão. Outro grande projeto da Bunge é a abertura
de uma nova mina de fósforo em Araxá (MG), com capacidade anual
de produção de 820 mil toneladas de rocha fosfática (equivalente
a 290 mil toneladas de fósforo), que deverá estar concluída
já em 2009. O valor desse investimento é de R$ 320 milhões,
sendo que os demais valores serão destinados a demais complexos e exploração
de jazida.
Com os novos projetos deverá haver uma redução
das importações e o acréscimo de 1,2 milhão de toneladas
de fósforo no mercado interno, o que representa 30% da demanda atual.
De acordo com o presidente da Bunge Fertilizantes, Mário Barbosa, a médio
prazo mais da metade das importações atuais de matérias primas
será substituída por produtos brasileiros. Ele informa que em 2007
o consumo brasileiro de fósforo foi de 4 milhões de toneladas, sendo
que desse total, cerca de 50% foi suprido por importações. A exploração
do fosfato no Brasil se dá em minas existentes em São Paulo, Minas
Gerais, Goiás e Bahia, com as importações vindo principalmente
dos Estados Unidos, Marrocos, Rússia, Israel e Tunísia. Preocupação
Aparente Durante
o evento, a alta dos preços dos fertilizantes e, conseqüentemente,
a alta nos preços dos alimentos também foram discutidos. De acordo
com o ex-ministro da agricultura do Governo Lula, Roberto Rodrigues, neste momento
de grande procura por matérias primas todo investimento é bem-vindo.
No entanto, os resultados aparecerão em longo prazo. Vejo com grande
preocupação a alta dos preços dos fertilizantes para o produtor
brasileiro. As empresas não fizeram o investimento necessário e,
de repente, existe uma procura grande pelo produto. Além disso, alguns
países exportadores aumentaram taxas, em decorrência da oferta e
da procura. É evidente que neste cenário, todos saem prejudicados,
diz Rodrigues.
Preocupado também se vê o Governo que quer
aumentar rapidamente a produção de fertilizantes no País
como um instrumento para conter a alta no preço dos alimentos. A redução
da dependência nessa área foi recomendada, na segunda semana de junho,
pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em reunião ministerial.
Feito à base de potássio, fosfato e nitrogenados, os fertilizantes
tiveram reajustes de 560 nos últimos meses, tornando-se um dos principais
fatores de pressão inflacionária no setor.
Na reunião
ficou acertado que a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, o ministro
de Minas e Energia, Edson Lobão, e outros integrantes do primeiro escalão
vão se reunir com diretores da Vale e da Petrobrás, empresas que
têm jazidas de minerais inexploradas, especialmente de potássio.
A intenção do Governo é reverter um quadro de dependência
externa, reduzindo de 75% para 25% do consumo a importação desse
tipo de produto. O assunto só foi levantado quando o ministro da Agricultura,
Reinhold Stephanes, enumerou a importância e as dificuldades para que o
Brasil aumente sua produção de alimentos, compensando com uma oferta
maior a grande demanda atual. O ministro afirmou que o governo estuda suspender
para fertilizantes e defensivos agrícolas a cobrança do tributo
AFRMM - Adicional ao Frete para a Renovação da Marinha Mercante,
que é de 5%. A medida, segundo o ministro, está sendo avaliada,
mas depende de acordo com outras áreas do governo. Ele admitiu que essa
é uma antiga reivindicação dos produtores rurais e é
apontada por especialistas no setor como um dos fatores capazes de reduzir os
preços dos insumos no curto prazo. Stephanes salientou, no entanto, que
a medida se adotada pode ter poucos reflexos em termos de preços no mercado
interno, já que as cotações dos insumos estão em alta
no mercado internacional. Fórum
internacional discute os impactos e as tendências mundiais Durante
o Fórum Internacional Comemorativo da Bunge Fertilizantes, especialistas
discutiram os prováveis cenários para o mundo e os impactos no agronegócio
brasileiro. Estiveram presentes no evento, o ex-ministro da agricultura, Roberto
Rodrigues, o escritor especialista em projeção do futuro, Alvin
Toffler, o secretário-executivo de produção e Comércio
Internacional, Michel Prud´homme, e o presidente da Bunge Fertilizantes,
Mário Barbosa. Os fertilizantes têm papel fundamental nestas
discussões, pois a abundância de alimentos depende deles, bem como
de outros insumos. As matérias-primas necessárias para produzi-los
são, entretanto finitas, e não estão igualmente distribuídas
no mundo, comenta Barbosa. Dos três principais nutrientes do solo,
fósforo, potássio e nitrogênio, o único que é
abundante e se encontra em todos os lugares é o nitrogênio, que está
no ar que respiramos. Mas para transformá-lo em fertilizante, temos
de usar o gás natural ou o petróleo, que são finitos e cujos
preços são cada dia mais altos. Os outros dois - fósforo
e potássio - são encontrados em minas cuja exploração
tem um custo crescente, como está acontecendo com praticamente todos os
minérios vejam-se os casos de ferro e de cobre, explica.
O presidente da Bunge Fertilizantes lembra que o setor da empresa que dirige é
responsável por aumentar a produção e a produtividade agrícola
em cerca de 50%. Portanto, se hoje temos seis bilhões de pessoas
habitando nosso planeta, metade desta produção deve sua alimentação
ao extraordinário nível de produtividade na agropecuária,
alcançando graças à utilização dos fertilizantes,
destaca Mário Barbosa. Ele chama a atenção para a incrível
ascensão dos preços de uma série de commodities como petróleo,
minério de ferro, níquel, cobre, fertilizantes e mesmo alimentos,
nos últimos meses, que sinaliza a adoção de um novo patamar
de nível de preços. |