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Com as leis americanas para banir o aditivo MTBE (metil-tércio-butil éter) 
na mistura de gasolina, em 1999, e a lei Renewable Fuel Standard (RFS), assinada 
pelo Presidente Bush, em agosto de 2005, a produção de álcool 
que era de 5,0 bilhões de litros, em 1999, passou para 16 bilhões 
de litros, em 2005. Pela lei RFS, os Estados Unidos deverão produzir 7,5 
bilhões de galões (28 bilhões de litros), em 2008. Estima-se 
que, se os países da Europa, os Estados Unidos e o Japão adotassem 
uma mistura de 10% de etanol na gasolina, seria necessário um adicional 
de 60 bilhões de litros de álcool para 2007. 
   Apesar do 
incentivo à produção de etanol de milho nos EUA, apoiado 
por forças políticas, algumas associações de classe 
e inclusive o USDA, cientistas da Universidade de Cornell e de Berkeley têm 
demonstrado que, tanto do aspecto energético como do ambiental, a produção 
de etanol-milho não é sustentável, drenando U$4,1 bilhões 
pagos em subsídios para produção do milho.  Números 
ratificam as vantagens da cana O 
balanço de energia para converter o milho em etanol é negativo (1,29:1), 
ou seja, para cada 1 kcal de energia fornecida pelo etanol, gasta-se 29% a mais 
de energia fóssil para produzir o álcool, enquanto o balanço 
energético da cana é positivo (1:3,24), para cada 1 kcal de energia 
consumida para produção de etanol, há um ganho de 3,24 kcal 
pelo etanol produzido. Além disso, a cana produz três vezes mais 
álcool por área do que o milho. A cana gasta quatro vezes menos 
energia do que o milho, 1,6 bilhões de kcal para a cana contra 6,6 bilhões 
para o milho. 
   As plantas utilizam a luz solar, através da fotossíntese, 
para fixar CO2 atmosférico, numa vasta produção de biomassa. 
Entretanto, ainda se usa uma pequena proporção desse carbono fixado 
para produzir combustíveis, fibras e material de construção. 
A cana-de-açúcar, uma planta C4 altamente eficiente, pode armazenar 
cerca de 1% da radiação incidente em biomassa por ano. Ultimamente, 
devido a dois fatores  aumento da emissão de CO2, esgotamento das 
reservas de petróleo e, conseqüentemente, aumento do seu preço, 
observa-se um avanço nos programas de plantio direto para melhorar a produção 
de biomassa e energia, bem como a matéria prima para indústria química 
como parte de uma economia sustentável. 
   O custo de produção 
do etanol de cana é U$0,28/L e de milho é de U$0,45/L. A redução 
de gás efeito estufa (GEE) na produção e combustão 
de etanol de cana-de-açúcar foi de 66%, comparada com 12% para o 
etanol de milho. A indústria de álcool americano somente é 
viável devido ao subsidio de U$4,1 bilhões para a produção 
de milho. 
   Os biocombustíveis, para serem alternativas viáveis, 
devem apresentar um alto ganho de energia líquida, ter benefícios 
ecológicos, ser economicamente competitivo e produzir em grandes escalas 
sem prejudicar o abastecimento de alimentos. Portanto, pode-se concluir de todos 
os parâmetros analisados, de longe, a cana-de-açúcar ainda 
é a melhor alternativa para produção de etanol. Além 
da energia química-etanol, a cana-de-açúcar diversifica a 
matriz energética, com a produção de energia elétrica 
e calor através do bagaço, reduzindo o uso de energia fóssil 
e a poluição ambiental, além da possibilidade do aproveitamento 
da palhada e dos ponteiros. 
   O cenário futuro mostra que somente 
os países consumidores de energia, Estados Unidos, Japão e Europa, 
vão precisar importar mais de 10 bilhões de litros de etanol até 
2011/12. Se uma tonelada de cana produz 88 litros de etanol, precisaria adicionar  
mais de 110 milhões de t de cana para atender o mercado futuro, o que acrescentaria 
mais 1,2 milhões de hectares. A UNICA prevê um crescimento da produção 
de 6% a 7% anualmente, chegando a uma produção de 560 milhões 
de t de cana, em 2010/11. 
   Projetando-se uma planta de produção 
de biocombustível do futuro, acoplando a produção de etanol 
de cana com a produção de etanol de milho, na entresafra, e de biodiesel 
de óleos vegetais, o excesso de bagaço seria utilizado como fonte 
de calor. Na conversão de açúcares a etanol, há a 
liberação de 33% de CO2, que seriam reciclados diretamente na produção 
de hortaliças de alto valor agregado. O biodiesel produzido seria utilizado 
na própria usina para transporte de cana e derivados a custo bem inferior 
do que o diesel.    |