Na
implantação e condução do Sistema de Plantio Direto
de maneira eficiente, é indispensável que o esquema de rotação
de culturas promova, na superfície do solo, a manutenção
permanente de uma quantidade mínima de palhada, que nunca deverá
ser inferior a 4,0 t/ha de fitomassa seca. Como segurança, indica-se que
devem ser adotados sistemas de rotação que produzam, em média,
6,0 t/ha/ano ou mais de fitomassa seca. Neste caso, a soja contribui muito pouco,
raramente ultrapassando 2,5 t/ha de fitomassa seca. Por outro lado, gramíneas
como o milho, de ampla adaptação a diferentes condições,
têm ainda a vantagem de deixar uma grande quantidade de restos culturais
que, uma vez bem manejados, proporcionam vantagens adicionais aos sistemas, conforme
já mencionado. | |
Na
conversão para o Sistema Plantio Direto, é importante priorizar
a cobertura do solo, principalmente se as áreas apresentarem um certo grau
de degradação da matéria orgânica. Para isto, onde
for possível, as culturas de milho e de aveia integradas e de forma planejada
no sistema de rotação proporcionam alto potencial de produção
de fitomassa e de elevada relação C/N, garantindo a manutenção
da cobertura do solo, dentro da quantidade mínima preconizada e por maior
tempo de permanência na superfície. O cultivo do milho com espaçamento
mais estreito entre as linhas e ou consorciado com leguminosas como o feijão-bravo
proporciona a formação de elevada quantidade de fitomassa, além
de bons rendimentos de grãos. Também as braquiárias apresentam
essas condições (quando bem conduzidas proporcionam elevado índice
de cobertura do solo e fitomassa seca e excelente e vigoroso sistema radicular)
e representam uma excelente alternativa em áreas de integração
lavoura-pecuária.
No sul do Brasil, pelas condições
climáticas mais favoráveis, há maiores opções
de rotação de culturas, envolvendo tanto as culturas de verão
como as de inverno. No Brasil Central, as condições climáticas,
com quase total ausência de chuvas entre os meses de maio e agosto, dificultam
os cultivos de inverno, exceto em algumas áreas com microclima adequado
ou com agricultura irrigada. Essa situação dificulta ou deixa poucas
opções para o estabelecimento de culturas comerciais ou mesmo culturas
de cobertura, isto é, culturas cuja finalidade principal é cobrir
o solo e aumentar o aporte de restos culturais sobre a sua superfície,
exigindo que estas tenham características peculiares, como um rápido
desenvolvimento inicial e maior tolerância à seca.
No Brasil
Central, a implantação do sistema plantio direto tem sido facilitada
em áreas onde é possível o desenvolvimento de safrinha. A
safrinha só é possível onde o período chuvoso se prolonga
um pouco mais. Dentre as principais culturas de safrinha, destacam-se o milho,
o sorgo, o milheto e o girassol.
Em algumas regiões, como o Sul
de Minas Gerais, o plantio da soja não é comum, o que restringe
as alternativas de rotação de culturas e dificulta a implantação
do plantio direto. Além disso, nessa região, a interação
agricultura-pecuária é muito forte, sendo comum a produção
de milho para a produção de silagem, onde a parte aérea da
planta é retirada do terreno, reduzindo o aporte de resíduos vegetais
ao solo. Porém, a experiência de vários agricultores da região
tem demonstrado ser possível o plantio do milho sobre palhada de braquiárias.
Nesse caso, quando a cobertura inicial não é ainda adequada, é
comum o plantio do milho consorciado com a braquiária. A semente da forrageira
geralmente é colocada junto ao adubo da plantadora de milho e semeada a
uma profundidade (6 a 8 cm) maior do que a do milho. Em algumas situações,
a braquiária é também semeada nas entrelinhas do milho. Alguns
agricultores já usam, após o milho para silagem, o plantio de outra
safra do próprio milho (tecnicamente não recomendado), aveia, sorgo
forrageiro ou de corte e pastejo ou milheto. Essas alternativas, embora sejam
viáveis, não podem se repetir seguidamente, necessitam de alguma
outra opção (como uma leguminosa - mucunas, crotalárias ou
feijões) para quebrar esse ciclo de plantio de gramíneas. Desenvolvimento
de plantas e produtividade Uma
vez que o plantio direto altera as condições químicas, físicas
e biológicas do solo, elas também afetarão o desenvolvimento
das plantas e a produtividade. Tem sido observada maior concentração
das raízes das plantas de milho na camada superior do solo em plantio direto,
comparado com o convencional. Porém, quanto maior o tempo de adoção
do SPD, ou seja, com rotação de culturas, melhor será a distribuição
do sistema radicular em profundidade, caracterizando um melhor aproveitamento
do volume de solo explorado, levando sempre em consideração o tipo
de solo, as condições climáticas de cada local e o nível
de fertilidade de cada área avaliada. Embora seja nítida a modificação
no sistema radicular, nem sempre existe uma relação direta entre
o número de raízes e o rendimento da cultura.
Em algumas
situações, há uma maior dificuldade no estabelecimento da
densidade de plantio desejada, especialmente em condições de alta
quantidade de resíduos e em solo mais úmido ou maldrenado. Também
uma distribuição irregular de resíduos na superfície
do terreno e desuniformidades do microrrelevo podem contribuir para reduzir a
densidade de plantio, provocar uma emergência desuniforme, diminuir o crescimento
inicial e atrasar a maturidade. Para compensar esses problemas, recomenda-se que
as cultivares para o plantio direto apresentem um melhor enraizamento, melhor
vigor inicial e rapidez de desenvolvimento. Melhor ainda é regular cuidadosamente
a semeadora e promover a semeadura a velocidades menores ou em torno de 4 km/h.
As diferenças nas produtividade das culturas refletem, além
do sistema de manejo do solo, todas as características do sistema de produção
utilizado. Mais do que qualquer resultado de pesquisa, a espetacular expansão
do plantio direto a partir dos anos 90 demonstra a competitividade desse sistema,
em que a cultura do milho, juntamente com a da soja, ocupa posição
de destaque. Obviamente, a maior eficiência do plantio direto, refletido
em termos de produtividade, vai depender da eficiência de sua implantação
e das condições edafoclimáticas da região. Plantio
Direto do Milho Safrinha Em
áreas onde as explorações agrícolas são mais
intensivas, como em agricultura irrigada e em sucessões de culturas, a
exemplo da "safrinha" de milho, em que o solo é mais intensamente
trabalhado, a probabilidade de acelerar sua degradação, aumentando
os problemas de compactação, erosão e redução
de sua produtividade, é bem maior.
A implantação
do milho safrinha no final do período chuvoso deixa o agricultor na expectativa
de ocorrência de déficit hídrico a partir desse período.
Assim, toda estratégia de manejo do solo deve levar em consideração
propiciar maior quantidade de água disponível para as plantas. Nesse
caso, sempre que possível, deve-se optar pelo sistema de plantio direto,
pois oferece maior rapidez nas operações, principalmente no plantio
realizado imediatamente após a colheita, permitindo o plantio o mais cedo
possível. Além disso, um sistema de plantio direto, com adequada
cobertura da superfície do solo, permitirá o aumento da infiltração
da água no solo e a redução da evaporação,
com conseqüente aumento no teor de água disponível para as
plantas. Em algumas áreas de plantio direto, já se constatou aumento
do teor de matéria orgânica do solo, afetando a curva de retenção
de umidade e aumentando ainda mais a água disponível para as plantas.
|